Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

capítulo 23

Capítulo 23

***

      Durante o calmo retorno, Asia adormeceu. Dormiu por cerca de vinte minutos, período em que retornou àquele mundo insensato, perigoso e deslocado de seu tempo. Mas, a esse ponto, em que entrava no terceiro destes sonhos tão diversos dos que costumava ter, Asia começava a se familiarizar com a dinâmica do processo: não era ela que estava realmente ali, estava vivendo a vida de alguém.

      Encontrava-se sentada sobre o que parecia ser um banco ou uma cadeira comprida, de estofado duro e revestida por tecido. Seu longo vestido tinha, dessa vez, uma tonalidade verde-musgo, era de seda estampada, justo, mas confortável em seu corpo esguio. Ela olhava para baixo, enquanto tocava com a ponta dos dedos as cordas de um instrumento pousado sobre suas pernas. Era um instrumento de madeira com forma quase triangular e cordas em sua extensão. Achou surpreendente que soubesse tocá-lo, já que nunca havia estudado música, e encantou-se com o fato.

      Havia uma grande lareira acesa um pouco mais adiante e à sua direita, única fonte de calor naquele ambiente frio e úmido. Ela usava a claridade trêmula das chamas para ver o que estava tocando, já que a sala era mal iluminada, havendo apenas uma pequena janela distante, no canto esquerdo do recinto. A pouca claridade vinda dessa janela parecia indicar um dia nublado, escuro e provavelmente chuvoso, o que justificava a presença deles naquela sala e naquele momento do dia.

      Mais próxima à parede, mas não muito distante da lareira, havia uma moça de longos cabelos claros, que Asia notou pelo canto dos olhos sem parar de tocar seu instrumento. Ergueu os olhos podendo avaliar a sala em que se encontrava. Não era tão grande quanto o amplo salão do outro sonho, mas o teto era alto. Havia tapeçarias decorando as paredes próximas à porta, um tapete rústico de lã forrando o chão de pedra, e bem à sua frente se encontrava um homem sentado sobre uma espécie de cadeira de madeira coberta por uma pele felpuda. Ele tinha o rosto voltado para a porta, de maneira que Asia só podia ver seus cabelos castanhos, que escorriam lisos até a altura dos ombros. Vestia uma túnica de seda castanha trabalhada e bordada, sobre o que parecia ser um gibão de linho branco, ambos longos até os joelhos e cingidos por um cinto de couro. Usava um tipo de calça de lã preta e sapatos de couro.

      Quando aquele homem virou o rosto para as chamas da lareira e ficou de perfil, Asia pôde reconhecê-lo: "O homem que me feriu, no salão, com a espada! Ele atacou todas aquelas mulheres, ele é Selvagem!" Ela baixou o rosto para o instrumento que tocava e ficou um pouco apreensiva com a presença e com a proximidade dele.

      Do seu lado esquerdo, vinha um som que, desde o início, incomodava-a, atrapalhava a concentração que dedicava ao fascinante instrumento. Olhou na direção do som e pôde perceber, por trás de um cortinado preso a duas colunas arqueadas, uma senhora idosa trabalhando em algo que Asia pensou ser um tear. Não olhou para ela por muito tempo, voltou o rosto novamente para o homem à sua frente.

      Sentado naquela cadeira rústica e vestindo roupas de tecido refinado, ele não parecia tão grande e assustador como da primeira vez em que o viu. Naquelas circunstâncias, sem cota de malha e sem armas, aquele Selvagem parecia apenas um homem comum, que pertencia à uma alta classe social de sua época. Não possuía mais a fisionomia contraída e furiosa que viu nele quando a feriu, estava tranquilo observando as chamas da lareira, enquanto a ouvia tocar. Seu perfil era bem feito com nariz aquilino e barba bem aparada, até os cabelos pareciam mais limpos e o rosto menos pálido.

