05. Os segredos do Estúdio 13
#BruxinhoFofinho
🖤🌕🍃
×───►───×
— Fala, pirralho. — Era assim que Yoongi atendia todas as chamadas de Jeongguk, que ligava porque sabia que o amigo não era de olhar o aplicativo de mensagens com frequência.
Ainda era noite de quarta-feira e Jeongguk estava deitado na cama, de corpo fresco, cheirando ao sabonete que substituiria a fragrância natural do seu lobo por algumas horas. Depois do que Jimin disse sobre sabonetes industriais, sentia-se enjoado de ter qualquer cheiro, menos o seu.
— A gente tem a mesma idade, cala a boca. — E essa era a mesma resposta que Jeongguk dava ao escutar a palavra "pirralho", com algumas alterações, mas sempre entregando tudo o que Yoongi buscava: a sua irritação. O que só piorava quando ele dizia que deveria ser chamado de hyung por ter nascido alguns meses antes, Jeongguk só deixara de revirar os olhos porque tinha medo de que eles nunca mais voltassem para o lugar devido à alta frequência daquela ação.
— O que você quer? Eu tô no bar com o pessoal agora — disse, com a voz meio abafada pelas vozes que conversavam animadas ao seu lado.
— Pela Grande Lua Cheia, Yoongi. Hoje é quarta-feira.
— Já apresentei o meu trabalho, agora é só curtição. — E soltou aquela risada de quem estava feliz por ainda ter dois dias naquele lugar maravilhoso. Yoongi estava na cidade mais universitária do país, onde todo jovem sonhava em estudar, a cerveja era barata e os bairros eram repletos de repúblicas. — Você deveria ter vindo, o pessoal daqui é muito legal.
— Se eu tivesse ido, não teria conhecido a minha alma gêmea. — Jeongguk virou-se na cama, olhando para o teto e pensando nos beijos que deu em Jimin.
— Do que você tá falando?
— Tive um imprinting.
— O QUÊ? — Yoongi gritou e o estrondo de uma cadeira sendo arrastada ecoou na linha telefônica, como se ele tivesse se levantado de súbito. — É sério?
— Mas é claro que sim, nunca brincaria com uma coisa dessas, você sabe. — Yoongi não sabia das preces na praia, só Jimin. Só sabia da recusa do lobo de Jeongguk e dos supressores. Por diversas vezes, chamou a atenção dele para os riscos de usar a medicação por tanto tempo, mas também entendia a dor dos cios solitários e, então, a conversa ficava por isso mesmo.
— Pela Grande Lua Cheia... — E Jeongguk ouviu a voz de Yoongi um pouco embargada, seguidas de algumas fungadas.
— Você tá chorando?
— Eu tô um pouco bêbado, ok? — disse, alterado. — Mas quando isso aconteceu?
— Na segunda-feira.
— E você só me conta hoje, seu ordinário? A coisa mais legal que aconteceu na sua vida, depois de me conhecer, e você me esconde?
— Eu não escondi nada, só esqueci de te contar. As coisas andam bem intensas por aqui, tá bom? — Jeongguk analisava os recentes acontecimentos e era como se um ano inteiro tivesse se passado. — E eu preciso da sua ajuda.
— Pode mandar — Yoongi disse, andando para longe das dezenas de mesas de plástico que cercavam o bar.
— Promete que não vai desligar o telefone na minha cara e deixar de ser o meu amigo? — perguntou, não pela primeira vez na vida.
— Minha nossa, prometo, Jeonggukie. — E toda vez que isso acontecia, Yoongi o chamava pelo apelido carinhoso porque era o máximo que conseguia fazer para demonstrar o seu amor, além de frequentar a praia lotada em dias de fim de semana.
— Então... É que... — Jeongguk coçava a testa, pensando nas melhores palavras, mas não conseguia pensar em nada que pudesse amenizar o que diria.
— Fala logo!
— Tá! — Respirou fundo antes de dizer e acabar não explicando nada. — Eu vou passar o cio com ele, começa nessa sexta e eu não sei o que fazer.
— E o que você quer que eu faça? — Yoongi se sentou no canteiro de uma loja já fechada, com a maior interrogação estampada nas rugas da sua testa.
— Será que você poderia me dar uma descrição detalhada de como essas coisas funcionam?
— Não, não posso — respondeu, seco.
— Ai vai se foder, o que custa? — Jeongguk choramingou e bateu as pernas no ar. Se Yoongi se recusasse mesmo a fazer aquilo, não sabia para onde podia correr.
— Vai na direção que o seu lobo apontar e vai dar tudo certo, porra. — Yoongi gritava na rua vazia, o furdunço mais a frente sequer era escutado. — Vocês já se pegaram? — Mas a curiosidade ainda era presente e ele não conseguia deixar de se preocupar.
— Aham, hoje.
— E como foi? Já fez coisas que achou que não sabia?
— Acho que sim. Quando eu vi, as minhas mãos já estavam lá... Mas não sei, agora me peguei pensando em tudo o que aconteceu e parece que era o meu lobo no comando e eu não queria que fosse sempre assim, queria que o Jeongguk, a parte humana, tivesse certa experiência, sabe? Porque o meu lobo diz pra eu enfiar o dedo lá, mas, e aí, eu posso mesmo? Será que tudo o que aconteceu foi bom mesmo?
— Puta que pariu, eu não acredito que eu deixei uma ômega linda na mesa pra ouvir uma coisa dessas. Você tá falando sério?
— É claro que eu tô falando sério, cacete — Jeongguk respondeu, alterado, no mesmo tom que Yoongi usava consigo. — Você acha mesmo que eu ia puxar esse assunto com você se eu não estivesse desesperado?
— Por que não assiste um pornô, caralho?
— E contribuir com a indústria que sexualiza alfas e ômegas? Mas nem fodendo, já sofremos muito nas mãos do betas.
— Ai tá... — Yoongi suspirou, convencido. — Promete pra mim que não vai ficar de pau duro depois de ouvir tudo o que eu falar?
— Eu tô tenso, Yoongi. Se tem uma coisa que o meu pau não vai fazer é subir.
— Ok, então vamos lá. — Suspirou antes de começar. — A primeira coisa que você precisa aprender é como deixar tudo molhado.
•───||───•
Ainda era manhã, mas Jimin não tinha que dar aulas na quinta-feira e, por isso, podia ir para a universidade com as roupas que quisesse. Olhava-se no espelho de corpo inteiro do seu quarto, as meias pretas chegavam até os joelhos e uma camiseta preta simples cobria o seu torso, mas Jimin ainda tinha suas dúvidas sobre a saia colegial preta com correntes na cintura.
