Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

JAEMIN ⇾ Catfish

●❯ ───── 「 🌐 」 ─────❮●

Jaemin não tinha muito o que fazer naquele momento da vida. Tudo bem, tinha a faculdade e o projeto utópico de abrir uma lojinha de camisetas, mas não era como se tudo aquilo fosse dar certo. Ele era otimista, aliás... Longe de ser um humano negativo, que acreditava veementemente que alguma desgraça fosse acontecer após algo extremamente bom. Só que ele sabia, bem no fundo, que as chances de não acontecer também eram reais.

Havia uma coisa que o deixava meio incomodado, às vezes: a carência. Desde o ensino médio sempre esteve com alguém, saindo com garotas ou só conversando. Mas, quando já podia ser visto como adulto e seus lugares de frequência haviam mudado, ele já não sabia como ter a companhia de alguém. Também não procurou, não queria parecer desesperado para namorar. Tinha prometido a si mesmo que iria focar nos estudos. Só nos estudos.

Mas, há seis meses, um perfil bonito e simpático começou a interagir com ele numa rede social. Jaemin se pegava stalkeando a garota no meio da madrugada, entre redações e projetos acadêmicos. Arrancou a vergonha na cara, certa vez, e chamou-a para conversar num bate-papo. Era de se esperar que seria respondido e, com o tempo, formar uma grandiosa amizade.

Jaemin acordava pela manhã e dava bom dia, por mensagem, à garota. Muitas vezes conversavam sobre como seria o dia ou qual programa assistiram na noite anterior. Jaemin adorava bater aquele papo, porque sentia que havia uma amiga em algum lugar da cidade que não fosse ex-colega de classe ou atuais. Era um pouco triste, mas ele não via daquela forma. Seu círculo social não passava dos garotos barulhentos da sua turma e antigos parceiros do clube do livro do ensino médio. Pelo menos tinha com quem sair para beber, caso quisesse. Era algo bom.

Então, num dia, ele chegou na aula atrasado porque distraiu-se com o celular no caminho para a faculdade. Havia digitado para Lindsay Oh (o nome do perfil da garota que vez ou outra arrancava-lhe o sono pela madrugada adentro) que queria vê-la o mais rápido possível. Sabe, ele se sentia meio mal por estar conversando por uma tela e não cara a cara. Eles moravam na mesma cidade, então tinha de acontecer algo.

— O Jaemin namora um robô, gente — um dos seus colegas de classe, Jiwoo, chamou atenção do grupo que deveria estar fazendo uma atividade para ser entregue no mesmo dia. Já estavam na biblioteca há pelo menos meia hora, mas não tinham feito exatamente nada. — Vejo-o no telefone toda hora.

— Não é um robô, idiota, é uma pessoa de verdade — Na Jaemin havia respondido, cruzando as pernas abaixo da mesa. — E não estou namorando... Ainda.

— Ok, quero ver fotos dela! — risonho, seu outro amigo, Songjun, arrancou o celular de Na da mão dele e apressou-se para checar a menina.

Oh... Todos eles estavam amando a garota. Era linda, extremamente linda. Pelas fotos presentes no perfil, teria mudado a cor do cabelo umas três vezes só naquele ano, mas sempre andava bem hidratado. Ela gostava de maquiagem e a maioria das legendas de suas publicações eram em inglês, como se estivesse lidando com uma fama internacional. Lindsay Oh tinha um dos perfis mais lindos da internet e a fonte dessa afirmação era Jaemin. Ele podia jurar que não havia nada mais lindo que aquilo e, caso pedisse em namoro e ela recusasse, ficaria imensamente triste, mas continuaria seu amigo com a melhor alegria que pudesse arranjar.

Então não ligou se seus amigos estavam pondo muita expectativa na garota — na verdade, o próprio Jaemin já estava fazendo o triplo daquilo — ou se esperavam que ela fosse uma das garotas mais lindas e simpáticas do mundo. Jaemin tendia a exagerar as coisas e, muitas vezes, seus amigos também. Aquela era uma mania coletiva. Talvez fosse da natureza de um deles ali que, com o tempo, os outros acabaram absorvendo. Não importava, no final das contas, porque ele realmente estava interessado pela garota e queria saber qual a opinião dela sobre a probabilidade de um verdadeiro namoro.

Naquele mesmo dia, chegou em casa cansado, porém faminto, e enviou uma mensagem sobre uma possibilidade de namoro entre os dois. Estava nervoso, por isso deu um tempo do celular e saiu para comprar algo para comer. Decidiu ficar num restaurante, ao invés de levar para casa, então se perguntou quão incrível seria se pudesse simplesmente convidar Lindsay Oh para comerem juntos um dia desses. Uma ótima ideia. Passou a ser seu principal objetivo naquele mês. Tinha de acontecer.

Porque Jaemin tinha um coração leve e meigo. Acreditava em qualquer papinho, caía de verdade, e dedicava-se ao máximo. Não sentia vergonha de parecer um bobinho apaixonado, não tinha vergonha de pôr o coração no nome do contato quando ainda não passavam de amigos. Era antecipado demais, emocionado demais... Mas estava apaixonado! A menina era linda, talentosa — havia enviado um vídeo tocando piano, porém sem mostrar o rosto, e Jaemin amava o instrumento —, extremamente gentil e simpática. Não havia coisa melhor que tudo aquilo.

Comeu bem naquela noite, meio ansioso, volta e meia se pegava perguntando ao garçom que horas eram. Mas, oh, ele estava se sentindo apaixonado e sentia-se amedrontado com a ideia de ser rejeitado. Lindsay era sua melhor amiga, a única que conversava com ele todos os dias e enchia seu coração de alegria. Então, quando chegou em casa com a barriga cheia e as mãos ansiosas para pegar o celular, checou as últimas mensagens dela.

Lindsay Oh: Claro, Nana!

Lindsay Oh: Eu gosto muito de você, significa muito para mim!

Lindsay Oh: És a coisa mais fofa que já conheci, sabia?

Jaemin caiu durinho no sofá, sorrindo que nem bobo. Ele já tinha uma namorada, uma namorada de verdade. Quem era o encalhado agora? Poderia esfregar aquilo na cara dos seus parentes que diziam que ele era sortudo antigamente, mas que agora estava meio enferrujado para a coisa. Não, ele não estava. Ele tinha uma namorada linda com muitos seguidores e que trabalhava numa agência de modelo muito nova.

E foi isso que ele contou aos amigos, no campus da universidade, balançando o corpo que nem criança:

— ... E aí ela disse que sou a coisa mais fofa que ela já conheceu!

— Woah, Jaemin-ah! Parabéns! — Jiwoo chacoalhou-o pelos ombros, elétrico pelo amigo Na ter dado tanta sorte assim no amor. — Finalmente, hein?

— É, sim... — Jaemin não parava de sorrir, e de repente estava saltitando sem parar. — Ela é tão inteligente e divertida... Vive me marcando em memes. São uns memes meio antigos e sem graça, mas eu acredito que ela esteja brincando até mesmo sobre isso. Enfim, ela é tudo!

— Toma cuidado, gado! Não se apaixona demais — Songjun, que andava de braços cruzados e não estava lá tão animado por conta da dor de cabeça, advertiu.

— Relaxa, eu estou super com os pés no chão. Só estou... Animado com tudo isso... Sabe... Quem diria, né? — tropeçou nas escadas, mas se segurou no corrimão antes de cair, quando já estavam dentro de um dos prédios da universidade.

— Jaemin está namorando!! — Jiwoo gritou para chamar atenção, mas tudo que o amigo Na fez foi correr até ele e cobrir sua boca.

Eram espalhafatosos e intensos demais. Algumas manias se espalham feito praga num grupo de amigos. E, com o passar dos dias, as pessoas de algumas das suas classes ficaram sabendo do namoro virtual que Jaemin tinha com uma menina extremamente bonita e certamente famosa nas redes.

No entanto, numa sexta-feira qualquer, um dos seus amigos apareceu de manhã na turma mostrando-lhe no celular uma foto da Lindsay abraçada com um rapaz bonito.

— Quem será que é ele? — Jiwoo, que havia deixado o celular sobre a mesa enquanto o professor não chegava, ia dizendo.

— Ah, não sei... — Jaemin encarou a tela e ficou se questionando. — Deve ser algum parente, não?

— Mas, abraçados desse jeito?

— Parente abraça de qualquer jeito.

— A legenda diz: "Te amo mais que tudo, bebê" — Jiwoo leu. — Mais que tudo, você viu? Ama mais ele do que você, Jaemin. Faça algo!

— Jiwoo, você endoidou? — Na revirou os olhos. — Ela não pode me amar mais do que um parente.

— Ela nem marcou o cara, então nem dá pra stalkear — Jiwoo lamentou, então pegou o celular de volta. — Cuidado com o chifre, amigo.

— Eu não vou ser chifrado, relaxa.

— Foi isso o que meu irmão me disse antes da ex dele traí-lo com os seus amigos. Espia só... — Jiwoo se afastou com os olhos estreitos de uma pessoa desconfiada.

Jaemin não ligou na hora. Mas, quando chegou em casa mandou uma mensagem questionando quem era aquele menino que, na foto, ela estava sentada no colo e abraçando.

Lindsay Oh: Ah, Nana, é meu irmão.

Jaemin acreditou, mas um lado dele ficou numa dúvida cruel: será mesmo que era um irmão? Não sabia, não sabia... Aquilo ficou na sua cabeça por mais de uma semana. E seus amigos todo dia perguntavam qual o desenrolar da história. Ele dizia que era apenas um irmão, então de repente vinham outras fotos deles dois na sua página inicial e cada uma parecia mais íntima que a outra. Lindsay não parecia ser irmão daquele menino. Eles eram muito diferentes e... Se eram irmãos, como é que ele fingia beijá-la nos lábios?

Lindsay Oh: meu irmão e eu gostamos muito de brincar dessas coisas, é uma piada interna.

Quando ele leu aquela mensagem, não soube muito o que pensar. Queria acreditar nela, mas também queria acreditar no que seus olhos viam. Seu peito ficava meio apertado, sabe, e não era lá culpa dele. Às vezes, detestava-se por pensar demais nas coisas e sua ansiedade com certeza lhe mataria do coração um dia desses.

E foi num dia desses que, ao invés da sua ansiedade matá-lo, ele decidiu matá-la de verdade. Juntou a pouca coragem que tinha e mandou uma mensagem para sua namorada sobre se encontrarem num restaurante que ele costumava ir bastante e achou que ela iria gostar. Era espaçoso, bonito, a comida era gostosa e a decoração era totalmente confortável. Mandou até uma foto dele lá, dizendo que seria incrível se ela estivesse lá também.

Lindsay Oh: sábado, às 19hs, posso estar aí.

Ele quase teve um ataque do coração. Poderiam conversar sobre aquele papo do irmão — aliás, estava exausto do Songjun dizer que estava muito notório o chifre dele —, poderiam tomar um sorvetinho de menta e chocolate depois e até mesmo caminhar juntos pela rua. Jaemin até pegou-se, realmente, imaginando como seria beijá-la de verdade. De verdade! Seria trezentas vezes melhor do que beijar a droga de uma tela fria e esquisita de um telefone. Ele não podia ver a hora do sábado chegar.

Esteve andando elétrico pela universidade, pela cidade, pela casa. Até mesmo gastou o que não podia para fazer um corte diferente no cabelo. Lindsay merecia vê-lo bonito, cheiroso e bem vestido. Comprou até uma camiseta nova para parecer mais maduro e estiloso, visto que havia cismado que as que tinha estavam muito simples e sem graça.

— Você vai chegar lá e não se emociona demais, tá? — Songjun dizia, enquanto andavam pelo shopping bebendo milkshake. — Não pede em casamento, nem nada do tipo, Jaemin.

— Eu não vou pedi-la em casamento... Mas, ah! Eu estou tão animado... Tipo... Eu vou tirar trezentas fotos só para vocês verem que não estou namorando um robô, viu? — ele riu e amassou o canudo com os dentes.

— Só vai, homem! — Jiwoo incentivava. — Depois conta tudo o que aconteceu, ok?

Jaemin prometeu que iria contar tudo. Tudo mesmo. No sábado, tomou um banho tão longo que nem acreditou que aquilo era possível. Perfumou-se da cabeça aos pés. Estava impecável, o hálito perfeito, a roupa engomada e até usou maquiagem naquele dia. Às 17hs30 ele já estava no carro para ir ao restaurante, só para não correr o risco de se atrasar. Poderia ter um acidente, ou então algum show no meio do caminho, alguma manifestação... Sei lá, ele não sabia, mas queria prevenir do que remediar. Seria melhor.

Chegou cedo e só bebeu água nos primeiros trinta minutos. Bateu 18hs30 e tudo muito quieto. Extremamente quieto. Ele checava o relógio desesperadamente e não parava de olhar se tinha alguma mensagem nova. Horas atrás havia enviado que não via a hora de se encontrarem dali a mais tarde. Já estava quase no horário e Lindsay não havia aparecido.

Sete horas e nada. As mãos estavam espalmadas sobre a mesa e seus olhos não saíam da porta de entrada. Mandou a localização para a garota, com o intuito de ajudá-la a chegar. Ela não havia respondido, mas Jaemin concluiu que estivesse no meio do caminho e por isso não estava com tempo para bater papo por textos. Devia ser aquilo.

Mais trinta minutos e nada da menina surgir. O garçom já estava cansado de passar e lhe oferecer alguma coisa e ele recusar, porque estava esperando alguém. Estava esperando alguém e cadê esse alguém? Oito horas, onde estaria ela? Tomou um sorvete para esperá-la, mas notou que Lindsay não vinha de canto algum. Oito e meia já estava tudo escuro. O restaurante estava enchendo, coisa que ele detestava, mas era impossível impedir. Quando deu nove horas, ele recebeu a mensagem de que ela não iria comparecer e pediu desculpas.

Lindsay Oh: Fiquei doente, desculpe.

Lindsay Oh: Da próxima eu vou.

Ele se ofereceu para ir à sua casa levar remédio, estava até perto de uma farmácia. Contudo, não adiantava, ela disse que não precisava e sugeriu que ele fosse para casa o mais rápido possível. Jaemin comeu só um pouco antes de ir embora, cansado pela espera em vão, e claramente decepcionado pelas esperanças postas naquele fiasco de sábado.

Demorou para dormir, pensando em mandar mensagem, mas sem saber o que escrever. Desejou melhoras e quis perguntar quais eram os seus sintomas, mas não era sua intenção ser assim invasivo. Se preocupava, mas ao mesmo tempo estava chateado. Porque... E se na verdade ela só estava com uma dorzinha de cabeça e usou isso como desculpa para não aparecer no encontro? Sabe, se Jaemin tivesse uma dor de cabeça, ele iria do mesmo jeito. Iria de qualquer jeito.

Segunda-feira seus amigos voltaram a rir sobre a possibilidade de ele estar namorando um robô. Ele já estava cansado daquele papinho, mas não tinha como fugir daquilo. Não era um robô, mas, e se fosse? Poderia ser um algoritmo ou algo do tipo. Mas tinha fotos e era uma garota real ali, sorrindo, indo para os ensaios fotográficos e abraçando outro menino. Era patético, mas... Ela era real. Ela não era um robô.

— Ela não é um robô! — ele reclamava entre as estantes da biblioteca, quando deveriam achar um livro para fazer um trabalho super importante do semestre.

— Shhh! — a bibliotecária apareceu com o indicador próximo aos lábios e depois sumiu entre as estantes de livro.

— Ela não é um robô... — Jaemin repetiu baixinho.

— Tu levou chifre de robô — Jiwoo ria, cobrindo a boca para não sair tão alto.

— Ela é real — Jaemin falou mais para si mesmo do que para os outros.

— Faz uma chamada com ela — Songjun propôs e, pela primeira vez em semanas, ele havia sido útil naquele assunto. — Depois tira print e me manda, eu quero saber se ela é robô ou não.

Na Jaemin guardou aquelas palavras, mas não quis colocar em prática tão cedo. Ele queria, antes de tudo, propor mais um encontro para a garota. Dessa vez, nada de restaurante ou coisa do tipo, eles iriam se encontrar no parque. Ela concordou e disse que iria, até mesmo mandou uma foto em frente ao espelho usando um vestido azul de bolinhas que, segundo ela, iria aparecer daquela maneira.

Mas o coração de Nana não aguentou, bateu muito acelerado. Fez o mesmo que o dia do restaurante, vestiu-se todo e até levou dinheiro para comprar algum lanchinho pra namorada. Dessa vez foi num domingo ensolarado e nada podia destruir aquele dia. Nada senão a ausência de Lindsay, mais uma vez. Ele ficou pasmo, de novo, pela exacerbada demora para a garota aparecer. Quando pegou o celular, lá estava a mensagem:

Lindsay Oh: Fui assaltada no meio do caminho, tive que voltar

Lindsay Oh: Prestei queixa na delegacia, mas você sabe que essas coisas demoram

Lindsay Oh: Desculpa, Nana :(

Ele a desculpou, afinal não era culpa dela ser assaltada justo no dia do encontro. Como também não pareceu ser culpa dela as outras três explicações dadas nos seguintes três encontros que ela não aparecia. No total, foram cinco as vezes que Na Jaemin ficou a esperar por horas e horas aquela garota de fios avermelhados e franja perfeita. Ele já estava começando a desconfiar.

Tirou da gaveta aquela ideia da vídeo chamada e, certa vez, marcou até horário para fazerem juntos. A menina mostrou-se extremamente animada com a ideia e pareceu comprá-la. Depois das aulas, então, Jaemin chegaria em casa e mandaria uma mensagem para Lindsay ligá-lo por vídeo.

E, outra vez, ele tomou um banho longo e arrumou-se como se fosse vê-la pessoalmente. Ele só queria sorrir e saber que ela gostava dele assim como ele gostava dela. Ele gostava de tudo que ela dizia, tudo que fazia, tudo que postava e tudo que ela gostava. Muitas vezes recomendavam canções, mas as de Lindsay sempre eram aquelas antigas dos anos 70 ou 80. Ela dizia que eram músicas muito gostosas de se escutar e que quase nunca escutava as de agora e pouco conhecia os artistas. Então Jaemin perguntava-se: como uma garota que vivia em festas com amigos e ia a eventos não escutava as músicas de agora? Nem um pop besta meio acústico?

Não importava muito, ele sabia disso. E por isso, muitas vezes, via-se bem interessado nela. Queria saber sua história e cada detalhe dela. Já sabia muitas coisas (já haviam conversado bastante), mas ele queria saber muito mais. É como se tudo em relação a ela fosse uma espécie de droga e ele precisava urgentemente.

Precisava urgentemente daquela chamada, fez até a barba, sentou-se no sofá com as mãos suando e o celular totalmente carregado para não correr o risco de desligar. Ele tinha verificado, horas antes, se havia pago a conta de internet daquele mês, pois sem chance alguma daquela porcaria surtar e cair no meio de um dos melhores momentos da vida dele. Estava paga, para a sua alegria. Bastava apenas esperar a ligação.

Trinta minutos atrasada, lá estava a chamada sambando na sua tela. Seus dedos tremeram e ele se atrapalhou todo ao atender. Alegremente, acenou e disse:

— Olá, Lind!

Mas não houve resposta. Na verdade, não havia ninguém do outro lado da tela. O celular aparentava estar deitado numa mesa ou alguma superfície plana, porque a única coisa que ele enxergava era o teto branco, a ponta de um armário creme e metade de um lustre pendente em formato de flor.

— Lind, você tá aí? — ele questionou, com as sobrancelhas carregadas de preocupação.

A chamada terminou. Ele não sabia se ela havia encerrado ou tinha caído por falta de internet ou sinal. No instante seguinte, Lindsay enviou:

Lindsay Oh: Desculpa, Nana :(

Lindsay Oh: Minha internet está muito ruim :(

Ele disse que estava tudo bem, mas era mentira. Nada estava bem. Não estava nem um pouco bem. Cinco encontros que ele levou bolo (ela tinha ficado doente, foi assaltada, a mãe fez uma visita surpresa, o cachorro precisou fazer cirurgia e um provável membro da Yakuza sentou ao lado dela no ônibus e disse que era melhor ela voltar para casa) e mais uma vídeo chamada que claramente havia sido sabotada. Tinha algo estranho com aquela garota e ele iria descobrir.

Ele não sentia que a garota era um robô, mas tinha medo que ela nem fosse real. Conhecia um menino do departamento de tecnologia e ele sabia de muitas coisas interessantes sobre a internet. Talvez pudesse dar uma forcinha, só um pouco, mas não apelar para algo ilegal. Ele só queria saber: Lindsay era ou não era real?

Então, na semana seguinte, foi lá no outro prédio procurar o menino para uma conversa. Jiwoo e Songjun, como sempre, estavam lá com ele para se encontrarem com Donghyun e suas novas mechas loiras. Aquele laboratório era socado de computadores e ele só pensava em jogar alguma coisa divertida, mas exatamente ninguém ali estava jogando ou parecia fazer algo divertido. Eles mexiam com códigos, mas Jaemin não entendia muito bem o que aqueles termos significavam, por isso decidiu ignorar os monitores e se concentrar no favor que iria pedir ao amigo.

— Donghyun-ah, se lembra de quando estudávamos juntos no início do ensino médio? — montou um beicinho, mas não serviu de nada para o outro rapaz.

— O que você quer, Jaemin? — o amigo sugou pelo canudo uma bela porção do café Americano e esperou que Na respondesse.

— Preciso que investigue um perfil online para mim.

— Por quê?

— Ele quer descobrir se a namorada dele é um robô — Jiwoo se meteu na conversa, fazendo o Na revirar os olhos.

— Eu namoro uma garota e ela está me dando bolo desde sempre — Jaemin tirou o celular do bolso e mostrou o perfil da garota.

— Lindsay Oh? — Donghyun lambeu os cantos dos lábios e depois sorriu. — Vou pesquisar aqui rapidinho...

Ele se sentou na cadeira e abriu um navegador que Jaemin nunca havia usado na vida. Encontrou rapidamente o perfil da sua namorada e, num passo de mágica, de repente as fotos dela apareceram espalhadas pelo Google e em inúmeros sites diferentes. Viu que Donghyun entrava num site e em outro de maneira muito rápida, era difícil acompanhar. Decidiu ficar quieto e não tirar nenhuma conclusão, apenas esperar que ele dissesse algo. Alternava entre o perfil de Lindsay e sites da internet, até mesmo em outras redes sociais.

Terminado o processo de investigação — havia acontecido mais rápido do que Jaemin havia pensado, pois jurava que o cara passaria a madrugada inteira procurando —, ele girou a cadeira na direção do Na e riu tristemente.

— Amigo, sua namorada é um fake descarado — deu uma mexida no copo de Americano e voltou a beber.

— Como assim?

— Que essa garota da foto não é Lindsay Oh. Na verdade, Lindsay Oh nem existe — quanto mais Donghyun explicava, mais arregalados ficavam os olhos de Jaemin. Ele sentia que precisava se sentar ou iria cair no chão. — É uma pessoa que inventou esse perfil para enganar otários... E você caiu, Jaemin.

— M-mas e-eu juro que... — a fala morreu no ar. — Como assim?

— Antes fosse um robô — Jiwoo comentou.

— Se quiser, eu posso investigar mais e saber a real identidade dela — Donghyun havia proposto.

— Isso não é contra a lei? — sussurrou Songjun, olhando ao redor para ver se alguém estava escutando a conversa.

— O importante é que não contem a nenhum dos meus professores, nem à polícia, eu não me importo com isso — Donghyun deu de ombros.

— Oh, Deus, não... — Jaemin abanou as mãos, e depois agradeceu pela ajuda.

Quando eles deixaram o prédio silenciosamente, ele quis chorar. Não sabia por que estava tão animado acerca de algo que não era nem real, que não passava de uma mentira, de uma farsa. Lindsay Oh era de mentira. Aquele namoro era de mentira. O amor era de mentira. Tudo não passava de uma grande e bagunçada mentira que ele não queria fazer parte nunca mais.

Estava cansado e não prestou atenção em mais nenhuma aula. Seus amigos tentavam animá-lo, e ele realmente pensou que antes tivesse sido traído pelo falso irmão dela — parando pra pensar, aliás, talvez aquele fosse o real namorado dela — ou que estivesse conversando com a droga de um algoritmo estúpido.

Ao invés de dormir, passou horas visitando o perfil original da dona da beleza pela qual ele havia se apaixonado, mas de repente nem parecia tão bonita quanto ele havia pensado. Eram as mesmas fotos, só que parecia mais sem graça. Parecia que as coisas só eram lindas quando se tratava de Lindsay Oh. Ele não queria que aquilo tivesse acontecido — cadê o amor que ele plantou por todo lugar onde tinha ido? — e gostaria de ter evitado desde o início. Não queria mais acreditar em amor nenhum, nada nunca dava certo. Tudo parecia um truque, um jogo, uma piada. Depois de bastante tempo ele pensou que as coisas iriam melhorar. Não melhoraram. Estavam piores que antes.

