08. As primeiras resoluções
#BruxinhoFofinho
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Jeongguk nem abrira os olhos, mas já estava acordado e sabia que Jimin não estava ao seu lado. Ouviu a voz dele cantarolar alguma música que, obviamente, não conhecia enquanto guardava um papel na gaveta. E ficou quieto, observando a luz da manhã incidindo diretamente sobre a escrivaninha, os pés sobre o tampo e as mãos tocando uma guitarra imaginária.
E lembrou-se da noite anterior, a mágoa que sentiu junto daquela cena ao acordar só fazia tudo piorar. Não conseguiria ficar sem Jimin. Não queria ficar sem ele.
Ele percebeu que havia acordado e veio cantando ao seu encontro, engatinhando na cama e sentando-se em seu colo. Rodou a cabeça, ainda segurando a guitarra inexistente e Jeongguk achou que ele sabia que estava chateado pela letra da música que cantava.
— Maybe, maybe, maybe, maybe, maybe, dear. I guess I might have done something wrong. Honey, I'd be glad to admit it. Ooh, come on home to me. — E foi jogando-se lentamente para trás, a voz engasgando-se ao tentar voltar para frente e percebendo que não era tão flexível assim. — Bom dia — disse, rindo, olhando para a cara assustada de Jeongguk. — É Janis Joplin.
— Bom dia — respondeu, acariciando as coxas expostas pelo short do pijama. — Gostei de ser acordado assim, só preciso me acostumar. — Jimin deu uma risadinha e deitou-se sobre o peito do alfa, dando selinhos no pescoço dele. — Tem algo que você queira falar para mim?
— Hmmm... — Jimin pensou por um instante e logo voltou a se sentar. — Ah! Está com fome? Trouxe café da manhã pra você. — Mordeu os lábios, tímido. Levantou-se e pegou a bandeja apoiada na escrivaninha e trouxe para cama.
Jeongguk sentou-se e encarou a bandeja sobre o seu colo. Tinha até um ramo de alecrim para deixar tudo ao redor mais cheiroso e droga, aquilo o lembrava do cheiro do cabelo de Jimin e era simplesmente perfeito.
— Isso tem algum motivo? — Tentou novamente, mas Jimin parecia ficar cada vez mais confuso.
— Não... — respondeu, franzindo o cenho ao tentar buscar algum motivo além dos que havia listado em pensamentos enquanto arrumava a bandeja. — Só quis mimar um pouco o meu alfa.
Jimin o olhava com os olhos cheios de expectativa, ele era tão lindo que Jeongguk preferiu deixar para lá. Precisava conversar com alguém que o dissesse que aquilo não era tão importante, se não acabaria fazendo merda. Sua falta de experiências em relacionamentos começava a afetá-lo e ele não sabia o que fazer.
— Fofinho. — Olhou para o ômega e acabou dizendo sem pensar, acariciando a bochecha dele, fazendo-o sorrir e olhar para baixo. — Eu amei, amor. Vou comer tudinho.
— O que não seria nenhuma novidade — disse, brincando. Deitou-se ao lado de Jeongguk e o ouviu rir, comendo os pedaços de manga que pareciam ter mel de tão doces e cheirosas que estavam.
— Eu vou acabar saindo de forma. Não estou fazendo nenhum exercício. Ontem só comi e fiquei deitado assistindo filme — disse, de boca cheia.
— Achei que quisesse se recuperar de todo exercício que fizemos por cinco dias seguidos. — A fala de Jimin fez Jeongguk se engasgar com a gargalhada. — Mas você pode dar voltas pelo quintal até o apego passar — completou, a risada saindo em meio a frase, como uma criança animada ao contar algo divertido.
— Talvez eu vá mesmo. Como um hamster correndo na gaiola.
Deu um gole no café, o amargo adocicado substituiu o doce único da manga. Era gostoso estar ali ao lado de Jimin. Comer na cama com o corpo nu debaixo do cobertor possuía uma intimidade que parecia antiga. A perna de Jimin estava apoiada no joelho, naquela velha pose que deixava o pé flutuando no ar. Ele rodava o tornozelo só parar ouvir os estalinhos dos ossos e Jeongguk podia prever todas as vezes que Jimin começaria a fazer aquilo, como se já o conhecesse de vidas passadas e, bem, aquilo era uma verdade. Jimin ainda ria do seu comentário quando Jeongguk perguntou:
— Falando em apego, como você se sentiria se eu fosse embora agora?
— Acho que os cientistas descobririam que dá, sim, para morrer de saudade — disse, sem tempo para respirar. Buscou o olhar do alfa só para ter certeza de que ele sentia o mesmo. — Você não está pensando em ir, está?
— Claro que não, eu não sou doido de sair do seu lado. — Sua resposta fez Jimin se aconchegar em seu braço livre e fungar forte a sua pele. Parecia que o ômega também estava começando a ter pequenos ataques de afeto.
— E o que vamos fazer hoje? — Afastou-se para espreguiçar-se. — Precisamos atualizar o formulário alegando apego, terminar o documentário que começamos ontem e o que mais?
E lá estava. Então, Jimin se lembrava que dormiu no meio do documentário e Jeongguk ficou sério de repente.
— Não precisa assistir se não quiser — disse, sem conseguir olhá-lo nos olhos, mentindo para si mesmo porque era claro que queria que ele assistisse ao documentário e mais do que isso: que ele gostasse.
— Mas eu quero. Atualizar o formulário e assistir "Para Sempre Lobos" estão no mesmo nível: essenciais. — E Jimin falava sério. Não sabia que Jeongguk havia ficado chateado, mas sabia que aquilo devia ser importante para ele. E além do mais, Jimin sentia que precisava entrar em contato com a parte de seu lobo que sempre ignorou e achava que o documentário era uma forma de fazer aquilo.
— Então tá bom... — disse, já pensando na conversa que teriam se caso Jimin dormisse de novo, mas pelo menos, ele se lembrava do título.
A manhã passou rápida. O ômega pegou o celular e começou eliminando itens da lista e era estranho entrar em áreas do formulário que nunca apareceram para si antes. Depois do café da manhã, ficaram na cama conversando e quando desceram, Jeongguk vestiu uma bermuda de tactel que usava para correr na praia e começou a dar voltas pelo quintal. Jimin estava deitado na grama, sobre as mesmas mantas e almofadas do dia anterior e seguia o alfa com os olhos, virando-se de um lado para o outro e toda vez que Jeongguk o olhava, Jimin mandava beijinho ou fazia careta, matando-o de rir e deixando a corrida dele mais lenta.
Depois do almoço, deitaram-se no sofá cama da sala e Jimin fungava forte a pele de Jeongguk cheirando a sabonete. Resolveu colocar o documentário para assistirem e o alfa logo ficou desconfiado, pois Jimin sempre inventava de fazer aquilo em um momento muito propício para dormir. Logo depois do almoço, sério mesmo? Até ele estava com sono.
Cruzou os braços, fechou a cara e resolveu não dizer nada. Jimin quis se enfiar entre as suas pernas e usá-lo como poltrona, mesmo que o sofá fosse muito espaçoso, e daquele jeito, Jeongguk não conseguiria ver se ele estava dormindo, mas aceitou. Jimin também estava sem camisa e era gostoso sentir a pele dele na sua, o pescoço há alguns centímetros de distância e o cheirinho de ameixas negras misturando-se com o seu.
Jeongguk não conseguia ficar chateado com Jimin nem se fizesse muito esforço. Um bico enorme podia estar em seus lábios, mas o abraçava e ronronava só de tê-lo por perto.
— Quando o casal adquire suas marcas — disse o narrador —, o cheiro dos outros lobos tornam-se insuportáveis, ou indiferentes. Em casos de casais que se reencontram de vidas passadas, é muito comum que os lobos mantenham o mesmo comportamento, repelindo-se dos outros até reencontrar o antigo parceiro.
— É por isso que você pedia para a lua — disse Jimin, em voz baixa. — Você suspeitava que a sua existência nesse plano fosse em decorrência de um imprinting.
— Eu tinha que acreditar em alguma coisa. Não podia só aceitar que eu ficaria sozinho... Em que você acreditava? — perguntou, movendo os ombros de Jimin para que ele o olhasse.
— Eu achava que poderia aparecer alguém que eu suportasse o cheiro, mas só isso. Taehyung de vez em quando falava sobre almas gêmeas e das preces... mas eu tenho uma relação complicada com a lua, não consigo pedir nada à ela. — Dito isso, voltou a olhar para a televisão, puxando os braços de Jeongguk para ficar em volta do seus ombros e afundou o nariz na curva do cotovelo dele, onde o cheiro era mais concentrado.
— Hoje em dia, não há registros de transformações, as quais ocorriam principalmente em época de guerra. A forma lupina era usada para proteção — E imagens de lobos atacando uns aos outros começaram a ser exibidas, mas Jimin fechou os olhos. Algo naquilo fazia o seu peito se apertar de uma forma dolorosa, era estranho. —, mas também para caça. Acredita-se que os ômegas daquela época preferissem gestar na forma de lobos, assim como amamentar os filhotes, pois era muito comum que os bebês em sua forma humana sofressem de morte súbita.
"Gradativamente, as ilhas das Terras Mágicas do Oriente foram pacificadas. As posses foram tomadas e governos democráticos começaram a tornar a vida dos cidadãos mais fácil, assim, elementos importantes para uma sociedade livre começaram a ser implementados: como o sistema de educação muito semelhante à paideia grega, mas que aqui, focava muito mais no desenvolvimento do corpo humano, e é claro, as assembleias, cujo o principal instrumento era a voz. E lobos não falam. Por isso, acredita-se que a política aniquilou a capacidade dos humanos de se transformarem, pois antes, assim que surgia algum conflito, dentes começavam a ranger e uivados funcionavam como um chamado para o ataque. O primeiro humano que levantou a mão e pediu a palavra, fez a história caminhar por um rumo completamente diferente."
— Será que o meu lobo teria a pelagem pretinha? — Jimin perguntou, de repente, fazendo Jeongguk rir.
— Se fosse igual em Crepúsculo, a gente teria que raspar o cabelo e eu tenho os olhos muito grandes pra isso — disse, olhando para a televisão, o rosto tão relaxado que mal percebeu quando Jimin virou-se para si, parecendo que havia acabado de escutar uma grande blasfêmia.
— Você tem os olhos mais bonitos que existem no mundo todo! — Jogou o cabelo de Jeongguk para trás e o segurou, deixando a testa exposta e uma veia saltada bem no meio devido a risada que ele segurava.
— Não se pode acreditar em tudo o que a sua alma gêmea diz.
— Se você não acredita em mim, vai acreditar em quem? — Virou-se de volta para a televisão, mas acariciava o rosto de Jeongguk com os braços jogados para trás. O alfa precisou segurá-los em meio a sorrisos e abraçá-lo com força, beijando-lhe a nuca só porque não conseguia evitar. — Eu preciso fazer o meu amor se sentir a pessoa mais linda da face da terra, não porque é o meu amor, mas porque é verdade.
— Tá bom, eu acredito — disse, rindo, feliz por Jimin estar engajado no documentário e fazendo as próprias perguntas.
Quando o assistiu pela primeira vez, saiu pelas ruas da Ilha do Boi encarando todos os ômegas que passavam pelas calçadas, mas não sentiu nada além de uma grande dor de cabeça por se forçar a sentir tantos aromas diferentes. Era um alívio saber que Jimin não passaria pelas mesmas dúvidas do que a sua versão mais nova, pois Jeongguk estava ali e o ômega apenas reafirmava as certezas que já tinha.
Os créditos começaram a subir e Jimin quis se espreguiçar, esticando as pernas e jogando os braços para trás. Jeongguk colocou as mãos na barriga dele e sem pensar muito bem no que dizia, acabou soltando:
— Está perdoado.
— Perdoado? Pelo o quê? — Franziu o cenho, virando-se para olhar o alfa.
— Por ter dormido ontem no meio do documentário. — Jeongguk estava nervoso, suas bochechas ficaram vermelhas e se esforçava muito para não gaguejar.
— Você ficou chateado? Por que não disse nada?
— Eu teria falado se você dormisse de novo dessa vez. — Fez um biquinho e cruzou os braços.
Jimin o achou fofo e sorriu com aqueles olhos carinhosos que só ele tinha. Sentou-se no colo dele e descruzou os braços, fazendo-o abraçá-lo pela cintura.
— Mas eu não mereço um desconto? — perguntou, com a voz calma porque sabia que ficar estressado com aquilo só faria as coisas piorarem. — Era um dia depois do meu cio, você estava tão cheiroso e tão grudadinho em mim... — Jimin o abraçou pelos ombros e começou a beijar o pescoço de Jeongguk, que foi relaxando aos poucos e jogando a cabeça para trás para o ômega ter mais acesso a sua pele.
— É que eu achei que se você não gostasse das coisas que eu gosto, você também não gostaria mais de mim — disse, manhoso, fazendo Jimin encará-lo nos olhos subitamente.
— O que foi que eu fiz de errado pra você pensar uma coisa dessas? Você realmente acha que o nosso amor se resume as coisas de que gostamos? — Dito desse jeito, parecia uma coisa muito idiota de se pensar e Jeongguk não conseguiu responder. — Você é a minha alma gêmea, meu amor de vidas passadas, meu... meu namorado!
Jeongguk escondeu o rosto nas palmas das mãos e sorriu, as bochechas rubras ao tentar olhar Jimin nos olhos. Mal podia acreditar que ele realmente disse aquela palavra. Namorado...