Não era uma saia nova, não seria surpresa para os seus amigos e colegas verem ele a vestindo, mas as suas intenções ao pegá-la na gaveta naquela manhã eram completamente obscenas e ele tinha medo de ser descoberto. A leitura de mentes era algo inexistente, mas Jimin puxou a saia para cima e viu a sua bunda exposta pela cueca fio dental e temeu que um vento traiçoeiro acabasse com os seus planos. A saia não era de voar à toa, mas, mesmo assim, checou a previsão do tempo e viu que não havia nenhum vendaval para se preocupar.
Já não podia reclamar da falta de romantismo e inocência do seu primeiro beijo, pois não era como se estivesse indo de saia para a universidade com planos de fazer um piquenique debaixo de uma árvore. Jimin queria mesmo era ficar sozinho com Jeongguk no estúdio 13 e ver o que aconteceria.
Fez o caminho do prédio de música até a fila do bandejão de Artes sabendo que Jeongguk esperava por ele, pois trocaram mensagens pela manhã, e aquilo parecia tê-lo deixado ainda mais nervoso. Vê-lo encostado naquelas típicas mesas que existiam em frente ao restaurante sempre parecia uma cena de filme adolescente. Ele estava olhando para o celular e o cabelo liso desfiado voava com a brisa leve do meio-dia. Alguma coisa naquele corpo musculoso deixava a camiseta branca e larga que vestia incrivelmente bonita, mesmo que ela parecesse ter sido cortada do jeito errado, porque as mangas passavam dos cotovelos, mas não chegavam aos pulsos, fazendo Jimin ter a certeza de que só Jeongguk ficava bem naquilo.
Nem foi preciso se pronunciar para que o alfa soubesse que estava chegando, seu cheiro já fora gravado e ele conseguia captá-lo a alguns metros de distância. Entreolharam-se com sorrisos de dentes expostos até que Jimin finalmente estivesse à sua frente e os dois pudessem se abraçar bem apertado e magicamente, o coração do ômega parou de bater tão acelerado, pois o cheiro de sândalo o deixava embriagado, não conseguia sentir nada além de uma imensa calmaria.
— Que saudade do meu bruxinho — disse Jeongguk, ronronando em seu pescoço. Jimin não conseguiu responder nada além de "eu também senti saudade do meu gatinho", bem baixinho, porque ninguém mais podia saber que os dois eram tão bregas e que estavam assim mesmo que tivessem se visto no dia anterior.
E Jeongguk fez o mesmo de sempre quando se abraçavam daquele jeito: acariciou o pescoço de Jimin com o nariz até a bochecha em uma trilha de beijinhos, mas quando chegou bem pertinho da boca, não se contentou somente com o cantinho. Selou os lábios carnudos com as mãos grandes pousadas carinhosamente na mandíbula dele. E o beijo aprofundou-se lentamente, os olhos fechados esqueceram-se do mundo ao redor e suspiros eram soltos toda vez que as línguas se encontravam naquele enrolar gostoso e viciante.
Se as pessoas soubessem que eram almas gêmeas se beijando, que um amor interrompido em vidas passadas reencontrava-se todos os dias em restaurantes universitários, talvez parassem para fotografar, repórteres pediriam uma entrevista e o reitor da universidade entregaria uma medalha com um significado qualquer. Porque imprintings eram altamente valorizados e mesmo que Taehyung soubesse de toda a verdade, cutucava o ombro de Jimin como quem se importava muito mais com a própria fome.
— Será que vocês poderiam parar de se engolir pra gente entrar no restaurante e engolir alguns kimbaps?
Jimin ouviu a pergunta, mas estava tão envolvido dentro da boca de Jeongguk que a voz grossa do amigo parecia bem longe dali. Ele foi abrindo os olhos, soltando lentamente os lábios que estavam entre os seus dentes e deu de cara com Taehyung arqueando as sobrancelhas.
— Oi, tudo bem? Bora comer ou vocês vão se comer primeiro?
— Já entendi — respondeu Jimin, seco e malcriado, pegando na mão de Jeongguk e andando em direção à fila que só crescia.
Taehyung revirou os olhos, mas achou graça dos pares de bochechas vermelhas que foram voltando à tonalidade normal depois que comentou que realmente teria kimbap como uma das opções e Jeongguk acabou jogando charme na tia que distribuía as porções.
— Mas tia, só tem 3 aí, a próxima pessoa não vai se contentar só com isso e vai ter de esperar do mesmo jeito — disse, com aquele olhos pidões que conquistavam todo mundo.
E a tia, de coração mole, não conseguiu evitar, suspirou profundamente e colocou o restante no prato do alfa, que curvou-se em agradecimento do jeito que dava com a bandeja em mãos. Logo, virou-se para Jimin e Taehyung e avisou que procuraria uma mesa enquanto as novas porções não chegavam.
— Até que enfim, hein? — Taehyung disse, na primeira oportunidade.
— O quê? — Jimin perguntou, distraído, seguindo Jeongguk com os olhos só para saber para qual canto ele iria.
— O quê?! — Taehyung repetiu, em desdém. — Argh, vocês beijaram na boca. Estou feliz por você, mas ainda gostaria que tivesse me contado e eu não ficasse sabendo só porque vi a sua língua dentro da boca dele.
— Ai, foi mal. — Tentava falar o mais baixo que podia, não queria falar a palavra imprinting e atrair a atenção de algum curioso romântico, estavam cercados de pessoas que passavam para pegar os outros acompanhamentos e a opção vegetariana. — Mas é que não parece que nos beijamos só ontem, sabe? Essa sensação de que nos conhecemos há mais tempo é irritante às vezes e, daí, a gente se encosta e dá nessas coisas.
— Talvez seja tesão acumulado?
— Jeongguk falou isso depois que eu reclamei da falta de romantismo do nosso primeiro beijo, mas o meu lobo não tem controle sobre mim.
— Mas não é um acúmulo só dos seus lobos, acredito eu. Mas também da parte safada que habita em Park Jimin. E obviamente no Jeongguk também. — Assim que Taehyung concluiu a frase, Jimin logo pensou na ideia da saia, que era única e exclusivamente sua, seu lobo apenas se mostrou imensamente feliz. — Vocês são jovens e os seus lobos te impediam de viver essa parte importante da vida, agora que tá tudo liberado...
— Ah, mas não tá tão liberado assim. Não quero entregar tudo de uma vez — disse, de cenho franzido, o bico nos lábios contrariado.
— Jimin, do que você tá falando? — Taehyung soltou uma gargalhada baixa e controlada. — Seu cio chega amanhã e, além do mais, você tá querendo se fazer de difícil pra sua alma gêmea? Pelo o que eu consegui decifrar da sua língua dentro da boca dele, você tá facinho, facinho...
