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Capítulo 24


Capítulo 24

***

      Andrey permaneceu em pé diante da janela observando a luminosidade tomar conta do céu. Estava exausto pela falta de dormir adequadamente e por toda tensão que foi obrigado a suportar. Era nele que pousava a responsabilidade de se manter as coisas equilibradas diante de Vladímir: não podia expor Reinis e Daina e não podia deixar levarem Asia.

      Agora, diante dos olhos de todos os envolvidos, essa questão estaria solucionada: acreditava que as leis Nemtsi seriam respeitadas e Asia permaneceria com ele, que se valeria de seu direito. Acreditava também que preservaria seu antigo disfarce, pois sentia que recuperara novamente o equilíbrio emocional que fora testado ao extremo.

      Virou-se para trás e notou que Asia havia adormecido. Aproximou-se dela verificando a temperatura de sua mão, que pendia para fora sobre o travesseiro. A aliança cintilava em seu dedo, ele a observou por instantes e, depois, recolocou a mão gelada dela para dentro das cobertas. Ficou sentado ao seu lado observando-a dormir, enquanto pensava que era ainda muito cedo e que Reinis e Daina ainda estariam dormindo. Não tinha a intenção de dormir, mas acabou se escorando no travesseiro, enquanto observava o céu clarear.

      Pela manhã, Daina desceu e viu que seria um lindo dia de domingo. Fazia sol, mas ainda estava muito frio. Foi para a sala e viu que sobre o encosto do sofá havia o paletó de um terno e uma gravata sobre ele. Daina aproximou-se, pegou o paletó nas mãos, viu que era de Andrey e lançou seu olhar para o alto da escada.

      Subiu indo primeiro ao quarto de Michel. Só seu filho estava lá, então, foi ver Asia. Daina abriu a porta lentamente e viu Andrey lá. Cansado, ele havia se deitado na cama sobre os cobertores ao lado de Asia, ainda vestia a camisa e a calça do terno e seu braço estava dobrado sobre Asia e os cobertores. Daina pôde ver a aliança em seu dedo, outra na mão que Asia deixou pender para fora, e os castiçais sobre as mesas de cabeceira.

      Daina fechou a porta com cuidado e depois desceu as escadas atordoada. Quando chegou ao último degrau, levantou a cabeça e encarou Reinis, que já estava na sala e havia acompanhado sua lenta descida. Olhou para ele perplexa e disse:

      - Andrey se casou ontem, com Asia.

      Slauka, que tinha começado a descer a escada e já estava na metade, parou, virou-se e voltou a subir a escada novamente.

      - Slauka! - disse Daina.

      Slauka parou de subir, virou-se e olhou para Daina sem dizer nada. Reinis se aproximou da escada e olhou para Slauka, que continuou imóvel e sem fala.

**

      Ele realmente havia adormecido, e como não podia evitar, suas memórias retornavam para assombrá-lo em seus sonhos. Estava novamente no Vilarejo Nemtsi próximo à Budapeste do séc. XVIII.

      Andrey ainda não tinha completado dezenove anos, havia se tornado esguio e bem alto e encontrava-se deitado de comprido sobre o banco da sala, que ficava sob a janela. Observava o teto e mantinha a perna direita erguida com a sola da bota apoiada no banco, e a esquerda permanecia pendurada e apoiada no chão. Moveu os olhos para o céu azul, que podia avistar através do vidro da janela, manteve-os fixos acompanhando os movimentos das nuvens, enquanto pensava que havia melhorado o suficiente para sair e que, no dia seguinte poderia, até ajudar com a colheita. O trabalho no campo ajudava a passar o tempo que sentia desenrolar-se tedioso, mas não melhorava nem seu estado de espírito, nem suas perspectivas de futuro: encontrava-se profundamente desmotivado.

      Assim que percebeu que Daina entrara na sala, escorregou seu pé para baixo tirando a sola de cima do banco que Krista tentava, em vão, manter livre de arranhões.

      - Está melhor? - perguntou Daina, que se aproximou dele apoiando a mão em sua testa. - Preciso verificar. - reclamou ela, ao perceber a impaciência dele com tanta atenção. - Você demorou muito a se recuperar, mais do que qualquer um que eu tenha visto, e, depois, quando tudo parecia ter acabado, você tornou a piorar. Como posso ter certeza de que já passou? - ela passou os dedos pelos fios de cabelo dele, que estavam desalinhados ajeitando-os para trás. - Não sei por que isso foi acontecer tão cedo para você, talvez porque está sempre triste e preocupado. E andou se esforçando demais, Andrey. - Daina observou suas roupas e perguntou - Por que está vestido assim? Não vai sair até que se recupere totalmente!

      Andrey, que tinha seus olhos azuis fixos nela, desviou o olhar para o alto e para a janela de madeira com tinta branca lascada, voltando a observar as nuvens esparsas. Daina ergueu-se e caminhou até uma cadeira que ficava ao lado de uma pequena mesa no canto da sala. Retomou seu trabalho com um bordado de toalha que, há dias, lhe tomava o tempo até anoitecer, quando, então, ela acendia as velas do candelabro e prosseguia noite adentro. Andrey voltou os olhos para ela novamente. Ele não gostava de vê-la assim tão distante de todos e envolvida em um trabalho contínuo, mas era melhor assim do que como foi no começo, logo depois da confirmação da morte de Aiva, quando permanecia deitada no quarto sem falar com ninguém. Havia se passado mais de dois anos desde o ocorrido com Aiva, e Andrey esperava que Daina voltasse a ser como antes, que se recuperasse de alguma maneira. Ele manteve os olhos nela observando seu trabalho e a maneira que estava arrumada, ainda não se acostumara a vê-la usando as roupas típicas daquela região e que diferiam das elegantes roupas de veludo e algodão que ele sempre a viu usar em sua antiga cidade.

      - Mathias esteve perguntando por você pela manhã, queria saber se você melhorou dessa vez. - comentou Daina interrompendo os pensamentos dele. - Andou sentindo falta de sua companhia estes dias. Ele anda tão entristecido. Talvez, quando você melhorar totalmente, possam ir até Buda, vocês gostavam de fazer isso.

      Isso não era algo que ela já tivesse sugerido anteriormente. Era uma novidade, mas Andrey não acreditou que essa singela sugestão significasse alguma mudança nos receios dela:

      - Do que adianta ir até lá se não podemos fazer mais nada! - respondeu ele com irritação, notando, em seguida, que Reinis havia entrado na sala e observava Daina sentada de costas para ele.

      Andrey endireitou o corpo adotando uma postura mais correta, sentando rapidamente no banco. Seus movimentos eram imprecisos e acompanhados de um enjoo incômodo. Sentiu que não fora educado ao falar com Daina daquela maneira e lamentou seu comentário:

      - Desculpe-me - completou arrependido.

      Daina parou de bordar e observou Andrey atentamente, mas depois retomou seu trabalho sem responder nada a ele.

      Reinis se aproximou da esposa pelas costas e apoiou uma das mãos em seu ombro, movendo-a levemente em um carinho:

      - Como ele está? - perguntou Reinis a Daina.

      - Melhor, espero que agora isso termine. Assustou-me um pouco o estado dele, nunca vi ninguém ficar assim. E foi tão cedo... - respondeu ela.

      - Andrey andou forçando seu corpo e seu espírito ao limite. Acho que isso antecipou as coisas. Gabor também pensa que foi isso, já viu acontecer na antiga família dele. Não é algo tão incomum para eles, Daina - comentou Reinis e depois, dirigindo-se para Andrey continuou: - Procure se recuperar bem, antes de sair da cama. Trouxe um livro novo para você, acredito que vá gostar! Trata das ciências médicas e eu sei que você e Mathias gostam disso - Reinis soltou Daina e caminhou até Andrey, entregando-lhe o livro, depois, sentou-se ao seu lado observando-o examinar as páginas internas.

