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Capítulo 10


Capítulo 10

***

Asia correu pelas ruas de seu bairro. Foi rápida, passou por algumas pessoas que saíam tarde do trabalho e por outras que ainda caminhavam pelas calçadas. Corria sem uma percepção muito boa de tudo a sua volta, mas podia sentir o vento frio e úmido do inverno passar por seu rosto, machucando sua pele.

Ela não olhou para trás, mas percebeu que estava sendo seguida e que, por mais ágil que fosse, seria alcançada. Notou que seus movimentos e reflexos estavam mais rápidos, mas ainda não os dominava por completo. Quis instintivamente virar-se para reagir ao novo perseguidor que sentiu aproximar-se pelas costas, mas, antes que pudesse fazê-lo, ele alcançou sua mão esquerda, segurou-a e a deteve, interrompendo sua corrida em um movimento curvo que a virou de frente para ele:

- Espere, fique calma! - disse ele.

Quando Asia terminou seu movimento em curva, viu-se de frente a um homem alto e bonito, que olhava para ela com ar preocupado.

- Você está bem? Está machucada? - ele examinou Asia com os olhos, checando se havia algum ferimento nela e ainda segurando sua mão, virou-se e olhou para trás. Tornou, depois, a observá-la e indicando a pequena passagem à sua direita, continuou: - Entre aqui, não se preocupe, vou resolver tudo com eles - inclinou sua mão direita, que segurava a esquerda dela, no sentido da pequena rua. Em seguida, deu as costas para ela e aguardou a chegada dos outros.

Asia aceitou ser encaminhada por ele, seguiu correndo um pouco atordoada o caminho indicado e viu-se percorrendo a estreita rua em que anos antes esteve com sua mãe. Era noite, estava tudo mais escuro, mas sua memória a trouxe de volta ao momento em que Erine disse: "É aqui, vai ser aqui". Asia parou antes do fim da rua e, então, se virou para a entrada do beco. Ele continuava lá, em pé e aguardando. Vestia um sobretudo de lã cinza-chumbo longo, era jovem, aparentava, ela diria, uns vinte e poucos anos de idade.

Neste momento, ela se viu assombrada pelo passado e repleta de emoções. Tantas vezes sua mãe havia lhe dito que ela era diferente dos humanos com quem vivia: que seria capaz de perceber e realizar coisas que eles não podiam. Que seu destino estava traçado e ela saberia identificá-lo quando chegasse o momento certo. Nunca teve certeza de que seria realmente capaz disso, mas, naquele momento, em pé naquela rua sem saída olhando para ele, a quem parecia conhecer a vida toda, ela estava convicta de que havia encontrado aquele que a seguiria em seu destino.

Era ele, o rapaz que aparecia em seus sonhos. Ela deu um passo em sua direção, mas Vladímir apareceu diante dele e começaram a conversar.

No início, a fisionomia de Vladímir era severa, enquanto o outro demonstrava calma e segurança. Marta apareceu ao lado deles e entrou no beco caminhando em direção à Asia, mas olhando para trás, para os dois na entrada da rua. A discussão entre eles pareceu tornar-se séria, mas sem nenhum deles levantar a voz ou demonstrar alguma agressividade. Vladímir desejou, aparentemente, entrar no beco, mas o rapaz se pôs no caminho impedindo seu avanço.

Asia percebeu o desentendimento entre eles, era possível de ser notado, apesar da polidez que mantinham na discussão. Isso deveria ser um problema, no entanto, era agradável para ela vê-lo se opor a Vladímir, impedi-lo de se aproximar dela. Não desviou os olhos dele e perguntou a Marta, que já estava posicionada ao seu lado:

- Marta, vocês o conhecem?

- Sim, Vladímir o conhece há muito tempo - Marta falava com Asia automaticamente, sem se preocupar com o que dizia, enquanto olhava para a entrada do beco observando os dois discutindo. - Ele falou com você?

Asia apenas balançou a cabeça afirmativamente.

- O que ele disse? - insistiu Marta.

- Perguntou se eu estava bem.

- Ele deve ter visto a brincadeira boba dos garotos com você. E está criticando Vladímir por não te tratar bem. Nunca o vi tão aborrecido! - sussurrou impressionada.

Asia continuava imóvel, observando-o na entrada da rua sem saída. Ele era mais alto que Vladímir e falava com firmeza, parecia acusá-lo. Após um tempo de polida discussão, o homem de sobretudo virou o rosto, olhou para Asia, depois para Vladímir, deu um passo para trás, deu as costas para ele e saiu.

Era algo que ela não esperava. Asia, perplexa, logo culpou Vladímir por "ele" ter partido: "Não, não pode. Ele foi embora? Por que não veio aqui? Por que não veio falar comigo? Não está certo, ele deveria vir e eu deveria conhecê-lo, hoje!". Asia deu dois passos indecisos em direção à saída, mas interrompeu seu avanço logo em seguida. "Ele não pode ir. Ele disse que resolveria tudo com Vladímir. Com eles! Por que não fez isso? Ele precisa ficar, me ver, falar comigo. Era o que devia acontecer! Mas Vladímir o afastou? E talvez ele não saiba o que eu sei! Que vamos nos conhecer. Preciso pará-lo..., falar com ele!"

Antes que ela pudesse dar um passo à frente, Marta adiantou-se e passou o braço pelas suas costas em um leve abraço. Segurando-a pelos braços, conduziu-a lentamente até a entrada da estreita rua.

Dirigida por Marta, Asia ansiava falar com o rapaz, detê-lo por mais tempo.

Parado na entrada do beco, Vladímir continuava olhando para frente, na direção que o rapaz havia tomado. Estava muito sério, não alterou a fisionomia nem olhou para elas quando se aproximaram.

Asia observou Marta olhando para Vladímir, enquanto elas seguiam em sua direção, caminhando devagar pela rua estreita, ladeada pelas paredes de dois altos prédios. Parecia que Marta tentava entender aquela situação, como se aquela discussão fosse algo que ela também não esperasse. Asia olhou para Vladímir, que sustentava seu olhar na direção que o rapaz seguiu.

Quando ela chegou à entrada do beco, deixou de observar Vladímir e virou o rosto para o lado direito da rua, para o mesmo lado que Vladímir olhava. Não havia mais ninguém ali e Asia manteve seu olhar naquela direção, procurando por "ele". Soprava um vento muito frio que jogou seus cabelos no rosto, ela, então, passou os dedos finos para tirar os fios dos olhos e da boca, ergueu o rosto virando-o para a esquerda e se deparou com Vladímir olhando para ela. Ele continuava com a expressão grave e séria, mas para Asia pareceu pior, sua fisionomia era questionadora e acusativa, o que a fez sentir medo de Vladímir.

Marta também parecia preocupada, porém estava tão alheia a tudo o que ocorreu quanto Asia.

Passava da meia noite, caminharam os três pelas ruas em silêncio, mas a passos largos, e Asia ia pensando no motivo de o rapaz ter ido embora, no porquê de ele a ter deixado para trás. "Ele deveria ter ficado. Por que me deixou com Vladímir? Eu precisava ter ido com ele. Não está certo, estou deixando o caminho correto para trás! Ele não sabe..., só pode ser, ele não sabe! Preciso achá-lo, falar com ele. Mas se Vladímir o conhece, eu o verei novamente? Posso consertar esse engano? Não, não posso contar com isso. Preciso voltar". Enquanto caminhava com eles, Asia virou seu rosto para trás, na direção que levava de volta ao beco.

Ao chegarem ao prédio, viram os irmãos que aguardavam na calçada, próximo à entrada da portaria. Bruno olhava para baixo, com o braço esticado para cima e dobrado, passava a mão na nuca. Mario olhava na direção deles e foi o primeiro a se manifestar:

- Olhe, desculpe-me. Eu só queria mostrar como você pode se equilibrar, como nossos reflexos são bons e..., bom..., você é rápida!

- Aqui não! Vamos subir - interveio Vladímir gravemente.

Ao entrarem no apartamento, Vladímir se voltou para Asia, dirigindo-se a ela muito seriamente:

- Faça suas malas, Johanna. Pegue o que é importante para você porque partiremos amanhã pela manhã.

Então, Vladímir virou-se para Marta e perguntou:

- Onde está Francesco?

- Dormindo, eu acho. Ele não sabe o que aconteceu há pouco - respondeu Marta.

- Prepare tudo, Marta, ajude Johanna com suas coisas.

Vladímir dirigia-se a Marta com a fisionomia do rosto muito séria, depois, olhou para Asia com aspecto mais tranquilo e disse com tom mais suave:

- O que não pudermos levar agora, nós pegaremos outro dia.

- Por que agora, com tanta pressa, Vladímir? Nem concluímos todos os negócios. Francesco não vai querer ir! - continuou Marta.

- Então diga a ele que você vai. Você precisa apresentar Johanna na cidade.

- Por que isso, agora? Não podemos esperar?

- Não quero me indispor com eles por ora. Deixo vocês e volto para cá.

- Por que vocês discutiram, Vladímir? O que aconteceu lá fora?

Vladímir olhou Marta fixamente, observou-a por instantes, e depois respondeu:

- Marta, eu não quero ser injusto. Vou conversar com ele quando retornar, sem tirar conclusões precipitadas..., ele me deve algumas explicações. Vou levar os garotos para minha casa e volto depois.

Vladímir se dirigiu à porta puxando Mario pelo braço e pegando seu casaco no encosto do sofá antes de sair para uma casa que mantinha no mesmo bairro.

Asia, atônita, não sabia o que fazer, eles estavam tomando decisões por ela: "Não quero ir para o Sul, agora! Tenho minha vida aqui, porque tenho que largar tudo?".

A decisão de sair de São Paulo, do Bom Retiro, trouxe novamente as lembranças de sua mãe: lembranças de tudo o que ela havia dito para Asia antes de partir. Essas lembranças tomaram conta de sua mente: "Não se mude daqui, fique com Yeda até chegar a hora. Mamãe poderia ter sido mais clara, Yeda morreu, estou só e necessitando fazer escolhas inesperadas. Siga suas intuições, faça suas escolhas, ela disse. Eu não vou partir... Quero ficar aqui!".

Asia virou-se para Marta e falou pausadamente e de maneira muito calma:

- Marta, eu não vou a lugar algum.

- Asia, você ainda não compreende. Não ficamos sozinhos. Precisamos uns dos outros para nos manter bem e seguros, é uma vida muito solitária se não pertencermos a um grupo. Dentro de alguns anos você começará a chamar a atenção, não poderá mais conviver com seus atuais amigos. Venha conosco, vai aprender tudo sobre nós, poderá fazer sua faculdade também, não haverá problemas quanto a isso!

- Não quero deixar minha vida, agora. Até uma semana atrás eu não fazia nenhum plano de mudança, gosto de viver aqui e se devo dar ouvidos às minhas habilidades. Eu digo que não sinto que deva ir! - Asia falou mais rapidamente, de maneira resoluta, mantendo-se em pé com uma postura firme diante de Marta.

- É tudo muito novo para você. Deve estar misturando tudo com o medo da mudança, e os garotos te assustaram ainda mais! - Marta falou de forma meiga, deu um passo adiante, apoiando suavemente a mão no braço de Asia. - Você pode voltar para cá depois, se quiser, mas, no momento, Asia, é perigoso deixá-la sozinha sem conhecimento algum do que você é e do que é capaz de fazer! - Marta, ainda segurando Asia pelo braço, adotou um tom mais fatalista: - E se as pessoas perceberem alguma coisa diferente em você? Precisa de um grupo que possa apoiá-la! O que pensa que os humanos fariam com você se fosse descoberta? Nosso Conselho teria que mandar resgatá-la e isso sempre gera problemas, Asia! - ela adotou, agora, um tom decidido, mas acolhedor. - Somos responsáveis por você, no momento, e não podemos deixá-la. Você não pode ficar assim sozinha sendo tão inexperiente, não seria justo para você mesma. Você agora está sob nossa proteção.

- Você não disse que têm outros aqui? - a lembrança surgiu em sua mente como um flash de máquina fotográfica, e Asia ia se agarrando às lembranças daquele que os visitou no dia anterior: Reinis. - Que existem outros aqui, uma família, e que eles são bons. Que se dedicam aos estudos e trabalham em universidades? Não posso ficar com eles? Aprender tudo o que preciso sem precisar me mudar?

- Eu até acho que poderia..., não haveria problema. Eles são muito corretos e poderiam te ajudar. - Marta retirou a mão que mantinha apoiada no braço de Asia e virou-se caminhando de costas para ela, enquanto falava tranquilamente. - Acho que Vladímir também viu isso, não sei qual é o receio dele.

Marta parecia tão intrigada com as atitudes de Vladímir quanto Asia. Cruzou os braços esfregando com as mãos as mangas da malha de cashmere que usava. Depois, se virou para ela e com uma expressão mais alegre no rosto, tentou convencê-la:

- Gostaria que viesse comigo, todos vão adorar você na nossa cidade! O lugar é lindo e tem muitos rapazes bonitos, também! Quem sabe não é seu destino vir conosco? - Marta sorria, soltou os braços estendendo-os na direção de Asia, apoiando as mãos nos braços dela.

Marta estava tentando ser gentil, mas Asia percebeu que, com toda essa conversa, Marta desviara do assunto.

Adotando uma postura mais tranquila, Marta foi até a cozinha e pegou um prato, uma faca e uma maçã sobre a bancada e depois levou para a mesa da sala. Ela apoiou a maçã no prato e cortou para comer sob os olhares surpresos de Asia. Em parte, ela sentia que Marta queria sua companhia, ela era sincera. Mas ela também estava apoiando Vladímir, mesmo sem entender inteiramente suas razões. Marta estava estimulando Asia a fazer o que Vladímir queria.

- Venha, vou te ajudar a fazer as malas - disse Marta decidida.

- Marta, estou cansada demais para isso, está tarde, vá dormir. Amanhã, quando Vladímir chegar, nós faremos isso. Vou me deitar - respondeu Asia, que decidiu não discutir mais naquele momento.

Marta, com um pedaço de maçã na mão e apoiando o cotovelo do braço na outra mão, observou Asia se dirigir para o quarto.

Asia entrou em seu quarto, fechou a porta e sentou-se em sua cama, colocando as mãos geladas entre os joelhos, esfregando-as uma na outra para se aquecer. O quarto estava escuro e ela ouvia o som da chuva que agora caia forte lá fora. A luz que vinha dos postes da rua iluminava as gotas de chuva que escorriam pelo vidro, formando uma indecisa projeção na parede oposta. Asia permaneceu sentada observando a projeção espectral; não queria dormir, queria ficar sozinha e tomar suas decisões, que mais pareciam as de sua mãe. De qualquer forma, ela deveria seguir suas intuições fazendo as escolhas que mais lhe aprouvessem, e o que ela mais queria agora era ver aquele rapaz novamente.

"Preciso falar com ele, se eu não fizer isso ele não irá me conhecer!". Perdia-se em pensamentos preocupados. "Isso tinha que ter acontecido, Vladímir interferiu. Tenho de encontrá-lo, de algum jeito. Era ele no meu sonho, ele é real, ele existe de verdade! Mas ele não sabe. Foi-se... Não sabia que iria me conhecer. Não vou partir." Asia não faria a mala, não iria para o Sul, teria que ser firme com Vladímir, no dia seguinte. "Não será fácil, eles foram gentis, não quero parecer ingrata."

Ela ficou acordada, sentada em sua cama a noite toda, pensando em como resolveria seus problemas, e ouviu quando abriram a porta da frente: "Deve ser Vladímir" pensou, com todos seus sentidos voltados na direção da porta do quarto. Esperou em silêncio, achou que fossem procurar por ela, mas, nada. "Ainda é madrugada, Vladímir deve ter pensado que estou dormindo." Asia ficou no quarto, em silêncio, aguardando o melhor momento para sair.

Após esse período que ficou sozinha descansando, sentiu uma melhora absoluta em seus sentidos. Não sentia mais que seus movimentos eram incertos nem que estava tonta ou prestes a vomitar, estava mais consciente do que ocorria em torno de si e poderia se locomover sem problemas. Asia estava completamente recuperada, só sentia um pouco de enjoo, ainda não conseguiria comer, mas, fora isso, ela estava, na verdade, melhor que nunca.

Tinha a mente repleta de pensamentos sobre a vida que queria manter e sobre seu futuro. Após um longo tempo aguardando, cansada de esperar o amanhecer do dia e não conseguindo mais apaziguar sua ansiedade, Asia saiu do quarto.

A sala estava escura, mas a luz da rua iluminava um pouco o lugar. Ela viu que Vladímir estava só, sem os filhos adotivos. Ele havia tirado a velha jaqueta de couro que usava e havia adormecido sentado no sofá.

Asia aproximou-se lentamente, sem fazer barulho. Não tinha a intenção de acordar Vladímir, tinha dúvidas de como finalizar sua decisão: falaria com ele com calma e explicaria que queria ficar, ou simplesmente escaparia pela porta da entrada e fugiria novamente?

Ela deu mais dois passos a frente, e, em sua indecisão, permaneceu inerte diante dele. Próximo demais, o suficiente para alertá-lo da aproximação de alguém. Vladímir acordou assustado, estava armado e instintivamente apontou a arma para Asia.

Com a rapidez que estes seres possuíam, Vladímir levantou-se com o intuito de se defender do possível agressor, e Asia, com a mesma intenção, correu na direção da porta. Passou pela mesa de jantar e em um giro arremessou na direção de Vladímir tudo o que tinha sobre ela, até mesmo a faca que atirou mirando nele. Asia continuou seu movimento de fuga, mas pôde perceber que nada que jogou o tinha acertado. Abriu a porta e desceu as escadas com extraordinária agilidade.



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