Capítulo 37
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Mais tarde, Volker também veio ao hospital deixando Vladímir e Slauka cuidando de Lars e das crianças.
Ainda muito abalada, Asia permaneceu sozinha na sala de espera do hospital. Sentou-se em um sofá e observou em silêncio toda a movimentação que ocorreu entre os membros da família. Ela estava muito triste e se sentia culpada por não ter conseguido fazer nada por Daina: "Talvez, se eu tivesse retornado quando elas foram atacadas, se tivesse chegado a ela antes, poderia ter feito algo." Asia passou a mão pelo rosto para limpar as lágrimas que caíram. "Eu poderia ter feito o mesmo que fiz por Slauka." Asia se imobilizou diante dessa ideia. "Lars!" uma rede entrelaçada de pensamentos passou por sua mente. Se ela tivesse retornado, não estaria em casa com Lars quando, então, o ajudou. "Eu fiquei com Laura como ela pediu, ajudei as crianças e Laura a saírem de lá. Era certo ajudar Laura a tirar as filhas dali. E depois, eu fiquei com elas como Daina pediu. Não voltei, fiquei no local onde Lars foi levado e ele teria morrido se eu não estivesse lá!"
Essas novas ideias que lhe ocorriam dissipavam um pouco a culpa que estava sentindo por não ter conseguido fazer nada por Daina, e sua imaginação corria longe, pensando se Daina tinha consciência disso tudo: "Será que ela quis manter todos a salvo? Não quis alterar nada que pudesse prejudicar alguém, pois sabia que morreria de qualquer forma? Se seguisse os passos certos todos nós ficaríamos bem? Será que foi assim? Ela quis que fosse assim? Como vou saber...? Nunca!". Enxugou, com as costas dos dedos, mais duas lágrimas que caíram e permaneceu assim, sozinha por bastante tempo. Andrey não ficou com ela nestes primeiros momentos, ficou com Laura, Michel, e consolando Reinis, não voltando a falar com ela depois que saiu da UTI com a confirmação da morte de Daina.
Enquanto esteve sozinha na sala de espera, Asia se indagava se Slauka e Lars já tinham recebido a notícia. Preocupava-se com eles também e queria voltar para casa. Asia, naquele momento, não tinha como se comunicar com as pessoas da casa: havia perdido o seu celular e Andrey também não estava com o dele, assim, tinha que se conformar em esperar as informações chegarem a ela. Viu Volker chegar, quis levantar-se para perguntar sobre os dois, mas Laura se abraçou a ele, e Asia, então, preferiu continuar sentada onde estava.
Thomas se sentia deslocado naquele lugar. Não conhecia ninguém ali, não falava português e pouco pôde acompanhar sobre os acontecimentos que o circundavam, entendendo apenas que a mulher de Reinis havia morrido. Permaneceu próximo a Michel nos primeiros momentos que antecederam a confirmação da morte de Daina, e sentiu-se mal e em parte culpado pelo ocorrido. Viu-se como um intruso no meio deles, resolvendo se afastar. Foi para a sala de espera e sentou-se diante de Asia.
Ela observou a aproximação de Thomas e acompanhou seus movimentos ao se sentar. Ele era alto, magro, tinha um rosto com traços alongados, cabelos castanhos e olhos castanhos claros de uma cor estranha. Asia o avaliou por algum tempo, pensando no quanto de culpa ele tinha em tudo o que ocorreu; mesmo tendo ajudado Michel, ela ainda o via com suspeitas. Ela percebeu que ele estava esquecido ali e ficou imaginando como tinha sido sua vida até agora: "Se ele não é má pessoa, como foi fazer parte de um grupo de assassinos?" pensou um pouco desconfiada. Asia o fitou atentamente procurando por algum traço de maldade que ele deixasse transparecer, mas Thomas permanecia em silêncio, observando com embaraço e certa inocência tudo a sua volta. "Ele parece tão deslocado, perdido, indefeso até", analisou sem, entretanto, começar a confiar completamente naquele rapaz estranho. Continuou a observá-lo e curiosa perguntou:
- De onde você veio?
- Da Grã-Bretanha - respondeu Thomas em um impulso, surpreso com a súbita pergunta de Asia - de uma grande propriedade no interior do país.
- Você não veio de uma prisão? - comentou Asia desconfiada, pois pensava ter entendido isso. - Não nasceu em uma prisão?
- Bem, minha mãe foi presa quando estava grávida, então, eu nasci na prisão, mas não vivi lá. Fui levado para longe dela quando era bem pequeno e a vi apenas algumas vezes depois disso.
Michel, que estava próximo, ao perceber que Thomas estava falando com Asia, deixou seu pai com Laura, aproximou-se e se sentou ao lado dele. Volker o acompanhou, mas sentou-se com Asia e também bastante desconfiado, ficou observando Thomas com atenção.
- Ela continua lá? Você sabe onde fica essa prisão? - prosseguiu Asia.