      Ela continuou a observá-lo atentamente enquanto tocava, e viu quando seu rosto se desviou das chamas e seus olhos azuis se voltaram para a mulher sentada próxima da parede. Asia também olhou para ela: seu vestido branco perolado e bordado de dourado estava parcialmente encoberto pelo longo cabelo loiro que descia um pouco ondulado, como uma cascata suave, e se espalhava sobre sua saia e o tamborete em que estava sentada. Assim que percebeu a atenção de Asia, a moça virou o rosto e pousou seus grandes olhos negros sobre ela "A fada!", pensou Asia de imediato, lembrando-se da história que ouviu entre os muros do castelo do primeiro sonho. "É como foi descrita, e ele a trouxe para cá!". Observou a aparência da moça. Pelo que se lembrava dos estudos sobre a Idade Média, e nisso pensou em séc. XI ou XII, os cabelos longos da fada representavam que ela era uma mulher livre de nascença, e usados soltos e descobertos indicavam que ainda era solteira. Ela tinha aspecto dócil, o rosto era delicado e a pele muito clara realçava os olhos escuros. Sua constituição magra e não muito alta, somada aos longos cabelos claros e vestes vaporosas, davam a ela um aspecto frágil e etéreo, que lhe atribuía a comparação a uma fada.

      Foram apenas alguns instantes em que ambas se entreolharam, a atenção delas fora distraída pela chegada de dois homens àquela sala. Trajavam roupas de viagem. Vestiam por cima de uma túnica de seda outra túnica de lã e a esta se sobrepunha a armadura em escamas de metal; usavam calças de lã e botas de couro. Assim que os cavaleiros entraram, Asia, a fada e o homem que estava sentado diante da lareira, se levantaram.

      - Senhor! - disse o Guerreiro Selvagem ao se erguer, fazendo, em seguida, uma reverência a um dos recém-chegados.

      Asia também fez uma reverência, descendo o corpo sobre si mesma e baixando os olhos. Estavam falando novamente em uma língua que era estranha para Asia, mas ela podia entendê-los perfeitamente. As primeiras frases foram ditas em voz baixa e Asia não conseguiu ouvir tudo o que disseram, mas pôde acompanhar o restante do diálogo:

      - Gorki não irá deixar uma afronta como essa sem resposta e conta com nosso apoio. Iremos nos unir a ele dentro de dois dias, reúna seus homens. Partimos em seguida - concluiu o recém-chegado que, apesar de altivo, demonstrava bastante familiaridade com o Guerreiro Selvagem que lhe fez reverência. - Onde está seu irmão? - no momento em que o recém-chegado formulou a pergunta, cravou os olhos em Asia.

      - Dragomir está descansando, Vsevolod, mandarei Muriel chamá-lo - respondeu o Guerreiro serenamente voltando o rosto para Asia por instantes, mas um pouco inquieto, como pôde perceber.

      - Vejo que, então, os boatos são verdadeiros! - o recém-chegado, Vsevolod, passou a olhar para a fada e deixou um sorriso enviesado lhe atravessar a face. - Você realmente arranjou uma Nemtsi. - observou-a mais um pouco. - Pensei que fosse procurar por uma nova esposa e não se desse ao trabalho de arranjar uma concubina.

      - Prometi levá-la a um vilarejo Nemtsi - respondeu o Guerreiro.

      - Se prometeu... - Vsevolod observou o Guerreiro com atenção, mas não desfez seu sorriso enviesado. - Mas não há nenhum próximo o suficiente que compense a viagem, se não quer ficar com ela, talvez haja outros que queiram. - olhou um pouco de lado para o homem que o acompanhava e, depois, olhou a fada novamente. - Pense bem se quer realmente devolvê-la. É muito bonita. - observou o Guerreiro novamente e virou-se em um movimento rápido, indo em direção à porta. - Esteja pronto no pátio juntamente com teus homens. Quero atravessar o rio antes do anoitecer - saiu sem olhar para trás.

      O Guerreiro permaneceu imóvel na mesma posição em que se encontrava: em pé, com os braços soltos ao lado do corpo, de frente para a porta e de costas para elas. Ele era mesmo um homem alto e forte, possível de notar mesmo que aquelas roupas não fossem tão impressionantes. Ele cerrou o punho da mão esquerda com força, enquanto observava a porta por onde saíram os visitantes e, em seguida, virou-se e, em três passos, alcançou a fada, que se assustou com a repentina aproximação, afastando-se um pouco para trás. Ele agarrou o pulso direito dela erguendo sua mão espalmada na altura de seu peito, e, em seguida, colocou um anel grande em seu dedo.

      - Se, em minha ausência, algum homem tentar se aproximar de ti, mostre-lhe meu anel e meu brasão, entenderão que está sob minha guarda e que devem respeitá-la. Ninguém te fará mal. Não saia do castelo, fique aqui com Urd - disse isso sem soltar o pulso dela e, então, com a mão direita, cobriu e dobrou seus dedos esticados, fechando a pequena mão, com o dedo laureado pelo anel, dentro de sua própria mão.

