Se engana
Quem acha
que usa
a musa.

A moça
é risonha
e se lhe apetece
com zilhões de cores
a tela enriquece
com zilhões de sons
o artista ensurdece,
e outras tantas palavras
o poeta enlouquece.

Ah... mas se sente
que abusam
a musa
embrutece
Toda cor esmaece
Todo som fenece
Toda boa palavra
— se esquece.

Dê-lhe agendas
programe as vendas
— ela não aparece,
e nem tece
muitas desculpas, não.
Diz só
que não lhe apetece
no momento
a ocupação.
Arquitete o quanto queira:
as ideias fugirão.

Então, amigo, aguarda,
que esse amor não se escraviza:
a Dona Musa é lisa!
Tuas notas, guarda
tenha paciência
e, de preferência,
olvide a pressão.

Quando a pretensão
descer ao caixão
sentirás uma brisa
soprar tua blusa,
roçar tua mão.
E ela! A musa
Sua presença acusa.
Corre, obedece,
põe-te em ação
Mas cata a humildade
E engole a verdade:
É ela quem te usa,
A Inspiração.

Escrito em 04-07-2018 por alguém que queria estar escrevendo prosa.