- Na Inglaterra. Não sei ao certo onde fica a prisão, mas sim, ela ainda é prisioneira.
- Qual é o nome dela? - continuou Asia.
- Minha mãe se chama Elizabeth Ogilvy, é Selvagem, por isso está presa.
- E seu pai? - perguntou Volker, também tentando entender Thomas melhor.
- Meu pai era Nemtsi, se chamava Sean Spach. Eu soube, quando ainda era pequeno, que meu pai havia morrido, que foi condenado à morte antes de meu nascimento, por ter se envolvido com uma Selvagem e por ter gerado um filho: eu. Magda me contou que ele era uma boa pessoa, que amava minha mãe e que ficou feliz quando soube que eu vinha. Ele foi preso antes que pudesse fugir com minha mãe tirando-a da propriedade. Magda, irmã de minha mãe, dizia-me para não ficar perguntando por ele. Para não lembrar os Nemtsi de quem era meu pai, que eles o executaram e eu era um erro que não deveria ter acontecido, que isso não traria nada de bom para mim nem para minha mãe. - suspirou - Minha mãe enlouqueceu após a morte dele, e não pude ficar com ela. Cheguei a me revoltar uma época, mas não podia prejudicar Magda ou minha mãe ainda mais. Eu era um Selvagem, um mau exemplo. Estava vivo por uma concessão, conseguida por minha tia e por Eleonora Burnier, uma Selvagem que vive presa em outra propriedade na França.
- Mas, então, você era prisioneiro também... - continuou Volker, - preso em um local diferente?
- Sim.
- Qual o nome deles, dos donos da propriedade? - continuou Volker.
- Spach, como o meu pai. Cheguei a conhecê-los quando pequeno, mas foram obrigados a se manter longe de mim e de Magda. Não pude mais vê-los depois que partiram. Mas havia outros Nemtsi que também visitavam a propriedade, visitavam Magda para conseguir informações com ela. Previsões, profecias que ela fazia... Como minha mãe, também. Com o tempo, entendi que eram eles que eu deveria realmente temer, que eram eles que mandavam em nossa sociedade, que eles me desprezavam mais que aos outros, como se eu fosse um Selvagem da pior categoria. Eu nunca pude sequer treinar e fazer parte da Guarda. Na verdade, isso era algo que Magda também não permitiu.
- O que é a Guarda? - perguntou Volker.
- São Selvagens e Nemtsi que prestam serviços e dão proteção às famílias. A Guarda Nemtsi é livre, já os soldados Selvagens da Guarda são obrigados a servir, têm suas famílias presas, não podem fugir por que seriam caçados. Soube de um que fugiu não faz muito tempo, pegaram-no e ele está preso. Tive algum contato com eles, conversávamos um pouco, mas não ficavam na propriedade conosco como a Guarda Nemtsi, eu não os via com frequência.
- São como esses que nos atacaram? - continuou Volker.
- Não, esses vieram de uma prisão, eram assassinos. Os Selvagens da Guarda são prisioneiros controlados, são boas pessoas. Quando eu era criança, queria ser como eles. - Thomas sorriu um pouco, mas pensando que não era conveniente sorrir na situação em que se encontravam, retomou sua expressão confusa original. - Magda nunca falou mal deles.
- Quantos anos você tem? - perguntou Volker avaliando que ele era bem jovem.
- Tenho vinte e nove.
- Você é mais novo que meu irmão. Fala francês?
- Não.
- De onde vieram os outros, então? Você já os conhecia? - continuou Volker percebendo que Andrey se aproximava para ouvir a história.
- Falem mais baixo, há pessoas aqui no corredor ao lado. Se alguém ali falar inglês, pode ouvir essa história toda. - disse Andrey sentando-se ao lado de Asia. - Continue.
- E então? - continuou Volker.
- Nunca os vi. Eles devem ter vindo de prisões diferentes, a maioria deles, pelo menos. Falavam muito em francês e um pouco em inglês. O mais velho, Jules, era francês, mas falava muito da África. Acho que vivia por lá, e não era em uma prisão, porque ele contava que fazia viagens e deu para perceber que tinha uma vida livre.
- Você sabe por que te mandaram? - perguntou Andrey. - Por que queriam nos matar?
- Foi muito estranho... Na semana passada, Magda se aproximou de mim acompanhada de alguns homens desconhecidos, mais velhos e que eu nunca vira antes. Ela disse a eles que me levassem também, que estava na hora de me tornar mais ativo, que seria um começo para mim. Eu não entendi o que queriam de mim, até estranhei a iniciativa da minha tia, mas me agradava a ideia de poder sair, pensei que ficaria com os soldados da Guarda. Quando conheci melhor aqueles homens e ouvi sobre os planos de matar algumas pessoas, isso me assustou. Magda não havia me educado para nada disso, fiquei confuso e desorientado. Pude ouvir parte das conversas deles, Jules estava aborrecido porque ele não sabia realmente o que estava acontecendo, estavam escondendo informações dele. Eu os ouvi dizer que havia uma profecia de que alguns membros de uma família Nemtsi fariam algo perigoso no futuro. Queriam Reinis e Lars Zigajevs mortos. Eles tiraram fotos de todos vocês, inclusive delas - Thomas apontou para Asia, - na faculdade. Mas ninguém me explicava nada. Jules me tratava com desconfiança, disse que eu não servia para coisa alguma... Destreinado como sou. Disse que eu devia ser algum informante, ou algo do tipo. Também passei a acreditar nisso. Por que minha tia me mandaria fazer parte daquele grupo? Jules falou que eu ficaria cuidando do garoto que seria levado, Michel, enquanto eles cuidariam do resto.