— Ora, eu tenho até amanhã, muita coisa pode acontecer e, argh, eu só tô... inseguro.
— Sei bem... Mas, assim, segue o fluxo do que o seu corpo quer, pede ajuda pro seu lobo velho e experiente que vai dar certo — disse Taehyung, sabendo que o seu lobo, nada teimoso, vivia a primeira vida e muito bem.
— E se eu fizer algo de errado?
— Quem liga? A sua alma gêmea que vai te amar incondicionalmente? A sua alma gêmea que também nunca esteve com outro alguém porque os seus lobos não aceitavam outra pessoa? — Disparou as perguntas e ficou encarando-o com uma sobrancelha erguida. — Jimin, você tá bem demais, muito melhor do que eu que fiz o meu primeiro boquete num carinha do 3° ano que eu nem lembro o nome agora, mas ele riu da minha cara e terminou o trabalho sozinho.
— O nome dele era So.
— Às vezes eu esqueço que você sempre esteve na minha vida. Como lembra?
— Porque eu fiquei olhando feio pra ele durante os intervalos e os jogos de basquete até o fim do ano.
— Você é maluco. — Taehyung riu.
— Esse era eu te defendendo. — Deu de ombros.
— Enfim, aproveita esse curto espaço de tempo que vocês têm pra se descobrirem. Fazer pela primeira vez com quem a gente gosta é muito mais gostoso.
— Mas você já tá achando que a gente vai fazer...!!! — Jimin arregalou os olhos, alarmado.
— Eu disse "fazer pela primeira vez", insira aqui qualquer coisa que você nunca tenha feito. É você que tá pensando demais naquilo. — Taehyung olhou ao redor só para saber se tinha alguém atento naquela conversa e para ver se a tia repositora de bandejas já estava voltando com mais kimbap.
— Talvez seja porque meu cio chega amanhã, vai saber! — disse, irônico.
— Você vai estar dopado de tesão, não vai ser completamente você lá o tempo todo, então relaxa e tenta estreitar os laços com Jeongguk. Te garanto que vai ser muito melhor.
— Eu vou sair fora do ar? — perguntou, com aquela cara de quem está tentando imaginar como tudo acontece antes mesmo de acontecer.
— Se a conexão de vocês for muito forte, o alfa também deixa o lobo no controle e a experiência é muito boa. Eu e Namjoon já estamos nesse nível.
— Por falar nisso... — Jimin encontrou uma deixa, inspirando-se em Jeongguk que sempre sabia como sair das situações, mas ele queria mesmo era entrar em uma.
— Opa, o kimbap chegou! — Aparentemente, o mundo estava repleto de deixas e Taehyung tinha a sorte ao seu lado.
Finalmente serviram-se e Jimin não demorou a encontrar Jeongguk, seu nariz já o farejava com facilidade, e seus passos automáticos o levaram em direção a uma mesa nos fundos do restaurante, mas, se caso estivesse gripado, era só procurar pelas janelas. Jeongguk sempre sentava perto delas devido ao costume de preferir o ar puro ao cheiro fétido de vários ômegas juntos, assim como Jimin evitava os de alfas.
— Você não comeu ainda, gatinho? — Jimin perguntou, olhando para o prato dele cheio.
— Estava esperando vocês. — Na verdade, Jeongguk comeu um kimbap, mas arrependeu-se enquanto o mastigava, vendo os ômegas ainda de pé esperando. O que não deixava a sua ação menos nobre.
— Ai, mas você é muito fofinho. — E Jimin o encheu de beijinhos, segurando-o pelas bochechas e Jeongguk tentava manter a boca fechada para que o seu hálito de legumes e arroz não fosse sentido.
— Na verdade, eu comi unzinho — confessou, não se aguentando.
Taehyung mastigava, olhando-os sem muita emoção. Se Namjoon estivesse ali, talvez pudessem fofocar sobre os dois só por diversão, mas brigaram e ele não sabia se tinha volta. E se questionou se sentia a falta dele só porque estava sendo a vela do casal imprinting, ou se realmente o queria ali, compartilhando o almoço e conversas bobas.
Suas perguntas foram respondidas quando o viu surgir naquele corredor de mesas, o cheiro de cedro parecia procurá-lo e o coração ficou magoado quando Namjoon fingiu que não o viu e sentou-se com um outro grupo, do lado oposto de onde estavam.
— Odeio quando ele se junta com os alfas da música — comentou, não esperando que fosse ouvido, mas o casal à sua frente estava agora só comendo.
— Por quê? — Jeongguk perguntou, curioso.
— Porque eles são uns babacas.
— E você se importa? — perguntou, novamente, colocando um kimbap dentro da boca e empinando o nariz.
— Ih, vem cá, eu te conheço? — Taehyung tentou fugir das perguntas do alfa, mas Jimin o olhava, esperando uma resposta. — Eu não sei, ok?
— Não sei porque você surtou, não é como se estivesse saindo com outras pessoas. — Jimin provou o suco de maracujá e só um lado do seu rosto se contorceu devido a acidez. Estava uma delícia.
— Porque eu estou com preguiça de conhecer pessoas novas agora. E quando eu estiver motivado? Não quero que Namjoon seja uma pedra no meu caminho. — Olhou para o lado e o viu sentado em uma cadeira na ponta da mesa, ele parecia deslocado ali, com todos aqueles alfas falando alto e de boca cheia.
— Talvez você esteja com preguiça de conhecer pessoas novas porque já tem Namjoon, que preenche todos os espaços que você acha que precisa preencher, talvez seja bom se afastar um pouco, já que não sente nada por ele. — Jimin jogou verde, falou cada palavra atentando-se as feições de Taehyung, que não conseguia parar de olhar para a mesa de Namjoon.
— E não sinto mesmo. — Suspirou por fim, colocando dois kimbaps na boca para não falar mais nada.
Quando saíram do restaurante, a fila dava voltas na parte cimentada do gramado e Jimin avistou a cabeleira rosa de Jin, mas ele não o viu. Seus passos eram lentos em direção aos prédios de música, Taehyung e Jeongguk papeavam sobre as praias da cidade e Jimin só conseguia pensar no que aconteceria quando estivesse a sós com o alfa no estúdio. E principalmente, se o nervosismo o deixaria à vontade para fazer algo além de beijá-lo.
E, quanto tempo teriam? Se Jin tinha prova, passaria lá para pegar a guitarra. Não sabia dos horários de Namjoon, mas duvidava que ele aparecesse por lá estando brigado com Taehyung. E Jimin tinha a prática de composição para fazer, precisava entregar algo no fim da próxima semana, mas a música havia parado na parte confusa dos seus sentimentos, nenhum acorde sobre a certeza de estar seguro com a sua alma gêmea foi escrito.
