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TAEIL ⇾ P.S. Isto não é um Adeus

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[...]


O vento batia gelado e impiedoso contra as persianas da varanda, inevitavelmente capturando a atenção de Taeil que — assim como na maioria dos dias de sua reclusa rotina — estava totalmente empacotado em seu cobertor, enquanto reassistia animações do Studio Ghibli.

Numa breve consciência de responsabilidade, reparou em sua gata deitada junto à tela, lentamente se livrando de seu cobertor.

— Star! Venha pra dentro, vai chover.

Tropeçando nos próprios pés, Taeil se levantou e se dirigiu até a sacada de seu pequeno apartamento, pegando sua gata peluda no colo e fechando as portas de correr.

Como se as nuvens estivessem esperando que o bichano estivesse à salvo, nos segundos seguintes Moon pôde assistir as pequenas gotas atingirem o vidro uma após a outra, engrossando gradativamente.

Provavelmente, sua gata era a única coisa com a qual ele ainda tentava ser responsável dentro de sua rotina nos últimos meses.

Já que, talvez não fosse tão normal assim um adulto de vinte e seis anos passar o dia inteiro assistindo animações e tentando fugir de suas responsabilidades — ou da sua realidade por completo.

— Você tá gordinha. Papai tá orgulhoso, Star. — Taeil falou como se esperasse uma resposta da gata, um sorriso mínimo no rosto que há tanto tempo não expressava alegria genuína. — Pelo menos alguém nessa casa ainda 'tá saudável.

Teimou em fazer carinho na barriga felpuda do bichano, levando pequenas mordidinhas e arranhões nas mãos; consequência de tocar na área proibida.

Logo Star enjoou do chamego de seu humano e saiu pelo apartamento, deixando um Taeil sozinho e muito pensativo, esparramado sobre o sofá.

Dias chuvosos o faziam lembrar dele.

E, poxa! Como seguir em frente se tudo naquele apartamento lembrava do que um dia foi a presença incomparável do seu irmão?

Todos nascemos sozinhos, mas Taeil não conseguia lidar com a ausência dele.

Lembrar de Taehyun era como um martírio! Não por sua marca na vida de Taeil ser algo negativo, longe disso. Mas por todos os sentimentos ruins que o próprio Moon tinha por se sentir inteiramente culpado.

O que sentir quando seu irmão morre de um dia pro outro?

E ainda havia tanta coisa pendente entre eles.

Por exemplo, Taeil ainda o devia um lanche depois de perder várias partidas seguidas de Mortal Kombat. E também prometeu que em suas próximas férias iriam para Jeju.

Esteve todos os dias com ele, mas a sensação de que poderia ter feito mais ainda o esmagava.

E se Taeil tivesse segurado mais forte em sua mão?


...

— Hyung, olha o arco-íris! — Taehyun apontou empolgado, de mãos dadas com seu irmão sob o guarda chuva.

— 'Tô vendo. — disse em meio a um sorriso, que diminuiu quando viu o mais novo subir no meio-fio, pegando instintivamente em sua mão. — Tae, você vai tomar um banho quando passarmos por uma poça.

— Não vou, Moon-hyung. — falou, fazendo aegyo e causando riso no outro, sem soltar da sua mão. — Hyung, sabe uma coisa besta que eu me pergunto às vezes?

— O quê? — perguntou enquanto olhava o relógio. Queria ter certeza de que não perderiam a condução.

— O que há no fim do arco-íris? — disse apenas.

Numa fração de segundos, uma ventania forte bateu e levou o guarda-chuva de abrupto. Taeil mal teve tempo de olhar o rosto de desespero de seu irmão: ele pisou em falso e torceu o pé, caindo em direção à rua.

...

— O garoto escorregou na calçada molhada, quase puxou o irmão junto. O carro vinha numa velocidade alta demais e a chuva atrapalhou a visão do motorista. — disse o oficial de polícia.

...

— Sentimos muito. Ele não resistiu à pancada. — a doutora anunciou, com grande pesar na voz.

...


Culpar-se era inevitável.