A coragem agarrou-o pra valer, às três da manhã, então ele decidiu que iria chamar Donghyun no chat para fazer uma pergunta um tanto ousada: "você sabe quem ela realmente é?" Porque, por algum motivo, ele sentia que talvez ele gostasse da pessoa por trás daquelas mensagens, não uma foto de uma menina de cabelos coloridos.

E foi aí que Donghyun ligou-o:

— Eu tenho o endereço real da pessoa.

— Quê? Como? — Jaemin ajeitou-se na cama, meio inquieto.

— Sei lá, eu não tinha muito o que fazer e me interessei pelo seu golpe — ele riu baixinho e o ar da sua risada causou um ruído na ligação. — Vou te passar o endereço, caso queira procurar sua namorada. Sabe... Pra saber melhor as coisas.

— Isso não é errado? Tipo, se ela não me deu o endereço, quer dizer que não devo estar lá...

— É a única forma de você saber quem ela é, Jaemin. E você só vai querer saber da verdade, não é como se você fosse estar lá para um homicídio.

— Credo, Donghyun!

— Por isso mesmo...

— Poxa...

— Enfim, acabei de te mandar o endereço. Depois me diz como foi — e desligou a chamada.

Todo mundo queria saber o desenrolar daquele caso. Jaemin não podia culpar, aliás, porque caso fosse outrem, decerto estaria obcecado em saber como raios aquilo iria terminar. Não julgou ninguém, mas se forçou a tomar uma decisão. Talvez se fosse quietinho, depois das aulas do dia seguinte, poderia aparecer lá e perguntar pela vizinhança quem era a tal Lindsay Oh (se é que aquele nome de fato era real). Às prováveis quatro da matina, ele adormeceu com isso na cabeça.

Quando levantou-se de novo, era de manhã cedinho e ele se deu conta de que não havia dormido mais de três horas. Parecendo um fantasma com olheiras e sem nem tomar um pingo de banho, ele arrumou-se e tratou de ir à faculdade. Perdeu o ônibus e ainda chegou atrasado, além de ter cochilado em todas as aulas do dia (até mesmo nos intervalos entre elas). Assim que o horário da última aula terminou, ele jogou uma água no rosto, comprou um hambúrguer de uma fast food americana e pegou o ônibus para o tal bairro da suposta Lindsay.

Não era um bairro nobre, parecia mais pacato do que outra coisa. E as casas eram comuns demais, poucas pessoas e as ruas eram muito silenciosas. Ele não ligou muito para isso, apenas seguiu para a rua que estava no endereço dado por Donghyun. Havia uma senhora varrendo a frente da casa, sendo assim, Jaemin respirou fundo e foi ter com ela.

— Boa tarde, senhora... Desculpa incomodar, mas a senhora conhece alguma Lindsay Oh por aqui? — ele dizia ao aproximar-se dela.

A moça de cabelos grisalhos parou de varrer, então olhou o garoto de cima a baixo por uns instantes, como se o avaliasse minuciosamente.

— Não tem nenhuma Lindsay Oh aqui. Não que eu saiba... — ela olhou ao redor, depois tornou a encará-lo.

— Ah, obrigado, então... — ele já estava se afastando quando ela fez um gesto para que não fosse ainda.

— Talvez você tenha vindo para a rua errada.

— Não, é essa mesmo... Eu vi na placa. A senhora mora aqui, certo?

— Sim...

— Bem... Talvez o nome dela não seja Lindsay, então fica difícil de saber. De todo modo, obrigado. Desculpe pelo incômodo — virou-se para ir ao início da rua, dar uma olhada ao redor para checar se aquela rua não tinha duas partes ou algo do tipo.

Na esquina, sem querer chocou-se com um senhor meio baixinho que usava boina e tinha uma sacola de supermercado na mão. A sacola foi ao chão e algumas frutas caíram e rolaram pela pista. Jaemin, que era moço gentil e muito bem educado, tratou de correr para alcançar as laranjas e maçãs antes que fossem longe demais. Mal tinha visto o senhor, aliás, antes de voltar com as frutas em mãos para colocá-las na sacola.

— Poxa, sinto muito por isso... — Na falava, segurando a sacola com firmeza para não deixá-la cair. — Deixe que eu te acompanhe até a sua casa, essas frutas estão muito pesadas.

— Ah, não precisa... — o senhor parecia desesperado, em pânico, e tratou de pegar de volta a sacola da mão do menino. — Obrigado pela gentileza... Tenha um bom dia.

— Não, senhor... Está muito pesado — ele tentou segui-lo, mesmo que fosse uma desobediência. — Posso te ajudar...

— Oh, não precisa... Não precisa... — o homem caminhou com passos curtos, porém rápidos, até a fachada de uma casa branca meio estreita. Ele parecia demasiadamente agitado, numa busca implacável pela chave certa do chaveiro.

— Então o senhor pode me ajudar em algo? — Jaemin foi até ele. — Conhece alguma Lindsay Oh que mora nesta rua?

— N-não — ele enfiava uma chave no portão, mas não ia. Tentou outra, depois outra... Nem parecia que estava raciocinando direito. Só queria entrar em casa o mais rápido possível. — Perdoe, licença.

— Nenhuma pessoa que tem sobrenome Oh?

— Ele tem! — a senhora, que antes estava varrendo a rua, de repente se apoiou na vassoura e ficou olhando para os dois. — Seu nome não é Oh Yongjun?

— Eu preciso ir... Tem comida no fogo... — o homem ainda tentava abrir o portão, mas tinha cerca de dez a quinze chaves naquele chaveiro.

— Então o senhor conhece Lindsay Oh? Por acaso, é pai dela? — Jaemin insistia, uma vez que aquilo poderia fazer sentido.

— Tenho que ir, tchau — finalmente conseguiu abrir o portão para o jardim. — Passar bem.

Quando aquele homem sumiu dentro da casa, Jaemin achou aquilo muito estranho. Achou estranho o desespero, o nervosismo, aquela ânsia e a pressa em abrir o portão de casa. Ficou até alguns minutos ali perto, com sorte veria uma menina entrar na casa. Não teve nada, infelizmente, então desistiu.

Voltou para casa e já estava exausto do assunto. Exausto. Mandou uma mensagem para Lindsay perguntando o porquê de ter mentido. Ela não respondeu, mas visualizou. Jaemin passou a sentir raiva. Raiva, porque já sabia o que tinha acontecido. No telefone viu que seus amigos criaram um grupo de discussão sobre o assunto, mas ele não sentia que tinha energia para explicar tudo o que havia acontecido. Ele já sabia de toda a verdade, mas falar seria admitir que era real. Às vezes, algumas verdades doem e mentiras parecem ser reconfortantes.

Seu brilho esteve opaco nos seguintes dias. Mostrava-se cansado, distraído e sem energia. Queria terminar aquele assunto de uma vez. Mas como? Havia se apaixonado por uma invenção, por um personagem. Nada parecia mais real. De repente, Jaemin começou a questionar a si mesmo. Ele estava sendo verdadeiro nas relações dele? Ele estava sendo ele mesmo com os amigos e com os membros da família? Aquela angústia não parecia ter fim.

E não teria, se ele não fosse resolver o problema de uma vez. Três dias depois, apareceu no bairro fúnebre outra vez. Com a mochila nas costas, que nem da primeira vez, ele bateu ao portão e esperou que aquele Oh Yongjun — ou qualquer que fosse o nome dele — abrisse.

Viu o homem acanhado quando saiu de casa e checou o portão. Jaemin estava sério e sua gravata de estudante não estava tão apertada quanto costumeiramente. Ele estava cansado e queria respostas.

— Ela não está aqui — o Sr. Oh havia dito, como quem dispensando o rapaz.

— Ela está, sim — Jaemin soou levemente ríspido. — Se o senhor está aqui, ela está.

O homem não respondeu. Ficou encarando o Na, que por sua vez encarava ele de volta. Era um jogo de quem olhava mais, quem tomava coragem para dizer algo, mesmo sabendo que poderia machucar ou criar uma tensão pior do que a que estava pairando no ar.

— Posso entrar? — Jaemin resolveu perguntar.

O Sr. Oh caminhou até o portão e abriu-o, logo dando espaço para que o menino entrasse. Antes de adentrar na casa, Jaemin tirou os tênis dos pés e parou na porta ainda, querendo saber onde poderia se sentar. Foi-lhe indicado que se sentasse no sofá e assim o fez. Calmamente, o senhor foi à cozinha e voltou com duas xícaras de chá. Uma delas, entregou ao Na, que percebeu uma canção lenta, triste e antiga ressoando pela casa.

— Por quê? — ele não bebeu o chá antes de perguntar, apenas deixou a xícara sobre o colo. — Por que mentiu?

— Eu não tenho ninguém... — a voz morreu no ar.

Jaemin respirou fundo e finalmente deu um gole no chá. Era de abacaxi e estava doce.

— Isso não justifica — tornou a dizer. — Não justifica nada. Eu também não tenho ninguém e nem por isso faço um perfil falso na internet para enganar os outros.

— Você tem família e amigos... Eu não tenho ninguém.

Mas aquilo não justificava nem um pouco. E, irritado, Na deixou a xícara pela metade sobre a mesinha de centro da sala.

— Você nunca vai ter amigos se continuar mentindo na internet — reclamou.

— Você acha que nunca falei a verdade por lá? Acha que não tenho um perfil verdadeiro? — o Sr. Oh tinha os olhos meio profundos e tristes, até seus cabelos estavam desgrenhados naquela tarde. O tempo havia lhe beijado a face e dava pra ver que ele não era lá um sujeito muito feliz. — As pessoas não querem ser minhas amigas por quem sou.

— Talvez não tenha tentado o suficiente...

— Lindsay Oh era para ser apenas um teste. Eu não sabia que alguém iria falar comigo.

Então Jaemin repassou as mensagens carinhosas e aqueles apelidos fofos que haviam trocado. Sentiu nojo, repulsa, quis fugir dali e bloquear o perfil daquele falso.

— Por que aceitou o namoro se só queria amizade?