— Por que de tantas denominações, você ficou todo bobo logo com "namorado"?
Jimin perguntou com um sorriso genuinamente apaixonado nos lábios e Jeongguk suspirou com a pergunta. Realmente parecia loucura, mas ele tentou explicar.
— Porque almas gêmeas, amor da vida e essas coisas dizem respeito a nossa vida passada, sobre pessoas que eu, sinceramente, não quero conhecer. Eu só quero saber de você agora, do Park Jimin, nascido em 1995, guitarrista e professor de música, sabe? Quando você diz que eu sou seu namorado, é somente sobre eu e você, e não sobre os nossos lobos. Dá pra entender? Eu ando meio confuso esses dias.
— Dá sim. — Jimin voltou a abraçá-lo e roçou o nariz no dele. — A gente tem muita vida pela frente ainda, mas não quero que você duvide do que eu sinto por causa dessas pequenas coisas. Fala comigo, me diz o que te incomoda, não esconde as suas chateações.
— Tá bom... E me desculpa? — pediu, ronronando e daquele jeito, Jimin era incapaz de dizer não e aquilo poderia ser um grande problema.
— É claro que eu desculpo, querido namorado. — Sua fala foi seguida de sorrisos e selinhos, não só na boca, mas no rosto inteiro, resgatando um costume de Jeongguk que não parecia ter começado há somente alguns dias porque Jimin só sabia sentir saudades.
E, apesar de todas as sensações alertando que não estavam no comecinho de um relacionamento, Jimin conseguia sentir a timidez do começo, da vontade de aprofundar um beijo e não ter coragem, mesmo que o quadril estivesse muito bem encaixado no colo do alfa e as mãos dele apalpassem as suas coxas.
Os selinhos nos lábios foram ficando mais molhados, o canto da boca foi preso entre os dentes e a língua do alfa lambeu o metal gelado no lábio inferior. Jimin amava quando Jeongguk fazia aquilo, pois era sinal de que logo o beijo se aprofundaria e ele mal podia esperar por cada momento como aquele.
Os troncos formavam uma linha escura quando juntos, eram as sombras de tamanha proximidade e calor emanando um para o outro. Suspiros saíam entre as bocas e Jimin já estava entregue, as mãos de Jeongguk eram precisas na linha da sua coluna, os arfares pesados também se manifestavam em seu abdômen, que tremia em satisfação ao sentir as unhas curtas tentarem arranhar a pele.
— Eu amo tanto o seu beijo — disse Jimin, ainda contra os lábios do alfa. E a boca não se aguentava em saboreá-lo, beijou-lhe a bochecha deixando um rastro úmido pela pele cheirosa e ao chegar no ouvido, sussurrou em súplica, como se precisasse confessar-se e não deixar o seu amor somente plantado nas ações. — Eu nunca vou conseguir ficar sem você.
E não era o cio, o apego, ou o lobo interior dele falando. Era Park Jimin, o guitarrista que se parecia com um bruxinho, que gostava de ter piercings e lecionar para crianças na mesma intensidade que gostaria de ter uma banda e se apresentar para multidões mundo afora. E, no fundo, Jeongguk sabia, de alguma forma ele sabia.
Ele ficou sem palavras e a única forma de respondê-lo foi beijá-lo, lento e intensamente, dar tudo o que ele precisava e queria, sabendo que podia tocar em todo o seu corpo sem pudor algum, pois Jimin não conseguiria dizer não. Ele que sentia os beijos descerem para a sua glândula de cheiro e a pele se arrepiava em antecipação. Um gemido escapou da boca quando a língua foi pressionada na pele, junto dos dedos em seus mamilos.
Entreolharam-se com os olhos embriagados e as mãos de Jeongguk passearam pelas curvas do abdômen de Jimin, puxando o short para baixo em um único movimento e libertando o pau já melado de pré-gozo. Jimin sentou-se sobre as coxas do alfa, fechando os olhos com força e abrindo a boca sem emitir som algum quando ele colocou entre os dentes o seu mamilo direito, chupando-o e lambendo-o ao que o masturbava com agilidade.
A coluna arqueava-se para trás em deleite e Jimin precisou apoiar as palmas nos joelhos de Jeongguk, gemendo manhoso com os lábios entreabertos e os olhos perdidos de prazer. Ele não estava mais ali, nem ligava para que horas eram e se as mães podiam chegar a qualquer momento.
Pediu para que Jeongguk escorregasse pelo sofá e ficasse suficientemente deitado para que pudesse sentar sobre o pau do alfa, esfregando-se nele com as mãos no peitoral e a visão começou a ficar turva ao senti-lo tão quente. Mancha escorreu pela sua entrada e Jeongguk gemeu ao sentir a umidade do short, morrendo de vontade de sentir o sabor de Jimin e o pau dentro dele.
Jimin perseguia o seu orgasmo, mais próximo a cada esfregada e Jeongguk se juntava a ele, gemendo olhando-o nos olhos azuis escuros, quase sufocando-se quando o ômega gemeu mais alto e esporrou em seu colo, o corpo pequeno tremendo sobre o seu. O pau de Jeongguk ainda doía de tão duro, foi automático abaixar o short e começar a se masturbar, sentindo o olhar penetrante de Jimin em seu corpo, desejando que a cabeça do pau pulsasse dentro da sua boca e deixando que a súplica escapasse dos lábios.
— Goza na minha boca, alfa. — E deslizou pelo sofá depois de dar a ordem, preenchendo-se com o pau, enfiando-o até a garganta e retirando-o lentamente, deliciando-se com o sabor agridoce da porra que melava a cabecinha sem parar.
Logo que começou com movimentos mais rápidos, Jeongguk enfiou os dedos em seus fios de cabelo, puxando-os com fervor, segurando-o com o pau enterrando na boca dele para gozar tão forte que um gemido lânguido preencheu a sala, deixando uma gota de suor vagar pela têmpora e se perder nas veias do pescoço.
Jeongguk ainda tentava controlar a respiração, a cabeça estava jogada para trás, olhando para o teto, quando Jimin voltou a sentar-se em seu colo e beijar o seu pescoço. As mãos já pareciam inconscientes das próprias ações e apalpava as coxas do ômega, subindo em direção ao short e ultrapassando o tecido para agarrar a bunda bem forte, trazendo-o ainda mais para perto antes de beijá-lo lentamente, o gosto da sua porra ainda presente na língua trazia um sabor de lascívia que os dois ainda não conheciam.
— Viu como é bom esclarecer as coisas ao invés de ficar zangado comigo? — disse Jimin, deliciando-se com o lóbulo da orelha de Jeongguk, que quase não conseguia responder com os arrepios que aquilo lhe causava.
— Da próxima vez eu vou me lembrar de te acordar e esclarecer de uma vez — brincou, dedilhando a linha da coluna de Jimin e sentindo-o tremer sob o seu toque.