Moon Taehyun: acompanhou sua adoção, o ensinou a andar de bicicleta, sempre tentava ajudar em sua tarefa de casa, ainda sem saber, havia encoberto suas travessuras muitas vezes.

Ele o via mesmo com os olhos fechados, o ouvia até com os ouvidos tampados.

Taeil estava protegido da tempestade lá fora, mas havia criado seu próprio aguaceiro a partir de suas lágrimas.

Essa ferida jamais iria cicatrizar, era muito difícil lidar com tanta dor sozinho.

Como se estivesse submerso e não conseguisse ouvir o que se passava na superfície, demorou a perceber seu telefone tocando e vibrando sobre o móvel da televisão.

Tomou coragem para se levantar e alcançar o telefone, com um fio de esperança de quem quer que estivesse do outro lado pudesse ajudá-lo a sair desse poço, no qual se afundava cada vez mais sozinho.

— Alô?

Oi Taeil! É a Byul, tive que trocar de número. — sua prima falou, meio apressada. — Eu consegui alguém interessado em dividir o apartamento contigo, ele vai começar um curso na mesma universidade que a sua.

— Oi Byulie. Isso é ótimo, eu preciso mesmo dividir o aluguel com alguém, 'tô ficando apertado. — ditou lentamente, dando seu melhor para a melancolia não transparecer em sua voz, e pareceu funcionar. — Quando ele vai vir olhar o apartamento?

Infelizmente não tenho certeza, primo. Ele trabalha aí perto, disse que ao fim do expediente iria tentar passar para ver. Se o clima piorar, talvez ele não vá. — explicou.

— Tudo bem. Por sorte, eu arrumei a casa ontem. Passa meu numero 'pra ele, podemos decidir isso melhor. — disse, dando uma fungada no meio da fala.

Sim, já passei. Liguei pra perguntar se tinha algum problema ser ainda hoje, já que ele parece bem apressado pra encontrar uma casa... — abaixou um pouco o tom de voz. — Hmm... Você tá bem, oppa? Está doente?

— Um resfriado leve. Já tomei remédios e tô melhorando, fica de boa. — mentiu, como vinha fazendo há meses para seus amigos. — E ele pode vir ainda hoje, sim. Um bom motivo pra eu ficar apresentável depois de tantos dias em casa.

Ok, vou avisar a ele. — disse, muito bem enganada pelo teatro do Moon. — Se cuida, Taeil. Quando precisar de alguém, não hesite em me ligar. Sabe... você não está sozinho. Até mais.

— Obrigado, você também, Byulie. Tchau.

E a chamada foi encerrada, ao mesmo tempo em que Star retornava à sala miando, como se perguntasse sobre a ligação.

— Vamos ter companhia, Star. — falou, levantando-se do sofá e caminhando preguiçosamente até o banheiro, um pouco mais disposto a fugir do tópico Taehyun.

Como vinha fazendo todos os dias.


[...]

Inquilino Kim

| Combinado, então? Estarei em seu prédio às 6hrs.

Você

Combinado, vou te esperar |

Até mais tarde! |

Inquilino Kim

| Até! 👋



Após conferir as mensagens, Taeil estava trancando sua casa para ir ao mercado comprar algumas coisas que estavam faltando ou perto de acabar. Iria aproveitar para passar em seu café favorito, já que há meses não o visitava.

Quem saía num dia chuvoso para fazer compras?

É, Moon Taeil estava fazendo isso, mas não tinha muita escolha, de qualquer maneira.

Totalmente empacotado, deixando apenas o rosto, mãos e um pouco de sua franja castanha à mostra, o homem saiu de seu condomínio caminhando num ritmo lento, o guarda-chuva transparente com detalhes amarelos chamando atenção entre vários cinzas e monocromáticos.

Fez as compras como sempre, colocando uma quantidade extra de lamens, já que era a única coisa que tinha disposição de preparar ultimamente. Não esqueceu de comprar ração para Star, por fim se permitiu visitar novamente aquele agradável café, a menos de cinco minutos dali.

Sentou-se numa mesa perto das vidraças para a rua, pediu e pagou a sua bebida favorita: dalgona coffe. Degustou um pouco, lembrando o quanto apreciava aquele sabor, e suspirou, apenas admirando a rua.

E Taeil nunca pensou que iria concordar com aquela frase clichê e repetitiva: Tudo parecia igual, ainda que tão diferente.

Certo, não era como se estivesse recluso sozinho por dois anos sem sequer ver a luz do sol.

É que, agora, sentia-se como se não houvesse mais sol. Para que a lua refletisse seu brilho, ou para que ele trouxesse um belo arco-íris depois de uma chuva intensa.

"Hyung, vamos ao parque? O tempo tá fechando, eu sei. Mas eu queria ver aquele ninho de passarinhos! Será que eles estão bem nessa chuva?" disse Taehyun.

— Não chore, Moon Taeil. — silabou sozinho, com o rosto rubro pelo frio e tentando conter as lágrimas. — Tae está orgulhoso de mim, não está, saeng? Eu saí normalmente e até parei para me presentear com minha bebida favorita. Estou melhorando.

Riu soprado em desdém, percebendo o quanto ele deveria estar parecendo ridículo falando sozinho daquele jeito.

— Me perdoa por não ter segurado mais forte a sua mão. Me perdoa. — silabou sozinho. Algumas lágrimas escaparam, para o desânimo e vergonha de Taeil que, esse tempo todo, estava se sentindo muito bem em conseguir controlar seu choro.


...

— Hoje a dupla Moon vai comprar um café aqui! — falou para a câmera, como se estivesse fazendo um vlog. Taeil deu risada da surpresa inesperada quando ele virou a câmera para si. — O que nosso Moon-hyung vai pedir hoje?

— O de sempre, Moon-saeng. — falou, fazendo um joinha para a câmera.

— Que mistério. Quando batermos a meta de 50 mil seguidores eu revelo qual é a bebida! — disse como um verdadeiro influencer, caindo no riso junto ao hyung.

...


Com o estômago embrulhado, não terminou sua bebida até o copo ficar vazio e, deixando algumas notas de gorjeta, levantou-se. Saiu às pressas, carregando suas compras de um jeito meio desequilibrado.

Andava apressado, as mãos cheias e a mente nublada por pensamentos negativos que vinha tentando evitar. Não era como se sair andando por aí fosse ajudar a fugir da sua dor.

Estar fora de casa enquanto se sentia daquela forma era desesperador. Era quase como se pudesse ver seu irmão caído no meio da rua a cada vez que olhava para os carros.

Sentindo-se sufocado, largou as compras no chão de qualquer jeito e apoiou-se num muro, o pulmão teimando em cumprir sua missão de distribuir ar para que o corpo pudesse funcionar.

Maldita ideia de sair de casa na chuva!

Taeil foi tolo em pensar que conseguiria sozinho, ainda mais quando teve indícios de recaídas pela manhã.

Inspirava ruidosamente, sem conseguir se satisfazer mesmo que puxasse o ar com força sem parar.

Cambaleou um pouco, já estava totalmente tonto.

Maldita crise de ansiedade!

— Se acalme, humano!

Desesperado, Taeil olhou para os lados, sem ver ninguém por perto. Sua vista estava turva, e ele estava numa rua congruente à principal, pouquíssimo movimentada. Ignorando isso, sentou-se na calçada úmida, tentando recuperar sua respiração.

— Levanta daí, vai ficar com a bunda suja!

E Taeil arregalou os olhos, movimentando a cabeça para os lados em busca do dono daquela voz. Não tinha ninguém por perto, e pelo timbre parecia uma criança!

Além de ansioso e deprimido, agora estava alucinando?!

— Aqui em cima, bobão. — a voz explicou.

E Taeil acreditou que, definitivamente, tinha ficado doido de vez.

Havia uma criança em cima do poste! Ela estava sentada, suas perninhas balançando como se estivesse num balanço ou num banquinho, e não a 7 metros de distância do chão.

O Moon fechou os olhos, a situação era tão confusa que ele acreditou estar morrendo. Era a única explicação.

— Eu sou um péssimo protetor. — A criança apareceu magicamente do lado de Taeil, para depois se abaixar e tocar com a palma gelada o peito do homem caído através de sua roupa, quase como um fantasma. Como se seu pulmão tivesse sido resetado, Taeil voltou a respirar, ainda que muito ofegante. — Novo em folha.

Os dois permaneceram em silêncio durante um bom tempo, o homem estava recuperando sua respiração e tentando assimilar o que estava acontecendo. Analisou o garoto dos pés à cabeça, vendo que sua aparência era meio translúcida, e que pequenas partículas brancas se desprendiam de seu corpo, como a neve cai do céu.

— Tô estiloso né? — o fantasma perguntou, passando a mão no cabelo e depois colocando-as nos bolsos. — Se eu já não estivesse morto, eu tentaria uma carreira de modelo.

Arregalando os olhos, Taeil virou sua cabeça para frente de abrupto, logo tocando todo seu corpo de modo afobado.

— Eu... eu morri! Eu tô morto! — Taeil exclamou, passando a mão na cabeça e puxando sua touca branca, revelando seus cabelos desgrenhados. — Só posso estar morto, é a única explicação.

— É melhor colocar isso daí de volta na sua cabeça. Os passarinhos vão achar que é um ninho. — o garotinho meio fantasma falou, de braços cruzados. — E você não bateu as botas, não ainda.

— Se eu não morri, eu 'tô doido. Tô vendo fantasma agora. — suspirou, derrotado. Nem mesmo tentou levantar do chão, apenas puxou os joelhos para perto e apoiou os braços cruzados neles. — E você, quem é?

— Não sou um fantasma! Meu nome é Yeonjun, eu sou um protetor. Por hoje, seu protetor, mais especificamente. Mas só hoje! — explicou, encostado no muro, brincando com pequenas faíscas entre seus dedos. — Agora dá pra levantar? Temos muito a fazer e eu só tenho até o pôr do sol para ficar nessa forma humana.

— Meu protetor? Contra o quê? E como assim, "forma humana"?! — Taeil questionou num tom meio frustrado, se levantando aos poucos.

— Nós meio que ajudamos as almas a ter o descanso eterno. É um cargo bem requisitado, viu? — explicou brevemente, vendo que o moreno ainda não tinha entendido nada. — Olha, seu irmão está angustiado, vocês tinham um laço muito forte. Ele está sentindo o que você está sentindo e não consegue descansar. — Yeonjun pressionou os lábios, olhando diretamente para Taeil dessa vez. — Eu vim mudar isso.

— Meu... irmão? Como você sabe dele? Eu posso ver o fantasma dele também?! — perguntou, ansioso, já de pé. Daria tudo e muito mais para ter com ele novamente, nem que fosse só um pedacinho de sua existência.

Trocaria todos os seus anos pela frente para ter mais 2 minutos com Taehyun.

E faria tudo para que ele descansasse em paz.

— Eu sei de tudo. E infelizmente você não pode ver ele, ele não é mais um corpo humano normal, agora ele é só a essência, uma mente que precisa descansar. — apanhou a touca de Taeil que estava no chão, arremessou contra o peito dele e começou a andar, descendo a rua. — Vamos logo, temos três lugares para visitar até o pôr do sol. E, de verdade, cobre esse cabelo.


[...]


— 'Pra onde estamos indo, Yeonjun? — um Taeil, meio perdido, perguntou. Ele havia desistido de procurar uma explicação lógica para tudo isso, mesmo. Estava seguindo um fantasminha que encontrou há quinze minutos em cima de um poste.

Tem como isso ficar mais confuso?

— Para o parque. — disse, olhando para os lados antes de atravessar a rua. Ele andava com bastante pressa para alguém de pernas curtinhas.

— O Taehyun... — começou, receoso de perguntar sobre, mas o que tinha a perder? Aquilo poderia ser tudo fruto de sua imaginação. — Você consegue falar com ele? Ou... eu posso falar com ele?

— Eu só consigo senti-lo. É a minha habilidade. Nem todos os humanos podem ter contato direto com almas que já se foram, só os médiuns. — disse, parando de abrupto na esquina, avaliando para qual lado iriam. Seguiram pela direita, descendo a rua e já podendo notar ao longe algumas árvores que rodeavam o lago. — Estamos fazendo o que ele queria que você fizesse.

Ao chegarem ao parque, as lembranças inundaram a mente de Taeil como uma enchente repentina.

Todas as tardes que já passaram lá, brincando ou apenas conversando. Quando Taeil o ensinou a andar de bicicleta sem rodinhas, ou quando Taehyun derrubou as chaves de casa no lago e eles precisaram chamar um chaveiro para abrir a porta de seu apartamento.

— O que faremos aqui? — questionou, sentindo se exposto pelas memórias tão vívidas e tão distantes.

— Tae queria ver os passarinhos. — falou, e teleportou do nada para próximo da árvore que continha um ninho baixinho, ao alcance do olhar.

— E no que exatamente isso pode me ajudar? — suspirou, talvez pela milésima vez no dia. Aquele fantasminha estava parecendo mais um coach, ou um influencer good vibes. "Olhe para as coisas boas da vida!", "Não ligue para a opinião dos outros!", "Seja grato!".

— Dá 'pra parar de ser chato? — o menininho perguntou, pegando um dos passarinhos filhotes com cuidado, e estendendo para o Moon. — E eu não sou um coach, e nem good vibes. Isso é coisa de humano. Estou ofendido com seu pensamento.

— Está lendo minha mente, agora?!

— É que seus pensamentos estão muito barulhentos, é impossível não ouvir sem querer. Essa é uma grande desvantagem de poder escutá-los. — levantou a mão, mostrando o passarinho em pé sobre seu dedo. — Pega ele. É bonitinho, não é? Tae veio aqui quando a mãe deles ainda estava construindo o ninho.

Receoso, Taeil pegou o passarinho nas mãos, tão manso que nem mesmo tentou fugir. Taehyun gostaria disso.

— Olhe em volta. — Yeonjun falou, sorrindo. — Consegue ver porquê ele gostava de estar aqui?

Suspirou, vendo algumas pessoas conversando e caminhando, tinham até crianças brincando em poças.

— Por que ele gostava de ver a vida dos outros? — Taeil respondeu, incerto.

— Vou te jogar no lago! — o fantasminha esbravejou, balançando as pernas, ainda sentado no galho. — Ele via alegria em todos os detalhes da vida, sabe? Até na alegria dos outros. Ele tem muita empatia. Por isso que não consegue descansar, já que você está mal.

— Ele realmente sabe como eu me sinto? — Questionou, olhando para cima, como se pudesse ver seu irmão olhando para si dentre as nuvens.

— Não precisa ter poderes empáticos para saber que você tá mal. — falou, descendo da árvore e caminhando até o lago.

Taeil pôs de volta o filhote em sua casinha junto aos outros pequenos, e andou, pensativo, até estar ao lado de Yeonjun.

— Agora pula no lago. — o fantasminha disse, sério.

— O quê?

— Pula. — deu de ombros, como se o motivo fosse óbvio.

— É o que o Taehyun quer? — Moon perguntou, pensando na possibilidade de realmente entrar lá.

— É o que eu quero. — disse, dando uma risada aguda.

— Você é um mala, sabia? — chiou, dando as costas e andando em direção à saída do parque. Ele não estava entendendo exatamente qual era o ponto daquilo tudo.

— Próxima parada, antiga escola do Tae! — Yeonjun brotou do nada e Taeil deu um pulo com o susto, enquanto o menininho já caminhava tranquilamente pela calçada externa ao parque.

— Dá pra parar de sumir e aparecer do nada?! — Taeil disse, com a mão no peito. Eram muitas emoções para um dia só.

Após alguns minutos silenciosos durante o trajeto, estavam em frente ao portão de entrada daquele lugar. Yeonjun apenas atravessou o portão, enquanto Taeil teve que empurrá-lo para entrar.

— Vem comigo. — pegou na mão do homem, puxando-o para um bloco de salas que não era o de aulas. Ali havia uma biblioteca e uma enfermaria, além de salas destinadas à clubes.

Estavam diante de uma sala como todas as outras, mas pela janela podiam ser vistos diversos instrumentos musicais organizados, além de partituras e várias cadeiras. Taeil pôs a mão na maçaneta, notando uma plaquinha feita à mão, com os dizeres "clube de música fullmoon".

Adentrou o cômodo com calma, vendo a sala organizada e aparentemente aconchegante; Tae falava muito sobre aquele clube e como sonhava em viver de música um dia.

Na parede da porta, viu um mural que fez seus olhos lacrimejarem. Era uma completa dedicatória para seu irmão, feito pelos colegas e participantes do clube.

Haviam fotos dele, mensagens dos colegas, diversos desenhos de luas e flores de lírios; suas favoritas. Ele foi um garoto muito querido por todos que o conheceram.

"O melhor líder que esse clube já teve!"

"Tae me ensinou a tocar violão, você vai fazer falta, amigo..."

"O anjo Moon Taehyun agora nos protege lá de cima."

O Moon lia tudo atentamente, vendo que haviam muitas outras pessoas queridas ao seu irmão que foram deixadas para trás por ele.

— Sabe, você não é o único que sente falta dele. — Yeonjun disse, pegando um pequeno adesivo de girassol e colando no mural.

— Eu... — Taeil estava sem palavras. Nos últimos seis meses cortou contato com todos de uma forma que sequer veio ver as dedicatórias para Tae em sua escola.

— Você pode vir aqui quando quiser, sabia? Ele falava de você o tempo todo. Vou te esperar lá fora. — o baixinho falou, atravessando as paredes em direção à saída.

Durante alguns minutos, Moon permaneceu encarando aquele mural, tocando com carinho as fotos dele distraído cantando, rindo ou tocando algum instrumento. Dirigiu-se até a porta antes que o sinal batesse e os corredores se enchessem de alunos, falando, antes de sair. — Vou cantar sobre você, irmão.


[...]


Taeil caminhava cabisbaixo pela rua. Já tinham visitado dois dos três lugares que Yeonjun falou, todos tiveram muito significado para seu irmão durante a vida dele.

Desde sua morte, vinha agindo como se Taehyun jamais tivesse existido, visitar espaços que fossem tão dele o traziam muitas lembranças. Mas nenhuma delas era negativa.

Perdido em pensamentos não notou quando o menor parou de andar, consequentemente colidindo com ele. Teve um susto quando notou estarem no cemitério em que seu irmão foi enterrado.

Não estava pronto para ver a lápide novamente.

— Última parada. — o outro disse, colocando as mãos nos bolsos.

— Por que aqui? — perguntou, num tom meio irritado.

— É onde ele foi enterrado, não tá vendo?

— Eu sei disso, mas qual o motivo?!

— Para falar com ele, ué. — disse, óbvio. — Humano bobo...

— Falar com o fantasma dele, é? — questionou, relutante em entrar lá. Os cemitérios não eram os lugares favoritos de seu dongsaeng, sabia disso.

— Taeil, eu já te disse, o corpo é uma coisa temporária. Ele não vai aparecer como uma pessoa para você, nem pode te responder, mas ele te escuta. Agora vai lá, sei que não vem aqui desde o velório. — Yeonjun falou, parando junto à entrada do cemitério, sorrindo pequeno. — Fala tudo que sente pra ele, ele vai ouvir.

— Como posso ter certeza?

— Vai logo! — Yeonjun apressou, estendendo a língua. Que fantasminha mal-educado!

Devagar, Taeil passou pelos portões de ferro daquele lugar, caminhando lentamente como alguém que estava pisando em ovos. Não tinha medo de cemitérios, mas tinha medo das lembranças que ele trazia para si.

Estar lá era como relembrar a realidade como um soco; Taehyun se foi, não volta mais.

Avistou o túmulo do irmão, que lembrava de ter olhado para ele por poucos segundos antes de ir embora, no enterro. Porque ver seu caixão o lembrava de sua culpa, de que ele poderia não estar lá se Taeil tivesse impedido tudo aquilo.

Aproximou-se, encostando numa árvore que ficava em frente à lápide. Ficou em silêncio, vendo os pingos de chuva escorrerem pela pedra, pelo relevo escrito "Moon Taehyun".

Voltou a olhar para o céu, engolindo em seco antes de começar a falar.

— Hm... oi.

Disse, incerto de por onde começar. Em seis meses, não havia desabafado com ninguém, nem mesmo um psicólogo. Sabia que para que melhorasse, no dia seguinte deveria procurar um, e o faria. Mas, por hoje, iria dizer tudo que tinha vontade a Taehyun.

— Eu me lembro como se fosse ontem, Tae.

Pressionou os lábios, com os olhos marejando aos poucos.

— O dia em que eu finalmente chorei... quando minha ficha caiu de verdade. Minha vida desmoronou por completo. Não foi quando você estava inconsciente, ou quando anunciaram sua morte. — falava, apertando o pingente de lua em seu pescoço. — Nem mesmo no seu enterro. Foi... quando eu voltei para casa e acordei no dia seguinte, sozinho.

Parou, olhando as flores balançarem com a brisa leve que soprava.

— Eu despertei... e não precisava mais te acordar pra escola... ou reclamar do seu tempo no banho. — murmurou quebradiço. — Não tinha mais vontade de cantar as músicas da rádio, porque não te tinha para harmonizar comigo. Eu passei a ser outra pessoa quando você chegou, não estava mais caminhando sozinho, então você se foi e eu senti que tudo foi levado junto. Eu não devia ter largado tudo, ou me isolado de todos. Desculpe por te deixar preocupado comigo.

Suspirou, sentindo-se um pouco mais leve à medida que falava.

— Foram dias tão difíceis, aquele sentimento desconhecido me puxando cada vez mais fundo. Eu sei que não foi minha culpa, irmão. Sei que jamais colocaria a culpa em mim. — fungou, limpando os olhos na manga. — Ainda vou aprender a viver sem você aqui fisicamente, também. Vou continuar tentando ser o Moon-hyung que te orgulhava. Temos memórias boas e amorosas, Taehyun. Vou levá-las comigo até minha hora chegar.

O Moon falava olhando para os pés, como se encarar a lápide fosse como encarar os olhos do irmão. E era tão difícil pedir desculpas olhando nos olhos!

— Hoje percebi... eu estive fugindo de você esse tempo todo. Temos que lidar com a dor e o luto, não é? Tentar fugir do que me lembrava você só piorou tudo.

Sua franja e suas roupas balançaram com o vento. Interpretou aquilo como um abraço. Fôra abraçado por seu pequeno dongsaeng.

— E... obrigado por mandar aquele fantasminha. Para abrir meus olhos, sabe? — olhou seu relógio, vendo que o pôr do sol estava próximo. — Tenho que ir agora, Tae. Mas voltarei mais vezes para te ver. Saiba que eu te amo muito... mais do que a mim mesmo.

Com as mãos no bolso, se deixava molhar pelos poucos pingos que ainda caíam, contemplando o arco-íris que parecia tão intocável, ainda que tão próximo.

— Eu sei que não estou sozinho, saeng. No fim do arco-íris nós dois nos veremos novamente...

Abaixou-se frente à lápide, beijando o pingente. — É uma promessa.

Por poucos minutos, encarou o céu em tons alaranjados, à medida que o arco-íris sumia. Sentia-se leve, pronto para tentar seguir em frente. Começaria doando as roupas que pertenceram à ele. É o que ele faria, sem dúvidas. Talvez transformasse aquele quarto num pequeno estúdio, para desenhar e fazer arte. Tae gostava de vê-lo desenhar desde pequeno.

De volta à entrada, avistou o fantasminha do lado de fora. Com o pôr do sol iminente, sabia que não o veria mais depois daqueles últimos segundos.

— Como foi? — Yeonjun perguntou, encostado à uma árvore, ao passo em que seu corpo desaparecia como a luz do dia.

— Foi como um arco-íris depois da tempestade. — falou, sorrindo pequeno, atento às folhas que caíam dos galhos com a brisa geladinha. — Obrigado, Yeonjun.

— Humanos e suas metáforas. — Yeonjun revirou os olhos, antes de dar uma piscadela para o Moon e, como um estalo, desaparecer completamente com o sol.

Os últimos raios de luz banharam o rosto de Taeil quando este se retirou daquele cemitério, rumo à sua casa.


[...]


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