- Eles não sabiam sobre mim, nem sobre Slauka. - disse Andrey pensativo e triste.
- O que não sabiam? - perguntou Michel, e Andrey não respondeu de imediato, abrindo espaço para Volker falar:
- Ondrej não é Ondrej, Michel. Ele se chama Andrey e é filho do Ivan, que morreu na cidade do seu pai. Ele é Selvagem, igual à Slauka - Volker observava a expressão perdida de Michel enquanto falava. - Ainda bem, do contrário, não teríamos tirado Lars e Slauka vivos de lá e aqueles assassinos ainda estariam atrás de nós!
Volker levantou-se enquanto falava com Michel e, em seguida, apoiou ambas as mãos nos ombros de Andrey dizendo:
- Estou feliz por você ser o que é, Ondrej..., Andrey. Graças a você ainda estamos bem. Você não deve ficar se condenando.
Thomas agora observava Andrey com o mesmo espanto que Michel:
- Foi você que os derrotou? Mas eram tantos! - disse Thomas espantado.
- Não eram bem preparados, isso faz muita diferença para nós. Só um deles sabia lutar - concluiu Andrey seriamente.
- Jules. - afirmou Thomas.
- Não fiquei sabendo qual seu nome. De qualquer forma, acho que temos de nos preparar para novos ataques. Precisamos de informações, saber por que fomos atacados e quem deu a ordem. Veja se consegue algo que possa nos ajudar.
Andrey estava muito triste com a morte de Daina e precisava ficar ao lado de Reinis. Levantou-se para ficar com ele e Michel o acompanhou.
Mais tarde, todos voltaram para a casa e passaram a noite em claro ajudando Reinis a tomar as decisões sobre o enterro. Asia passou a noite também acordada e um tanto distanciada de todos, muito preocupada se seriam atacados novamente, já que sabia que aqueles Selvagens haviam sido enviados por alguém. Tentava imaginar uma razão para aquilo tudo e quando já estava amanhecendo, foi ver como estavam Slauka e Lars, que haviam sido removidos para o quarto no andar de cima e permaneceram dormindo a noite toda.
Quando entrou no quarto, viu que Lars estava acordado e sentou-se na beira da cama ao lado dele. Lars ainda estava um pouco abatido e a observava com um leve sorriso. Slauka estava ao seu lado dormindo, parecia tranquila e recuperada. Lars pegou a mão de Asia:
- Obrigado por tudo o que fez por nós. Volker me contou. Parece que você se arriscou muito por mim. Nem sei como consegue fazer o que faz. Obrigado! - Lars puxou a mão de Asia para junto de seu rosto e a beijou, baixando-a em seguida de volta à cama sem soltá-la.
Asia deixou escapar um sorriso triste para ele e apertou sua mão, depois, olhou para baixo e para a porta com a fisionomia abatida.
- Já estou sabendo sobre minha tia - continuou ele adivinhando a tristeza dela. - Eu queria poder falar com Reinis, gostaria de me levantar... - Lars fez um esforço para se sentar, mas Asia apoiou a outra mão em seu ombro e indicou para que ele continuasse deitado.
- Não se esforce, não fará bem - pediu. - Não há nada que você possa fazer no momento. Estão todos com Reinis, o melhor que você pode fazer agora é se curar. Reinis está muito agradecido por você e Michel terem escapado.
Lars virou a cabeça para o lado e ficou observando Slauka adormecida.
- Não conseguiria imaginar minha vida sem ela. Não posso pensar na dor que meu tio está sentindo - Lars tinha lágrimas nos olhos. - O que eles queriam conosco? - Lars virou-se para Asia. - Por que isso tudo está acontecendo?
- Não sei ao certo ainda. Thomas, o rapaz que soltou Michel contou algumas coisas. Alguém quer evitar que você, Michel e Reinis façam algo no futuro. Mas não sabemos o que é. - Asia olhou para Slauka e continuou: - Eles não sabiam sobre ela... Nem sobre Andrey.
- Asia, ele já contou tudo a você? Eu sei que ele não tinha coragem de falar sobre isso. No dia em que lhe conheci, fiquei sabendo de toda a verdade, que ele era Selvagem. Depois, à noite, ele me contou que se lembrava de meu pai e de minha mãe, que ele os via com frequência quando era pequeno. Nossos pais eram muito amigos. Eu fiquei estarrecido com toda aquela história, e compreendi bem o risco que Reinis e Daina correram escondendo-o das perseguições, sendo neto de quem era...
Lars a observou bem e prosseguiu:
- Andrey é um Selvagem de uma família importante, Asia. Ele foi procurado por anos após o ataque à cidade, foi procurado pelos dois lados, enquanto Reinis o escondia. - Lars olhou para o teto por alguns instantes, depois virou o rosto para Asia examinando seus olhos. - Ele vê Reinis e Daina como pais também, é muito apegado a eles. Por conta do que ocorreu na cidade deles e com Aiva, ele não gosta dos Selvagens, ele não gosta do que é. Isso precisa mudar - Lars a observava atentamente. - Ele chegou a acreditar que você não gostaria dele se soubesse o que ele era. - Lars riu um pouco - Justamente você, que se entende tão bem com Slauka! - Lars virou o rosto para a esposa.
- Eu deveria ter entendido isso melhor no dia em que nos casamos. Deveria ter falado com ele, perguntado mais sobre sua família. Na verdade, de alguma maneira, eu acho até que já sabia, Lars. - Asia, que tinha o rosto virado para baixo, o ergueu e olhou para ele, que voltava a observá-la. - Só não falávamos dos assuntos tristes... Agora..., todos já sabem.
- Quando eu fui ferido, sentia muita dor e perdia a consciência com frequência, mas vi Ondrej entrar no galpão e derrotar todos eles. Ouvi a voz de Volker falando com Slauka. Então, vi que estávamos salvos, que tudo ficaria bem.
Lars virou o rosto para Slauka novamente, examinou seu rosto e depois voltou a observar Asia:
- Sabe, Asia, quando vi Slauka pela primeira vez, na Áustria, ela estava a alguns metros de mim. Ficou parada me olhando com a expressão confusa.
Lars, com a mão direita, segurou a mão de Slauka ao seu lado, e com a esquerda, amassava os dedos finos da mão de Asia.
- Ela era tão linda, delicada, usava um vestido florido com fitas. Eu dei um passo para frente e ela deu um para trás - Lars riu. - Eu disse para ela ficar calma e me apresentei. Disse de onde eu vinha e qual era minha família, e ela disse que se chamava Uly e que seu pai estava ali perto - Lars sorriu novamente. - Quando vi que ela corria perigo, que a qualquer momento alguém poderia achá-la, eu fiquei tão preocupado. Ela estava ali, sozinha, indefesa, sem nenhum conhecimento do perigo que corria. Ela era tão inocente, ouvia-me com tanta atenção. Como não me apaixonar por ela?
Lars olhou para Asia e continuou:
- Quando encontrei Reinis e me mudei para a casa dele fiquei com ciúme dela com Ondrej. Eles eram tão próximos, e eu não estava acostumado a vê-la com outros. Não me importava de vê-la agarrada à Daina, mas tive problemas com Ondrej, discuti muito com ele na época - Lars riu novamente. - Depois, quando já havia me acostumado com isso, veio Volker. Quando ele descobriu que ela era Selvagem, ficou fascinado por ela. E eu quase fui embora com Slauka. Que idiotice, não é? - Lars voltou a sorrir e olhar para Slauka. - Ela é tudo o que eu tenho. Você não sabe como fiquei feliz ao ver Ondrej e Volker entrarem naquele lugar para nos tirar de lá. Estou feliz por Ondrej ser o que é, do contrário, nós não teríamos chance. Eu sei que conhecer Slauka o ajudou a aceitar melhor os Selvagens, mas ele precisa se aceitar também, eu já conversei com ele sobre isso. Ele é muito pessimista, muito teimoso. Você precisa ajudá-lo.
- Quando as coisas melhorarem, eu vou conversar com ele - Asia entendia que Lars queria conversar sobre coisas que o deixassem aliviado e recompensado, mas a preocupação com novos ataques não saía de sua cabeça. Quem quer que fosse, poderia estar se preparando novamente para atacar a qualquer momento, e isso a preocupava - Lars..., não podemos ficar aqui. Podem voltar, você não acha?
- Acho, sim. Mas precisamos entender melhor o que aconteceu para nos posicionarmos. Preciso conversar com meu tio. Não sei se ele já pode falar sobre isso.
- Lars, eu acho que não podemos ficar esperando Reinis melhorar ou chegar novas informações, temos que sair daqui. Depois, verificamos tudo.
- Você está sentindo algo, Asia?
- Não...! Não é isso. Só não acho certo ficar aqui depois de tudo o que aconteceu.
- Você já falou com Ondrej?
- Não, ele está com Reinis o tempo todo, não falou mais comigo. Eu estava sozinha aqui até você acordar.
Lars apertou a mão de Asia novamente e disse:
- Fique tranquila, você não está sozinha, ANDREY está aqui - Lars riu um pouco por chamá-lo de Andrey da maneira que Slauka fazia. - Reinis precisa de apoio nesse momento. E não vão nos atacar agora que estamos juntos, atentos e com "Vladímir". Eles devem estar levantando informações de como conseguimos derrotá-los.
- Lars, eles vão saber sobre Andrey, não vão? Não vamos mais poder ficar com vocês, como antes.
- Não se precipite, talvez não descubram nada. Mas precisamos saber por que fomos atacados. Ter Vladímir conosco agora é uma vantagem - Lars riu um pouco. - Nunca pensei que diria isso, que ficaria contente por Vladímir estar aqui!
Asia não concordava que tinham de esperar, observava o jeito estranho que Lars se mostrava; ora triste e saudoso, ora alegre e esperançoso. Asia concluiu que por mais que ele quisesse se mostrar bem, ele deveria estar em algum estado de choque: sua maneira de falar estava estranha e ele não soltava sua mão, coisa que não costumava fazer. Asia se perguntava se os seus ferimentos gravíssimos estavam realmente sanados e se não havia perigo dele piorar novamente. Nesse momento, pensou em tudo o que fez por ele e por Slauka, na capacidade que ela desconhecia ter, e lembrou-se de sua mãe já ter dito que ela seria capaz de curar pessoas: "Era isso, então. Ela já sabia do que eu seria capaz de fazer?!". Asia perdia-se em pensamentos avaliando também como foi capaz de ajudar Laura de maneira tão eficiente, de ter agido nos momentos certos escapando dos ataques do Selvagem, livrando Laura e as crianças; nunca se considerou capaz de nada disso e estava impressionada consigo própria.
A porta do quarto se abriu e Andrey entrou devagar e em silêncio, aproximando-se de Asia. Agachou-se ao seu lado e sem nada dizer deitou a cabeça em seu colo, passando os braços em torno dela. Foi a primeira vez que ele se dirigiu a ela desde que voltaram do hospital. Asia soltou a sua mão da mão de Lars e acariciou os cabelos do marido.
Andrey ficou em silêncio, apenas abraçado a ela. Ele havia acabado de perder a sua segunda mãe, mas tinha que se manter firme para dar apoio a Reinis. Precisava de Asia, do carinho e do apoio dela, precisava sentir que ela estava ali com ele e em segurança.
Lars ficou olhando para Andrey ali do seu lado abraçado à Asia e abalado. Queria poder ajudar, falar com Reinis, mas não podia sair dali. Lars apoiou a sua mão no ombro de Andrey, que estava ao seu alcance, mas não foi capaz de dizer nada.
Este dia foi muito triste para todos eles, e, no dia seguinte, Daina foi enterrada. Lars, desobedecendo às recomendações de todos, levantou-se para ir precariamente ao enterro da tia, sentindo necessidade de sentar-se em algum lugar por diversas vezes. Slauka o acompanhou e o ajudou em tudo, ficou muito atenta a qualquer aproximação estranha, estava muito triste com a morte de Daina e quase não falava. Em um único momento em que se manifestou disse à Asia que se arrependia por ter sido sempre tão irônica com os irmãos gêmeos. Ela sempre manteve distância deles por suas brincadeiras, das quais ela não gostava, e porque tinha que se manter distante de Vladímir, e eles morreram tentando salvá-la.
À tarde, Asia, que não havia dormido em nenhum momento desde que ajudou Lars, finalmente aceitou deitar um pouco. Slauka a acompanhou até o quarto e a ajudou a se deitar. Permaneceu ali conversando e cuidando dela até que, cansada, Asia dormiu.
Em seu esgotamento físico e emocional, Asia caiu em sono profundo. Teve sonhos tênues e enevoados que levavam seu inconsciente a divagações longínquas. Porém, após algumas horas de sono tranquilo, Asia retornou ao mundo que há muito tempo não visitava: voltou ao antigo e rústico castelo medieval onde era obrigada a se colocar na vida de outra pessoa.
Encontrava-se diante de uma janela alta e estreita, cujas paredes de pedra eram bastante largas e, por dentro, um caixilho de madeira sustentava a portinhola que servia para fechá-la, de maneira a impedir que as intempéries castigassem o interior do aposento. Asia observava a paisagem que podia ser vista daquela janela de paredes largas; o céu estava nublado e escurecido, caía uma garoa leve que impossibilitava a visão completa do lugar, mas era possível perceber que se encontrava no cume de uma região bastante alta e escarpada. Abaixo do desfiladeiro que margeava as paredes do castelo havia uma floresta e o que parecia ser um lago ou um rio amplo; não podia ter certeza, pois a visibilidade não era boa.
Era tudo incrivelmente real. Soprava um vento um frio e úmido e Asia abraçou os próprios braços podendo reconhecer o mesmo vestido estampado de seda verde que usava no antigo sonho em que viu o Guerreiro e a fada. Estava com o mesmo vestido e no mesmo lugar. Ela deu as costas para a janela virando-se para a sala com a grande lareira acesa. Havia poucos móveis, uma tapeçaria na parede próxima à porta de entrada e o tapete rústico de lã. Sentada, sobre o que parecia um banco comprido forrado com pele de animal, estava a fada.
A imagem dela era igual à que permanecia em sua memória, até o vestido vaporoso de seda parecia ser o mesmo: branco perolado com bordados dourados nas mangas, no colarinho e na barra da saia, um traje refinado que era parcialmente coberto por seus longos e belos cabelos cor de trigo. Estava absorta em seu trabalho bordando ou costurando alguma coisa em um tecido escuro, e em seu dedo indicador direito estava o anel de ouro com pedra escura entalhada que o Guerreiro havia lhe deixado como proteção antes de partir.
Asia caminhou até o centro da sala e sentou-se na cadeira de madeira que estava em frente à lareira. A mesma cadeira em que antes se sentava aquele Guerreiro alto e forte que ofereceu proteção à fada.
A fada permaneceu sentada onde estava e não olhou para Asia quando ela se aproximou. Asia imaginou que aquele banco comprido encostado à parede e próximo à lareira era o lugar onde a fada dormia. Ela não possuía um quarto: dormia sobre peles em um aposento aquecido, denotando falta de posição elevada na hierarquia daquele lugar. Porém, suas roupas refinadas e as joias que enfeitavam seu corpo mostravam que era tratada de maneira diferenciada e superior à de um servo.
Mais à direita de onde Asia se sentou, havia duas portas de madeira com a parte superior arqueada e as dobradiças presas a uma estrutura também de madeira e que estava fixada na parede de pedra. Ambas estavam fechadas e Asia, de alguma maneira sabia, que o da esquerda era seu quarto.
Não ficou sentada diante da lareira por muito tempo, o som de passos apressados e do farfalhar de sedas a alertou sobre a aproximação de pessoas, o que a fez se levantar. A fada também soltou seu bordado e se levantou assustada. Algumas mulheres entraram e se espalharam por aquele aposento. Estavam trajando vestidos de seda, veludo ou lã fina com cores e estampas diversas e que se ajustavam na cintura de forma elegante. Seus cabelos estavam presos por tranças, algumas mulheres as tinham presas à nuca e outras deixavam as tranças caírem soltas por baixo de uma touca fina e coberta por véu.
A primeira mulher a entrar na sala encarou a fada e depois se dirigiu à figura que Asia representava:
- Deveria ter nos informado sobre isso, Muriel! - referindo-se à fada Nemtsi. - Úrsula não teria permitido!
Mal terminou a frase e Úrsula também entrou no aposento: altiva, com passos decididos e sua estatura alta e esbelta contribuía para seu porte autoritário. Usava outro vestido púrpura e que era ainda mais exuberante que o anterior. A saia do vestido interno era vaporosa e abundante, o vestido externo era de veludo azul escuro e caía mais amplo na parte de trás, como uma pequena cauda. Seu cabelo escuro estava, como da outra vez, preso e enfeitado por joias, mas dessa vez estava descoberto. Nas mãos de Úrsula estavam desenhadas, na lateral e nos dedos, insígnias da mesma escrita vista no anel Nemtsi, e isso chamou a atenção de Asia.
- É realmente uma Nemtsi - disse Úrsula adiantando-se perante as outras mulheres e olhando para a fada. - Qual é o seu nome?
- Zelenka - respondeu a fada observando com medo Úrsula e as outras mulheres. Seus olhos se moviam entre Úrsula e as outras.
- Há quanto tempo ela está aqui, Muriel? - perguntou dirigindo-se à figura que Asia representava.
- Dois meses. - respondeu Asia secamente, naquela língua estranha.
- Se ele iria devolvê-la porque ainda está aqui? Por que a está mantendo? Não é de seu feitio.
Asia nada respondeu e Úrsula caminhou pelo aposento sem tirar os olhos da fada.
- Ele é viúvo e perdeu seus dois filhos em uma batalha. - continuou. - Precisa encontrar uma nova esposa que lhe dê herdeiros, não uma Nemtsi. Você só vai trazer problemas permanecendo aqui - aproximou-se um pouco mais da fada. - Vou mandá-la para a torre norte. Vai ficar com as outras Nemtsi.
Isso não deveria ser algo bom. Antes que Úrsula terminasse a frase que expressava em tom autoritário, a fada virou-se e correu para o fundo da sala, abrindo a porta do lado direito, por onde entrou buscando abrigo naquele quarto. Todas se apressaram em segui-la, inclusive Asia.
Ao entrar, Asia pode ver um enorme quarto com paredes forradas com belas tapeçarias, tapetes bem trabalhados de boa qualidade que forravam o chão e uma rica cama grande com dossel, cortinas e um colchão bem forrado que ficava no centro do aposento. Havia também uma janela semelhante à da outra sala e poucos móveis: um baú, um biombo e uma cadeira de madeira bem trabalhada com incrustações claras iguais às da cama. Móveis mais elaborados que os do primeiro aposento.
A primeira coisa que a fada fez quando se viu acuada encostada à parede entre a cama e a cadeira, foi erguer a mão direita e, como foi orientada, mostrar em seu dedo o anel que seria sua proteção contra qualquer homem que se aproximasse.
Mas elas eram mulheres e não necessariamente respeitavam os códigos de honra estabelecidos entre os homens. Úrsula, assim que pôde identificar o objeto que a Nemtsi com o braço erguido exibia diante de si, rosnou:
- O que é isso? O anel de meu irmão...? O brasão de minha família na mão de uma Nemtsi e sendo exibido a "mim", como forma de submissão? Quem pensa que é? Não passa de uma Nemtsi que não conhece o próprio lugar - Úrsula avançou contra ela e logo lhe arrancou o anel do dedo. Caminhou de costas para ela e em seguida virou-se e examinou seus cabelos com atenção. - Cortem o cabelo dela de maneira própria a uma serva.
As outras mulheres presentes precipitaram-se sobre Zelenka, a fada, que reagiu, esperneou e tentou fugir. Punhais surgiram para realizar o trabalho designado, e sob os gritos desesperados dela tufos de cabelo cortados e arrancados aleatoriamente foram caindo sobre o tapete. Zelenka gritou e lutou em sua defesa, mas eram muitas, agarravam e puxavam seu cabelo e suas roupas de todos os lados e logo seu vestido e seu cabelo estavam destruídos. Como ela resistiu, as mulheres não puderam dosar a força e a direção dos punhais, o cabelo acabou picotado muito acima de onde havia sido determinado e as lâminas fizeram vários cortes na cabeça, pescoço, ombros e braços.
Por trás desses atos bárbaros havia mais do que impor submissão a um ser semelhante; sentimentos mesquinhos encobriam o receio de serem sobrepujados por aqueles que consideravam fracos, ferindo, assim, o orgulho que tinham de si mesmos. Quando elas se afastaram, espantadas com o ato violento de que foram capazes de participar e com medo de represálias, olharam para Úrsula. Zelenka permaneceu deitada e chorando sobre o tapete, abraçou os joelhos flexionados aproximando deles a cabeça tosada e manchada de sangue. Úrsula apenas observou toda aquela cena, e Asia, que estava encostada à cama com a mão sobre o colchão de penas, apesar de não ter participado daquela agressão, não se mostrou inclinada a impedi-las, nem fez qualquer esforço para ajudar a Nemtsi.
- O que está acontecendo aqui? - perguntou uma voz estridente que vinha da porta. - O que você fez? Úrsula? - disse ao perceber o estado de Zelenka.
Asia virou seu rosto e pôde reconhecer a velha senhora que tecia em um tear no antigo sonho. A senhora passou por Úrsula, aproximou-se de Zelenka e agachando-se, apoiou a mão na cabeça desfiada.
- Ele vai matá-la, Úrsula. - a velha senhora passou os olhos pelos rostos assustados de todas elas. - A todas vocês por essa barbaridade.
- Devia ter imaginado que apoiava isso. Ela é uma Nemtsi, Urd, se for permanecer aqui, que fique como as outras e não como uma de nós.
- Somos todos iguais, Úrsula. Guerreiros ou não... - disse Urd com sua voz envelhecida. - É necessário que se mantenha o equilíbrio e a ordem entre nós, tratá-los mal nos levará ao caos.
- Não somos iguais, isso é evidente. E nossa linhagem é a mais poderosa que já surgiu, todos os grandes líderes nos querem como esposas. Nunca deveria permitir que meu irmão se interessasse por uma Nemtsi, fraca e sem qualidades. Sabe que eu não aprovaria isso, Urd.
Asia olhou para a Nemtsi. Chorava deitada e encolhida sobre o tapete coberto por tiras de pano e mechas de cabelo. Ainda parecia uma fada, mesmo que estivesse com cabelos curtos, desfiados e com roupas rasgadas, mas havia perdido o glamour original.
- Agora ela aprendeu qual é o seu lugar, e quando ele voltar a verá em sua insignificância. - dito isso, Úrsula se retirou e foi seguida por todas as outras mulheres, menos Asia, que permaneceu onde estava.
- Pobrezinha, ficou toda machucada - disse Urd retomando a atenção à Zelenka e evitando apertar a pele cortada. - Vamos cuidar de você. Quando ele voltar, não se mostre tão abatida, mostre que é forte e superior a tudo isso. - Urd olhou para Asia. - Muriel, ajude-me com ela. - Urd já enfraquecida pela idade ajudou Zelenka a se levantar. - Estou muito velha para fazer eu mesma, não quero que sofra com estes cortes todos. - olhou para Asia. - Muriel! Venha ajudá-la, venha curar seus ferimentos.
Asia entendeu o que significava aquele pedido, entendeu que era para Muriel fazer o que ela era capaz de fazer: curar os ferimentos de Zelenka. Asia desejou ajudá-la, mas surpreendentemente, virou as costas e se retirou do aposento sem lhe prestar auxílio.
Acordou preocupada e sentindo-se mesquinha por não ter feito nada para ajudar a fada. Não era ela que estava realmente ali, mas o remorso e a culpa a dominava. Após pensar em Daina e na angústia que também sentia por não poder tê-la ajudado, vencida pelo cansaço, Asia adormeceu novamente.
Andrey, mais tarde, foi ficar um pouco com ela, mas, ao vê-la dormindo tranquilamente, desceu novamente e foi até a varanda onde se perdeu em pensamentos preocupados por um bom tempo.
Vladímir viu Andrey sozinho na varanda. Ele estava encostado no anteparo de madeira, triste e pensativo, e Vladímir, então, considerou que era um bom momento para abordá-lo:
- Não se atormente tanto. - disse Vladímir se posicionando ao seu lado. - Você fez o que tinha que fazer, não teve escolha.
Andrey virou o rosto de lado e observou Vladímir que tinha os olhos no horizonte.
- Você não tinha como saber o que iria acontecer, não teria como impedir. - fez uma pausa e prosseguiu. - Se Daina sabia de algo, cuidou para que vocês fossem poupados - Vladímir o observou por instantes e depois voltou a falar olhando para o horizonte. - Começo a pensar em todas as razões para Asia ter sido cuidadosamente encaminhada para vocês.
Andrey continuou inerte olhando seriamente para Vladímir tentando acompanhar sua linha de raciocínio.
- Reinis está bem assistido por todos, fique um pouco mais com sua esposa, ela está se sentindo um pouco abandonada - continuou Vladímir. - Está preocupada e um pouco confusa, você precisa explicar algumas coisas a ela.
Andrey o observou mais um pouco, não se incomodou com seus conselhos, mas desconfiou que Vladímir estava se preparando para dizer mais alguma coisa ao introduzir aquele assunto. Imaginou que Vladímir estivesse cobrando dele alguma atitude com relação à Asia. Virou o rosto para trás assim que Reinis passou pela porta da sala e o observou se aproximar deles pensativo.
- Reinis, eu não sei se Daina já havia lhe informado o que descobri sobre as origens de Asia - começou Vladímir.
Andrey, que havia se virado e agora, pensativo, fitava o chão, ergueu o olhar para Vladímir, preocupado com o que ele iria contar. "Vladímir está se metendo, sou eu que devo dizer a ela e a todos. E ele já havia contado para Daina, antes de contar a mim?".
Reinis observava Vladímir atentamente e respondeu ao comentário de Vladímir com um aceno negativo de cabeça.
- Preciso contar sobre o pai dela. - continuou Vladímir.
- Não! - interrompeu Andrey que não esperava pelo rumo tomado por Vladímir. - Você foi procurar pela família dela? Ela mesma não queria isso! Vladímir, você não devia ter feito isso.
- Fique calmo. Ninguém sabe sobre ela. Investiguei com discrição. Você precisa saber quem é o pai dela, Andrey.
- Não quero saber nada, nem ela. Não diga nada a Asia, Vladímir.
- Você reage exatamente como Daina disse que reagiria. Ela tinha medo de suas atitudes com relação a isso. Eu diria que você precisa voltar a se controlar e ouvir.
- Eu diria que você está se metendo em um assunto que não é seu! Não quero ouvir mais nada sobre isso - Andrey virou-se, pegou seu casaco que estava no encosto do banco e saiu. Estava aborrecido com Vladímir novamente. O fantasma de seus pesadelos retornava. Depois de tudo que haviam passado, ele teria que lidar com a possibilidade dela ser levada embora.
Vladímir acompanhou com a cabeça todo o movimento feito por Andrey e sua retirada brusca. Virou-se para Reinis e continuou:
- Vocês vão precisar saber, Reinis. Depois de tudo que passaram aqui com esse ataque, você precisa saber quem é o pai de Asia, para o caso de precisarem de ajuda e proteção. Ele poderia providenciar isso, se necessário.
Reinis não esperava por esse tipo de informação, mas as palavras ajuda e proteção ecoaram em seu âmago e trouxe toda a sua atenção.
- Reinis, ninguém sabe da existência de Asia, além de seu pai e de Olívia, uma prima dele, e eles não sabem que ela está aqui. - Vladímir ia expondo as informações a Reinis com atenção. - Sua mãe, Erine, a escondeu de todos. Asia sequer foi registrada. Andrey terá que tomar conhecimento dos fatos. Quem os atacou pode descobrir sobre ele, vão persegui-lo. Reinis, Andrey registrou seu casamento, não foi?
Reinis acenou com a cabeça positivamente.
- Se desconfiarem da presença de um Guerreiro em sua família e investigarem suas vidas, verão que Ondrej é casado. Podem buscar informações sobre ela. Como será quando descobrirem que seu falso filho se casou com uma mulher inexistente? - Vladímir falava no seu jeito gentil, mas com apreensão. - Sente-se Reinis, tenho muito que lhe contar antes de partir, e tentar convencer Andrey a me ouvir também.
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