      - Como será se nos depararmos com Vladímir novamente? - perguntou Daina preocupada olhando para Reinis. - Não vamos poder sair daqui, Reinis! - completou em uma exclamação angustiada.

      - O que Gabor faz, pode ser aprendido. Ele já andou disciplinando Andrey nesse sentido, teremos bons resultados - Reinis passou a observar o conteúdo das páginas que Andrey, de maneira interessada, folheava.

      Daina permaneceu em silêncio observando os dois: Andrey virando as páginas do livro com atenção e Reinis animado ao vê-lo se interessar pelo presente. Depois, angustiada, perguntou:

      - Como saberemos se ele terá êxito? Que não correrá riscos se sairmos daqui?

      - Não saberemos, temos que acreditar na capacidade dele e na nossa, também, para ajudá-lo - respondeu Reinis de forma tranquilizadora.

      Depois, seu inconsciente se perdeu, divagando em sonhos sem nexo e sem problemas. Mas a imagem de seu verdadeiro pai morto e caído na neve o fez despertar.

      Após ter acordado assustado e se aborrecer com o fato de ter adormecido, Andrey desceu. Sabia que teria de enfrentar Reinis e preferia falar com ele sozinho, poupando Asia.

      Reinis estava sentado no sofá da sala, só. Não olhou para Andrey quando ele chegou ao final da escada, continuava fitando a parede de vidro da varanda quando começou a falar:

      - Você está agindo exatamente como seu pai.

      Andrey não respondeu nada e Reinis continuou:

      - Está igual a ele. Impulsivo, egoísta e não mede as consequências de nada. Não sei onde isso vai te levar, Andrey. Só espero que as coisas não terminem do mesmo modo - olhou para ele.

      - Vou embora com ela. - afirmou Andrey. - Assim, não trarei mais problemas para vocês.

      - Eu gostaria que você começasse a me ouvir - Reinis se irritou ao ouvi-lo dizer aquilo mais uma vez. - Por muito tempo, achei que tinha acertado com você. Você aprendeu a ser tão controlado, tão correto. Mas, pelo que vejo, basta se desestabilizarem as coisas que tudo vem à tona - Reinis respirou profundamente e continuou a olhar para a varanda.

      Reinis amava Andrey como se ele fosse realmente seu filho, lamentava que ele não conseguisse ser controlado como esperava, mas jamais viraria as costas para ele:

      - Você vai ficar aqui e assumir as consequências de seus atos, sejam elas quais forem - Reinis levantou-se e foi para a varanda, mas antes de sair ainda disse: - Você e essa moça praticamente não se conhecem. Ela nem sabe com quem se casou.

      Asia estava na metade da escada e chegou a ouvir as duas últimas frases de Reinis. Parou no último degrau vendo-o sair e se dirigir para o jardim. Para Asia, Reinis ainda não a aceitara, ela acreditava que ele a considerava uma estranha entrando em sua família. Andrey, que entendia muito bem o significado das palavras de Reinis, queria poupar Asia das consequências de suas escolhas e de todas as críticas que ele receberia. As palavras de Reinis, "Ela nem sabe com quem se casou" ficaram ecoando em sua mente. Andrey virou-se para ela e a abraçou. Asia o abraçou também e beijou seu rosto.

      Andrey segurou a mão dela e a puxou para a varanda sentando no banco-balanço de sempre. Sentou-se um pouco inclinado e Asia, com as pernas sobre o banco, encostou-se nele. Ficou sozinho abraçado a ela por um tempo.

      - Reinis está aborrecido com você, não é? - perguntou Asia preocupada.

      - Está, mas vai passar com o tempo. Não se preocupe. - Andrey falava de forma a tranquilizar Asia, mas ela percebeu certo tremor em sua voz quando ele pronunciou estas palavras. Andrey estava comovido com algo que Reinis havia dito.

      - Por que não contou a ele o que nós decidimos? Que íamos nos casar?

      - Você ouviu o que ele disse? Você não me conhece. Ele iria querer que esperássemos, não queria que fosse assim. Não teria concordado se eu tivesse dito algo ontem, teria impedido.

      Asia ficou pensando, não conseguia entender tanta oposição, entendia que se casaram muito rápido e que isso assustava a todos, mas sentia que Reinis talvez não quisesse esse casamento. E a única justificativa que sua mente encontrava para isso era que eles não a conheciam, não sabiam quem ela era, não sabiam nada de sua vida passada ou sobre sua família: "Estão sendo prudentes e responsáveis e nós dois não. Não tem importância, logo verão que sou boa pessoa. Serei aceita por Reinis também." Asia ia pensando na maneira de convencer Reinis de que ela poderia fazer parte daquela família. Que isso estava destinado e estaria tudo certo. Asia observava a fisionomia séria de Andrey e não queria que ele estivesse arrependido, não queria vê-lo triste e preocupado com Reinis. Pensou em distraí-lo levando a conversa para assuntos mais suaves:

      - Nossa diferença de idade é muito grande?

      Andrey riu um pouco, inclinou-se para frente tentando olhar para o rosto dela. Asia deitou mais a cabeça para trás enrugando a testa para olhá-lo também.

      - Acha que tenho cara de velho?

      - Não. É que Volker e Laura têm quase a mesma idade, não têm?

      - Têm sim, para nós a diferença entre eles é considerada pequena. Hoje em dia, a diferença acaba sendo pouca, a vida está mais fácil e estamos em maior número do que no passado. Mas não ligue para eles, principalmente Rainer - Andrey sorria. - Você acha que pareço velho para você?

      - Não, não parece. Você parece mais novo que Lars.

      - Todos dizem, mas temos praticamente a mesma idade - ele silenciou-se por instantes ainda sorrindo e depois recomeçou: - Lars parece velho para você?

      Asia começou a rir, notou que isso o estava preocupando de uma maneira divertida.

      - Não, também não - Asia ria e, depois, pensando no que Slauka acharia de sua resposta, comentou: - Um pouco mais, talvez...

      - Você está muito preocupada com isso. - Andrey sorrindo puxou Asia mais para seu colo e beijou-a, depois, relaxou seu abraço um pouco e a olhou de frente. - Não sou um marido velho, está bem? Você não me trocaria por Rainer, trocaria? Ou por um daqueles irmãos gêmeos? - Andrey sorria com certo ar de convencimento.

      - Não. Não sei... Talvez, quem sabe?

      Andrey começou a fazer cócegas em Asia, que se inclinou para trás para rir.

      - Você está andando muito com Slauka. Está começando a ficar parecida com ela. - Andrey sorria e puxou Asia para próximo dele.

      - Quantos anos têm Vladímir?

      - Eu não sei! - respondeu Andrey que voltou a rir. - Mas acredito que seja do século XI ou XII. Por que quer saber?

      - Conhece alguma Muriel?

      - Não. - respondeu ajeitando uma mecha do cabelo dela.

      - Tive sonhos estranhos e muito reais. Eu estava no lugar dela, num castelo medieval cheio de Selvagens e tinha uma fada.

      - Fada? - interrompeu Andrey rindo.

      - Ela era Nemtsi. Só parecia com uma fada, como não sei seu nome, eu a chamo de fada.

      Asia contou a ele seus sonhos recentes e como eles a impressionaram.

      - Não sei como podia sentir tudo aquilo, mas era tão real - afirmou. - Talvez elas tenham matado a fada.

      - Asia, não há nenhuma Muriel. - disse Andrey seriamente. - Você andou ouvindo muitas histórias e está impressionada. - Depois, inclinou o rosto para o lado e observou Slauka chegar.

      - Oi, posso me sentar um pouco com vocês? - perguntou Slauka com a fisionomia um pouco triste.

      Andrey sorriu para ela, enquanto Asia lhe estendia a mão.

      Slauka pegou a mão de Asia com firmeza, depois com desinteresse, soltou-a e sentou-se no banco em frente a eles. Tirou seus tamancos, apoiou as costas no encosto do banco e subiu as pernas com os joelhos flexionados abraçando-as. Apoiou o queixo no joelho e disse queixosa:

      - Lars não está falando comigo.

      - Sinto muito. Desculpe-me por isso. - desculpou-se Andrey que intimamente já havia pensado em conversar com Lars, prevendo que ele se aborreceria com Slauka.

      - Tudo bem, não estou arrependida.

      Andrey sentiu uma mão ser apoiada em seu ombro e duas batidas fortes do lado direito, era Rainer que foi para junto de Slauka e sentou-se ao seu lado abraçando-a.

      - Agora, nós dois somos parentes de alguma forma, não é mesmo? - disse Rainer rindo e tentando com a outra mão se defender dos braços de Slauka que batia nele para soltá-la. Rainer continuava rindo e perguntou para eles:

      - O que foi? Que caras são essas?

      - Por que não tem ninguém bravo com você? Você participou disso tanto quanto eu. – queixou-se Slauka dando o último tapa em Rainer antes de ele soltá-la.

      - Porque eu não ligo! Nem estou dando atenção. Vocês também não deviam. Daqui a pouco ninguém mais vai falar nada mesmo. Isso passa! - Rainer apoiou as costas no encosto do banco e estendeu seus braços sobre ele, inclusive por trás de Slauka.

      - Aposto que se fosse com você, ninguém estaria dizendo nada - insistiu Slauka aborrecida.

      - É, não sou filho de ninguém aqui! Mas não se preocupe, não irei me casar.

      - Há! Há! Há! - disse Slauka balançando a cabeça para os lados.

      - Não! É verdade. Gosto da minha vida como ela é. Não faço planos de mudar nada!

      - Ainda bem. Coitada da moça que se casasse com você, sofreria uma eternidade! - continuou Slauka, com mau humor.

      Rainer virou-se e tentou beijar o rosto de Slauka, que voltou a bater nele, dizendo muito irritada:

      - Pára, Rainer, você é insuportável! Ninguém te disse isso ainda?

      - Você também é, querida... Você também é. - concluiu ele retomando a posição original.

      Andrey deu um beijo no rosto de Asia e levantou-se dizendo:

      - Vou falar com Lars.

      - Ele está conversando com Reinis e Daina no jardim lá embaixo. Boa sorte! - informou Rainer ironicamente.

      - Leve ele com você - pediu Slauka aborrecida.

      Andrey passou por Rainer puxando seu braço. Rainer levantou-se e foi embora com ele.

      Logo que eles saíram, Slauka mudou de banco indo se deitar no banco de Asia, com a cabeça sobre suas pernas.

      - Lars está muito bravo com você? - perguntou Asia, imaginando que Lars não estaria tão bravo como da última vez.

      - Não. Ele só não está falando comigo.

      - Rainer tem Razão, vai passar. - Asia estava passando os dedos no cabelo de Slauka, da mesma maneira que Daina, e isso a fazia se sentir mais parte de tudo aquilo.

      - Você está feliz?

      - Sim.

      - Que bom. - completou Slauka com um sorriso bonito. - Mas acho que não vai adiantar Ondrej falar com Lars dessa vez, ele está com raiva dele também. Lars disse que nós dois nos merecemos... Eu e Ondrej. - de repente, Slauka parou. Ficou imóvel com os olhos arregalados. - Asia, ele está aqui! Vladímir! Tire a aliança do dedo. Me distraí com você, não dá tempo de eu sair. - enquanto pronunciava as últimas palavras, Slauka fez movimentos para se levantar e tentar fugir dali.

      - Não vou tirar nada, fiz o que queria. - Asia viu o reflexo de Vladímir atravessar a sala, não daria tempo para Slauka sair sem que ele a visse fugindo, então, segurou Slauka. - Fique quieta, deixe que eu fale. Ele não vai notar nada em você se ficar quietinha e deixar a atenção dele em mim.

      Vladímir apareceu na porta da varanda com um leve sorriso no rosto e se dirigiu para elas.

      - Boa tarde! Não precisam se incomodar em levantar. Desde que Reinis se mudou para esta casa tive vontade de me sentar nestes bancos, mas não tinha tido oportunidade ainda. Posso?

      - Claro! - respondeu Asia estendendo a mão para o banco à sua frente.

      Vladímir sentou-se e sorrindo iniciou uma conversa com as duas.

      - Olá, Slauka, finalmente a encontro em casa! Não tive o prazer de tê-la conhecido antes... Você é muito bonita, parabéns!

      Slauka estava paralisada, tinha virado o rosto para ele e não conseguia desviá-lo de seu olhar. Vladímir continuou observando Slauka amistosamente e continuou:

      - Não se preocupe. Já sei de tudo sobre você, há muito tempo, não vou fazer nada contra você. As pessoas me interpretam mal, não tenho a intenção de prejudicar ninguém. Podemos ser amigos - Vladímir sorria e seu sorriso era sincero. - Creio que você teve muita sorte por ter sido encontrada por Lars. Sozinha como você estava, outros poderiam tê-la localizado. Outros menos tolerantes com a existência de vocês. - Vladímir desviou o olhar que mantinha sobre Slauka e passou a examinar a mão esquerda de Asia. - Vejo que Ondrej foi mais rápido do que imaginei!

      - Tudo o que fiz, foi por que quis. Ninguém me forçou a nada. Foi minha decisão. - Asia falou de forma firme e decidida, mas encolheu um pouco a mão que tinha a aliança.

      - Eu sei, eu sei. - interrompeu Vladímir, com a palma de ambas as mãos viradas para Asia. Vladímir falava de maneira tranquila e gentil como um pai compreensivo. - Acho que contribuí para tal desfecho. - Vladímir a avaliou por um tempo e depois apoiou a mão direita na corrente do balanço observando-a com atenção. - Pensei muito ontem, e vim me desculpar novamente com Reinis. Pressionei demais vocês dois, criei problemas para Reinis. Na verdade, sou o culpado por tudo o que está acontecendo. Vim aqui hoje para esclarecer minha posição com vocês e para apaziguar nossas relações.

      Andrey e Lars chegaram à varanda, vieram correndo assim que perceberam que Vladímir havia chegado. Andrey parou em pé ao lado de Asia com a mão em seu ombro, olhando fixamente para Vladímir. Lars, desesperado, ficou atrás do banco com a mão estendida para Slauka, que ainda deitada a pegou.

      - Fiquem tranquilos vocês dois - disse Vladímir dirigindo-se a Andrey e Lars. - Não irei representar mais problemas para vocês. Não quero ser uma figura temida, não foi minha intenção, desde o começo - Vladímir olhava para Andrey e para Lars, sorria com sinceridade e mantinha a feição tranquila. - Só fui pego de surpresa. E isso não é uma coisa que aconteça com frequência, eu tenho que ressaltar - disse erguendo as sobrancelhas, olhando apenas para Andrey e observando-o um pouco. Depois, continuou. - Acho que preciso parabenizá-lo pelo casamento. Sua esposa é linda e o ama com sinceridade.

      Depois, Vladímir virou-se para Lars:

      - Sempre soube que você escondia Slauka de mim. Respeitei isso. Você não faz ideia de quantas pessoas fogem de mim, tentando esconder suas esposas, seus maridos ou seus filhos! Mas, posso lhe garantir, não represento mais perigo para ninguém.

      Reinis e Daina chegaram para o fim da conversa.

      - Acho que podemos pensar nisso tudo como uma forma de esclarecermos as coisas. Sou amigo de vocês, não vou denunciar ninguém que não esteja fazendo algo errado. Esse tempo já passou - Vladímir levantou-se estendeu a mão para Lars, que a apertou, e, depois, para Andrey, que fez o mesmo, mas Vladímir não soltou sua mão. - Sinto se lhe pressionei demais. Mas tenho que dizer que você me surpreendeu, não esperava por isso, Andrey, não é?

      - Sim.

      - Contou tudo para ela? - Vladímir olhava os olhos de Andrey, suas reações revelavam as repostas que queria. - Foi tudo rápido demais. Pelo que percebo, vocês não sabem com quem casaram. Nenhum dos dois.

      Andrey puxou sua mão de volta e encarou Vladímir. Percebeu que a situação agora estava resolvida, mas interpretou a forma como Vladímir falou com ele como desafiadora. Sentiu que Vladímir ainda queria se impor.

      - Bem, Reinis, Daina, parabéns pelo novo membro de sua família! Fiquem tranquilos, não vejo problemas aqui. Não para mim, realmente! - Vladímir continuava sorrindo e apoiava a mão no ombro de Reinis.

      - Vamos caminhar um pouco, Vladímir. Acho que precisamos conversar com calma - sugeriu Reinis que estava mais tranquilo com relação à Vladímir, e mais propenso a perdoar Andrey.

      Reinis e Vladímir saíram seguidos por Daina. Lars deu a volta no banco para abraçar Slauka. Seu grande temor durante décadas era Vladímir ou algum outro localizarem Slauka. A conversa com Vladímir foi tranquilizadora, mas Lars via o quão frágil era a condição dele e da esposa.

      Asia subiu sua mão para segurar a de Andrey, que encarava Vladímir ao sair.

      Logo em seguida à retirada de Vladímir com Reinis, Michel apareceu na varanda e foi com um sorriso inocente para o lado de Andrey:

      - Parabéns por seu casamento! - Michel foi o único da família a vir cumprimentá-lo. Aproximou-se com seu sorriso tranquilo de sempre e sem o olhar acusativo que todos lançavam para Andrey, que estendeu o braço para Michel, abraçou-o pelo ombro e beijou sua cabeça. Asia estendeu sua outra mão, a que estava livre, e pegou a mão de Michel, dando um beijo nela.

      Lars perdoou Slauka, como sempre.

      Ao caminhar conversando com Reinis e Daina, Vladímir quis passar alguma informação sobre o que estava pesquisando a respeito de Asia:

      - Tenho uma forte indicação de quem seja o pai dela. Ainda preciso confirmar tudo, mas as informações que tenho no momento: o sobrenome que Johanna usa e o fato dela dispor de uma grande quantia em dinheiro em uma série de contas bancárias, nos leva a uma antiga família Nemtsi, na França. Ele pertence a um ramo de uma família poderosa que conheço há muito tempo.

      - Por favor, Vladímir, não os comunique - pediu Daina aflita com essas novas informações que chegavam. - Não diga nada a ninguém, vai piorar as coisas.

      - Não se preocupe, não vou me envolver, vou apenas comparar algumas informações que tenho.

      - E a mãe dela? - perguntou Reinis.

      - Sei quem é. E acredito que Erine tomou todos os cuidados para que a filha encontrasse a mim e a vocês. Mas ainda preciso confirmar isso tudo para não ser injusto. Ao que parece, ela também precisou fugir com o pai de Johanna. Que coincidência, não? - Vladímir segurava as próprias mãos, virou um pouco o tronco juntamente com a cabeça e sorriu para Reinis. - Mas não posso afirmar nada, ainda. Quando eu for à França, vou procurar Olívia, ela pode me passar alguma informação confiável.

      - Vladímir, por favor, não procure ninguém, vai pressioná-lo ainda mais, eu não vou suportar isso. Por mim, não diga nada a ninguém que Asia está aqui - Daina sabia dos temores de Andrey e via que algo realmente poderia desestabilizar a situação: o que a família de Asia iria fazer se descobrissem Andrey?

      - Não se preocupe Daina, ninguém saberá de nada. Sou muito discreto e tenho como conseguir informações de maneira não convencional. Ninguém saberá de nada. Contarei a você quando souber de algo mais concreto e você decidirá o que fazer com as informações.

      Reinis olhava para Vladímir de forma muito séria. Mas não era a origem de Asia que o preocupava: era Andrey.

      Mais para o final da tarde, como novamente havia esfriado muito, Andrey acendeu a lareira e sentou-se com Asia sobre o tapete perto do fogo, esperando para falar com Daina antes de partir. Ninguém mais conversou com eles nesse dia. Volker e Laura não vieram visitá-los, Rainer sumiu, Lars e Slauka subiram para conversar e Reinis ficou no escritório após a saída de Vladímir. Daina deixou o marido e dirigiu-se à sala sentando-se à frente deles. Ficou algum tempo fitando o fogo e remexeu a madeira que queimava. Depois, inclinou o corpo para eles, olhou para Andrey e disse:

      - Você havia me prometido.

      - Eu não fui embora - respondeu Andrey seriamente.

      - Você entendeu o que eu quis dizer. Eu me referia a tudo isso - e Daina, aborrecida, apontou a aliança na mão de Andrey.

      Andrey olhou para baixo, virou o rosto de lado e ficou fitando o fogo.

      - Reinis está desapontado com você. E eu me preocupo se você vai reagir assim a tudo. Volte a se disciplinar, Andrey, antes que você mesmo precipite seus temores! - Daina inclinou-se, fez um carinho no rosto de Asia e continuou. - Não se preocupe querida, as coisas vão se acertar, não é sua culpa.

      - Vamos viajar. Estava esperando para me despedir de você - continuou Andrey.

      Daina não disse nada, levantou-se e foi embora olhando Andrey de forma muito séria.

      O que Reinis havia dito à tarde tinha uma importância e uma gravidade, que pesaram muito na consciência de Andrey. Mas ouvir as críticas de Daina, a quem ele tinha realmente como a uma mãe, era muito difícil e doía dentro dele. Abraçava-se mais à Asia, acariciando seus braços e sentindo um reconforto nisso. Pelo menos, em meio a todas essas turbulências, ele a tinha, e, assim, poderia passar por qualquer coisa.

      Andrey se perguntava se Asia estava, de fato, entendendo tudo o que se passava, se ela havia entendido o que ele realmente era. Mas ela não dizia nada e ele não tinha coragem de falar sobre isso. Ele aprendeu a ver os Selvagens como uma ameaça, sabia que poderia até gostar de alguns, como Slauka e seus amigos húngaros, mas, em sua concepção, o que ele era o tornava menos merecedor de Asia, e isso o deixava mais apreensivo.

      Andrey ficou na sala com Asia e o fogo. Continuaram sozinhos por mais algum tempo e depois partiram.

      Nos meses que se seguiram ao casamento, Asia não fez perguntas a Andrey sobre seu passado, sobre seus pais verdadeiros. Achava que era um assunto que trazia lembranças tristes a ele. Ela sabia que seu marido já havia passado por guerras e perdido entes queridos, tinha medo de magoá-lo fazendo-o relembrar estas passagens tristes de sua vida, então, guardou sua curiosidade para si mesma. Em algum lugar em seu inconsciente ela havia compreendido tudo, mas não ousava pensar nele dessa forma. Para ela, Andrey era seu bem mais precioso. Bom, gentil e que estaria com ela sempre. Ele era o amor de sua vida e ela estava feliz. Olhava para a larga aliança em seu dedo examinando aqueles escritos estranhos e sempre pensava em pedir para Daina explicar mais sobre os costumes deles, já que Andrey nunca tocava no assunto. Mas tinha tempo, toda uma vida pela frente...


FIM DA PRIMEIRA PARTE

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