Ele e Taehyung escovavam os dentes em silêncio, outros ômegas esperavam para usar a pia e não podiam demorar muito. Do lado de fora, Jeongguk já esperava pelos dois, mas Taehyung disse que tinha algumas aulas para dar no Núcleo de Música e logo eram só Jimin e Jeongguk, andando lado a lado em direção ao estúdio 13.
Jimin entrou e avistou a Stratocaster rosa de Jin, com palhetas e folhas rabiscadas jogadas no chão. Ele deu algumas aulas e tentou estudar um pouco antes do almoço e se atrasou, atrasando também os amassos de Jimin e Jeongguk.
— Acho que Jin ainda vai aparecer por aqui — disse, suspirando enquanto se abaixava no chão para colocar a guitarra dele dentro da capa e as paletas encaixadas entre as cordas e o braço do instrumento. Dobrou as folhas e as colocou no bolso externo da capa, perguntando-se: se queria apenas uns amassos, por que se incomodava de ser interrompido? Onde a sua saia permitiria que as mãos de Jeongguk alcançassem? Sentia-se como um adolescente, mesmo que na noite anterior Jeongguk já tivesse pressionado a sua entrada e sentido-a pulsar contra os dedos. Era ridículo.
Jeongguk sentou-se no sofá e tirou um caderno fino da mochila, um estojo amarelo mostarda e um macbook prateado. Jimin sorriu para si mesmo, ainda surpreso de ver as coisas que ele tinha e perguntou-se quando poderia comprar um daquele para si, com o próprio dinheiro. Conhecia o computador porque era o que os professores de produção musical recomendavam e Jimin tinha vontade de tentar fazer as próprias coisas.
Perguntou-se muitas coisas na última meia hora e a grande maioria estava relacionada a sexo e ficou feliz de saber que a riqueza de Jeongguk o fez pensar em outra coisa, mesmo não sendo uma tão boa assim.
— Vai estudar, bruxinho? Se incomoda se eu tentar terminar um projeto aqui?
— E se eu me incomodasse? Você já começou mesmo — respondeu, rindo, e Jeongguk deu de ombros.
O foco surgiu aos poucos em seus olhos, os dedos começaram a digitar códigos que Jimin nunca saberia o que era por pura falta de interesse. Nem percebeu quando o ômega pegou a guitarra e colocou os fones de ouvido, compondo o resto da música que, naquele ponto, significava bem mais do que a aprovação na aula de composição musical.
Jin apareceu alguns minutos depois, chutando a porta um pouco desesperado, mas feliz ao ver que as suas coisas estavam empacotadas. Assim, colocou tudo nas costas e ergueu o polegar para Jimin, dizendo um "valeu" antes de sair novamente.
Uma hora se passou desde que se sentara no chão para compor, mas não conseguia terminá-la. Como a música era sobre o seu imprinting, achava que deveria concluí-la quando o cio passasse, só esperava que desse tempo de escrever tudo e ensaiar com Namjoon e Taehyung para apresentação. Já conseguia ouvir a bateria suave do amigo e a linha de contrabaixo forte, fazendo os corações dos colegas vibrarem junto às cordas. Estava ansioso para que isso acontecesse logo e sorriu satisfeito, mal percebendo que balançava a cabeça de um lado para o outro, como em uma dancinha de quem acabou de comer a comida preferida.
Jeongguk notou e sorriu com os olhos brilhantes. Jimin podia ser um bruxinho, mas era um bruxinho muito fofo.
— Por que está tão feliz? — perguntou, salvando o projeto e fechando o macbook.
— E por que eu não estaria? — Desligou o amplificador e ajeitou os fones por cima da caixa, logo, levantou-se para sentar-se ao lado do alfa. — A vida é tão boa, sabe? Eu tenho um alfa que vai passar o cio comigo, tenho mães incríveis, um amigo de infância que a cada dia que passa se torna ainda mais meu amigo. Ok, eu sou um guitarrista muito bom em uma banda frustrada, mas acho que isso eu consigo resolver no futuro.
Passou os braços pela cintura de Jimin e o puxou para mais perto, fazendo-o quase se sentar em seu colo.
— E o que você tanto toca nessa guitarra? — Colocou a mão quente sobre os joelhos dele, exposto entre a saia e as meias que não os alcançavam. — É algum segredo por acaso?
— Não é um segredo. — Pensou sobre o assunto. — Ok, talvez seja. Mas só quero que escute quando estiver pronto.
— Se você tocasse sem os fones e dissesse que é de uma banda qualquer, eu acreditaria com toda a certeza.
— Ainda não acredito que você não escute música em uma frequência normal para um ser humano. O que você escuta no banho?
— O barulho da água? — Jeongguk respondeu, realmente levando a pergunta a sério.
— E quando, sei lá... lava o carro?
— Eu nunca lavei o meu carro... — Semicerrou os olhos, um pouco constrangido de ter alguém que fazia isso para si.
— Ah, mas é claro que não. — Jimin jogou-se para trás dramaticamente, deitando-se no sofá, as pernas sobre as de Jeongguk. O sofá não era tão grande assim. — Então, se eu te perguntar qual é a sua tarefa doméstica preferida, você não saberia dizer?
— Não... — Jeongguk apoiou o queixo no joelho dobrado de Jimin, não querendo pensar muito sobre a feição julgadora do ômega. — Você tem uma?
— Eu gosto de arrumar o meu quarto. É bom sentir o ambiente com o cheiro daquela água colorida que a gente dilui na água, sabe?
— Não sei.
— Próximo programa de casal depois do cio: me ajudar a arrumar a casa. Não posso ficar com alguém que não sabe lavar uma louça.
— Lavar a louça eu sei. Já lavei algumas vezes o prato depois de ter jantado, a contragosto de Mary e escondido da minha mãe, é claro. — Jeongguk disse, passando o nariz pelo joelho de Jimin. Era incrível como cada pequena parte dele cheirava a ameixas negras. Podia mordê-lo por inteiro. — Tem certas coisas que são fáceis, não precisa de ninguém ensinar para saber que é o certo a se fazer. — Continuou beijando a pele de Jimin, o tecido da saia escorregou para baixo e de repente, Jeongguk viu coxas grossas e bonitas. Já nem sabia se falava de tarefas domésticas ou de outra coisa.
— Tipo o quê? — Jimin perguntou, tentando não surtar com a ideia de que talvez Jeongguk tivesse visto a cueca fio dental, mas ele parecia muito distraído com o seu joelho. Talvez não tivesse visto nada. Não ainda.
— Tipo trocar os lençóis e toalhas. É algo que eu espero que se passe na cabeça de todo mundo.
— Principalmente na de donos de motéis.
— Com certeza.
E um silêncio surgiu entre os dois e Jimin ficou nervoso. Queria beijá-lo, mas não sabia como começar. Os outros beijos foram naturais e pareciam ter um motivo para acontecer: o primeiro, na despedida e, o de hoje, quando se viram na hora do almoço. Em ambos os momentos, os abraços e os beijos aconteceram porque tinham que acontecer, mas e agora?
— Vem cá, bruxinho — disse Jeongguk, de repente, parecendo ler os seus pensamentos, mostrando que não precisavam de motivos para se beijarem. Podiam fazer aquilo quando e o quanto quisessem. — Chega mais pertinho de mim.
Jimin sentou-se e logo a mão de Jeongguk ficou mais pesada sobre o seu joelho. Seus lábios se encontraram e suspiros foram engolidos, ambos sabiam que era perigoso começar algo sem saber se conseguiriam parar, mas o cio chegava amanhã e Taehyung havia dito que eles precisavam estreitar os laços. O que aquilo significava exatamente, Jimin não sabia, mas era notável que se sentia cada vez mais íntimo de Jeongguk a cada novo beijo e conversa aleatória.
Tentaram manter o ritmo lento, como se não fossem chegar a lugar nenhum daquele jeito, mas ainda era intenso e gostoso. Jeongguk gostava do jeito que Jimin chupava os seus lábios, o labret e de como a língua dele ficava afoita de repente, aprofundando ainda mais o beijo, deixando-o completamente sem ar.
E era nesse momento que Jeongguk procurava pelo pescoço de Jimin. Era gostoso ouvi-lo suspirar e gemer baixinho quando beijava mais forte a glândula de cheiro. Ele puxou os fios da sua nuca quando tentou se aventurar pelas coxas bonitas, subindo a palma e sentindo-o ficar mole em seus braços. Jimin queria aquilo.
Jeongguk soltou o ar pela boca quando percebeu que ele não vestia muita coisa por baixo e logo a carne da bunda preenchia os vão dos seus dedos. Jimin achou que ficaria a marca de tão forte que o alfa o segurava, mas decidiu descontar a dor gostosa mordendo os lábios dele, intensificando algo que já parecia ter perdido o controle, mas não era nem o começo.
Naquela posição, Jeongguk tinha acesso a somente um lado da bunda de Jimin, mas ele a queria por inteiro, queria tanto que o seu pau começava a doer, apertado dentro da cueca box.
— Senta no meu colo — pediu, em um sussurro, e logo Jimin encaixou-se em seu quadril, pressionando a sua ereção ao sentar.
As mãos do alfa foram com gosto por baixo da saia, agarrando a bunda só porque podia e era exatamente aquilo que o deixava desnorteado: Jeongguk podia tocar em Jimin, o lobo dele o permitia e o queria tanto quanto o seu alfa o desejava. E aquela sensação de poder sobre o corpo do outro era instigante e estava o deixando louco.
Beijou a boca de Jimin até que ele precisasse se afastar para respirar e a falta de ar parecia levar um pouco da sua lucidez. Enquanto Jeongguk devorava o seu pescoço e os dedos se aproximavam cada vez mais da sua entrada, Jimin sentia o tecido da cueca pegajoso, pulsando de tanta mancha que escorria. Não demoraria para as pernas ficarem completamente meladas.
— Gatinho — tentou dizer o mais lúcido que conseguiu e Jeongguk murmurou qualquer coisa só para que ele continuasse. — Tô com medo de encharcar a sua calça. — E se afastou para ver o estado do jeans azul claro.
— E o que eu faço? Tiro a calça?
— E-eu não s-sei — gaguejou, levantando-se do colo dele, procurando por algo que pudesse usar para evitar lambança. Será que os betas tinham esse tipo de preocupação? Ser ômega era uma merda, se fosse pensar somente nesse pequeno aspecto. — E se alguém entrar aqui?
— Tranca a porta. Só pra você se sentir mais seguro.
— Tá... — Jimin girou os calcanhares e lembrou de tirar os coturnos. Passou o trinco na porta, o que poderia ser uma boa desculpa caso alguém tentasse entrar, já que, se batessem a porta muito forte, o trinco descia e quem estava fora precisava da ajuda de quem estava dentro. Quando não tinha ninguém lá, réguas entravam pela fresta para puxar o trinco para cima e promessas de que se livrariam daquilo eram exclamadas, mas ninguém nunca fazia nada.
Ligou o exaustor para que os cheiros não contaminassem o lugar e parecia pronto para o quer que fosse acontecer, mas, quando se virou para Jeongguk, a boca encheu de água e suas pernas não hesitaram em sentar no colo dele novamente.
O jeans dele estava abaixo dos joelhos e Jimin conseguia ver o pau grande através da boxer branca. Jeongguk retirou os óculos, puxou a camisa para cima, passando-a somente por trás da cabeça e jogou o cabelo para trás, expondo a testa que voltava a ser escondida pelos fios lisos, lentamente.
— E essa saia, não tem perigo de sujar? — disse, contra a boca de Jimin e sorriram envergonhados com todas as previsões desastrosas que estavam fazendo.
Jimin suspirou antes de abrir o zíper lateral e passar a saia pela cabeça, ficando só de camiseta e cueca. Não estava nos seus planos ficar seminu, mas era tão gostoso sentir o calor da pele de Jeongguk tocando a sua quando voltaram a se beijar mais afoitos.
O jeans de Jeongguk não faziam a menor falta, Jimin conseguia sentir o pau esbarrando no seu e só não o tocou por medo. Estava fácil puxar os tecidos das roupas íntimas que usavam e darem fim naquilo que não saía da cabeça, mas Jimin não achava que era o lugar apropriado para o seu primeiro nó, não porque quisesse que fosse especial, mas porque não queria ter medo de ser interrompido. Queria aproveitar cada minuto daquele momento com o seu alfa.
Jeongguk acariciava a sua barriga e sentia a respiração de Jimin falhar toda vez que chegava perto do cós da cueca, o abdômen ondulava sob os seus dedos e puxar a peça para baixo foi o seu passo seguinte. Jimin sentou completamente em suas coxas e gemeu jogando a cabeça para trás quando o alfa pegou em seu pau e começou a fazer movimentos lentos, olhando-o nos fundo dos olhos, como se sentisse prazer ao dar prazer. Acariciou a cabecinha com o polegar e o beijou languidamente, mal conseguindo acompanhar o ritmo das suas línguas.
Quando Jimin começou a puxar mais forte o seu cabelo e os joelhos pressionavam com mais força o seu quadril, Jeongguk moveu as mãos para a cintura, contornando delicadamente o elástico da cueca, movendo as mãos para trás e enfiando-as por baixo do tecido. Um dos dedos escorregou para o meio e gemeu ao sentir a entrada molhadinha, pulsando com o mínimo contato.
O primeiro dedo entrou sem avisar e sem se dar conta do que fazia, a urgência movia as suas ações. Jimin apertou os ombros dele e a sensação de incômodo era a que conhecia, tão familiar que quando o segundo foi penetrado, ele não esboçou reação alguma, abraçou-o e fungou forte a glândula de cheiro de Jeongguk.
E até então, estava tudo bem, podia aceitar que aquilo era o máximo que receberia ao ser estimulado daquela forma. O problema foi quando o corpo relaxou com a ideia e os dedos de Jeongguk alcançaram o ponto que fez um gemido alto sair da sua boca, um atrás do outro, uma onda mais forte de prazer do que a última e o alfa teve que beijá-lo para abafar a voz bonita de Jimin.
E quando o prazer se tornou tão grande ao ponto de ser insuportável lidar com a sensação desconhecida, Jimin se afastou, a respiração curta ao que olhava para um Jeongguk de olhos arregalados.
— O que foi? Eu te machuquei?
— Não — respondeu, imediatamente. — Eu só... Eu só estou um pouco assustado.
— Com o quê, bruxinho? — Puxou ele para mais perto, distribuindo beijinhos no rosto dele e relaxando quando Jimin o abraçou de volta.
— Eu não sei dizer, mas eu nunca me senti assim. — Respirou fundo e procurou pelos olhos grandes do alfa. — Com você é realmente diferente, mais intenso, escapa do que eu posso colocar em palavras. E eu queria me entregar por inteiro, mas não sei se consigo fazer isso aqui.
— Você quer parar?
— Não, mas me prometa que nós só vamos ficar nisso. Não quero ter o meu primeiro nó aqui, com medo de alguém entrar e nos ver engatados um no outro — Jimin disse, sério, mas Jeongguk riu com a última frase, imaginando a situação constrangedora.
— Eu prometo, bruxinho. — E deu um beijo molhado na boca de Jimin. — Eu prometo que quando acontecer, a gente vai ficar bem grudadinho pelo o tempo que quisermos, tá bom? — Jimin assentiu, mas Jeongguk não parou. Voltou os dedos até a entrada molhada do ômega e manteve o tom de voz baixo. — E daí você vai poder sentar no meu pau, eu vou te foder bem gostoso e você vai gemer bem alto porque perdeu o controle — disse, com o ar das sílabas pronunciadas ricocheteando contra a boca de Jimin e os olhos grudados nos dele, sentindo a mancha escorrer pelos os seus dedos a cada nova palavra. — Você gosta quando eu falo essas coisas? Gosta? — Sabia que sim, mas queria que ele respondesse. Queria que ele não tivesse vergonha de confessar.
— Uhum. — Gemeu em resposta, relaxando as pernas e deixando que os dedos de Jeongguk voltassem a penetrá-lo novamente. — Eu gosto muito.
Não demorou para que Jimin estivesse sentando sobre os dedos do alfa, regendo o próprio ritmo e gemendo na boca dele. Sua resistência a Jeongguk era nula e o cheiro denso de sândalo misturado ao suor dele era único na ponta da sua língua.
O seu último gemido foi como um sussurro, cheio de ar. A boca se abriu em silêncio. Apertou o corpo de Jeongguk contra o seu e gozou na barriga dele, os músculos ficaram rígidos enquanto as pernas tremeram e a ponta dos dedos dos pés se encolheram. Estava mergulhado em uma névoa feita de sândalo e beijou com desejo a glândula de cheiro do alfa, descendo a mão que não agarrava os fios castanhos e libertando o pau de Jeongguk da cueca, masturbando-o do jeito que ele tinha feito consigo antes.
E dentre tantas músicas que Jimin havia escutado, era o gemido de Jeongguk que arrancava um sorriso dos seus lábios e as besteiras que ele falava no pé do seu ouvido deixara ele tonto. Os beijos em seu pescoço eram descontrolados e não conseguiu permanecer de camisa por muito tempo. Jeongguk a arrancou do seu corpo e chupou os seus mamilos sensíveis, sentindo a textura do metal contra a língua quente. Mais mancha escorria entre as pernas do ômega e aquilo parecia um ciclo interminável e viciante. Jimin não queria parar.
Assistiu ao seu mamilo escapar entre os dentes de Jeongguk e se deliciava com os chupões que o alfa deixava, parando somente para jogar a cabeça para trás e gemer quando Jimin aumentou a velocidade dos movimentos, fazendo-o gozar forte em sua mão.
Jeongguk mantinha os olhos fechados e respirava audivelmente, sentindo os beijos em seu peitoral descerem para o abdômen e, então, o peso de Jimin não estava mais sobre suas coxas porque Jimin as beijava, como se o ômega necessitasse beijar cada parte do seu corpo.
— O que eu vou fazer com você, hein bruxinho? Você tá me deixando maluco.
— Eu só espero que isso passe antes de alguém chegar aqui. — Jimin deitou a cabeça na coxa de Jeongguk e fechou os olhos, sorrindo. — A gente tá uma bagunça.
— Você tem, sei lá, lenços umedecidos? — Jeongguk perguntou, jogando para trás os fios de cabelo grudados na testa de Jimin.
— Tenho. — Levantou-se e pegou a bolsa jogada no chão, pegando o pacote e jogando para Jeongguk. Aproveitou e tirou o trinco da porta.
— Posso perguntar por que você carrega isso? — Olhava-o sorrindo, passando um lenço pelo abdômen.
— Você tá pensando besteira? — perguntou, tão incrédulo que até parou de limpar as pernas. — Você por acaso está na puberdade?
— Não é uma pergunta legítima?
— Pra um riquinho feito você, talvez. — Deu de ombros.
— O que isso tem a ver? — Jeongguk perguntou, o cenho franzido.
— Bem, se acontecer algo contigo durante o dia, você pode simplesmente pegar o seu carro, ir para casa, tomar um banho e voltar para cá. Eu não, eu sobrevivo a banho de gato. Às vezes dou aula à noite e não quero ser o professor fedorento. Sabe como é, rockeiro tem essa fama. — E tirou a cueca, enfiando-a em uma sacola e vestindo um microshort.
— Faz sentido, desculpa — pediu, fechando o zíper da calça, já completamente vestido.
— Só vivências diferentes. — Jimin sacudiu a cabeça, sentando-se ao lado de Jeongguk para arrumar o cabelo dele.
— E como você está se sentindo? — Encostou a cabeça no sofá, apreciando o carinho.
— Bem, muito bem. — Sorriu, mordendo os lábios. — Apesar de um pouco suado.
Jeongguk abriu os olhos e sorriu também. Chegou mais pertinho de Jimin e começou a soprar-lhe o rosto, colocando o cabelo dele atrás da orelha, mas o ar que saía da boca era quente e o ômega logo voltou a se aconchegar em seus braços, pouco se importando com o calor que ainda sentia e não moveram um dedo para diminuir a temperatura do ar-condicionado.
— Desse jeito eu vou querer te beijar de novo — confessou Jimin.
— Eu sempre tô querendo beijar você. — E ergueu o rosto dele pelo queixo e o beijou lentamente, sua mão grande envolvendo-lhe a mandíbula e embreando-se no cabelo de Jimin.
Gostava quando os beijos perdiam o controle e as mãos não se aguentavam, a necessidade de senti-lo queimando a ponta dos dedos, mas aqueles beijos calmos faziam ele perceber o que crescia dentro do peito. Sabia que o destino os unira e não havia outro caminho a seguir, mas era bom saber que apreciavam a rota, que a via de mão única não era só acaso, mas a cada dia que se passava tornava-se uma escolha legítima.
Ainda era cedo para fazer afirmações, afinal apenas 4 dias haviam se passado, mas algo em Jimin o perturbava de um jeito bom. Sentia que não precisava tentar agradá-lo o tempo inteiro, não porque sabia que era inevitável permanecerem juntos, mas porque Jeongguk não conseguia ser outra coisa além dele mesmo. Gostou mais de si enquanto estava ao lado dele.
E então, a porta foi chutada e logo Jin estava dentro do estúdio, interrompendo o beijo apaixonado do casal que ele nem sabia que de fato existia.
— Preciso beber — disse ele.
— Aconteceu alguma coisa? — Jimin perguntou, virando-se de costas para Jeongguk, que o abraçou, cheirando o seu couro cabeludo suado.
— Tirei 8 na prática. — E deitou-se no chão, ignorando o exaustor ligado. — Quanto você tirou em guitarra III?
— Dez, mas guitarra é o meu instrumento — justificou-se, sem saber porque estava o consolando. — Quanto tirou em piano?
— Dez, mas eu não sou pianista! A gente quase não toca teclado na banda, é um conhecimento inútil.
— Nenhum conhecimento é inútil — Jeongguk intrometeu-se. — Ainda mais falando de música. Cara, você toca piano!
Jin suspirou e fechou os olhos, tentando acreditar que piano era mais legal que guitarra.
— Jimin. — Fez biquinho, olhando-o com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança. — Manda mensagem no grupo falando que a gente vai pro bar beber.
— Por que você não manda?
— Porque ninguém gosta de mim. Se eu chamar, todo mundo vai me deixar no vácuo.
— Tá, eu vou chamar no privado. — E pegou o celular, procurando pelos contatos.
— Nossa, mas você nem nega que me odeiam. Por que não fala no grupo? Vai falar que eu tô deprimido pra convencê-los, né?
— Ah, mas é claro que não. — A voz irônica não fez questão de negar de novo, começando a digitar uma mensagem para Taehyung.
Jiminie 💞
jin está arrasado por causa da prova e quer beber, você topa?
não vamos ficar muito, meu cio chega amanhã e não quero estar de ressaca.
lembrando que se você não for, eu também não vou
Logo, seguiu para Namjoon.
Park
tem planos para hoje à noite? jin foi mal na prova e quer descontar na bebida, topa ir e escutar ele reclamar da vida?
fiz uma rima podre, parabéns pra mim
•───||───•
— Você vai beber, gatinho? — Jimin perguntou, mexendo no cabelo de Jeongguk e era como se a calçada lotada de mesas, cadeiras e estudantes não existissem. Enquanto esperava pela resposta, não conseguia escutar o burburinho da rua lotada, nem Taehyung chegando e sentando-se ao seu lado.
— Sim, vou deixar o carro dormindo no estacionamento essa noite. Depois a gente volta junto, pode ser?
Jimin assentiu e logo a voz de Taehyung se justificando tomou a sua atenção.
— Desculpa pelo atraso. — E olhou para Namjoon, que erguia uma sobrancelha ao tomar um gole da cerveja gelada. — Apareceu o pai de um aluno na escola e eu tive que dar uma aula introdutória só pra ele. O cara me encheu de perguntas.
— Odeio quando isso acontece. Será que o senhor não pode perguntar para o seu querido filho? — Jin disse, e o primeiro assunto da mesa surgiu. Eles precisavam se reunir algum dia da semana para reclamar das aulas, dos colegas professores e do curso de música em geral.
Jeongguk escutava tudo sem interesse, não era como se entendesse muita coisa e não conhecia nenhum nome das pessoas citadas. Só achou graça quando Jin começou a falar sobre o assunto que os levou àquela mesa de bar, como se precisasse de algumas cervejas para começar.
— A minha vida é tão injusta. — Apoiava as bochechas nas palmas das mãos, fazendo drama. — Eu nem consigo tirar 10 no meu instrumento.
— Guitarra não é o seu instrumento. — Jimin tentou consolá-lo, mas ele não deu a mínima.
— Não ganho tantos presentes no dia dos professores, a minha banda não tem um nome e os membros me odeiam. E eu nem tenho um companheiro de cio que goste de mim. Olha só pra isso! — E apontou para Jimin e Jeongguk, com as mãos entrelaçadas por cima da mesa.
— Mas o nosso caso é diferente, acho melhor você olhar para outros casais de companheiros — argumentou Jimin.
— Se comparar com eles é maldade, Jin — Namjoon disse, erguendo a mão e pedindo por mais uma cerveja, ignorando o olhar intenso que Taehyung o direcionava.
— Diferente como?
— Nós tivemos um imprinting — confessou Jimin.
— O QUÊ?! IMPRINTING? — Jin gritou, atraindo alguns olhares. As pessoas amavam casos de imprinting.
— É... — Jimin assentiu, revirando os olhos depois que Jin surtou ao perceber que era o último a saber.
Ele demorou a aceitar e esquecer o assunto, mas as suas reclamações sobre a própria vida estavam longe de terminar.
— Ok, vamos olhar para outro casal de companheiros de cio que temos aqui na mesa: Taehyung e Namjoon. Vocês se beijam durante o cio? — perguntou.
— Sim — responderam juntos.
— Os lobos de vocês têm a liberdade de ficarem no controle durante o cio? Ouvi dizer que a experiência é quase transcendental.
— Aham. — Entreolharam-se com certo pesar no olhar. Pensar que aquilo se perderia causava um aperto no peito que nenhum dos dois conseguia explicar. Não era só pelo prazer, havia algo a mais que eles não queriam perder.
— E vocês passam por aqueles dias de apego? No qual um não consegue ficar longe do outro?
— Uhum.
— E o que vocês fazem durante esses dias?
— A gente fica junto — Namjoon respondeu, dando de ombros.
— E é constrangedor?
— Na hora não, depois que passa, um pouco — Taehyung disse, bebendo mais um gole da cerveja.
— Como não se apaixonar? — Jeongguk sussurrou no ouvido de Jimin e os dois riram, disfarçadamente.
— Quem é o seu companheiro de cio, Jin? — Taehyung perguntou, tentando mover o foco da conversa.
— Min-ho, da Agência de Companheiros de Cio. Nem sei se esse é o nome dele mesmo — disse, sem muita expressão. — Nunca o achei no instagram.
Naquela noite, descobriram que o vocalista da banda pagava por serviços de companhia e conseguiram ter uma ideia do vazio que ele sentia toda vez que entregava o dinheiro depois que o cio terminava. Sem elos construídos, o único rastro de confiança advinha do contrato que ambos precisavam assinar na agência.
Taehyung olhou para Namjoon e logo soube o que ele estava pensando, balançou a cabeça para os lados numa forma de dizer "não se sinta culpado", mas já era tarde demais. Ele levantou-se da cadeira e seguiu o corredor repleto de mesas, chegando ao fim da calçada e encostando-se no muro da rua vazia.
— É sério, para com isso, Nam — disse Taehyung, que o seguiu. — Se você demonstrar que está se sentindo culpado vai ser pior, ele vai achar que está com pena dele.
— E eu estou mesmo. Ele já me pediu várias vezes pra ser o companheiro dele também e eu nunca consegui porque você não sai da minha cabeça.
— Eu achei que você não gostasse do cheiro dele. — Suspirou e abraçou o próprio corpo.
— Quem não gosta de framboesa? Eu amo framboesa! Mas mel com hortelã é tudo no que consigo pensar.
— Como você pode dizer isso? A gente nunca se beijou fora do cio. — Taehyung virou o rosto, como se as mesas lotadas lá na frente pudessem dissipar o assunto.
— E eu conto os dias pro seu cio chegar porque eu sei que eu vou poder te beijar, que eu vou poder te tocar sem te ver se esquivando do meu toque.
Taehyung ficou parado, sem saber o que dizer. Tirou o boné e jogou o cabelo para trás, colocando-o de novo por puro nervosismo.
— O que vai acontecer com a gente? — Namjoon insistiu. — Eu sei que você não quer falar disso, mas eu preciso saber. Não só porque o meu cio está chegando, mas também porque eu preciso de respostas. Devo começar a te esquecer e seguir em frente? Procurar por outro companheiro?
— Você tá bêbado? — Taehyung perguntou, de repente.
— Eu preciso de muito mais do que isso pra ficar doidão. — Jogou a cabeça para o lado. — E você? Está bem?
— Estou — respondeu Taehyung, como se eles tivessem acabado de se encontrar e Namjoon apenas o cumprimentara.
E antes que o alfa ficasse confuso com as perguntas, Taehyung se aproximou dele e o abraçou pelos ombros, chegando perto o suficiente para fazê-lo perder o ar e beijá-lo com a intimidade que já tinham. As línguas encontraram-se sem cerimônias, mesmo que dentro do peito o coração ameaçasse explodir a caixa torácica.
As mãos do alfa dançavam na linha da sua coluna e espasmos percorriam o seu sistema nervoso. Era bom beijar Namjoon usando somente a parte lúcida de Taehyung e a sua pele arrepiando-se com a mão dele em sua nuca era o que não o deixava negar: podia se apaixonar facilmente por Namjoon, o cheiro de cedro podia não sair da sua cabeça e aquilo poderia não ser um problema.
— Por favor, não quebre o meu coração. Senão eu vou te fazer cantar todas as músicas que eu vou escrever sobre você — Namjoon sussurrou contra os seus lábios.
— Eu não faço promessas sem saber se posso cumpri-las — respondeu Taehyung. — Mas eu nunca faria isso de propósito.
— Certo. "Quebrou o meu coração, mas foi sem querer" será a faixa-título do nosso primeiro álbum.
— Será que a gente pode começar isso sem achar que vai dar errado? — Bateu no peito de Namjoon, sorrindo em meio a bronca.
— Começar o quê? — E Namjoon estufou o peito, olhando-o de cima, de nariz empinado.
— Não me faça dizer a palavra. — Revirou os olhos, afastando-se para olhá-lo melhor.
— Namoro? Relacionamento sério? Compromisso? — Abaixou a cabeça e o puxou para mais perto, juntando as mãos em volta da cintura dele e era como se o ômega estivesse preso em seus braços.
— Não acha que é cedo demais?
— Eu vou ser o seu alfa, Taehyung. Um dia — disse, contra os lábios dele, o ar da promessa que as suas palavras emitiam deixaram o ômega tonto, não conseguindo fazer outra coisa que não fosse beijá-lo, como se o alfa já fosse seu.
Voltaram para a mesa e os outros três já estavam pagando a conta, prontos para irem embora. Quando Namjoon viu que Taehyung iria com Jimin, perguntou:
— Você não quer ficar lá em casa essa noite?
— Preciso dormir no Jimin hoje, o cio dele chega amanhã.
Namjoon assentiu e abraçou Jin pelos ombros, andando para dentro do bairro universitário porque eles moravam em repúblicas perto dali. Os outros foram andando até o ponto de ônibus, conversando sobre sabores artificiais de salgadinhos e, quando chegaram, Jeongguk deu o celular para Taehyung e disse:
— Pede um Uber, meu endereço já está salvo aí. — E encostou-se na mureta do jardim de um prédio comercial com Jimin em seus braços.
— Ok. — E deu as costas, porque os dois começaram a se beijar e ele já estava cansado de ver a língua de Jimin dentro da boca de Jeongguk.
Ver o número de alguma mansão da Ilha do Boi nos endereços salvos foi estranho, colocar uma parada na Cidade Alta ainda mais. Olhou para trás e os dois sussurravam coisas no ouvido um do outro e Taehyung começou a refletir sobre os caminhos não óbvios que o imprinting levava os casais.
Jimin e Jeongguk nunca se encontrariam se não fosse por isso e mesmo assim, vê-los separados não parecia certo. Talvez, a magia não estivesse tão esquecida e observá-los dava-lhe motivos para acreditar naquela coisa chamada amor.
×───||───×
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro