Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo III - Traumas

Avisos: Esse capítulo contém violência, abuso infantil (verbal, violência física e sexual), menções a suicídio e linguagem imprópria.

Um uivo, um grito, metade de horror, metade de triunfo,

 como somente poderia ter saído do inferno, 

da garganta dos condenados em sua agonia, 

e dos demônios exultantes com sua condenação.

Edgar Allan Poe

OUVIU O BARULHO NO SALÃO. O SOM DA MÚSICA, DAS RISADAS. Podia imaginar as mulheres bonitas e maquiadas, os homens elegantes, conversando, rodopiando.

Estava sentado no chão do quarto, recostado na parede atrás da cama. Com as luzes apagadas, só se enxergava as silhuetas que se deixavam ver com as parcas luzes que vinham dos postes ao longe filtradas pela janela alta. Era o quarto dos sonhos de muitos garotos de nove anos como ele. Cheio de brinquedos de heróis, de livros nas estantes embutidas, coleções com os personagens favoritos dos animes.

Mas ele não se sentia em um sonho. Estava tremendo no canto, encolhido. As mãos pequenas nos ouvidos, a respiração sôfrega. As pupilas dilatadas de medo.

— Abra a porta. — pediu baixo. — Não me deixe sozinho...

O escuro parecia querer engoli-lo de vez e as sombras contavam terríveis histórias. Elas surgiam do nada e não sumiam mesmo quando fechava os olhos com força. Os zumbidos vinham juntos, dolorosos. Gritos, choro. Dor, muita dor, tanta dor.

Deu um grito e fechou mais os olhos.

— Para, por favor, para.

Aos poucos, finalmente, elas foram sumindo e seu coração se acalmou.

Elas vinham e iam do nada.

Karin dizia que ele era louco, havia ouvido ela comentando isso baixo com Menma, quando pensou que ele não estava ouvindo. Sabia o que era louco, não era uma coisa boa. Por isso o tio o trancava ali, para as pessoas não verem que ele tinha um sobrinho louco.

Talvez por isso Menma não viesse vê-lo mais, não devia ser bom ter um irmão louco também. Que via aquelas coisas, desenhava aquelas coisas que sempre irritavam todo mundo. Ele não fazia por mal, não queria, quando via já tinha desenhado. As tias do colégio mostravam ao tio e ele ficava bravo demais. E não podia deixar o tio bravo.

Ouviu o barulho da tranca e se encolheu assustado. Ele tinha medo do escuro, mas tinha mais medo da figura na porta. Os cabelos vermelhos brilhavam na luz do corredor e depois sumiram quando ele fechou a porta atrás de si. Fechou os olhos e ouviu os passos enquanto ele vinha até ele, se agachando na sua frente.

Sua respiração acelerou e os olhos encheram de lágrimas.

— Olhe para mim, Naruto.

Obedeceu ao tom forte. Seu corpo sempre obedecia. Abriu os olhos com receio e o rosto do outro estava ali, há centímetros de seu rosto pequeno. Os olhos azuis manchados de medo e de lágrimas. Estava abraçado aos joelhos, o cabelo loiro e cacheado caindo pelo rosto.

O sorriso do tio era calmo e gentil e o fazia sentir mais medo ainda.

— Sabe por que o tranquei aqui?

O menino se encolheu e teve o queixo preso com força e virado para frente quando tentou desviar.

— Eu fiz uma pergunta. — A voz era ainda calma, mas não deixava margem para objeções. O pequeno conhecia o tom, conhecia tudo.

— Porque eu desenhei coisas ruins. — Falou com a voz trêmula.

O homem o encarou. Era absurdo como o garoto conseguia aparentar ser tão indefeso, inocente. Analisou o rosto por baixo da bagunça de cachos loiros. Os olhos tinham um azul distinto de todos, mesmo os do Menma não eram assim. Ele era totalmente diferente de Menma, mesmo com alguns traços em comum. Naruto puxou mais ao pai: Tinha a personalidade amável, mesmo com o rosto choroso e os olhos manchados de medo, ele ainda conseguia ser extremamente suave.

Menma havia puxado a mãe, a irmã de Nagato. A personalidade era explosiva, mesmo com os olhos de Minato, em nada puxou a ele. Menma era imprevisível e impulsivo e, por isso, perigoso. Porém, não mais do que o aparentemente inocente ali a sua frente, que tremia os lábios querendo chorar. Esse era o mais perigoso. Sentia algo ruim rondá-lo sempre.

Sua presença era extremamente desconfortável, muitos diziam. Com seus olhos que pareciam saber demais e seus delírios lunáticos. Sempre falando coisas que não deveria saber.

—E disse mentiras.

— Eu não menti... — o menino começou baixo.

O tapa parou suas palavras. Foi forte, de mão aberta, o fazendo virar o rosto e cair para o lado. O som ecoou por baixo da música que ainda rolava no salão no andar debaixo.

— Não me corrija! — Rosnou já sem paciência e ouviu o soluço baixo.

Suspirou.

— Você falou para Konan que ela iria morrer em um acidente de carro, você não presta, garoto. Logo a única pessoa que não percebeu que você é um inútil e mentiroso.

— Mas eu vi... — O sussurro foi quase inaudível, ele continuava no chão, o rosto escondido pelos cachos. Nagato o puxou para cima pelos cabelos. Ouviu o gemido agoniado.

— Você não viu nada! — Rosnou. —Não passa de um louco, como seu pai era. Assim como ele, só serve para destruir tudo no que toca. Você é como uma praga, Naruto, uma peste trazendo covas. Destruiu sua mãe, o maldito de seu pai morreu por sua causa também. E Yahiko, Nawaki e todos que te estendem a mão. Você só serve para destruir tudo!

— Não... — O garoto tentou tapar os ouvidos, mas o homem puxou suas mãos e segurou os pulsos com força. — Menma, eu quero meu irmão. — Pediu desesperado.

— Ele não quer você, ninguém quer você, Naruto. Ninguém quer ficar perto de alguém que fica falando que as pessoas vão morrer, que fica desenhando o que você desenha, que fica ouvindo coisas, e que causa a morte de quem se aproxima. Seu irmão não te quer, ninguém, só eu que te aguento. Devia me agradecer.

— Para, por favor, para...

— Você matou sua mãe, não passa de um monstrinho. Ninguém quer um monstro para cuidar. Ninguém ama você e nunca vai amar.

Os soluços aumentaram, agoniados.

Aquele som era música para Nagato. O garoto liberava um lado dele que desconhecia. Odiava -o, com todas as forças, se sentia feliz em machucá-lo, de todas as formas. Ainda mais do que machucara Menma, porque Naruto lembrava Minato e Minato era quem mais odiava no mundo.

Foi Minato quem causou a ruína de Kushina, a tirou dele e a fez o abandonar sozinho no inferno. E aquele garoto, terminou o que ele havia começado.

— Menma... — O menino chamou em um mantra. — Menma... Faz ele parar...

Ele sempre chamava pelo irmão mais velho. Mesmo que não o visse há meses, era sempre por ele que chamava. A perseverança o intrigava. A confiança no outro. A mesma confiança que tivera em Kushina, e que ela também quebrou totalmente. Fazia um favor a Naruto no fim. Quando antes ele percebesse que Menma nunca viria era melhor.

Levantou o garoto do chão e ele não reagia, apenas continuava chamando o irmão. O puxou pelos braços e o jogou na cama. Ele caiu encolhido nos lençóis laranja. Um dia fora sua cor favorita, quando ele vivia sorrindo para todos os lados. Arrancara aquilo dele há muito tempo. Vê-lo ali, encolhido, pequeno, com o rosto enfiado nos panos e soluçando, liberava outro lado seu. Um mais sombrio e incontrolável. Moldado por anos, que o fazia se sentir extasiado e sujo ao mesmo tempo.

Aquilo o excitava.

O perigo que rodeava Naruto, a sua aura escura, e todo o ódio que sentia dele, tudo aquilo o fazia ficar excitado, mais do que qualquer mulher, mesmo as lindas da sociedade que o esperavam no salão. Porque ele via a mescla de sentimentos nos olhos azuis. Ele gostava de ver eles perdendo a vida aos poucos.

Ele queria quebrar Naruto, como haviam o quebrado.

Puxou o sobrinho pela perna para perto, afastando suas roupas sem pressa.

Ele ficou estático, sem reação, amolecendo totalmente. Naruto não reagia há alguns meses, ele havia aprendido que não adiantava, mas Nagato gostava quando ele reagia, gostava quando ele lutava para então o quebrar.

Era o outro lado que Naruto despertava: o sadismo.

Ele despertava tudo de ruim em si. Tudo. O odiava ainda mais por isso.

— Menma, faça parar, Menma. — Ele continuava falando baixinho.

Não tirou sua própria roupa, apenas abriu o zíper da calça social e alinhada.

Queria que ele parasse de chamar Menma.

O grito foi alto, doloroso e agoniado.

Ninguém ouviu com o som alto no salão.

Ninguém nunca ouvia.

...........................................................................................................................

Caia uma fina garoa.

Parou a moto nos grandes portões e puxou o capuz para sua cabeça. As mãos estavam nos bolsos do jeans escuro enquanto caminhava por entre os túmulos em direção aos grandes mausoléus. Fios loiros rebeldes escapavam por entre o capuz em seu rosto, mas ele não parecia notar. Estava imerso, sempre imerso. No som alto em seus ouvidos, em seus pensamentos gritantes e principalmente em toda a dor que carregava.

Naruto Namikaze. Ou Naruto Uzumaki. Não importava o nome que carregasse, para onde corresse, ele era um quebrado. Um eterno fodido. Não tinha ninguém, não tinha nada, e não era nada. Apenas tinha de seu um punhado de traumas que implantaram em si, e toda a dor que ainda conseguia carregar no peito.

Tudo em que ele tocava se destruía, era o que seu tio sempre lhe falara. Simplesmente, não havia nascido para ter amigos, família, nada, porque a morte sempre o seguia. Era como uma praga anunciando a destruição, a peste negra trazendo as covas. E ele via e ouvia cada grito, sempre retumbando em sua cabeça.

Tsunade lhe dizia que eram alucinações, compreensível diante de tudo o que vivera. Haviam o quebrado em milhares de pedacinhos pequenos e difíceis de colar. Não sabia se era por isso, por ter agarrado nas mãos da morte, por ela ter levado todos e o deixado para trás. Não sabia se era esse motivo, dela sempre estar fazendo piada da sua cara, sempre se colocando em seu caminho, mas não o deixando alcançá-la.

E ele sempre podia vê-la, em tudo, em todos.

E ele não suportava mais aquilo. Não suportava "ver". Era como estar sempre dentro de um buraco sufocante e sem saída. Ver e rever sempre e sempre as mesmas cenas.

Parou e lá estavam as três lápides abandonadas, mostrando que há muito tempo não eram visitadas. Não postou flores, apenas ficou de pé, parado com as mãos ainda nos bolsos, encarando os mármores como se ali houvesse as respostas para todas as perguntas que lhe tomavam.

" A morte não faz nenhum sentido né, Naruto?"

Não precisava se virar para saber de quem era aquela conhecida voz. O outro se postou a seu lado, na mesma posição. Era mais alto, mais velho, mas ainda muito jovem para estar onde estava. Usava roupas escuras, como as dele, um piercing na sobrancelha. Os cabelos escuros eram maiores, quase no queixo, e tinha os mesmos olhos azuis do garoto ao seu lado.

"Você acorda, toma seu café, faz seus planos diários. Ver sua garota, talvez. Terminar aquele dever de casa, pagar aquelas contas. Talvez sair no fim de semana. Então você morre, deixa a louça por lavar, ainda com o café sobre a pia, as contas para pagar, gavetas para serem remexidas. Tudo de repente muda, a gente pensa que é dono do mundo, que pode tudo, mas até um bichinho de micrometros pode foder com sua vida e adeus."

— A vida não faz sentido tão pouco. — Rebateu, a voz rouca e baixa tinha um tom arrastado. Quase como se quando falava, não se sabia de onde vinha o som. — Acho que faz menos sentido ainda. A morte pelo menos é previsível. Ela sempre vem.

Sentiu o olhar do outro em seus pulsos, nas marcas brancas ali, as cicatrizes finas que deixavam bem aparente o seu significado.

— Sabe o que dizem dos suicidas? — Deu um sorriso, tocando nos próprios pulsos. — Que eles estão condenados ao inferno. Você pode ter uma vida de merda, mas não pode acabar com ela. Talvez seja o pagamento pelo simples pecado de infestarmos o mundo com nossa existência. Você precisa sofrer por suas escolhas. Não há como fugir disso. Não há como fugir do próprio pecado.

Fechou os olhos, removendo o fone de ouvido. As vozes o assaltaram de vez, um zumbido frequente, quase como estática. Virou o rosto para o alto, ignorando os outros ao redor, as presenças o rodeando, os olhos que o fitavam desde que colocou os pés ali dentro.

O capuz caiu revelando seus cabelos. A chuva estava mais forte, batendo em seu rosto.

— Eu sou meu pecado. Ver o que não deveria ver. E sou minha punição, ver o que não deveria ver. Sempre com a morte aos meus olhos, mas não podendo pegá-la para mim. Suportar a dor dos outros sozinho quando não consigo lidar com a minha.

"Você não está sozinho."  O outro rebateu enquanto abria os olhos e os voltava para os túmulos a sua frente. As sombras estavam cobrindo tudo, mas nunca se aproximavam demais. Não quando ele estava ao seu lado. Seu irmão sempre havia sido bom para as espantar.  "Você tem a mim, sempre terá a mim, Otouto."

Naruto suspirou e voltou o capuz a cabeça, colocando os fones de volta e o volume no máximo.

Olhou os nomes nos túmulos. Novamente seus pais não haviam aparecido para ele.

— Você às vezes esquece que está morto, Menma. – Olhou para seu irmão, o sangue escorrendo por sua roupa, o sorriso no rosto enquanto flutuava ao seu lado. – Não passa de algo da minha cabeça.

Quando se virou e voltou a caminhar, deixando as sombras para trás, Naruto desviou os olhos dos restos destroçados da nuca do seu irmão.

................................................................................................................................

Algo o incomodava em demasia. Shisui notou assim que Itachi abriu a porta para ele.

A casa estava limpa e organizada, Itachi sempre foi assim, impecável em suas coisas, sistemático em tudo. Até para bater em alguém ele conseguia ser sistemático. Era por demais detalhista, observador.

Mas Shisui não ficava para trás no quesito de observação. Conhecia bem o outro para saber que algo não estava certo.

— Conversou com Tsunade? — Perguntou deitando-se no sofá de qualquer jeito enquanto Itachi seguia para o balcão da cozinha onde preparava alguma coisa.

— Sim.

Curto e direto, como sempre.

— E como ainda está vivo?

Ele riu anasalado. Era tão difícil escutar a risada de Itachi que o outro sorriu junto.

— Não sei. De verdade.

— Ela vai ajudar? — Itachi havia lhe contado todos os seus planos. Se sentia honrado em ter a confiança do primo, ou irmão. Eles sempre podiam contar um com o outro, fosse para uma noite de bebedeira, uma conversa séria ou esconder um corpo.

Sabe a primeira pessoa que você liga quando faz merda? Pois é. Sabia que por mais que todos lhe deixassem na mão, e era o que podia acontecer vivendo no mundo em que vivia, sempre teria Itachi. Se matasse alguém, era ele que chamaria para arrastar o corpo para fora e o despachar. Era assim que media-se as amizades em seu mundo.

— Vai. Em troca eu vou ajudá-la em algumas coisas, como atender de graça na clínica. — Falou desolado.

Shisui riu, mas estranhou.

— Essa foi fácil demais.

Itachi o encarou, como se pensasse em falar algo, mas então suspirou.

— Vou contar porque você vai entrar nessa comigo.

— A postos, lá vem encrenca.

— Tsunade está investigando a clínica que trabalha. Ela vai me ajudar, em troca eu teria que ajudá-la.

— E por que exatamente ela está investigando essa clínica?

— Ela pediu que eu ficasse de olhos abertos por lá, ouvisse os relatos dos pacientes, que logo me contaria mais.

Conversaram amenidades, cada um com seus pensamentos. Itachi serviu o jantar, uma massa italiana estranha, com certeza coisa de Madara.

Shisui sabia que havia algo mais na sua cabeça, mas não perguntou.

Uchihas falavam apenas quando achassem que deviam, afinal.

.......................................................................................................................

Jogou as chaves do apartamento no balcão e entrou esticando os braços. Foi se despindo pelo caminho das roupas molhadas, enquanto a chuva caia forte lá fora. Seria uma grande tempestade, como previra.

Era um lugar pequeno, mas estranhamente aconchegante. Morava sozinho boa parte do tempo desde os 14 anos. Estava acostumado a viver só. Era melhor assim para todos.

Entrou no banheiro tirando a roupa por completo no percurso e entrou na água quente com alívio. Os zumbidos incomodavam sua cabeça, mas ali, debaixo da água, eles não existiam e se deixou ficar assim por um longo tempo organizando os pensamentos.

A água escorria pelo seu corpo, relaxando seus músculos e fechou os olhos, divagando. Quando abriu os olhos ignorou as várias marcas de mãos no espelho do box, desenhadas no vapor.

Saiu quando a água quente acabou e logo os zumbidos voltaram. Às vezes eles eram fracos, como agora. Apenas um incomodo. Outros eram fortes e dolorosos, como um apito constante. O pior de tudo eram os gritos e se perguntava como não havia ficado totalmente surdo ainda.

Saiu do banheiro, sem olhar o espelho e vestiu uma roupa com o corpo ainda não totalmente enxuto.

Preparou algo para comer, já com os fones altos em seu ouvido, para aplacar os zumbidos. Ele agia com habilidade, deslizando quase como um fantasma pela casa. Todo o ambiente era repleto de pinturas pelas paredes, suas. A maioria eram um tanto sombrias. Ele descobrira há alguns anos que podiam agradar outros, e passou a vende-las sob nome falso. Lhe rendia uma boa renda e se via menos dependente de Jiraya. Há meses que os cheques que ele lhe enviava ficavam intactos na gaveta.

Foi com seu próprio dinheiro que voltou por conta própria à Konoha, uma vez que o padrinho não permitiria. Foi com seu dinheiro que alugou seu apartamento quando lá chegou, comprou sua moto e claro, seu piano de canto. Era de segunda mão, menor e mais simples que o da casa da Hyuuga, mas ainda assim era uma das poucas satisfações que tivera.

Mesmo que tivesse consciência que só possuía mais algum tempo para aproveitá-lo.

Claro que Jiraya viera atrás dele, mas quando viu que não convenceria a sair daquele ninho de cobras, mandou a loira louca ficar de olho nele e prometeu deixá-lo em paz se ele frequentasse aquela clínica. Ainda metera Karin no meio para convencê-lo, o que gerou muita dor de cabeça e seu retorno para escola, que havia abandonado. Jiraya e Karin também se revezavam em visitá-lo com frequência, para seu desagrado, e ver como estava.

Aceitou frequentar a clínica, mas claro que isso não incluía que tinha a obrigação de falar com ninguém. Naruto odiava aqueles lugares. Lembrara seu próprio passado. Um ano internado em uma clínica psiquiátrica era o suficiente, e ele tinha consciência que nunca permitiria que fizessem isso com ele novamente.

Porque de uma coisa, ele tinha certeza: o que ele tinha estava longe de ser esquizofrenia.

Levava o prato para a sala quando sentiu uma forte dor em sua nuca e o prato caiu no chão, queimando-o no percurso enquanto a sopa se espalhava em todo lugar.

As cenas começaram a tomar seus olhos. Devia estar acostumado, mas era sempre doloroso. Os zumbidos aumentaram e se tornaram vozes desconexas que ele podia ouvir mesmo através da música alta.

Cambaleante procurou um papel, bagunçando a mesa da sala no percurso em desespero. Só queria arrancar aquilo da sua mente. Ouvia gemidos abafados, sangue. Via as cenas violentas. O cheiro de terra e desespero. A sensação de estar se afogando, mas não havia água alguma, apenas a sensação sufocante.

Pegou um papel e caneta qualquer e começou a rabiscar com rapidez agoniada.

Quando as cenas e os zumbidos finalmente cessaram, caiu com a cabeça para frente onde estava sentado no chão de frente a sua mesa de centro, em meio a bagunça que causara. Estava ofegante, como se houvesse participado de uma maratona e um filete fino de sangue escorria por seus ouvidos.

Sentia a presença de Menma em suas costas, a mão gelada tocando seu ombro, sua voz calmante chamando seu nome, o ajudando a sair do pânico que sentia, da sensação tão real de se estar morrendo.

Foi quando voltou a respirar normalmente que olhou para seu papel a sua frente, onde desenhara perfeitamente uma cena, a mesma que martelara sua mente.

Seu coração deu um pulo ao reconhecer quem estava nela.

.......................................................................................................................................

Itachi acordou com um grito surdo, suado e arfante. Olhou para o relógio do celular, 3:30 da madrugada.

Ficou fitando o teto branco com a respiração descompassada, esperando seu coração se acalmar por si só, sem os remédios.

Era como um castigo para seu espírito estúpido. Rever sempre sua mesma falha noite após noite.

Às vezes, se pegava pensando no que Sasuke havia pensado antes de morrer. Será que o chamou? Enquanto era torturado devagar e de forma metódica, será que o amaldiçoou por não estar lá?

Todos os dias, essas perguntas o torturavam.

Isso e as mensagens de voz. Elas que pareciam ser um sim gritante de sua terrível falha.

Ele as mantinha ali, no mesmo antigo aparelho de sempre, como um açoite em sua estupidez. Ainda fitando o teto, apertou os comandos e colocou ao ouvido aquilo que nunca mostrava a ninguém. Nem a polícia, nem a Madara, e nem mesmo Shisui ou Kurenai.

Itachi? Atende a droga desse celular, preciso muito falar contigo. – A voz soava irritada, comum a Sasuke. Mas havia uma urgência desconhecida ali. – Retorna logo, é sério.

E a segunda.

Droga Itachi! Atende logo isso... aconteceram algumas coisas, eu preciso mesmo falar com você. Onde diabos você está? – Pausa, suspiro. – Olha, eu sei que a gente está brigado, mas preciso mesmo que atenda. Ok? Eu não acredito que vou dizer isso, mas somos irmãos e quando a gente briga acaba falando um monte de coisas estúpidas. Então só atenda tudo bem... — a voz fez uma pausa incerta. — Eu te amo. Atenda logo.

Terceira e última.

Itachi... Atende... atende! — A voz soava mais desesperada. – Eu estou sendo seguido, não consigo falar com Madara também. Será que pode vir me buscar na estação 234? Vem logo droga! Eu preciso de você Nii-san.  

Menma e Naruto, arte por CrazyClara 

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro