Capítulo 13 parte 2
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Voltando à sala de jantar por onde havia passado ao descer a escada, Asia pôde observar melhor o resto da casa que ainda não conhecia. Uma casa acolhedora onde, para ela, vivia uma família feliz. Chamou sua atenção o relógio antigo preso à parede da primeira sala:
- Bonito relógio! - comentou sentando-se à mesa. - É antigo?
- Era do pai de Reinis, Stván. Foi dado a ele há muito tempo. Presente de Armand Gareth, um membro do Conselho. Reinis o conserva com carinho - Respondeu Daina oferecendo colocar café na xícara de Asia.
- Obrigada. - Agradeceu Asia pelo café que Daina colocou em sua xícara. - Armand Gareth?
- Você o conhece? - perguntou Daina.
- Na verdade, não. Mas o nome me soou familiar. Talvez, alguma coisa da minha infância. - completou Asia ainda olhando para o relógio relembrando seu passado, e depois deu um gole em seu café ainda observando o relógio.
- Talvez seus pais já tenham mencionado o nome dele - disse Daina tranquilamente. - Foi muito ativo na época dos tratados de paz e sempre foi muito influente. Ele é muito conhecido por todos os Nemtsi, mas nós nunca o vimos pessoalmente - Daina sorriu lhe oferecendo um pedaço de bolo. Asia aceitou e todas prosseguiram em uma conversa alegre.
Foi um café da manhã agradável, muito animado pelas conversas e perguntas que Daina e Slauka, muito curiosas, faziam sobre a recém-chegada. Asia falou sobre sua infância no Bom Retiro, com Yeda, e sobre os planos que fazia para sua carreira. Como a conversa entre elas fora dinâmica e animada, a princípio, absteve-se de falar sobre seu pai, ou sobre os momentos tristes que passou com a partida de sua mãe.
Como Andrey havia dito, Daina era extremamente gentil, era atenciosa e a observava com um olhar acolhedor. Para Asia, ela pareceu ser uma pessoa bastante prática; falava agilmente, demonstrando seu raciocínio rápido e inteligente. Ela contou que era promotora de justiça, que trabalhava em São Paulo, mas que havia conseguido transferir seus compromissos e não iria trabalhar nesse dia. Daina, que agora tinha os cabelos castanhos na altura dos ombros, usava um corte atual, em que as ondas naturais emolduravam o seu rosto. Aparentava ser mais nova que Reinis, sua aparência era a de quem estava perto dos quarenta anos, mas Asia não sabia avaliar quantos anos eles realmente tinham, sua única referência era a das pessoas comuns.
Slauka era absurdamente linda. Era alta, magra, mas com o corpo proporcional e bem feito. Seus cabelos eram ruivos, longos, ondulados e terminavam em cachos. Ela tinha os traços do rosto perfeitos, os lábios eram mais cheios e bem delineados e seu sorriso mostrava os dentes impecavelmente brancos e alinhados. A pele era bem clara, os olhos amendoados e um pouco puxados para cima, nos cantos, num tom de azul claro esverdeado. Era alegre, muito viva e mais jovem que Daina. Asia teria dificuldade em ver Slauka como mais velha que ela mesma.
Observando-as, Asia percebeu como eram próximas, falavam uma com a outra com cumplicidade. Tramavam sobre o que Daina diria a Vladímir mais tarde, riam com uma despreocupação que ela não percebia nem em Andrey, nem em Reinis, o pouco que falou com ele. Daina parecia segura em sua capacidade de resolver tudo à sua maneira e certa de que Vladímir a ouviria desde que Andrey ficasse quieto, fazendo Asia sentir-se um pouco melhor com aquela situação constrangedora.
Ambas a tratavam como alguém que já pertencesse àquela casa, como se ela fizesse parte daquela família, demonstrando enorme interesse em ouvir tudo o que ela tinha a dizer; aquele ambiente descontraído e curioso a fez esquecer-se temporariamente de seus problemas.
- Vocês duas sabiam que eu vinha para cá? E Andrey também me viu chegar. Foi como vocês imaginaram? - perguntou Asia curiosa em meio à conversa que se desenrolava.
Daina estava sorrindo e ficou séria com o que ouviu de Asia. Depois falou:
- Ele não a viu chegar, querida. Ele a viu indo embora. Alguém a levava para longe. Ele tem esses sonhos há muito tempo.
Asia se espantou com o que Daina disse. Andrey não havia comentado nada sobre isso e ficou temerosa de que isso representasse seu fracasso em permanecer ali. Daina a olhou fixamente, depois continuou:
- Todos nós somos muito intuitivos, Asia. Sentimos o que nos cerca de maneira ampla e natural. Pressentimos e reagimos a um estímulo de maneira que os humanos comuns não são capazes, e temos uma forte capacidade de antecipar acontecimentos. Uns mais, outros menos. A maioria dos Nemtsi só consegue sentir um incômodo antes de alguma fatalidade ou mesmo pressentir algo feliz, mas sem conseguir identificar o problema, entende? Mas alguns dos nossos podem ver com mais clareza, às vezes em sonhos ou mesmo acordados. Ou meditando. Mas é necessário ser capaz de se interpretar o que se vê, pois muita confusão é feita, o que acaba gerando angústias e expectativas torturantes.
Daina fez uma pausa olhando para a mesa e conteve-se em dar prosseguimento ao que dizia, evitando começar a contar coisas que talvez Andrey não quisesse.
- Alguns são capazes de fazer profecias. - continuou Daina. - Nas nossas antigas crenças, o destino é imutável. Podemos fazer de tudo para mudá-lo, mas ele sempre encontrará um jeito de se realizar. O que está predestinado acontecerá, independente de termos conhecimento prévio. Nosso mundo é cíclico e certas coisas tendem a se repetir para manter o equilíbrio geral de tudo, não há como lutar contra isso. Há quem acredite que se conhecermos antecipadamente o que virá a ocorrer, poderíamos mudar o destino ou evitá-lo. Eu não acredito nisso. Talvez alguns acontecimentos possam ser alterados, sim, podemos escolher um caminho melhor... Mas há coisas que não mudam. - afirmou com segurança. - Já ouvi histórias de pessoas que previram algum evento desagradável e o precipitaram, tentando impedi-lo. O conhecimento prévio do que virá a acontecer pode levar as pessoas a tomar atitudes defensivas fazendo que elas mesmas acabem provocando o fato. É difícil manipular o destino.
- Você sabia que Ondrej iria encontrar você? - finalmente perguntou Slauka com curiosidade.
- Bem, não exatamente. Quando eu era pequena, minha mãe me levou àquela rua onde Andrey me encontrou. Ela disse que era ali que eu o encontraria, e que então eu seguiria meu destino. Disse também para, depois, eu seguir minhas intuições e fazer minhas escolhas - respondeu Asia, que havia ficado um pouco impressionada com a seriedade que Daina impunha ao assunto.
- Você veio embora com Ondrej porque sua mãe mandou?! - perguntou Slauka meio rindo e olhando para Daina. Depois se virou para Asia. - Ainda bem que você é uma filha obediente!
Asia não falou nada sobre os seus sonhos, os que não tinham relação com o beco, nem falou que sentiu como se o conhecesse a vida toda, no momento em que o viu pela primeira vez. Ela não queria parecer ridícula, todos naquela casa eram gentis, Andrey podia estar apenas sendo agradável.
- Qual o nome de sua mãe? - perguntou Daina curiosa.
- O nome dela era Erine Berard. Partiu quando eu era pequena, havia algo errado. Ela queria me deixar segura, me deixou com Yeda. Minha mãe não voltou. Talvez tenha morrido em um acidente - Repetiu a história que ouviu quando estava sendo tratada por Marta.
- Ela devia ser bastante sensível ao que ia acontecer, provavelmente podia saber algo sobre o seu futuro. Talvez pressentisse algum perigo e quis deixá-la em segurança. Como eu disse, alguns podem mais que outros - Daina olhava Asia com carinho. - Sabe, eu vi o seu rostinho. Assim como vejo você agora - Daina esticou a mão e colocou sobre o queixo de Asia. - É incrível, não? Às vezes, me surpreendo comigo mesma! Eu também sabia sobre Volker antes dele nos encontrar, menos do que sabia de você, mas sabia.
Daina ficou mais séria, deixou os dois braços com os pulsos apoiados na beirada da mesa e passou a observar sem atenção os potes de geleia que estavam diante dela:
- No passado, Asia, havia oráculos. - recomeçou. - Mulheres, em sua maioria, Selvagens, que eram capazes de prever acontecimentos futuros com detalhes. Muito mais que eu, com certeza. Faziam grandes profecias sobre o que iria acontecer no mundo, de maneira geral. Eram bastante poderosas e procuradas. Há alguns boatos de que ainda existam algumas, mas que estão escondidas.
Daina mantinha os pulsos apoiados na beirada da mesa, virou-os apoiando a palma das mãos sobre a toalha ajeitando-a, e olhou para Asia mais sorridente:
- Depois, com o tempo, você entenderá melhor o que somos capazes de fazer. Algumas coisas se conseguem com treino, outras são natas e só alguns podem realizar. Existe um Conselho Nemtsi que nos governa e nos auxilia: fornecem-nos documentos sempre que precisamos, e temos que prestar contas a eles, de onde estamos e o que fazemos, para evitar o que aconteceu com você, se os pais morrerem ou se tivermos algum problema com os humanos. - Daina observou Asia baixar a cabeça um pouco constrangida. - Os Nemtsi que vivem em aldeias vivem em um mundo à parte, protegido pelo Conselho, sem muitos conflitos com o mundo externo. Os que optam por viver fora de nossos territórios, precisam ser mais cuidadosos, Asia, porque estamos mais expostos e podemos ser observados. Sobretudo nos dias atuais, em que as pessoas são menos supersticiosas e há meios de nos vigiar. É mais fácil para os humanos nos descobrirem hoje em dia - Daina estendeu a mão para segurar a de Asia. - Nós a ajudaremos a aprender o que precisa para viver em harmonia com esse nosso mundo- soltou a mão dela novamente.
- Obrigada - disse Asia erguendo o rosto.
- Nossos sentidos são natos: nascemos com eles - continuou Daina, - quando crianças, nós já somos diferentes das crianças humanas, apesar de crescermos no mesmo ritmo delas. Mas quando amadurecemos, Asia, como aconteceu com você agora, estes sentidos afloram de forma mais intensa. Sentimos a natureza a nossa volta instintivamente, podemos pressentir certos perigos e somos um pouco mais resistentes que os humanos, somos mais capazes de passar por situações extremas, entende? Mas não confie plenamente nisso, perecemos e fraquejamos se não respeitarmos nossos limites. Nossos reflexos são mais rápidos que os de um humano e temos que nos policiar para não demonstrá-los acidentalmente. Isso é o que mais nos denuncia: a maneira como nos movemos e reagimos quando estamos diante de algum perigo. É essa capacidade de sentir o que nos cerca e de sermos capazes de prever certas coisas que nos permite ser mais intuitivos, de ter reflexos mais precisos.
Daina sorria e foi deixando a mesa para guardar as coisas. Slauka e Asia também se levantaram para ajudá-la.
- Vamos deixar Ondrej descansar, ele precisa. - Daina falava seriamente. - Asia, tente não se preocupar com tudo isso. Fique com Slauka e descanse um pouco, sim? Vou até a casa de Laura e logo estarei de volta.
Pouco tempo depois que Daina saiu, Asia foi arrastada por Slauka para o jardim, onde poderiam desfrutar da linda manhã iluminada e com o céu livre de nuvens. Quando se sentaram na grama sob o sol, Slauka viu, sobre a camiseta que Asia estava usando, o anel-pingente que cintilava pendurado na corrente em seu pescoço:
- De quem é essa aliança?- perguntou intrigada, curvando o corpo na direção de Asia para observar o anel-pingente de perto.
- Era de minha mãe! Andrey também me perguntou. É parecida com a sua. - Asia apontou para a mão de Slauka.
- É uma aliança de casamento. Nosso tipo de casamento. Ondrej deve ter infartado quando viu isso!
Depois do que disse, Slauka riu e jogou o corpo para trás sobre a grama. Observou o céu azul por instantes e depois, como tendo uma ideia melhor, levantou-se:
- Vamos dar uma volta - Slauka agarrou a mão de Asia levantando-a também, - o dia está lindo e um pouco mais quente! Vamos andar um pouco e esquecer que Vladímir existe!
Asia gostaria que fosse possível esquecer-se dele e ficar ali sem problemas, que pudesse ter esse direito. Empenhou-se em seguir os passos rápidos dela em direção à saída da propriedade. Slauka vestia uma blusa de mangas compridas, justa, preta, com gola alta e uma calça de algodão cinza-chumbo solta, com tênis tipo sapatilha. Uma roupa relativamente simples, mas que harmonizava com seu corpo esbelto e alongado. Todo o conjunto era harmônico nela, que se movia com bastante elegância. Slauka murmurava uma melodia e de quando em quando indicava a direção que teriam que seguir, fazendo comentários alegres sobre aquele lugar.
Elas passaram por um caminho que atravessava alguns lagos e onde havia muitas árvores e pinheiros. Durante o passeio, Slauka insistia em abordar temas mais alegres e despreocupados. Asia ouviu sobre como eram todos na casa, sobre Volker, Laura, as crianças e Rainer, que era arquiteto e morava um pouco afastado deles, mas estavam todos sempre presentes. No início, Asia acreditou que Slauka estava tentando ser simpática e descontraída, afastando-a das preocupações que a perseguiam, mas, após um tempo ao seu lado, imaginou que aquele jeito de gata manhosa e espirituosa parecia ser sua maneira constante de ser.
- Qual é sua altura? - perguntou Asia um pouco curiosa sobre ela.
- Tenho quase um metro e oitenta centímetros. - respondeu um pouco orgulhosa. - Quase, como Rainer insiste em dizer, já que sou mais alta que ele e isso o perturba - Slauka havia se inclinado levemente para Asia sorrindo maliciosamente, e depois endireitando o corpo continuou: - Mas sou a mais alta das mulheres! Laura é mais ou menos do seu tamanho, menor que Daina. - acrescentou olhando para Asia, inclinando o corpo e fazendo avaliações sobre suas dimensões.
Em seguida, Slauka endireitou-se novamente, esboçou um sorriso afetado e continuou:
- Lars, meu marido, também é o mais alto. O mais alto! O mais lindo! O mais inteligente.
Slauka aproximou-se e começou a fazer cócegas em Asia, esperava dela alguma reação ao que havia dito. Mas Asia estava ainda muito séria, não havia se desligado totalmente dos problemas que a preocupavam e, não conhecendo Slauka muito bem, não se sentia tão próxima.
- Asia, fique tranquila, tudo vai se resolver, logo estaremos todos bem.
Ela queria poder ficar descontraída, mas precisava começar a se concentrar em uma solução para seus problemas, já que era ela que corria o risco de ser despachada para um lugar desconhecido. Pensou, nesse momento, em conseguir com Slauka alguma informação mais concreta sobre a situação em que se encontrava e resolveu começar a questioná-la:
- Por que as decisões de Vladímir têm tanto peso? Quem é ele, afinal?
- Vladímir é um velho chato que atormenta minha vida. - respondeu Slauka com displicência. - Tenho sempre que estar atenta e me afastar quando ele chega.
- Marta me disse que ele é muito respeitado por todos e que, no passado, caçou Selvagens perigosos.
- No passado, ele foi o capitão da Guarda Montada Nemtsi, que prendia e matava os Selvagens que atacavam aldeias. Ele mesmo treinou os soldados da Guarda, e os usava para caçar Selvagens. Alguns Selvagens eram criminosos mesmo, Asia, mas havia muita gente inocente. - Slauka observou Asia atentamente. - Sei que, às vezes, ele perde o controle e enlouquece. Deve ser um enorme perigo se aproximar dele enquanto dorme e assustá-lo. - riu. - Acho que você teve sorte de sair viva! - Slauka deixou escapar um sorriso ferino. - Reinis se comoveu com essa história. Acredito que isso vá pesar a favor de Ondrej.
- Ele acha melhor que eu vá embora com Vladímir.
- Isso não vai acontecer. Daina vai resolver tudo, não se preocupe.
- Por que Vladímir é um problema para você? - perguntou Asia curiosa.
O telefone celular dela tocou e Slauka o atendeu. Asia percebeu, pela conversa que se seguiu, que devia ser o marido dela que voltava de viagem. Ela viu Slauka combinando um encontro na hora do almoço e que ela tinha uma surpresa para mostrar para ele. Pelo olhar que Slauka lançava para ela, Asia podia adivinhar que "ela" seria a surpresa.
- Ondrej está muito feliz por ter conseguido trazer você com ele, - disse Slauka após desligar o telefone. - Acho que ele vai ficar menos chato, agora. Ele andava muito preocupado estes dias, sabe? Até Lars já tinha notado.
Asia ouvia estes comentários sobre Andrey, a quem todos pareciam chamar de Ondrej, e entendia que era mais importante para ele que para todos os outros, que ela permanecesse ali. Ela nutria esperanças de que isso fosse verdade e que não fosse algo que ela estivesse imaginando. O que para Asia, no início, parecia uma sensação de amor distante e algo predestinado, agora, conhecendo-o melhor, sabia que estava realmente se apaixonando por ele. Animava-se em acreditar que tudo isso realmente estivesse acontecendo, que teria alguém que pertencesse a ela, alguém que estaria sempre ao seu lado e que não seria tirado de sua vida como tantas vezes viu acontecer. Ela tinha sim, medo de estar se iludindo e ele não sentir o mesmo por ela, mas, de alguma maneira, avaliando todo o dia anterior que passaram juntos, intimamente ia se convencendo de que também era correspondida: ela tinha o destino ao seu lado, se era o certo, ele também deveria amá-la.
Slauka continuou a falar compulsivamente sobre a vida deles todos, mas Asia havia se desligado dela, estava perdida em seus próprios pensamentos até sentir algo se aproximando pelas costas fazendo-a instintivamente inclinar o corpo escapando do ataque, em seguida, ouviu Slauka reclamar:
- Ai!
- Que foi isso? - perguntou Asia.
- Uma coruja. Ela sempre me ataca quando passo por aqui.
- Ela só ataca você?
- Não, faz isso com todos.
- Você não a percebeu se aproximar pelas costas? - perguntou Asia rindo porque isso para ela foi algo muito natural.
- Sim... Mais ou menos. Ela não me pegou, saí antes. Mas acho que sou muito desligada. Ondrej diz que isso acontece porque sou mimada e egoísta e que nunca fiz esforços para nada! Que preciso desenvolver meu potencial. Ele diz que preciso melhorar minhas habilidades e me concentrar mais, para o meu próprio bem. Ele tentou me ensinar a disciplinar minhas reações e emoções.- Slauka riu.- Todos sempre insistiram para que eu me disciplinasse, e Ondrej disse que eu fracassei porque não me empenho o suficiente - Slauka falava agora um tanto séria e aborrecida, depois, abriu um enorme sorriso e continuou: - Lars acha que sou maravilhosa assim como sou, nada de aprender a lutar com espadas ou coisa parecida, como Ondrej queria.
Asia fez o caminho de retorno para casa intrigada com essa nova conversa: "Lutar com espadas? Nos dias atuais?"
Ao chegar à casa, foi apresentada a Laura e conheceu suas lindas filhas. Laura era bem jovem, se parecia com Daina, mas era loira, com cabelos lisos na altura dos ombros e olhos num tom de verde bem claro, a mesma cor dos olhos de Michel. Laura era muito atenciosa e simpática, e contou que costumava dar aulas nas universidades como seu pai, mas com o nascimento das meninas precisou parar para se dedicar mais às crianças. Contou que estava acostumada com o trabalho e foi difícil para ela se adaptar à sua nova vida, mas as filhas lhe traziam imensa alegria. Falou sobre seu marido, Volker, que trabalhava com Andrey e que também estava louco para conhecê-la. Ela se referia a ele com carinho e admiração, fazendo Asia se encantar ainda mais por eles todos. As meninas eram lindas, Carolina queria sempre atenção e falava bastante, era uma criança alegre e sorridente de três anos, com olhos clarinhos e, diferente da mãe, tinha os cabelinhos escuros. Ana Clara ainda era muito pequena, tinha alguns meses e quase não tinha cabelos, e os poucos que tinha eram ralos e bem claros.
Conversando com Laura e Daina, Asia descobriu que Vladímir havia telefonado, em sua ausência. Ele queria falar com Reinis e acabou alertando Laura, que foi quem atendeu ao telefone, de que Asia havia atirado uma faca nele. Asia precisou explicar tudo o que havia acontecido para que Laura não pensasse que ela era uma louca assassina.
Por fim, soube que a reunião havia sido marcada para o final da tarde, e percebeu que Laura, assim como Daina e Slauka, parecia muito confiante de que tudo se resolveria.
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