— Mas não vai ter uma próxima vez — ele falou sério, suspirando com tão pouco.
— Quem te garante? Casais se desentendem o tempo todo. — Jeongguk falava com um sorriso nos olhos e Jimin perguntava-se como eles podiam brilhar tanto.
— Eu nunca vi as minhas mães brigando. Às vezes, elas discutem sobre qual o melhor recheio de bolo e essas coisas, mas só. — Deu de ombros. As pontas dos dedos trilhavam um caminho pelas linhas dos músculos do peitoral, gravando-os em suas digitais.
— Ok, vamos nos espelhar nas suas mães. — E o abraçou, tentando evitar que as memórias das brigas dos pais substituíssem aquele momento bom, regado de carinho e amor.
Se tinha uma coisa que Jimin aprendeu que gostava, era de ter a pele de Jeongguk tão colada a sua, os abdomens tão próximos um do outro que conseguia acompanhar o ritmo da respiração dele. O calor que emanava dali era tão gostoso, tão íntimo que ele duvidava se algum dia ficaria tão velho que se esqueceria daquela sensação. E Jeongguk era muito bom nisso: por mais que ele fosse encantador, bonito e musculoso, Jimin amava muito mais como ele o fazia se sentir e aquilo não era algo que era levado com o tempo. Sabia de pouca coisa da vida, mas sabia que sensações eram eternas.
E aquilo o fazia se lembrar da letra que escreveu para a música que havia composto para Jeongguk. Tudo bem que, de início, só fez isso porque precisava entregar algo para a aula de composição, mas ali, envolvido no abraço e no cheiro dele, perguntava-se quantas outras músicas escreveria inspiradas nele. E essa era mais uma coisa que se juntava a sua lista imaginária sobre a eternidade, a qual parecia um tempo ínfimo para se passar ao lado de Jeongguk.
Poderia ficar divagando no silêncio da curva do pescoço dele, mas ouviram o rangido do portão ao ser aberto e sobressaltaram-se, afinal, os shorts ainda estavam melados de porra e até não seria difícil explicar o que aconteceu, mas eles não queriam. Correram escada acima, gargalhando entre os degraus e com as respirações entrecortadas, sorriram um para o outro e logo seguiram em direção ao banheiro para tomarem um banho antes de descerem e ajudarem na preparação do jantar.
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Algo parecia diferente na forma como o sol brilhava naquela manhã de quinta-feira. A luz ainda entrava pelas cortinas e partículas de poeira vagavam pelo ar. Deixaram a janela aberta e a neblina da madrugada ameaçava entrar pelo quarto, deixando a pele descoberta geladinha. Jimin ainda dormia e Jeongguk se achava capaz de ir até a padaria comprar pães e não morrer de saudade durante o percurso. Era uma sensação nova e antiga ao mesmo tempo, a de saber que poderia sair em uma longa jornada e que teria alguém o esperando quando voltasse.
Por isso, assim que Jimin abriu os olhos, Jeongguk logo perguntou:
— Bruxinho, se eu fosse embora agora, como você se sentiria?
Jimin franziu o cenho. Ainda muito sonolento, coçou os olhos e pensou por um instante.
— Eu não sei. Acho que sobreviveria. — Parou por um instante e arregalou os olhos, surpreso com a própria resposta e parecendo despertar de vez.
— Eu ainda sou o seu namorado?
— Mas é claro que sim! — Jimin disse, mais alto do que esperava. — Não sei se você sabe, mas o nosso imprinting vai muito além do cio, ou apego.
— Eu sei, só gosto de confirmar. — Apoiou-se nos cotovelos, sorrindo com os olhos fechados, satisfeito com a resposta.
— Então todos os dias eu vou ter que te lembrar? — Jimin colocou as mãos na nuca do alfa e beijou-lhe a boca, com um selo casto. — Bom dia, namorado. — Mais um beijo em cada bochecha. — Boa tarde, namorado. — Um beijo no nariz. — Boa noite, namorado. — E outro na testa. — Já comeu, namorado?
— Não... — Jeongguk respondeu, sorrindo. — Contando que você me chame de gatinho, eu sempre vou saber.
Jimin riu e o encheu de beijinhos, animando-se com a ideia de sair de casa com ele.
— Já que o apego passou, a gente pode passear pelo Centro! — Ajoelhou-se na cama, dando pequenos pulinhos enquanto Jeongguk o olhava sem entender toda aquela animação.
O que tinha de tão legal em passear em uma avenida cheia de lojas? Ao menos era isso que o alfa achava que o centro se tratava. Esquecendo-se dos pequenos becos de paralelepípedos e que os morros irregulares não possuíam apenas grandes casarões. Mas era algo perdoável, Jeongguk só passava ali de carro e só tinha tempo de olhar para o movimento quando estava parado no semáforo.
— Tá, mas por quê?
— Eu sabia que você faria essa pergunta! — Decidiu sentar-se na cama, escondendo a nudez nos lençóis porque dormir de roupa ainda era uma coisa difícil para o casal. — Eu poderia fazer um apresentação no power point explicando os meus motivos para defender o Centro como o melhor lugar para passear, mas vou me contentar com uma pequena lista — disse, pronto para contar os itens nos dedos. — Temos a loja de discos do Golias, a Catedral, a Igreja São Gonçalo, o Teatro Antigo, a praça que sempre tem algum evento. E o Palácio do Governador! Não dá pra entrar lá porque ele de fato governa a cidade de lá, mas a vista para o porto é incrível! Você nunca foi?
— Eu só passo de carro bem rapidinho... — Deu de ombros, logo tentando agarrar Jimin pelos braços, mas sentindo-o escapar entre os seus dedos. Só queria ficar mais um pouquinho na cama.
O ômega levantou-se animado, ligando o chuveiro para um banho rápido e calçando o all star surrado o mais largo que conseguia sem que o sapato saísse do pé enquanto andava. Comeram um café da manhã reforçado e sem demora, já estavam andando pelas ruas da Cidade Alta, equilibrando-se nos meios-fios e Jeongguk estranhava toda aquela ideia de andar a pé pela rua, mas divertindo-se com a brincadeira, que era antiga para Jimin, mas muito nova para si.
Aproveitaram que já estavam na parte alta da cidade e decidiram passar pela Catedral antes de descerem em direção as lojas que Jimin queria visitar.
As casas que acompanhavam as ruas eram claras e os telhados alaranjados. Era muito comum encontrar-se com idosos vagando pelas calçadas e eles não deixavam de reparar no ômega que costumava estar sempre desacompanhado, agora andando de mãos dadas com um alfa. Jimin nem se atentava aos olhares que recebia, mas Jeongguk semicerrou os olhos, desconfiado, para uma das velhinhas que encarou os dois por tempo demais.
Andando pelas ruas com o céu de árvores, Jeongguk foi andando mais devagar ao perceber a grandiosidade da catedral no meio de um lugar tão comum. Havia um pátio cheio de flores coloridas e bancos onde pessoas sentavam-se para jogar conversa fora, tão acostumadas com algo tão extraordinário.
A catedral possuía duas grandes torres que, dependendo do ângulo de que se olhava, deixava a pessoa tonta, de tão altas que eram. A construção foi feita para desaparecer durante a noite e por isso a sua coloração era preta. Jeongguk sentiu lágrimas queimarem os seus olhos quando, ainda ali fora, viu os vitrais das fases da lua. No centro, bem acima do arco principal, estava a lua cheia, brilhando com a luz do sol que nela batia.
— Eu não estava esperando por isso — disse, fazendo Jimin sorrir com certo orgulho do bairro onde morava.
— É linda, não é? — Apoiou a cabeça no braço de Jeongguk e ficou admirando as estátuas de lobos em posição de vigia.
— Como é durante a noite?
— Os vitrais são iluminados, mas com as luzes ao redor não tem muita graça. Uma vez eu estava aqui com Taehyung bebendo em um bar e houve um apagão, o gerador da catedral foi acionado e os vitrais pareciam estar flutuando na escuridão. Acho que foi uma das coisas mais lindas que eu já vi na vida.
— Será que não foi o efeito da bebida? — Jeongguk brincou, levemente emocionado pela cena que imaginou a partir das palavras de Jimin.
— Talvez. — Deu de ombros, não conseguindo negar a lembrança da embriaguez do momento. — Vamos entrar?
Lá dentro, a sensação parecia escalonar para algo que estava além da compreensão de Jeongguk. Sentou-se em um dos bancos enfileirados e segurava-se no da frente enquanto olhava para cima, tentando decorar todos os detalhes da pintura que se extendia por todo o teto. Lobos de diferentes cores estavam a postos ao redor de um lobo cinza prateado, três vezes maior que os outros, com os olhos de diferentes cores, um era escuro e o outro azul. Atrás dele estava uma lua cheia, grande e dourada pelo brilho dos raios solares que irradiavam logo atrás, o encontro perfeito de duas entidades em um eclipse que significava a chegada da espécie nas Terras Mágicas do Oriente.
— Sabe qual é o significado desse lobo maior no centro? — Jimin rompeu o silêncio dos seus pensamentos e quando Jeongguk olhou para ele, parecia que estava mais focado do que si na pintura.
— Não, qual é?
— Ele era o alfa da matilha. Diz a lenda que foi ele que comandou a vinda dos outros lobos para cá, fazendo o que um alfa de verdade deve fazer: cuidar dos seus membros, prezando pelo bem-estar de todos. Ele não deixou que nenhum lobo se perdesse e, gatinho... eram os lobos descartados, fracos, com algum tipo de anomalia no corpo, alguns não conseguiam nem andar direito, mas ele não deixou ninguém para trás.
— E hoje em dia, os alfas se perderam completamente do que um alfa de verdade faz... — Jeongguk suspirou, segurando a mão de Jimin. — Também não esperava que você soubesse dessas coisas, você sempre pareceu tão distante da história da nossa espécie.
— Bem, você conheceu a minha mãe Yeri, não é? — Riu, recostando-se no banco para olhar melhor para os vitrais das grandes janelas. — Quando eu era criança, até ficava mais por dentro dos rituais, a gente vinha aqui e fazia uma prece para a lua, mas eu fui crescendo e com o tempo eu não conseguia mais. Até ver a lua entalhada em vidro me deixava desconfortável e aí eu decidi parar de vir. De alguma forma não fazia sentido para mim, não acreditava completamente.
— E agora você acredita? — Jeongguk achou que a vontade de Jimin de visitar a catedral era um pouco inconsciente, como se o imprinting tivesse mudado algo na forma como ele encarava a lua.
— Algo me diz que não posso confiar nela.
— Seu lobo?
— É... — respondeu, piscando lentamente para sair do torpor que a catedral o fazia sentir. Nunca foi ao espaço, mas sentia que poderia ser algo parecido. Algo entre flutuar e ficar admirado com o que via do lado de fora, pois o lugar parecia um outro planeta, com uma outra atmosfera. — Enfim, quer deixar uma moeda para a lua?
— Moeda? — Jeongguk levantou-se, franzindo o cenho ao andar pelo corredor de bancos em direção ao altar.
— Sim, mas tem que ser prateada porque acreditava-se que a lua era feita de prata e costumavam oferecer uma moeda para ela se manter grande e forte. Doideira, né?
— Acho que eu não tenho nenhuma. — Jeongguk checou os bolsos só para tentar disfarçar o fato de que ele não se lembrava da última vez que pegou em dinheiro de verdade, pagava tudo apenas no cartão.
Jimin também procurava e acabou encontrando algumas moedas perdidas no fundo dos bolsos. Às vezes, esquecia de recarregar o cartão de passagem e as moedas o salvavam na hora de completar o valor quando ia passar na catraca, além de que sempre comprava alguma coisinha dos vendedores ambulantes que circulavam nos ônibus.
— Aqui. — Entregou uma para o alfa e ficou olhando a estátua do lobo prateado, uma figura humana estava logo ao lado, abaixada
— E então? É só colocar nesse potinho?
— Ah, faz um pedido.
— Acho que eu não tenho mais nada para pedir, só agradecer. — Colocou a moeda no cálice de prata e quando olhou para Jimin, o viu com um dos maiores sorrisos do mundo e não conseguiu sentir nada além de gratidão. Jimin sabia que era amado e nada mais importava. Não queria que ele duvidasse nunca dos seus sentimentos. — Tudo bem a gente se beijar no altar? — perguntou, colocando as mechas do cabelo escuro de Jimin atrás da orelha.
— Por que adiar o que vai acontecer de qualquer jeito? — respondeu, elevando as sobrancelhas e logo se deu conta do que havia falado. Arregalou os olhos e quis sair das mãos de Jeongguk, mas ele logo chegou mais perto e roçou o nariz no seu.
— Então você quer se casar aqui?
— Muito cedo pra pensar sobre isso, não é?
— Mas parece que você já está pensando... — Beijou a bochecha esquerda e lentamente foi para a direita, ameaçando beijar-lhe a boca durante o percurso. Jimin sentiu o coração pifar pela 51ª vez no dia. Aquilo acontecia com frequência com Jeongguk por perto, em breve teria que visitar um cardiologista.
— Eu falei sem pensar, vai... — Fechou os olhos, apreciando o carinho e respirando fundo, só para que o cheiro das velas fosse embora e o sândalo invadisse as suas narinas.
— Tá bom, eu acredito. — Sorriu, selando os lábios de Jimin, contentando-se apenas com uma mordida no cantinho da boca. Tão leve e tão capaz de deixar o outro com as pernas bambas. — Mas vai ser aqui, ou na praia em noite de lua cheia.
Jimin sorriu e o puxou pela camiseta larga, beijando-o logo de uma vez, como se ensaiassem a cerimônia real. E estar ali, com Jeongguk e toda a história obscura do passado voltando aos poucos, parecia tão certo. Era como se Jimin estivesse fazendo algum tipo apresentação para a Lua, inspirado na prece do livro de encantos da sua mãe. O passado voltava para si de muitas formas e ele tentava não ter mais medo.
— Vamos sair daqui, você precisa comprar o seu primeiro disco.
— Então essa sempre foi a sua intenção ao querer sair de casa hoje? — Ergueu uma das sobrancelhas e ameaçou agarrá-lo, mas Jimin deu de ombros e saiu andando na frente, em passos rápidos para escapar das mãos do alfa.
Mas logo ficaram de mãos dadas pelas calçadas da avenida principal, Jimin guiava o caminho e Jeongguk se esforçava para acompanhá-lo, segurando-o como se pudesse se perder caso ele não estivesse ali. E parecia que olhar para o alfa, parado na calçada esperando o sinal abrir, seria mágico em qualquer horário do dia, mesmo que ele nem conseguisse abrir os olhos devido ao sol forte da manhã e improvisasse uma aba com a palma rente a testa. Jimin riu e aproveitou da sombra que o corpo maior que o seu fazia, nunca se cansando de ficar colado ao seu alfa.
Chegando na loja, Jeongguk limpou o suor da testa e olhou confuso para todo aquele amontoado de CDs e LPs empoeirados. Jimin cumprimentou o vendedor e o arrastou pelos corredores, guiando-o porque já conhecia o lugar como ninguém. Quando era mais novo, tinha o sonho de trabalhar ali, ou na loja de instrumentos logo ao lado. Que outra coisa seria mais legal do que testar diferentes guitarras e escutar música o dia todo?
— Tá, mas e agora? — perguntou Jeongguk, um pouco nervoso, pois não fazia ideia de que existia tanta música no mundo. — Eu preciso escolher um?
— Quer a minha ajuda? Ou quer escolher como se os álbuns fossem livros?
— Pela capa? — Franziu o cenho, colocando os braços para trás enquanto observava as capas dos LPs nas prateleiras mais acima.
— É... Você pode ver por aí, mas precisamos encontrar o CD depois. Duvido que na sua casa tenha uma vitrola. — Jimin acompanhava os seus passos, de braços cruzados, atento as reações do alfa aos álbuns que conhecia.
— Vitrola? — Jeongguk riu, achando o nome engraçado. — Eu nem sei o que é isso.
— Sabe o que é uma fita cassete?
— Calma aí, tem dessas fitas antigas só com músicas?
— Sim, mas elas são bem menores. Tipo assim. — Jimin fez um retângulo com os dedos, usando as duas mãos. — Depois eu vejo se tem por aqui. E ainda tinha tocadores portáteis com fones de ouvido e tudo.
— Como você sabe de todas essas coisas? Você nem era nascido nessa época. — Jeongguk o olhou por um segundo, logo voltando as capas que não lhe diziam nada. Não sabia o que estava fazendo, nem como algo ali poderia lhe chamar a atenção.
— Você nunca se perguntou como as pessoas escutavam música antigamente? — perguntou, já sabendo da resposta. Se ele nunca escutava músicas, não tinha motivo para se interessar por esse tipo de informação. — E além do mais, eu estudei isso na faculdade em história da música.
— Eu vou assistir alguns documentários sobre isso, então. — Jeongguk deu de ombros e Jimin riu, prevendo que ele realmente faria aquilo. — Espera aí. — Parou de repente em frente a um disco ao lado de vários outros e Jimin não sabia sobre qual ele se atentou antes do alfa completar. — Por que esse álbum não tem nome? Não dá pra saber nem que banda é essa.
— Bem... — Jimin apoiou a cabeça no braço de Jeongguk ao olhar para a capa que continha quatro caras atravessando uma faixa de pedestres. — Porque essa é a banda mais famosa do mundo. Acho que você deveria começar por eles.
— Por isso que nem precisaram colocar nenhuma informação sobre eles na capa? — Jimin confirmou com um murmúrio e Jeongguk já se sentia convencido a levar aquele. — Eles devem ser muito bons.
— São sim. — Jimin se virou para procurar aquele álbum entre os CDs. — Depois de conhecê-los, você vai ver bastante gente babando o ovo dos caras, mas entenda que ninguém fazia o que eles faziam na época deles. Eles são as maiores referências para qualquer músico desde que se consagraram. Uh, achei.
— Muito obrigado, senhor vendedor. Você é muito prestativo. — Jeongguk pegou o CD e ganhou um soquinho de Jimin. — Abbey Road. The Beatles.
— Eles moravam perto das terras da Mary — Jimin comentou, andando em direção ao caixa.
— Será que ela era fã? Vou precisar fazer uma entrevista com ela.
Enquanto pagava pelo CD, Jeongguk não conseguia parar de pensar que Jimin havia prestado atenção nos seus comentários sobre Mary, até mesmo gravou onde ela costumava morar e aquilo deu uma sensação quentinha no coração. Pois quem era importante para ele, era importante para si também e a recíproca era mais do que verdadeira.
— E agora? O que vamos fazer? — Jeongguk perguntou, para um Jimin distraído com os CDs perto da saída.
— Hmmm, sorvete? — E fez um biquinho, esperando por um beijo do alfa.
— Tudo o que o meu bruxinho quiser. — Selou os lábios dele, segurando-o pelas bochechas e sorrindo com os olhos fechados.
Voltaram a andar pelas calçadas movimentadas de mãos dadas. Jeongguk carregava a sacolinha plástica com a logo da loja estampada, o CD balançando de um lado para o outro. Sentia diferentes fragrâncias indo e vindo, caramelo, morangos, centeio, pastel e caldo de cana. Nenhuma delas o incomodava e era incrível andar entre todas aquelas pessoas sem desejar voltar para casa.
Chegando na sorveteria, Jeongguk logo notou que não havia cadeiras para tomarem o sorvete e perguntou-se mentalmente quais eram os planos de Jimin, pois já estava um pouco cansado de tanto andar. O ômega escolheu chocolate e o alfa optou pelo azedinho do maracujá. Saíram da sorveteria e deram de cara com uma enorme praça, que Jeongguk não notara porque entraram pela rua lateral.
Ainda faltavam algumas horas para o meio-dia e o sol era fresco debaixo das árvores. O vento soprava solene, bagunçando os seus fios de cabelo, fazendo os galhos chacoalharem e os sinos de vento à venda tilintar. Sentados em um dos bancos, Jeongguk observava a movimentação dos vendedores ambulantes, os cheiros das comidas em carrinhos, as tendas com camisetas de banda e estampas que exibiam fotos da cidade. Havia um musico na centro da praça, sentado sobre uma canga e dedilhando o violão sem muito compromisso.
— Por que tudo que te cerca é tão incrível? — Jeongguk perguntou, notando que Jimin observava a sua observação e começou a rir quando foi flagrado.
— Está falando sobre você mesmo? — Ergueu as sobrancelhas repetidas vezes, a língua começando a congelar com a quantidade de sorvete que colocou na boca. — Porque você é incrível, sabia?
— Você está flertando comigo? — Jeongguk riu, sem graça, e não sabia se aguentaria aquela versão do ômega que gostava de jogar olhares e falar coisas provocativas. — Estou falando sobre tudo isso. — E olhou para a praça, notando o teatro antigo do outro lado da rua, fazendo o seu coração parar por alguns milissegundos. Cada vez que olhava para algum canto, descobria algo novo, mesmo que fosse uma florzinha brotando entre os blocos do paralelepípedo.
— Bem, essa é a vida fora da sua ilha. E a gente pode descobrir muito mais coisas juntos, o mundo é bem grande... — Colocou mais um pouco de sorvete na boca e viu Jeongguk assentir, olhando-o com aqueles olhos grandes e brilhantes que não conseguiam esconder o encanto com a vida ao redor. Jimin perguntou-se como os pais dele conseguiam ignorá-lo, pois se sentia contagiado a mostrá-lo muito mais coisas só para ver mais daquele olhar.
— Falando na minha ilha... — Suspirou, meio tristonho. — Esse é o meu último dia na sua casa.
— Ah... — Jimin resmungou, chegando mais perto dele e apoiando a cabeça em seu ombro, olhando-o com um biquinho chateado. — Voltaremos para a vida real.
— Uhum... — Jeongguk deu um beijinho naquele bico enfeitado pelo labret e Jimin não resistiu em dar um selo mais demorado. Logo as línguas geladinhas se encontraram devagar, os sabores do sorvete foram trocados e aprofundar ainda mais aquele beijo em praça pública não parecia errado. — Esse de chocolate tá bem gostoso, hm?
— Quer provar? — Jimin ergueu o seu copinho, mas Jeongguk ignorou e o beijou mais uma vez, colocando a mão na frente das bocas antes de lhe chupar a língua.
— Amor... — Jimin arregalou os olhos e olhou ao redor, morrendo de vergonha.
— Ninguém viu. — Jeongguk garantiu, controlando-se ao máximo para não beijá-lo novamente. — Vamos voltar para casa?
Jimin o olhou desconfiado, mas não hesitou em levantar-se e começar a andar em direção ao casarão. Quando subiam a escadaria antes da porta de entrada e Jeongguk agarrou a sua bunda, logo soube quais eram as intenções do alfa e não conseguiu resistir a ideia, o seu corpo já mandava respostas automáticas, mesmo com o toque rápido. Subiu para o quarto tentando controlar os passos para não parecer tão apressado e a cada degrau vencido, sentia a mancha começar a aparecer entre as pernas e até estranhou quando Jeongguk foi guardar o CD dentro da mala antes de virar-se para si.
— Vai escutar em casa? — perguntou, sentado na cama, a entrada pulsava só de lembrar do beijo na praça e ele sabia que Jeongguk sentia o seu cheiro mais denso. Mordeu os lábios quando ele murmurou em resposta, colocou os óculos na mesa de cabeceira e andou em sua direção.
— Você já está se sentindo melhor? Seu corpo ainda dói? — Apoiou as mãos no colchão, roçando o nariz no dele.
— Não, não dói — respondeu, em um fio de voz, procurando pela boca do alfa, que se afastava, provocando-o. — Eu quero você.
E o pedido foi o suficiente para beijá-lo, empurrá-lo para deitar-se na cama e encaixar-se entre as pernas, que logo agarraram a cintura do alfa, trazendo-o ainda mais perto.
Mas Jeongguk se sentia sufocado com todas aquelas peças de roupa e se afastou para puxar a camisa e finalmente se livrar dela. De cima, olhou para Jimin, que desabotoava a sua bermuda e puxava o zíper para baixo, deixando o alfa somente com a cueca branca.
Jeongguk acariciou a barriga de Jimin, exibindo o abdomen que subia e descia sem parar, a respiração forte de tanto tesão. O piercing no umbigo estava lá, decorado com uma libélula e suas pequenas asas. A imagem da cintura angulada do ômega o deixava louco. Desabotoou a bermuda jeans e não se importou com a cueca alheia, retirando-a sem nem pensar duas vezes e abaixando-se para saborear-lhe as coxas grossas.
Os beijos subiam lentamente até a virilha, que foi lambida enquanto o olhava com aquele olhos grandes, agora, cheios de lascívia. Colocou o pau de Jimin na boca, que gemeu em satisfação ao sentir o interior quente abrigando-lhe tão bem, tão gostoso. Achava que poderia gozar assim, mas a entrada pulsando o fazia pensar no pau grosso de Jeongguk o preenchendo e na sensação do nó apertando-lhe bem forte. Queria sentir tudo aquilo de novo, agora sem a névoa do cio entorpecendo-o e levando-o para longe. Agora era só Jimin e Jeongguk e seus lobos interiores satisfeitos, quietos em seus cantos.
O cheiro da mancha começava a ficar tão denso, que Jeongguk não conseguia pensar em outra coisa. Tão de repente quanto o engoliu e o colocou no fundo da garganta, o retirou e o virou de costas. Os joelhos de Jimin logo ficaram em posição de quatro e o rosto afundou-se no travesseiro, recebendo um tapa estalado na bunda que o fez engolir um gemido quando sentiu a língua de Jeongguk penetrando o buraco melado e pulsante.
Ouvia os murmúrios sôfregos de quem saboreava o seu gosto e chupava com os dedos afundados em suas coxas, movendo a língua e fazendo-o desejar que não parasse nunca. Jimin querendo-o ainda mais fundo, levou as mãos em direção as nádegas e as agarrou, exibindo ainda mais a sua entrada, o corpo inteiro tremendo quando Jeongguk se afastou e pressionou a ponta dos dedos ali, antes de posicionar a cabeça inchada do pau, esperando que mais mancha escorresse e o lubrificasse.
Jimin remexeu-se, acabando por rebolar na glande de Jeongguk. E quando percebeu as pulsações junto as suas, tomou o controle da situação e afundou-se no pau, sentando como se dançasse somente com os quadris, gemendo ao senti-lo tão fundo e aumentando a velocidade ao ponto de começar a sentir lágrimas nos olhos, suas lamúrias perdendo a voz e os gemidos ficando cada vez mais desesperados.
Jeongguk já sentia a cabeça do seu pau começar a aumentar e não queria gozar agora. Queria aproveitar mais da visão da bunda deliciosa que o devorava sem controle algum, tentando alcançar o próprio orgasmo.
Ouvia os gemidos dele e tentava evitar os seus, respirando fundo, olhando para a parede a sua frente e até tentava pensar em outra coisa, pois sentia o interior de Jimin apertando-se contra o seu pau. Ele estava quase chegando lá e parecia não querer evitar tal caminho. Para ajudar, Jeongguk passou as palmas quentes e macias nas costas do ômega, sem atrapalhar as reboladas. Lentamente, começou a deitar sobre o corpo dele, beijando-lhe a pele, chupando a linha da coluna, deixando um rastro de marcas e a voz de Jimin ficando cada vez mais languida.
Encheu os dedos da mão com os fios escuros do cabelo dele, movendo a cabeça para o outro lado, expondo a glândula de cheiro e mordendo-a lentamente, resvalando os dentes em provocação, saboreando-a com a língua que ainda tinha o gosto dele, salivando só de pensar na lembrança de minutos atrás. Sentiu as pulsações em seu pau cada vez mais fortes e frequentes, até que se apertou completamente. Jeongguk se viu preso ao ômega de corpo trêmulo logo abaixo de si.
Jeongguk gemeu tão gostoso em seu ouvido ao sentir o seu orgasmo. Jimin ainda sentia o pau duro dentro de si e quando o soltou, para voltar a rebolar e dar tudo o que o seu alfa queria, o membro foi inundado com a quantidade de mancha expelida, tanto que era difícil mantê-lo ali dentro, estocando-o dentro de si, quase sentindo que poderia gozar novamente, pois seu pau ainda estava duro. Jimin babava, entorpecido com o próprio prazer e só deixou que Jeongguk o virasse de lado e metesse bem gostoso, até que sentisse a glande aumentar e o nó se aproximar.
As peles se encontravam, causando um barulho erótico. Jimin tentou virar o rosto para trás e os gemidos de Jeongguk começaram a ecoar dentro da sua boca, rápidos e melosos, até derreter-se dentro de si e puxá-lo com força pela cintura, atando o nó bem fundo e preenchendo-o com a porra quente.
Ainda respirando atravessado, Jeongguk sabia que o pau de Jimin implorava por atenção, tão duro em sua mão. Beijava-o gemendo, as línguas em uma mistura de chocolate, maracujá e ameixas negras. Jimin mal podia acompanhar o beijo, pois a mão de Jeongguk o masturbando era tão delirante que não tardou a gozar novamente, gemendo manhoso na boca dele.
Abraçaram-se com as respirações afoitas e Jimin tinha quase certeza que não conseguia sentir as pernas. Tudo foi se acalmando com beijinhos na sua nuca e lambidinhas na sua glândula de cheiro. Quanto mais tempo passava com o pau do alfa enterrado dentro de si, mais queria prolongar o momento, pois aquilo era tão gostoso, a pressão que sentia lá no fundo, que se parasse para pensar demais, recomeçaria tudo de novo e aquilo não teria um fim.
— Não gosto dessa posição para o nó — comentou, sentindo Jeongguk se desenroscar do abraço e apoiando-se sobre o cotovelo para olhá-lo melhor.
— Por quê?
— Porque eu não consigo te ver direito. Nem te beijar.
— Hmmm... — Jeongguk resmungou, chateado, virando o rosto de Jimin pelo queixo e afundando a língua dentro da boca dele. Bem que o ômega queria que os beijos durante o nó fossem com menos tesão, mas começou a achar que Jeongguk também sentia aquela coisinha gostosa durante o encaixe, pois o beijava massageando os seus mamilos, fazendo-o gemer baixinho.
Não foi surpresa para os dois quando o nó se desfez e o pau de Jeongguk saiu duro. Começaram com tudo novamente e só pararam quando a tarde ameaçava iniciar o seu fim. Com os olhos pesados, Jimin olhava para a janela, deitado de bruços, recebendo beijinhos em suas costas. Logo, sentiu o peso da cabeça dele deitada ali, ronronando só por sentir o seu cheiro.
— Não vai embora hoje, não. Dorme aqui e amanhã a gente vai pra universidade juntos — pediu, de repente, e virou-se para olhá-lo nos olhos.
— Ainda está com apego? — Jeongguk perguntou, desconfiado.
— Não. Só não quero sentir saudades do meu namorado.
Jeongguk sorriu e o beijou com o peito apertado só com a ideia de voltar para o mundo real. Não queria voltar para lá, não era um lugar bom.
— Eu posso dormir, sim. — Sentiu um sorriso formando-se nos lábios de Jimin e correu para ver, logo beijando o rosto dele inteiro e mordendo-lhe a bochecha. — Não conseguiria ir embora hoje de jeito nenhum!
— Em pensar que a gente só foi tomar um sorvete... — Jimin disse, fazendo-o gargalhar e abraçá-lo apertado.
No entanto, os barulhos de gente chegando em casa foi o que os motivaram a sair da cama e se arrumarem para ajudarem a preparar o jantar. Dessa vez, Jeongguk se lembrou de colocar uma camiseta e lavou a louça com menos detergente. Comeram o resto do bolo e escutavam as histórias de Yeri sentados no sofá da sala, até que Yuna sentiu sono e resolveu subir para o quarto, Yeri foi logo depois.
Jimin se olhava no espelho de moldura provençal, em um dourado envelhecido. Arrumava o cabelo e observava as pequenas manchas na pele quando Jeongguk chegou por trás, abraçando os seus ombros. Olhando o reflexo dos dois na imagem, não pensou direito, apenas pegou o celular do bolso e começou a tirar fotos dos dois abraçados, com o nariz afundado no pescoço dele e até selando os lábios do ômega, bem rapidinho. Aquela casa era toda instagramável e não ficou surpreso quando viu o resultado das fotos.
Deitado na cama, Jeongguk ainda olhava para as fotos e testava alguns efeitos granulados quando disse:
— Acho que vou postar.
— Tem certeza? — Jimin voltava do banheiro e se juntou a ele na cama. — Sua mãe vai ficar sabendo.
— Minha mãe nem me segue no instagram, acredita? — Jeongguk bufou, negando com a cabeça.
— Ah, você que sabe... — Jimin começou a programar o alarme para o dia seguinte e deixou o assunto para lá.
E naquele silêncio demorado e confortável, Jeongguk escreveu uma legenda com todo o coração, querendo gritar para o mundo inteiro que amava alguém.
"Não sei o que aconteceu na nossa última vida juntos, mas foi forte o bastante para que pudéssemos nos reencontrar agora. Também não sei porque precisamos de uma segunda chance, mas vou dar o meu melhor pra te amar bem direitinho dessa vez. Amo-te! #imprinting"
•───||───•
oieee
esse capítulo foi bem 🥵 kkk
me digam qual foi a cena preferida de vocês!
beijos e até sexta que vem
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