      O Guerreiro olhou para ela por mais alguns instantes e, em seguida, fitou Asia:

      - Você é responsável por isso, Muriel? Contou a eles que ela estava aqui? - sua voz era pesada e acusativa.

      - Não. - respondeu Asia alarmada por ser questionada daquela maneira. - Ela saiu e foi vista. - completou naquela língua estranha.

      - Se fizer algo contra ela, Muriel, hei de descobrir.

      Asia queria dizer que não faria nada de mau, queria dizer que não era Muriel, mas sua boca não obedecia e o esforço a fez acordar assustada. Andrey, que estava ao seu lado no avião, perguntou se estava tudo bem e ela respondeu que sim, ajeitando sua postura, enquanto pensava no que sonhou: "Isso tudo aconteceu antes dele me atacar no sonho anterior. Alguma coisa aconteceu com a fada quando ele partiu e ele ficou furioso. Foi real? Alguém viveu tudo isso e estou roubando suas lembranças?". Asia começou a imaginar que aqueles sonhos não a pertenciam, que de alguma maneira, ela estava roubando os sonhos de alguém. "Meu casamento! Aquele lugar, tudo isso deve estar me influenciando, fazendo que eu tenha esses sonhos estranhos." Asia seguiu calada, pensando, agora, mais em seu casamento do que nos sonhos.

      Chegaram de madrugada. Asia voltou com Slauka, enquanto Andrey foi, primeiro, deixar Rainer na casa de Volker. Ventava, fazia frio e logo amanheceria. Todos já estavam dormindo há muito tempo, menos Lars, que estava na sala esperando sua esposa fugitiva voltar. Quando entrou na sala, Slauka foi se justificar com Lars, enquanto Asia se esquivou dele e subiu rapidamente para o quarto; ela não queria ter que explicar alguma coisa para ele, também.

      Lars apenas observou a esposa muito seriamente. Enquanto todos desistiram de esperar por eles e foram dormir, Lars permaneceu acordado aguardando. Durante o tempo de espera, foi imaginando onde eles teriam ido, concluindo corretamente as suas suspeitas. Ele se levantou, caminhou até Slauka e a observou com recriminação, depois, passou por ela sem nada dizer e subiu para o seu quarto. Slauka notou que Lars estava aborrecido com ela novamente, mas resolveu não se preocupar com ele, no momento, e subiu para ajudar Asia a se arrumar para a conclusão do casamento, o ritual para colocar as alianças, como mandavam as tradições.

      Slauka trouxe uma camisola longa, de algodão branco com rendas, que lembrava as camisolas do século XIX, e deu de presente para Asia; escovou os cabelos dela e prendeu algumas flores. Slauka riu alegre com Asia e molhando as pontas dos dedos com água, aspergiu água gelada em seu rosto, fazendo-a gritar baixinho:

       - Pare, Slauka, está frio!

      - Tenho que fazer isso, faz parte da tradição!

      - Não faz, não, você está inventando!

       Para Slauka, isso tudo era muito divertido, porque era a primeira vez que ela preparava alguém para um casamento.

      Durante a madrugada havia esfriado muito, e no alto da serra fazia mais frio que em São Paulo. Fazia algo em torno de 5 graus Celsius e a casa não tinha aquecimento interno. Asia pisava descalça, no piso de madeira, e ouvia o som agudo do vento forte que batia na janela, com a chegada da nova frente fria. Sentia-se gelada, vestindo apenas a camisola de algodão, enquanto repassava seus poucos dizeres com uma Slauka muito alegre, com ar de menina peralta.

      Slauka foi embora antes que Lars procurasse por ela novamente, e, pouco depois, Andrey subiu. Ele havia tirado o paletó e a gravata e havia dobrado as mangas da camisa, apesar do frio. Andrey pegou, no closet, os antigos objetos, colocou-os no chão da mesma forma que Slauka havia feito pela manhã. Asia ficou parada em pé e em silêncio diante dele, enquanto observava seus movimentos. Em seguida, Andrey ergueu-se e foi para perto dela, pegando ambas as suas mãos:

      - Asia... - ele ia começar a falar, mas parou observando o estado dela. - Você está gelada! - Andrey a puxou para junto de si, abraçando-a para aquecê-la. Passava as mãos em seus braços e costas tentando esquentá-la. Virou o rosto para trás, inclinou-se e pegou uma manta que ficava sobre a cama, envolvendo Asia nela. - Slauka não devia ter deixado você assim. Você nem precisava ter se trocado, logo vamos sair. E você está descalça! - Andrey observou seus pés, enquanto a mantinha junto ao seu corpo para que ela se esquentasse. Depois que a sentiu mais quente, soltou-a e segurou suas mãos, novamente:

      - Asia, tenho que lhe contar uma coisa antes de continuarmos. - Andrey estava sério e olhava diretamente nos olhos dela.

      Ela o observou com atenção.

      - Não sou filho de Reinis e Daina. - foi firme, direto e conclusivo. - Meus pais morreram no ataque à nossa cidade. Ninguém mais sabe... Reinis e Daina me esconderam e me criaram. Quando os registros se tornaram obrigatórios, eles me registraram como filho deles. Isso é um crime nas leis Nemtsi, se descobrirem, haverá consequências não só para mim, mas para eles também. Por isso, fui tão criticado por tudo o que fiz. Por isso, eu simplesmente não poderia ter afastado Vladímir de você, desde o início. Não podemos nos expor, não podemos ser investigados. Não te contei antes porque Vladímir poderia ver. Reinis, Daina e eu aprendemos a esconder isso dele, há muito tempo. Com o tempo, você também conseguirá. Meu nome é Andrey, como já havia dito, e não Ondrej. Preciso dizer meu nome verdadeiro neste ritual.

      Andrey, que ainda segurava as mãos de Asia, soltou uma delas, pegou as alianças que estavam em seu bolso e continuou.

      - Estas eram dos meus pais. Se você não quiser, eu posso mandar fazer outras e faremos isso outro dia. Não quero que você se sinta forçada a nada. - olhava em seus olhos, sério, preocupado.

      - Não precisa, você não está me forçando. Desde o começo, quando te encontrei, fiz tudo o que eu quis. Na verdade, é a primeira vez que concordo com algo que eu realmente quero. É melhor continuarmos.

      Andrey encaminhou Asia, segurando sua mão até onde havia preparado os castiçais, e cada um se ajoelhou de um lado do tecido esticado: um de frente para o outro. Andrey riscou um fósforo e acendeu ambas as velas que havia prendido aos castiçais. Sob os sons ruidosos que o vento impunha ao fundo e com a voz séria e aveludada, começou:

       - Eu, Andrey Ivanovitch Novgorodsky, peço a você, Johanna Berard, que me acompanhe nos caminhos que irei trilhar.

      Andrey pronunciou seu nome com enorme naturalidade; Asia deteve sua atenção naquele nome que soava aos seus ouvidos pela primeira vez, com seus olhos presos nos olhos muito azuis dele, fracamente iluminados pela tênue chama das velas. Seu nome, de alguma maneira, soou familiar a ela, que se prendeu à sua sonoridade, por instantes. Ela havia se desligado um pouco do que ele dizia, examinando o rosto dele perdida na história que ele acabara de contar, mas, logo em seguida, fisgada pela beleza de suas palavras, voltou sua atenção ao que era dito:

      - Iluminarei teus passos da mesma forma que a chama do fogo ilumina tudo o que alcança. Mesmo passando pela escuridão das trevas segurarei tua mão sem nunca perdê-la da minha. Quando tivermos que enfrentar incertezas, estarei sempre ao teu lado. - Andrey ia pronunciando os tradicionais dizeres, sempre calmo e decidido. Asia ouvia tudo com atenção, sentia-se recompensada por ouvir aquelas lindas palavras ditas pelo homem que amava. Estava absolutamente hipnotizada.

      - Assim, de forma definitiva e inviolável, ofereço meu amor, minha vida e minha alma.

      Asia colocou suas mãos geladas sobre as mãos que Andrey estendeu para ela. Ele as segurou com firmeza e observou os olhos dela. Asia chegou a sentir uma forte onda de calor vinda das mãos dele e algo como um pequeno choque. Iria iniciar as palavras que tanto havia se preparado para dizer, mas Andrey a interrompeu:

      - Asia..., você está gelada. - Andrey hesitou por um momento, soltou uma de suas mãos, pegou as alianças que estavam sobre o tecido; colocou a de Asia no dedo dela e ele mesmo colocou a dele. - Já estamos oficialmente casados, não há porque continuarmos isso com você sentindo tanto frio. - Andrey inclinou-se, deu um beijo nela, pegou um dos castiçais, levantou-se e o levou para a mesinha de cabeceira próxima à janela.

      Não era assim que Asia tinha treinado à tarde, com Slauka. Ela teria que entregar suas mãos, dizer sua parte, primeiro sozinha e depois outra junto com ele. Sentiu-se aturdida com a súbita mudança naquela tradição tão bonita. Acompanhou todos os movimentos dele um pouco decepcionada, em seguida, pegou o seu castiçal e, imitando Andrey, o levou para a outra mesinha de cabeceira.

      Após colocar o castiçal sobre a mesa, Andrey deu as costas para Asia, sentou-se na beirada da cama olhando para a porta de vidro da sacada, ouvindo os gritos melancólicos que o forte vento impunha sobre as janelas, e ficou pensativo por um longo tempo. Asia ficou em pé, morrendo de frio, envolvida com a manta fina como se fosse um xale, observando-o de costas para ela. Depois, sentou-se na cama também, de costas para ele e imaginando se Andrey estava arrependido de algo. Logo, ela sentiu os braços dele envolvendo sua cintura e a puxando para trás, para junto dele. Andrey arrumou melhor a manta sobre ela tentando aquecê-la e disse:

      - Agora você é minha esposa. - Andrey sorria e seu sorriso era aberto, feliz e completo. Beijava Asia no rosto várias vezes, enquanto a abraçava aquecendo seu corpo gelado. Inclinou-a um pouco para trás, ficando com seu rosto de frente para o dela. Sobre a luz das duas velas acesas observava os olhos claros de Asia. - Ninguém mais a leva para longe de mim, acabou. - Andrey beijou Asia e depois voltou a fitá-la com o mesmo sorriso que não conseguia tirar do rosto. - Está feliz?

      - Sim. - respondeu Asia, que apesar de estar sendo aquecida, ainda tinha as pernas geladas, tremia e sentia certa frustração por não poder ter concluído o que havia se preparado para dizer.

      - Slauka não devia ter deixado você assim, nesse frio - Andrey inclinou-se para puxar as cobertas. - Deite-se ou vai congelar - ele a ajudou a se enfiar embaixo dos cobertores. - Logo vai amanhecer. Procure se aquecer e descansar um pouco. Partiremos assim que conversarmos com Reinis e Daina, vou ter que me justificar com eles.

      Andrey ajeitou as cobertas sobre ela e foi até a porta da sacada. Ficou em pé observando através do vidro o denso nevoeiro que se deslocava com velocidade por conta do vento forte. O dia estava amanhecendo e já era possível ver a claridade tomar conta do céu. Estava exausto, mas mais controlado e consciente de suas ações; logo todos estariam acordados e ele teria que enfrentar todas as críticas que viriam: principalmente as de Reinis.

      Mesmo embaixo dos cobertores, Asia sentia-se congelada. Enquanto o observava em pé olhando para a névoa, pensou em tudo que o ouviu dizer: que não era filho dos Zigajevs e de todo o segredo em torno daquilo. Asia ouviu a história que Andrey rapidamente contou sobre sua origem. Ouviu claramente o seu verdadeiro nome, mas não compreendeu em sua essência o significado de tudo aquilo. Não entendeu o que realmente significava este antigo segredo. Neste momento, para ela, só importava o fato de que estava com Andrey e isso não iria mudar. A essa altura, Asia queria o casamento tanto quanto ele. Ao longo de sua vida, passou por tumultuadas mudanças, nas quais sempre foi afastada das pessoas que amava. Ela havia ficado só, todos que tinham importância para ela haviam partido de uma maneira ou de outra. Agora, ela tinha Andrey, ela o amava e não iria permitir que o afastassem dela. Isso não iria acontecer novamente em sua vida.

      Andrey tinha, agora, com ele a mulher de seus sonhos, a quem amava sinceramente, e quis prendê-la a ele da forma mais definitiva que conhecia. Estava disposto a fazer isso contra sua consciência e contra os princípios daqueles que o criaram. Para isso, Andrey procurou ajuda dentre aqueles de sua família que nunca lhe diriam não: Slauka, que era igual a ele, e Rainer, de quem salvara a vida.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro