Capítulo 13 parte 1
Capítulo 13
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Estava escuro, passava um pouco das cinco e meia da manhã e o dia ainda não havia tomado forma. O som compassado do antigo relógio de parede soava na sala vazia, e os passos de Slauka, descendo a escada, entravam em ressonância com os sons produzidos pelo pêndulo. Ela parou diante da parede de vidro que separava a sala da varanda e viu Andrey lá fora. Ele estava sentado em um dos bancos-balanço, com o corpo curvado para frente, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, os braços soltos diante de si e segurando as próprias mãos.
"Ele não foi dormir? Qual o problema com Ondrej?", indagou a si mesma, enquanto o observava. "Isso tudo está passando dos limites."
- Você passou a noite aqui? Ficou acordado? - perguntou Slauka quando se aproximou.
- Fiquei pensando - Andrey respondeu sem alterar sua postura.
- No quê? - Slauka perguntou sentando-se no banco em frente ao de Andrey.
- No melhor a fazer... Sem prejudicar ninguém.
- Acho que estão todos exagerando. Vladímir e Reinis. Se for o caso, eu vou com Lars morar fora por algum tempo. Não tem problema algum! Eu quero te ajudar, Ondrej.
- Obrigado. - agradeceu Andrey com um sorriso de admiração e surpresa, erguendo um pouco a cabeça e enrugando a testa para observá-la, - mas não vai resolver nada. O problema de Vladímir é comigo e não com você - Andrey endireitou o corpo, olhou para o horizonte e depois para Slauka. - Você acha que ele poderia estar interessado nela?
Absolutamente surpresa com a pergunta dele, Slauka riu. Riu muito alto, colocou as mãos na boca para abafar o riso e se jogou sobre as almofadas do banco, contorcendo-se de forma exagerada.
-Vladímir? - perguntou, após um período de excessiva convulsão, com um sorriso sarcástico no rosto. - Agora é você que está exagerando. Ele é muito velho, não tem nada a ver! Ondrej, você está ficando neurótico, precisa se controlar! Está cavando a própria sepultura!
- E você está começando a falar como Lars - Andrey riu um pouco, curvou o corpo e voltou a olhar para baixo.
- Acho que você está inseguro e todos estão lhe pressionando. Isso não é uma boa combinação - Slauka sentou-se novamente endireitando o corpo. - Não se preocupe, vou grudar nela como um carrapato e ninguém a tira daqui! Tenho certeza de que Daina vai ajudar com Reinis.
Andrey olhou para Slauka com um sorriso de agradecimento, avaliou a delicadeza de suas intenções em ajudá-lo, e, depois, adotando nova postura, ergueu-se dizendo:
- Vou subir para ver como ela está, venha - levantou-se, puxou o braço dela para erguê-la também e a empurrou na direção da sala, apoiando a mão esquerda em seu pescoço.
Quando chegaram ao quarto, Asia ainda dormia e Slauka cochichou:
- Era assim que você a via? Ela era assim mesmo?
- Era. - Respondeu ele em um sussurro forte.
Andrey foi sentar-se em uma poltrona localizada no canto do quarto, próximo à cortina da sacada. De onde estava só podia ver a silhueta do corpo dela, coberto pelos cobertores e os cabelos que caíam soltos sobre o travesseiro, mas sabia que estava bem. Vê-la ali, próxima a ele, segura, dormindo tranquilamente, o deixava mais sossegado e apaziguava seus temores. Estava muito cansado por ter passado a noite em claro, apoiou o cotovelo sobre o braço da poltrona e pousou a cabeça entre o punho fechado e o encosto lateral do estofado, enquanto via Slauka se aproximar dela.
"Como é possível uma Nemtsi ser deixada tão sozinha nos dias de hoje? Cadê os pais dela?", questionava-se Slauka sentando-se na beirada da cama e avaliando Asia. "Vladímir tinha que se envolver? Ondrej estava certo em levá-la, não podia deixá-la com eles." Observou o rosto de Asia dormindo e seus cabelos castanhos espalhados pelo travesseiro. "Estava tão certo que ela veio com ele, tranquilamente. Será que ela também já sabia?" Admirou-se com essa nova suposição e perguntou a Andrey:
- Você acredita que ela também já sabia sobre você? Ela aceitou vir para cá contigo sem te conhecer bem. Você acha?
Slauka se virou e olhou para ele, mas Andrey havia adormecido com a cabeça apoiada sobre a mão fechada e a lateral da poltrona. Slauka, então, escorregou para o chão ao lado da cama, apoiou sua cabeça no colchão e ficou olhando o teto, aguardando Asia acordar.
Asia passou uma noite tranquila, seus sonhos foram suaves e pouco relacionados aos transtornos vividos nos últimos dias. Mas, no início da manhã, enquanto Slauka permanecia sentada sobre o tapete próximo a ela, Asia, através da porta de seus sonhos, entrou para um mundo estranho e desconhecido.
Era noite. O caminho que fazia era escuro e úmido, e vozes dispersas, que sussurravam uma língua estranha, tomavam a forma de duas pessoas a sua frente. Moveu-se girando em torno de si com a intenção de reconhecer o lugar em que se encontrava. Percebeu que estava ladeada por duas paredes altas feitas com pedras, e ao erguer os olhos e a cabeça, pôde ver parte do céu estrelado daquela noite, encoberto pelos arcos que sustentavam uma passagem logo acima deles. Ela conseguiu reconhecer que se encontrava sob a passagem que ligava as habitações mais simples do castelo, estavam próximo ao estábulo e antes que se surpreendesse com sua descoberta, pôde se espantar com o fato de que podia entender as palavras ditas naquela língua estranha.
Virou-se novamente e observou com mais atenção as duas pessoas que permaneciam ali, bradando sob a passagem, e que estavam iluminadas por duas tochas acesas e presas às paredes de pedra. Havia um homem com cabelos loiros e barba igualmente clara, olhos azuis e porte físico forte, que vestia um gibão de lã afivelado por um cinto largo de couro. Por sobre o gibão, no tórax e nas costas, estava protegido por uma cota de malha de metal, também cingida por um cinto de couro, em que prendia uma adaga e alguns outros objetos. Somada à acautelada vestimenta, ainda pousava uma pesada capa feita de lã grossa que, para deixar os braços livres, ele havia jogado para trás, deixando-a pender nas costas por baixo da grande espada que também carregava. Com a mão esquerda segurava as rédeas de dois vistosos cavalos árabes, e Asia pôde avaliar que aquele cavaleiro medieval se preparava para partir.
A outra pessoa presente era a que falava ferozmente. Era uma mulher de aparência jovem, magra, pálida e que mantinha seus longos cabelos negros presos de maneira elegante. Seus olhos eram claros como a água do mar e seu longo vestido de seda azul escuro era sacudido pelo vento que soprava por entre as paredes de pedra que se erguiam altas. A mulher se mantinha envolta por um longo xale de seda adamascada para proteger-se do frio gélido daquela noite, e apertava com as mãos crispadas as bordas do xale contra o corpo, enquanto falava com exaltação.
Demorou um pouco para Asia entender que não era ela mesma ali, assistindo àquela cena, que estava no lugar de outra pessoa: uma pessoa mais alta, com o corpo bem maior e mais largo do que o dela era realmente. Talvez, um homem. Mas, no devaneio do sonho, tudo era aceitável. A mulher de azul falava olhando para ela e caminhava a largos passos durante seu discurso:
- Estavam retornando do embargo após combaterem o inimigo e chegaram àquele povoado no início da noite. Ainda estavam distantes de nossas terras, mas eram conhecidos pelos habitantes locais que os respeitavam e temiam. Como esperado, foram providenciadas as acomodações necessárias para recebê-los, mas, naquela noite, os aldeões os surpreenderam com um pedido.
A mulher parou de andar, fitou secamente a figura que representava Asia e, em seguida, voltou a caminhar.
- Meu marido me contou como aconteceu. Pediram para que ajudassem a menina, a fada que ficou doente.- sua voz era cortante e seu olhar desdenhoso. - Ela chegou ferida àquele povoado, desceu a montanha fugindo de seu vilarejo destruído. Cuidaram dela e ela se recuperou, mas duas noites antes deles chegarem, ela caiu doente.
A mulher parou novamente, baixou os braços agarrando a seda do longo vestido que era sacudido pelo vento e deixou o xale, que envolvia seus braços, cair um pouco solto descobrindo as costas. A luz da tocha presa à parede tremulava, à medida que o vento balançava a chama, fazendo sombras dançarem sobre ela. Asia, pela onisciência fornecida pelo sonho, percebeu que aquela mulher com tom de voz ameaçador era uma Selvagem, e mesmo sabendo que não era ela mesma que estava ali, assustou-se com a proximidade daquele ser tão perigoso. Olhou novamente para o cavaleiro ao seu lado e sentiu medo dele também: era outro Selvagem à sua frente, próximo demais. Manteve-se bem quieta para não despertar nele nenhuma reação agressiva que pudesse machucá-la.
- Certamente, "ele" foi vê-la, a fada. - continuou a mulher, desdenhando do que dizia. - Estava deitada sobre um catre e era incapaz de falar.
Silenciou-se, olhou para baixo, respirou fundo e prosseguiu com a voz findando:
- Era muito bonita, realmente. - fitou Asia com seus olhos extremamente claros e a observou com atenção antes de prosseguir com a voz mais firme. - Ela tinha os cabelos muito longos, claros como trigo, a pele era alva como pergaminho e seus olhos..., negros como a noite mais escura. Uma fada. - riu erguendo os olhos e a cabeça para o alto, permanecendo assim por instantes. Depois, voltou a encarar a figura que Asia representava e disse com voz grave e firme. - Uma Nemtsi...
Ela pronunciou a última palavra com desprezo, inclinando o corpo para frente e cerrando os punhos com mais força contra a seda de seu próprio vestido. O Guerreiro ao seu lado baixou a cabeça e os cavalos se agitaram.
- "Ele" nunca havia olhado para uma Nemtsi - continuou secamente, - mas, naquela noite, não era uma Nemtsi dormindo naquele leito, era a fada!
A Selvagem estava assustando Asia ainda mais. Ela pensou em correr para longe, mas não controlava suas pernas, não conseguia sair dali. A Selvagem fez um movimento brusco com os braços e voltou a caminhar e a falar apertando o xale em torno do corpo e cobrindo suas costas.
- Ele ordenou que seus homens providenciassem o remédio para seu tratamento e ele mesmo cuidou dela. O irmão de Úrsula, um glorioso Guerreiro cuidando de uma Nemtsi - riu com cinismo. - Deveria ter deixado que melhorasse sozinha colocando as tripas para fora.
Caminhou um pouco, puxou novamente o xale para cima estreitando-o em seus braços para proteger-se do frio e voltou a falar de maneira mais mansa.
- Quando ela melhorou e pôde andar, ele a trouxe para nossas terras com a promessa de devolvê-la aos seus. - riu - Certamente, não foi o que fez. Cobriu-a de sedas e de joias, enquanto protelava sua partida. Meu marido, Dragomir, não deu importância ao que o irmão fazia, nem depois do que aconteceu, não me defendeu das injustiças que sofri e me mandou calar.
Ela ficou em silêncio por instantes e depois, adotando uma postura altiva, prosseguiu em um discurso duro e seco:
- Guardei minhas palavras como ele ordenou, e fui testemunha do destino que nem Úrsula ou Gália puderam prever: um Guerreiro de nossa linhagem desposar uma Nemtsi! E sem nada poder fazer, desejei que todos os espíritos cativos de seu povo recaíssem sobre ela.
A voz e a fisionomia da Selvagem eram ameaçadoras. Asia quis se libertar do papel que fazia e tentou correr.
Cerca de vinte minutos depois de Andrey e Slauka, Daina também entrou no quarto. Viu Andrey dormindo escorado na poltrona e Slauka sentada no chão, xeretando alguns livros e anotações que ela havia retirado da mesinha de cabeceira. Slauka ergueu o lindo rosto, sorriu para Daina e sussurrou:
- Ele passou a noite acordado na varanda. Dormiu não faz muito tempo.
Asia se mexeu e Slauka logo se aproximou dela. Com o rosto bem próximo ao de Asia, Slauka perguntou:
- Está acordada?
Asia abriu os olhos assustada: por tentar fugir em seu sonho e pela voz de Slauka que se somava a ele, demorou um pouco para lembrar onde estava. A sensação angustiante trazida por seu sonho se misturava com a surpresa de se encontrar em um lugar estranho. Sentou-se na cama, olhou primeiro para as duas mulheres que a observavam, e depois virou o rosto para o lado esquerdo e viu Andrey dormindo. Pousou seu olhar nele lembrando-se do dia anterior, posteriormente, voltou-se para Daina quando esta começou a falar:
- Querida, eu deixei aqui umas roupas da Laura e uns tênis. Vá ao banheiro se trocar para ver se servem, sim?
Asia, ainda atordoada, levantou e seguiu as orientações fornecidas. Ela colocou uma calça jeans, uma camiseta branca, tênis e um casaco de lã muito comprido que, pelo tamanho, imaginou ser de Slauka. Quando voltou ao quarto, viu Daina e Slauka terminando de encaminhar Andrey para a cama para que dormisse melhor.
- Você precisa descansar. Cuidaremos dela - Daina sussurrava de forma carinhosa, e ambas o tranquilizaram para que pudesse dormir. Quando ele já estava totalmente deitado, Slauka pegou um cobertor que estava dobrado sobre a colcha da cama e o estendeu para cobri-lo.
Um lar. Todo aquele envolvimento entre eles mostrou a Asia o quanto aquele ambiente era familiar e o quanto aquelas pessoas eram afetivamente ligadas umas às outras. "Daina é muito gentil. Slauka também parece ser muito atenciosa." Pensou Asia, sentindo-se feliz por estar entre eles e desejando ser realmente aceita ali. Como no dia anterior estava fascinada por ter encontrado Andrey e à noite estava muito cansada, ainda não havia avaliado que, pela primeira vez em sua vida, encontrava-se em meio a seres que eram como ela.
Lembrava-se de Marta, em como ela foi amável desde o início, e lá também estava entre os seus, mas como se sentia doente, não havia se conscientizado disso como agora. "Posso me descontrair na presença deles e ser eu mesma. Sinto não ter me despedido de Marta. Mas não irei para a colônia dela." Ela havia acabado de entrar para outro mundo, o mundo prometido ao qual ela pertencia, e pretendia se atrelar a ele com unhas e dentes de maneira a não se sentir mais abandonada. Não se deixaria dominar por ninguém, faria suas escolhas sem permitir que Vladímir interferisse.
Assim que terminaram com Andrey, Daina e Slauka levaram Asia silenciosamente para fora do quarto; com ela desceram as escadas até a sala e se dirigiram à cozinha. Lá, em pé com uma xícara de café na mão, estava um homem robusto de cabelo claro, bem cortado, cujos fios lisos foram molhados e penteados para trás, dando um aspecto bastante sério ao seu rosto de traços arredondados e fisionomia bondosa. Não era muito alto, ela avaliou que ele teria por volta de um metro e setenta e cinco centímetros de altura, e se fosse humano, aparentaria estar perto dos cinquenta anos. A pele de seu rosto era recoberta por pequenas sardas claras que acentuavam sua feição amável, marcada por algumas rugas finas próximas aos olhos castanhos, que a observaram com atenção: era Reinis. Ele se encaminhou para ela com a mão estendida para recebê-la.
- Olá, bom dia! Sou Reinis Zigajevs, você deve ser Johanna, certo? - apertou a mão de Asia. - Seja bem-vinda a nossa casa! Ontem foi um dia bem confuso, não foi? O que aconteceu?
- Bem..., eu fugi.
- Sei. Mas, diga-me, como foi que tudo aconteceu? - insistiu Reinis.
- Eles me ajudaram no começo...
Asia foi contando a Reinis como ela vivia, e de como foi socorrida por Vladímir e os outros em sua casa. Depois, contou como os irmãos a assustaram levando-a ao telhado, e sua reação ao empurrá-los para fugir. Reinis permaneceu observando-a seriamente, já estava ciente dessa parte da história, mas não a interrompeu, ouviu com atenção tudo o que ela tinha a dizer.
- Depois, pela manhã, quando saí do quarto para falar com Vladímir, para dizer a ele que não queria ir para Santa Catarina. Ele acordou assustado na sala e me apontou uma arma, então, joguei umas coisas nele e fugi novamente.
Reinis colocou a sua xícara de café sobre a bancada da cozinha, atônito com o que acabara de ouvir: Vladímir não havia contado tudo. Daina se aproximou dele e o segurou pelo braço, olhando sempre para Asia. Reinis não podia culpar totalmente Andrey, mas o problema já estava instalado. Precisava resolver a questão com Vladímir diplomaticamente. A ideia de mandá-la com eles para Santa Catarina começou a ficar nebulosa.
Enquanto seu marido se espantava com o relato de Asia, Daina via nessa história todo o material de que precisava para argumentar com Vladímir, e foi logo colocando sua opinião:
- Reinis, deixe que eu fale com ele. Vladímir vai me ouvir, tem muito respeito por mim. Foram cometidos muitos erros por parte deles. Não podem forçá-la a ir.
- Talvez ela tenha de ir só para afastar os olhares de Vladímir sobre nós - argumentou Reinis com Daina, mas com os olhos voltados para Asia. - Depois você poderia voltar, querida - Reinis dirigia-se a Asia, - pense nessa possibilidade, por favor.
- Não Reinis, eu não quero isso, também, vai forçar mais Andrey e isso não é bom - Daina agora observava o marido que se virou para ela e ambos trocaram olhares silenciosos.
Asia e Slauka ficaram inertes diante deles, apenas observando a conversa calada que se seguiu entre os dois.
- Preciso ir, Daina. Voltarei cedo, antes de Vladímir chegar - Reinis segurou o braço de Daina e lhe deu um beijo rápido antes de sair. Ele passou por Asia colocando a mão em seu ombro em um aperto leve e se retirou da cozinha.
Após ouvir as palavras de Reinis, Asia teve a impressão de que ele não estava feliz com a presença dela ali. A atitude honrada de Andrey em interferir naquele impasse, resgatando-a de um homem que a ameaçou, não parecia justificar a Reinis os problemas trazidos para sua família. Asia sentiu que não seria acolhida por ele.
Enquanto Reinis passava pela porta, Michel entrou na cozinha, largou a mochila de escola no chão e foi se apresentar a Asia. Mas antes que ele a alcançasse, Slauka o segurou pela cabeça para lhe dar um beijo apertado em seu rosto e ele ficou preso a ela com a mão estendida para frente, sem nada poder dizer. Asia entendeu a intenção dele em se apresentar cumprimentando-a e sorrindo apertou sua mão suspensa. Michel se desvencilhou de Slauka, irritando-se por ela o tratar como se ele ainda fosse uma criancinha, depois, sem desmanchar o sorriso que tinha quando entrou na cozinha, pôde dizer:
- Oi, sou Michel! Seja bem vinda! Não posso ficar agora, tenho que ir para a escola - Michel soltou a mão dela e se virou para a saída.
Asia simpatizou-se também com o garoto, que se apresentou sorridente e demonstrava que a aceitava tranquilamente ali. Percebeu como ele era demasiadamente parecido com Reinis, contudo seus olhos eram bem claros, verdes, e suas feições eram de menino. Ele estava com a altura do pai, pouca coisa mais alto que Daina, e tinha o físico magro como o dos meninos de sua idade. Asia não o notava diferente das outras pessoas com quem sempre conviveu, como notava Andrey e todo o resto da família, e ficou curiosa a respeito; observou Michel se inclinar, pegar novamente a mochila e jogá-la nas costas antes de sair dali.
- Vamos tomar café, temos muito que conversar. - disse Daina atraindo a atenção de Asia. - Laura vai vir mais tarde com "as bebês". Está louca para lhe conhecer! Vamos para a sala, já arrumei tudo lá.
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