— Eu pensei que você iria se afastar se eu não aceitasse. Normalmente é assim — o mais velho deu de ombros.

— Poderia ter deixado claro que só queria amizade, uh? — o tom de voz de Na Jaemin aumentou, porque ele já estava perdendo a paciência. — Poderia nem ter criado a droga do perfil. Poderia não ter mentido para mim e me feito gostar de alguém irreal!

— Me desculpa, Jaemin... Me desculpa... — ele abaixou a cabeça repetindo pedidos de desculpas com a voz trêmula. — Eu só não queria ficar sozinho. A vida é muito solitária quando todos te abandonam e você não tem ninguém. Eu só queria ter com quem conversar. Só um pouco.

— Esse é um problema seu, não deveria me envolver na sua bagunça — Na levantou-se subitamente. — Da próxima vez que quiser um amigo, vê se tenta ser você mesmo.

Virou-se para sair e atravessou a sala. No entanto, a voz do Sr. Oh fê-lo parar:

— Nenhuma chance de começarmos de novo como amigos?

Jaemin quis rir naquele momento, mas apenas seguiu em frente. Foi embora. Queria que fosse de vez. Pegou o ônibus para casa em silêncio, e quando chegou na sala escura, jogou-se no sofá e detestou-se por todas aquelas tentativas de se encontrar e, sobretudo, todas as informações da sua vida ditas e todas as mensagens carinhosas que havia escrito. Ele queria chorar e chorou. Os olhos estavam ardendo e ele não sabia o que fazer, porque tinha amigos e família, mas ninguém estava ali do lado dele para enxugar seus prantos.

E ele contou aos amigos o ocorrido nos dias seguintes. Dizia que andava triste e cansado, bloqueou o perfil e até pensou em denunciar. Mas não o fez, porque parte dele ainda sentia uma grande conexão com aquela pessoa do outro lado da tela. Jiwoo dizia que era errado, mas pelo menos o moço não parecia ter más intenções. Às vezes, dizia ele, pessoas faziam coisas ruins com as mais lindas e belas intenções. Jaemin não argumentou sobre aquilo, pois não conseguia entender o porquê de ter sido enganado por tanto tempo só para preencher o vazio existencial de um cara que poderia ter o dobro da idade dele.

Donghyun achou a história engraçada e um tanto fofa.

— Sabe — dizia ele. — nem sempre esse tipo de acontecimento termina bem. Vai ver que ele realmente era solitário ao ponto de fazer isso. Você pode ter ajudado ele a fugir de coisas ruins de sua vida... Como o abandono, como você mencionou. Vai ver ele é uma pessoa legal, mas tomou uma decisão estúpida. Essas coisas acontecem.

Mas Jaemin não queria escutar aquelas palavras. Até mesmo o Songjun disse que aquilo era melhor do que um robô ou um chifre. Se estava realmente precisando de um amigo, aquela história seria uma boa para rirem no futuro. Não, não... Na Jaemin almejava esquecer toda falácia daqueles dias. Mas, no final de semana, ela foi a sua companhia durante as refeições solitárias e o silêncio do ar-condicionado. Ele queria esquecer, mas se pegava pesquisando o nome do perfil para ver se tinha sido deletado ou não.

Lindsay Oh já não existia mais nas redes. Jaemin deveria ter ficado aliviado, mas o peito apertou e ele não soube o que fazer. A casa do Sr. Oh era apertada, pequena e, se ele não tinha ninguém senão aquela vizinha chata fofoqueira da vassoura, ele não sabia que raios o homem iria fazer da vida. Se precisava de alguém para conversar... Bem... Jaemin poderia se sentar e escutar. Ele se perguntou se seria corajoso o suficiente para isso.

E foi na terça que ele decidiu que sim. Com uma caixa cheia de donuts e tarefas acumuladas da faculdade para fazer, ele bateu ao portão do Sr. Oh de novo e chamou-o levemente hesitante. Demorou um pouco para o homem aparecer na porta de casa, confuso, vestindo um pijama azul e a barba sem fazer.

— Oi... Eu trouxe donuts, do jeito que Lindsay gosta... — Na começou, erguendo a caixa e dando um ligeiro sorriso para tentar animá-lo com a ideia. Nem sabia o que estava fazendo, visto que dias atrás ainda chorava com o assunto. — Posso entrar?

Sr. Oh se endereçou ao portão e abriu-o para Jaemin entrar. Minutos após, estava os dois sentados ao sofá bebendo chá e comendo os donuts que o mais velho tanto gostava. Eles prometeram não mentir. De alguma forma, Jaemin sentiu-se confortável naquele sofá e com aquelas conversas que não passavam de uma continuação das mensagens trocadas entre os dois. E, no final da tarde, quando o sol já estava a se pôr, Jaemin pensou: "Às vezes, você espera um amor e consegue um amigo. Amores vem e vão, sou jovem e posso encontrar inúmeros deles durante a vida. Mas mudar ou ajudar alguém é muito mais importante do que ter com quem se espremer contra a cama."

Então se contentou com aquilo, ao morder o último donut e dar um gole no chá quente. Ele se sentia melhor. Muito melhor. 



●❯ ───── 「 🌐 」 ─────❮●

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro