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II

Peregrino: Viajante.

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CAPÍTULO 2
CORTINA DE NUVENS
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[👑]

HYUNJIN SENTIA-SE em um coliseu. Olhos para todos os lado, com espectadores sedentos pela carnificina proporcionada pelas lâminas afiadas das palavras do apresentador. Era uma batalha entre ele e a câmera, que devorava aos poucos cada gota de coragem e as saboreava com graça. Não que não lhe fossem habituais os programas de auditório, entretanto, o entretenimento que buscavam oferecer ali não era escrupuloso, tampouco confortável. Utilizavam do constrangimento, visando trazer à tona o pior possível das pessoas. Alimentavam o desejo aborrascado de uma morte midiática.

Um deslize, apenas um deslize, e Hwang Hyunjin seria devorado em sua própria teia. As mãos suavam descansadas sobre seu colo, as pontas dos dedos estavam esbranquiçadas pelo aperto inconsciente dos dígitos. Entretanto, a face estava tranquila, tão pacífica e impenetrável quanto um oceano de águas calmas. Os anos de teatro e participações em dramas lhe era demasiado útil nessas situações.

O Príncipe Solitário olhava para o Apresentador, que mais se assemelhava a um Bruxo Cruel, com seus olhos enigmáticos e palavras que poderiam amaldiçoá-lo pela vida inteira. Não era sempre que enfrentava tamanho obstáculo, normalmente era bajulado onde quer que fosse e, até mesmo, assediado de forma incômoda, mas, claro, não estava isento de causar certa revolta nos mais antigos na indústria. A única coisa que o acalmava era a presença de Jisung, que ele sabia que estaria ali caso algo acontecesse.

Hyunjin se sentia desconfortável com as piadas que lhe eram direcionadas. Era sufocante, como se as mãos que aplaudiam a cada risada forçada se envolvessem em seu pescoço, aumentando o aperto a cada minuto. Achava aquele ambiente extremamente tóxico, com veneno a se espalhar vagarosamente pelos presentes ali. Era um show de horrores. Marionetes e atores, todos na teia bem feita da mentira e da alegria ilusória. A perfeição mais imperfeita da sociedade.

Hwang Hyunjin estava preso nas telas. Amarrado às mentiras. Somente não as deixava por serem tudo o que possuía. Demasiado controverso, por assim dizer. O Príncipe não era tão corajoso para enfrentar seus monstros marinhos.

Quando as luzes apagaram e finalmente ele pôde se levantar, apenas sorriu ameno para todos. Queria sumir dali o mais breve possível.

— Você precisa ser mais cuidadoso com suas respostas, Hwang. As pessoas não vão te achar interessante por ser um jovem por muito tempo.  — foi o que o Bruxo falou, assim que os dragões já não estavam mais em posição de ataque  — Você está no meio de um ninho de cobras garoto, um movimento errado e será o fim da sua fama rasa.  — ajeitou a gravata, andando em direção à sala de espelhos, onde toda a verdade era mostrada pelo reflexo e escondida pelas luzes.

Jisung se aproximou, parando ao lado do Príncipe, revirando os olhos enquanto olhava para as costas do Bruxo.

— Não se importe tanto — disse ao que estava perto o suficiente para que seu sussurro fosse ouvido.

— Eu sei.  — não olhou para o manager, sentindo as pálpebras pesarem — Estou cansado, Jisung. Podemos ir? — massageou as têmporas, a dor de cabeça o atingindo com toda sua força e crueldade.

— Certo. — o Conselheiro suspirou, com mais uma derrota contabilizada.

Entraram no carro, vidas passando pelas janelas. Pessoas felizes, um homem imprudentemente falando ao celular ao volante, um cachorro com a cabeça para fora da janela e uma criança sorrindo para Hyunjin, mesmo que ele usasse uma máscara sobre o rosto. Crianças fascinavam o Príncipe Solitário, pois elas conseguiam enxergar tudo de uma forma tão diferente dos adultos. Gostava de pensar que a vida se encarregara de cobrir seus olhos de fantasia com suas vendas de realidade e então, a dor de um joelho ralado se transformara na dor permanente no peito. Talvez assim, não se sentia tão péssimo em pensar que havia destruído por completo sua criança interior e todas as suas fantasias infantis, trocando as mãos quentes das tardes de brincadeiras sorridentes e de olhos brilhantes, pela companhia fria da realidade superficial e pelo calor ilusório de sorrisos forçados.

O sol se despedia no horizonte, pintando o céu; como se alguém desastrado tivesse derrubado uma mistura de rosa, amarelo e laranja sobre uma tela azul ciano. Era bonito, mas distante.

Não disse uma palavra ao sair do carro. Ficar em silêncio era a forma com a qual se comunicava com Jisung, longe das broncas e comandos. Apenas abaixou e ajeitou o boné enquanto via o manager ir embora. Não havia nada para se dizer, já sabiam todo o script de cor e salteado.

Subiu para seu andar e, arrastando os pés sob o assoalho e, deixando o cansaço jogar em si todo o seu peso, entrou no apartamento. Era uma rotina vazia, monótona como uma tela branca.

Kkami fazia a maior festa por ver seu dono, mas o Príncipe Solitário estava perdido demais em si mesmo para encontrar qualquer resquício de força para brincar com o fiel escudeiro.

— Oi amigão. — se abaixou o máximo que pode, deixando um breve sorriso se formar enquanto era atacado pelo amor molhado de Kkami. Acariciou o pelo do animalzinho, logo se levantando, tirando os sapatos e o boné e andando pelos cômodos, seguido de seu fiel escudeiro.

Engolindo um comprimido para dor, que sempre deixava sobre o balcão da cozinha, o Hwang se jogou no sofá, na mesma posição de sempre, no mesmo lugar que já começara a ficar marcado no móvel. Teatro ensaiado, apresentado todos os dias para si mesmo. Hwang estava tão preso que acreditava que estava livre, pelo menos ali.

Soltando um suspiro, como se assim pudesse lançar para fora todos os sentimentos, fitou a tela do smartphone; haviam treze chamadas perdidas daquele que se perdeu entre memórias ruins e o gosto forte da raiva que jazia na boca do Príncipe. O Peregrino jogava memórias ao vento para Hyunjin recolhê-las, não se importando em ser cruel a esse ponto.

Encarou tela do aparelho, até a paisagem florida no fundo se transformar num espelho negro, refletindo o Hwang e toda a tempestade que habitava nele.

Não contou quantos minutos ficou ali, deitado, imóvel, apenas encarando a imagem de si, mas havia sido o suficiente para Kkami deitar no tapete da sala e dormir com as patas para o alto, o suficiente para trinta mensagens serem recebidas e não visualizadas, o suficiente para que seu estômago reclamasse novamente por estar vazio, não sendo enganado pelo sanduíche que o modelo havia comido algumas horas atrás.

Lá fora chovia. O Príncipe Solitário se levantou, colocou uma máscara sobre o rosto bem desenhado e um boné sobre os cabelos bagunçados. O barulho da chuva lá fora convidava o Príncipe para ficar no meio da calçada e assim ele o fez, saindo do prédio.

O Hwang já tinha a camisa listrada molhada pelas gotas finas. Ele se misturava à chuva, que parecia lavar todo seu coração, mesmo que por alguns instantes.

Hyunjin chovia também.

O céu parecia cair, derretendo calmamente sobre a terra, nem mesmo as estrelas se atreviam a aparecer naquele tempo. Suspiros valiam mais do que palavras naqueles instantes de calmaria.

Não haviam armas apontadas para Hyunjin, não havia ninguém para rir de si como se ele fosse um bobo da corte. Sem palavras afiadas, sem ninguém notando seu desgaste, sem ninguém falando mal de si, sem especulações de namoros infundadas ou algo relacionado à Hwang Hyunjin, o modelo. Ele era apenas Hyunjin o Príncipe Solitário, ali, somente ele, em meio a multidão. Ninguém o reconhecia e isso lhe trazia tanta calma. Longe das telas ele finalmente voltava a ser uma pessoa comum, como nunca deixou de ser.

Pisava nas poças recém formadas, dançando de forma silenciosa, tendo suas companheiras de longa data como par: a solidão lhe abraçava, numa valsa calma, enquanto a tristeza tropeçava nos próprios pés.

Hyunjin encarou o céu escuro, com todas as suas estrelas fora da vista do Hwang. Ele era como elas naquele instante: uma estrela escondida atrás das nuvens, observando a calmaria do mundo. Calmaria do fim de um capítulo, sempre repetido, no conto de fadas e dragões do Príncipe Solitário.

A brisa noturna parecia-se com dardos de cristais gelados, que tinham-no como alvo. A maquiagem se ia junto à chuva, deixando todos os seus pequenos defeitos à mostra para o mundo, que os veria se não estivesse coberto. Hwang Hyunjin mergulhava na calmaria solitária de si mesmo.

O modelo andou sem rumo certo por minutos, queria encontrar um meio de se perder na imensa floresta de concreto; fugindo do eu ilusório. Não tardou para que a chuva diminuísse consideravelmente, e se tornasse apenas uma garoa de pequenas gotinhas vindas de nuvens preguiçosas, que dançavam com o vento em meio a sinfonia de passos, buzinas e murmúrios.

Continuava seguindo sua rota invisível, acompanhado pelas estrelas que se despiam dos véus escuros das nuvens de chuva. O Hwang olhou para o céu, parado no meio da rua, admirando os pequenos pontinhos brilhantes que podiam ser vistos entre as diversas luzes da cidade. Brilhavam, como se vagalumes estivessem presos bem alto, fugindo da garoa fina e tristonha que caía.

Um grupo de adolescentes vinha pela rua, eles riam bastante mesmo que o céu estivesse chorando lágrimas geladas e silenciosas. Hyunjin segurou a máscara molhada sobre o rosto e abaixou os olhos, com medo de ser reconhecido. O Príncipe queria se esconder de todos, assim como as estrelas atrás das nuvens. Nenhum deles lhe lançou uma olhadela; parecia tão comum ali, que nem mesmo era visto.

Já sentia os pés doerem dentro dos sapatos, pela distância percorrida. Tinha ido tão longe, mas ainda estava preso no labirinto do reino de concreto, entre postes de estrelas e pessoas cegas.

Havia um ponto de ônibus naquela rua e o Príncipe Solitário, que mal se lembrava da última vez em que pegou um coletivo, se sentou ali para descansar. Fechou os olhos, apenas ouvindo os sons da noite se misturarem, numa sinfonia barulhenta, acompanhando com os pés, num ritmo descompassado. Sentia que chovia assim como as nuvens, uma pequena garoa caindo de seus olhos. Hyunjin estava tão entretido na melodia criada com gotas de chuva e buzinas de carros que nem percebeu que tinha companhia. Uma companhia desconhecida, que quando espirrou e fez o Hwang abrir os olhos surpreso, vestia um uniforme escolar de educação física, abraçava uma mochila repleta de bottoms com personagens de animes e parecia tão perdida quanto o Príncipe.

— Acha que a chuva vai passar logo? — a desconhecida companhia de cabelos bem curtinhos perguntou, com sua vozinha anasalada, sem nem olhar para o estranho rapaz ao seu lado, que havia se afastando da mesma e cobria o rosto com o boné e uma máscara cirúrgica. A chuva havia aumentado enquanto Hyunjin apenas a escutava.

O Hwang suspirou em resposta, tinha medo de ter sua voz reconhecida; queria levantar e ir embora, mas ainda sentia o cansaço abraçar-lhe com força.

— Você não é de falar muito, não é? Eu sou totalmente o contrário, falo o tempo todo. — sorriu, batendo os tênis sujos um no outro. Não obteve resposta nenhuma, apenas um olhar indecifrável do Príncipe Solitário. — O senhor é realmente muito caladão. — bufou, enchendo as bochechas. — Me chamo Seungmin, muito prazer. Qual é o seu nome moço?

O Príncipe Solitário não respondeu nenhuma das perguntas; queria de volta o silêncio. A voz do garoto era como um ruído irritante em seus ouvidos. Ele queria de volta a voz calma da Solidão lhe trazendo um aperto no peito, dias chuvosos não combinam com conversas animadas. Mesmo que o modelo ignorasse o rapaz, isso não tirou o sorriso de Seungmin, que falava pelos cotovelos. Perguntando, respondendo à si mesmo e esperando que o desconhecido ao seu lado participasse do monólogo. Por fim, depois de alguns minutos, o Príncipe se livrou dos braços do cansaço e se levantou, pronto para voltar para o início do labirinto.

— Moço! — o garoto chamou, o Hwang ouviu passos atrás de si.— Não é bom andar na chuva desprotegido. Aqui.— ele parou na frente do Príncipe Solitário, estendendo-lhe um guarda-chuva vermelho.

Não estava acostumado a estranhos se preocuparem com ele, ainda mais quando ele não vestia a fantasia do modelo Hwang Hyunjin. Aquele garoto estava oferecendo um guarda-chuva para alguém que já estava completamente encharcado.

— Pode usar o meu guarda-chuva, meu ônibus já está chegando. — Seungmin olhou para as nuvens que choravam e sorriu. — E moço, se continuar andando todo coberto desse jeito, vão pensar que você é algum tipo de maluco. Bem, eu acabei de contar metade da minha vida para um estranho, então acho que eu pareço mais maluco do que você. — deu uma pequena pausa para recuperar o ar, seus olhos sorriam para o Príncipe e a chuva criava poças ao redor. — Sei que o guarda-chuva não é suficiente, mas ajuda se você quiser chegar em casa menos molhado.

O Príncipe pegou o guarda-chuva vermelho, e acenou com a cabeça para o Arqueiro, saindo pela rua, de volta para o início da jornada.

Talvez nem todos naquele reino estivessem perdidos em si mesmos, e isso era um alívio para o Príncipe Solitário que esperava poder se encontrar.

De volta em sua fortaleza de vidro, quase ao amanhecer, Hyunjin comia macarrão instantâneo, enquanto encarava as notificações de chamadas perdidas. Algumas de Jisung, outras de fãs que de alguma forma haviam descoberto seu número pela terceira vez naquele mês e, também, mais duas chamadas perdidas do Peregrino.

O Príncipe Solitário não falava com ele há anos; tanto por não saber o que dizer, quanto por não querer dizer nada. O Peregrino tinha curta estadia em sua vida, sempre deixando para trás um rastro de sua passagem gravado na memória do Hwang.

No reflexo do vidro da janela, olhou-se. Olhos cansados, cabelos espetados para todos os lados e a expressão mais perdida já vista.

Kkami pediu carinho ao dono, fazendo este prestar atenção ao rabinho agitado do fiel Escudeiro. Hyunjin acariciou por trás das orelhas do animalzinho, sentindo as noites mal dormidas se acumularem em seus olhos.

Olhou brevemente para o guarda-chuva vermelho aberto em frente à porta.

Sua tempestade estava longe de terminar.

[🌟]

Mais um Capitulo de Nessie, cheirosinho, na área.

Eu espero que vocês estejam gostando, pois essa história tem muito amor envolvido.

Qual o trecho preferido de vocês até o momento?

Obrigada por lerem, nos vemos no dia 30!!

Diretamente da Torre Cinzenta, mxoonbebe.

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