Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 51

G i e n n a h

    3 meses depois 

Através do espelho de corpo inteiro do quarto, eu observei o momento em que Aby prendeu o véu transparente com renda nos meus cabelos. Ela sorria, mas eu conseguia ver suas lágrimas que ela lutava para esconder. Eu ria do seu estado, até porque me sentia leve. Eu estava mais tranquila do que o esperado por todos que corriam a minha volta para os últimos preparativos. Estávamos na casa de Abby e Josh, que já estava bem vazia, porque meus amigos estavam de mudança. Abby não me dizia para onde eles estavam indo, dizendo que era surpresa, mas mesmo assim eu e Thomáz os ajudamos com a mudança durante os últimos meses. Foi um belo trabalho em equipe. Mas bastava eu dizer que estava cansada e com uma leve dor de cabeça para Thomáz dizer que eu já tinha ajudado bastante e que estava orgulhoso de mim pelo tanto de coisas que eu tinha feito, o que não foi muito. Mas pelo menos eu soube fingir bem. Os últimos meses foram cheios de correria pelas provas dos vestidos de madrinha e de noiva, as decorações e mais um amontoado de afazeres. Mas de longe, foram os melhores dias da minha vida. A ansiedade crescia dentro de mim, junto com mais outro sentimento. Eu estava o que poderia dizer ser radiante. Sim, eu estava.

O grande dia do nosso casamento havia chegado, e minha ansiedade não tinha se manifestado durante as últimas horas, mas assim que Abby terminou de fazer os últimos ajustes, que a ficha realmente estava caindo. Eu iria me casar com Thomáz Stanfield, e me tornaria a Senhora Stanfield em poucas horas. Meu noivo me perguntou diversas vezes se eu queria mesmo que o nome dele fizesse parte do meu, se eu não gostaria de ainda ser a juíza Jones, mas eu disse com a maior certeza da minha vida que eu estava disposta a virar a nova página da nossa vida. Eu teria o nome Stanfield, mas ainda seria a juíza Jones.

- Prontíssimo! Simplesmente... – Me virei para a minha amiga, no quarto vazio, apenas nós duas. – Simplesmente linda. Você parece tão feliz, Gie...

Sorri para ela, com uma leve careta. Meu rosto estava com uma maquiagem quase não perceptível, despontando as leves sardas no meu rosto. Eu estava disposta a recriar o sonho que Thomáz dissera ter tido algumas vezes sobre esse dia.

- Eu estou feliz, Abby. Muito.

Uma lágrima escorreu pelo seu rosto maquiado quando ela sorriu.

- E eu estou feliz por você. Muito. – Ela pegou na minha mão, a apertando. – Você merece isso tudo o que está vivendo. Eu fui testemunha que nesses últimos meses você estava incrivelmente radiante com Thomáz e que isso era genuíno entre vocês. Eu consegui ver, não só por ser psicóloga, que nos anos que vocês passaram distantes um do outro, sua energia era outra. Como se faltasse algo, e eu não gostava de ver isso em você. Mas foi vocês se reencontrarem que eu vi esse brilho que apenas um amor pode despertar surgir nos seus olhos.

Eu estava com os olhos marejados quando ela terminou de falar, e sem palavras, a abracei. Forte. Tínhamos chegado até ali, e estávamos mais do que bem. Isso que importava. O resto era o resto.

Abby se desvencilhou do meu abraço e correu para a sua bolsa que estava em cima da única poltrona do quarto branco e vazio, e voltou com um envelope em mãos.

- Isso! Eu já ia me esquecendo. Lembra quando recebemos uma carta de Thomáz em casa e você não abriu? Então, eu guardei, e há alguns dias ele me perguntou se ainda tínhamos a carta e eu disse que sim. Eu tinha guardado nas minhas coisas e a encontrei. Bem, ele me pediu de volta, e em seguida pediu para que eu te entregasse hoje.

Ela me estendeu a carta e eu a peguei, levemente nervosa.

- Ele pediu para que lesse antes de irmos, e também tem uma caixa para você que só poderá abrir, palavras dele, depois que disser sim hoje. Eu também encontrei nas coisas do apartamento antigo. Então nada de trapacear e ver antes da hora. Eu vou levar para o carro e vou estar te esperando lá embaixo.

Com mais um abraço e um beijo no meu rosto, Abby saiu do quarto, me deixando sozinha. Apenas eu e aquela carta. Suspirei e me sentei na poltrona, que estava iluminada por um raio de sol, ajeitando o véu e o vestido. Iríamos nos casar ao nascer do sol, então eu teria que ser rápida. Sem mais delongas, encarei o envelope e li a pequena frase que estava escrita:

Para você ler quando pensar que não me ama mais.

A frase estava riscada com uma linha no meio. Sentindo o meu coração bater com força, virei o envelope seguindo a seta que indicava para virar para o outro lado. Mais uma frase.

Para você ler no dia do nosso casamento, quando tiver certeza que me ama.

Sorri para a sua letra apressada e ao mesmo tempo perfeita, e abri o papel, tirando a carta dobrada de dentro. Um chaveiro pequeno caiu de dentro, na minha mão. O segurei entre os dedos, analisando o G e a pequena balança simbolizando a justiça. Eu não poderia descrever o que eu estava sentindo no momento, lembrando que ele havia feito isso há dois anos. Segurei o chaveiro com força na mão. Respirando fundo mais uma vez, li aquelas palavras de dois anos atrás.

Giennah,

Expressar o que sentimos, às vezes, pode ser o maior desafio para uma pessoa, e para outra, a coisa mais simples e fácil de todas. Se há um meio termo, então eu estou nele, porque se eu pudesse, falaria sobre o quanto você é teimosa e única para mim, o dia todo. O quanto é fácil conversar com você. O quanto foi difícil sair da vida de uma pessoa que você mal teve tempo de dizer Oi, e logo dizer adeus. Eu falaria de você nessa carta até eu mesmo estar cansado de escrever sobre você. Eu quero contar como eu estou, o que tem acontecido na minha vida, até porque também quero saber da sua. Às vezes, em alguns dias loucos, eu acordo com o primeiro pensamento em você. Às vezes, quero contar que sonhei com você, mas a realidade cai como uma luva. Como contarei que no sonho você e eu estávamos no píer do Farol, vendo mais um nascer do sol, e mesmo sem nitidez, eu via você em um vestido branco, longo, e simples, que foi feito para você? Sem frescuras. Você sorria tanto que era incapaz de não fazer o sol querer acordar o mais rápido possível para assistir você. Esse sonho se repetiu, e toda vez que eu acordava e olhava para o lado ou para a parede a minha frente, na qual deveria dividir meu apartamento do seu, percebia mais uma vez que tudo tinha mudado. Até mesmo eu. E acho que você também.

Escrever cartas pode parecer algo do século passado, e pode ser mesmo algo antiquado, e apostaria a minha vida que você pensou o mesmo quando viu que fui eu quem escreveu. Mas eu tive motivos. Apesar de não acreditar ainda que estou fazendo isso (não, eu não estou bêbado), faço mesmo assim. Por você. Você merece alguém que escreva cartas para você. Eu tenho motivos por saber fazer esse tipo de coisa, mas não cabe ao momento dizer quais. Acredito que cartas remetam ao que já passou, dizer o que você já sentiu. Que já quis dizer. Giennah, eu sinto em te dizer, mas eu sou um romântico incurável. O problema é que gosto de dar flores, e você nunca demonstrou gostar de recebe-las. Por incrível que pareça, é o que mais gosto em você: a quebra na expectativa. Você é a típica pessoa que parece uma, mas que quando colocada à prova, se revela ser melhor do que as aparências. Você incendeia tudo, queima o meu peito, fode as minhas sinapses, enrubesce o meu rosto, acelera a minha frequência cardíaca e faz as minhas pernas tremerem quando me toca. Eu estaria mentindo se dissesse que foi um alívio registrar isso nesse papel. Eu poderia amassa-lo, joga-lo no lixo e escrever outra carta. Poderia riscar com a caneta os meus sintomas quando a causa deles é você. Poderia até mesmo dizer que foi exagero meu. Mas as palavras não estiveram muito entre nós desde que nos conhecemos.

E você já reparou que constatações sobre o amor sempre serão diferentes, mas no final, querem dizer a mesma coisa, só que com palavras diferentes? Quando eu lia livros, sempre reparei isso, como em um teste em que o professor pede um resumo sobre algo, para você fazer com as suas palavras. O amor é uma palavra única, Giennah, só que escrito em palavras diferentes por aqueles que tem a sorte de senti-lo. E eu tive. Com você. O amor tem descrições diferentes. Sinto como se todos que o sentem, fossem soldados voltando da batalha, contando para os que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer, e ver o que os soldados viram, e descrevendo as sensações, os cheiros, a beleza, a dor, o medo, a tristeza. Até outro guerreiro voltar da batalha e descrever o que viu, com outras palavras. Com outra visão. É isso o que eu imagino, Giennah. E é isso o que eu sinto: uma coisa diferente de qualquer outra descrição em livros ou até mesmo de pessoas. E eu sinto sua falta. Muita.

Se eu já pensei de forma egoísta em ir atrás de você? Sim, já passou pela minha cabeça. Nesses últimos dias tentei focar em outras coisas, mas não consigo passar um dia sem lembrar do gosto do nosso último beijo. Tem até uma garota que tem dado em cima de mim, mas ela não é você. Ela não tem o seu cheiro. Ela não sabe me ler como você sabe, do tipo que sabe que vou aceitar qualquer coisa que você me propor. Porque eu juro, que se você pedisse para eu pular de um penhasco com você, eu faria. Eu vi que você era encrenca desde o dia em que nos conhecemos. Sabia também que você não se intimidava fácil. Você era o diabo em pessoa, Giennah Jones. E sabia disso. Acho que eu aprendi a te ler também. Porque eu sabia que você estava me deixando naquele dia em que cantei a música que eu fiz para você, naquele bar, naquela noite, naquele instante em que você saiu correndo sem olhar para trás. Eu não aguentei a pressão de ver você correndo e saindo da minha vida.

Você ainda está em mim, em cada parte do meu corpo. Ainda te sinto. Ainda te quero. Ainda te desejo. Ainda te amo. Não quero mais ninguém. Nem beijo mais ninguém. Ainda não consigo. Você me arruinou para qualquer outra. Tenho em mente que não me relacionarei tão cedo, amorosamente, com alguém. Sei que outra pessoa te arruinou para outros também, mas às vezes era para isso acontecer, para que nos conhecêssemos. Prefiro pensar assim do que refletir que precisaram te magoar para que nossos caminhos se cruzassem. Sei que você me ama, Giennah. Isso não tem como negar. Eu sempre fui bom em ler pessoas, e eu vi isso nos seus olhos. Saiba que eu não irei mandar mensagens. Não irei descumprir com o espaço que eu prometi te dar. Mas a única maneira de você saber que eu ainda estou aqui e que não desisti, era dessa forma brega e antiquada.

Então, se um dia você decidir me procurar, saiba que estou em Los Angeles, e que nunca sairei daqui. A não ser que as coisas mudem para nós dois. Comprei uma oficina, como um galpão. Ela ainda está sendo reformada, mas é tudo o que eu sempre sonhei, Giennah. Você não sabe o quanto eu desejo, todos os dias, dividir a minha felicidade com você. Imaginar você aqui é realmente um sonho. Você é uma das razões pelas quais eu tive coragem de seguir o meu sonho. Você foi o maior motivo. Por isso, se um dia você cogitar me reconquistar (porque por sua casa, acabei sendo influenciado a dar uma de difícil), saiba que o galpão e oficina de motos se chamará BESOUROS. Acho que você se lembra do apelido que deu para as motos, não?

Acho que minha ''pequena'' carta acaba aqui. Acabei percebendo que nunca me cansaria de escrever sobre você. Se eu pudesse, poderia até escrever um livro sobre você. Nossa história começou como vizinhos, a primeira música que fiz para você, remete a isso. Você se imaginaria sendo protagonista de Neighbors, Giennah? Porque eu sim. Eu seria até mesmo o Noah de Diário de uma paixão, se você fosse a minha Allie. Eu seria o Corcunda de Notre Dame, por você. Eu te conheci, e não vou deixar você escapar tão fácil, Giennah Jones.

Sempre seu,

Thomáz.

Eu estava com o rosto molhado assim que terminei de ler a carta, e sorria tanto que meu rosto poderia ficar fixo naquela expressão para sempre. Dobrei a carta novamente e passei os dedos pelo papel, vendo minha aliança de noivado na mão direita. Eu poderia imaginar centenas de recomeços, mas nunca teria imaginado tanto. Tanta felicidade e amor. Eu o amava, com tudo de mim, e eu sabia que ele sentia o mesmo. Esse era o segredo: a reciprocidade, a confiança. Eu poderia dizer que agora eu sentia tudo completo, no seu devido lugar. Thomáz conquistou a minha confiança, mas já tinha o meu amor. E aprendemos juntos que relacionamentos não são completos apenas com amor. É muito mais do que isso, e construímos tudo com o tempo, por mais que tenha demorado. Foi no tempo certo, e agora, eu olhava para o meu reflexo no espelho e me via completa, feliz, amada, confiante. Eu me sentia. Sentia a Giennah que eu deixei para trás, e a Giennah que eu tinha me tornado. Passei as mãos pelo vestido branco e simples que ia até o meu tornozelo, descendo soltinho da cintura para baixo. Pelo que Thomáz dissera, seria bom um vestido prático, mas apenas se eu concordasse. Eu não poderia ter escolhido o modelo mais perfeito. Os saltos eram brancos e mais altos do que eu estava acostumada, mas me deixou elegante. O véu descia até a barra do vestido, preso no meio dos meus cabelos. No pescoço, apenas um colar de prata com um pingente em gota que Thomáz me dera no dia anterior, dizendo que tinha passado em frente uma loja e pensou em mim. Depois, ele disse que pensava em mim o tempo todo, e só usou isso como desculpa para comprar algo pra mim antes do nosso casamento.

Suspirando mais uma vez de felicidade, segurei o chaveiro e o prendi no meio do buquê de flores, carregando junto de mim algo do passado, que fazia parte de nós dois, de alguma forma.

Com a ansiedade batendo e o nervosismo se fazendo presente, abri a porta do quarto e desci as escadas.

...

O carro estacionou um pouco antes do Píer, mas eu já podia ver as cadeiras com todos os convidados já sentados. Acima, presas por um suporte de madeira de cor clara, fitas transparentes nos tons rosa e branco estavam presas nas pontas, deixando-as frouxas e esvoaçantes com o vento. Algumas flores estavam dispostas nas cadeiras do corredor, brancas e laranjas, combinando perfeitamente com o céu que já estava pintado com as cores do nascer do sol. Abri a porta do carro e desci, ajeitando o vestido. Abby foi na frente para anunciar a minha chegada. De onde eu estava, podia ver Thomáz em um smoking elegante e sem gravata, com o primeiro botão aberto. Usava uma calça social preta e justa nas coxas, com um sapato igualmente elegante e brilhoso. Suas mãos estavam nos bolsos da calça, e seu queixo tremia levemente. Tremia de uma forma que eu conseguia ver de onde eu estava. Mas as vezes cessava e voltava a tremer. Assim que ele olhou para a frente e viu Abby passar pelo Píer, seu queixo parou de tremer e ele endireitou a postura, ainda com as mãos nos bolsos. Eu conhecia o meu futuro marido e sabia que aquela postura iria desabar no momento em que ele me visse. Ele tentava fingir que não estava nervoso pelo grande dia nos últimos meses, mas eu podia sentir que era o contrário. Respirando fundo pela última vez, caminhei até o Píer. A brisa batia no meu rosto, agitando de leve os meus cabelos e arrepiando a minha pele. Levei uma mão na barriga, acariciando, sentindo o nervosismo. No segundo seguinte, eu estava no início do caminho que me levava até um Thomáz nitidamente nervoso que demonstrava estar seguro. Eu amava isso nele. Meu pai me esperava, sorrindo, pronto para me levar até ele. Sem dizer uma palavra, ele me deu um beijo na testa e segurou o meu braço. E então a música começou. I Wanna Be Yours instrumental tocou alta e vibrante, enquanto eu caminhava até o juiz e Thomáz. Escolhemos essa música pelo simples fato de ela selar tudo, ter nos marcado e por lembrarmos um do outro sempre que ouvimos.

Eu não olhava para ninguém, apenas o homem a minha frente que tinha começado a chorar e a sorrir ao mesmo tempo. Eu sentia que o mesmo estava estampado no meu rosto quando o alcancei. Ele tomou minha mão e cumprimentou o meu pai. Seu olhar grudou no meu, e o vi sussurrar "Você está linda". Sorri em resposta. Entreguei meu buquê para Abby, e me concentrei nas palavras do juiz a minha frente. Alguns minutos depois, virei de frente para Thomáz, para os votos. Ele começaria. Seus olhos não desgrudavam de mim, e estavam doces, brilhantes, na minha direção, analisando todo o meu rosto. Eu o olhava da mesma forma. Com um suspiro, ele começou:

- Giennah. Eu não sei direito como começar isso, mas também não quis decorar nada. As melhores palavras saem de coração pra coração, então é isso o que eu vou fazer. Você virou o meu mundo de cabeça pra baixo. Mudou tudo. Mas eu só fui capaz de ver que precisava mudar, quando eu bati na sua porta naquele dia. Você é tudo o que eu sonhava, mas na verdade, você é muito melhor que um sonho com perfeições. E é isso que você me ensinou, meu amor. Você fez eu me apaixonar pelas minhas imperfeições, aceita-las, assim como eu passei a amar as suas. Na verdade, os seus defeitos, como dizem, é que me fazem te ver como única, perfeita, para mim.

Ele soltou minhas mãos com delicadeza e se afastou, ainda me olhando nos olhos, que estavam embaçados pelas lágrimas a essa altura.

- Como eu sempre preferi sentimentos em forma de música, eu vou cantar uma que eu fiz sobre tudo isso que eu e você nos tornamos. Sobre como eu te amei mais do que eu poderia imaginar.

Um banco alto estava disposto no canto direito de onde o juiz estava, com um violão apoiado na lateral. Como eu não vi isso? Provavelmente eu estava tão focada no homem que me esperava no altar, que não foquei em mais nada. Ele sentou no banco e pegou o violão. Josh trouxe um microfone com suporte e o colocou na frente de Thomáz. Com uma perna na lateral inferior do banco e outra tocando o chão, meu noivo olhou para mim, sorrindo suavemente. Alguns convidados filmavam, outros arquejavam e sussurravam, mas eu não ligava para anda agora. Meu foco estava todo em Thomáz. Ele piscou um olho para mim e começou a cantar e dedilhar o violão.

Eu pensava que tinha tudo

Pensava

Eu poderia ir ao espaço, sequestrar estrelas, e voltar para dá-las a você

Eu poderia te dar o mundo, porque, garota, você merece

Eu poderia te oferecer tudo, até o meu coração

Eu poderia te escrever músicas, garota, músicas

O problema é que você não precisa que alguém faça isso por você

Porque garota, você já possui todas as estrelas nos seus olhos e ao seu redor

Você não precisa de tudo, você já é tudo

E o meu coração? Ele já era seu antes mesmo de você me beijar, antes mesmo de notar

Eu não reparei, mas antes que eu pensasse, garota, eu já escrevia músicas sobre você

Estou escrevendo para você, pensando em você

O tempo passou, e a minha garota não era mais somente minha

Porque você se tornou uma mulher

Por isso, queime tudo

Porque

Porque você pode

Você simplesmente pode

Eu queimo por você

Então seja minha gasolina

E eu serei seu fogo

Disposto a arder por você

Eu pensava que tinha tudo

Pensava

Até conhecer aquela garota

E perceber que na verdade, eu não tinha nada

Nem a mim

Agora você é de si mesma e me ensinou a ser de mim mesmo

Por isso, você faz parte de mim

Por isso, depois que eu pôr um anel no seu dedo, você ainda pertencerá à uma pessoa

Ainda será sua

Ainda será sua

Porque você conquistou o mundo

Porque você pode

E por isso, agora eu tenho tudo

Porque garota, você pode ter se tornado uma mulher que aprendeu com a vida

Mas nunca deixará de ser aquela que aprendeu sozinha com as dores

Porque nunca deixamos de ser aquilo que já fomos

E você me tem, sabe por quê?

Porque não existe eu sem você

E nem você sem mim

Porque somos completos separados

Mas também somos completos juntos

Metade do meu coração está com você

E isso nunca mudará

Nunca

Nunca mudará

Ele dedilhou a última nota, sem nunca desgrudar os olhos de mim. Antes que eu pudesse parar de tremer, ele ergueu a mão ao microfone, aproximando da boca.

- Essa música, meu amor, é cheia da palavra Porque. E o motivo disso, é porque eu finalmente encontrei a resposta de tudo. E ela é você.

Eu não sabia se continuaria em pé por muito tempo, mas ele saiu do banco e apoiou o violão novamente, vindo na minha direção. Com um toque suave, ele afastou as lágrimas do meu rosto, beijando os dois lados. Eu sabia que naquele momento, eu deveria falar os meus votos, mas como fazer as palavras saírem depois disso tudo?

Engolindo a emoção, foquei nos seus olhos, úmidos e lindos.

- Eu realmente não sei o que dizer. Você sempre estraga a brincadeira, e desfocou tudo o que eu tenho pra falar.

Ele riu, mostrando os dentes brancos, junto com os convidados.

- Mas como eu poderia dizer mais alguma coisa? Você nunca saiu dos meus pensamentos, e acho difícil que algum dia vá sair. Você diz que eu mudei você, mas não percebe que você só mudou porque deu o primeiro passo. Eu não fui sua muleta, sua âncora. Não. Eu posso ter sido apenas um espelho, mas coube a você querer mudar. E eu sou muito orgulhosa por isso. Eu amo você, sempre amei, e sempre amarei. Obrigada por ser apenas você. Porque é isso que te faz ser incrível.

Ele chorava, e dessa vez, eu que enxuguei suas lágrimas. Suas mãos foram direto para as minhas, cobrindo-as. Ele deu um beijo em cada palma, sorrindo pra mim.

O juiz anunciou o momento das alianças, e o que eu menos esperava, aconteceu. Reconheci ser Caleb, amigo de Thomáz, na ponta do Píer, chamando alguém. Um segundo depois, uma bolinha de pelos marrons surgiu pulando, correndo pelo caminho até nós. Ele usava uma mini gravata preta no pescoço peludo, com uma pequena almofada branca na boca, com as duas alianças presas. Levei as mãos à boca, surpresa. Thomáz imediatamente se agachou e despenteou os pelos encaracolados do cachorrinho.

- Bom garoto, Luck. Bom garoto.

Feito isso, Caleb assobiou, e o pequeno Luck correu de volta. Eu sorria por tudo aquilo. Era surreal.

- Podem trocar as alianças. – Anunciou o juiz.

Sem mais nenhuma palavra, Thomáz tirou a aliança da almofadinha e a deslizou pelo meu dedo anelar esquerdo, beijando em seguida. Depois, eu fiz o mesmo, encaixando com perfeição, o anel em seu dedo, depositando um beijo.

- Agora, eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.

O juiz olhava para Thomáz, mas como sempre quebramos as regras, eu disse para ele.

- Na verdade, a noiva pode beijar o noivo.

Sem esperar mais, segurei o rosto de Thomáz e esmaguei meus lábios nos dele, ouvindo o barulho dos convidados se levantando e aplaudindo. Um segundo depois, as mãos de Thomáz espalmaram nas minhas costas e me inclinaram de lado, como uma verdadeira cena de filme. Na verdade, esse era o conto de fadas que eu pensava que não existia. Mas nós somos donos da nossa própria história, e decidimos fazer dela um conto de fadas ou não. Só que o meu conto de fadas não foi cheio de magia, sorrisos e um beijo encantado. Na verdade, deixou cicatrizes, arrependimentos, choros, mas também pude sentir o amor que eu não sabia ser capaz de sentir. Eu não tive um príncipe em um cavalo branco, porque era eu quem cavalgava, no mais belo cavalo negro.

...

A nossa festa estava acontecendo no Píer que já tinha sido liberado para ter espaço para todos. As pequenas luzes amareladas iluminavam o lugar, tornando tudo mais surreal ainda. Eu estava conversando com alguns amigos, quando senti a mão de Thomáz no meu ombro.

- Aceita dançar comigo, esposa?

Sorri para ele, sem precisar responder. Liberaram espaço para nós, e dançamos uma música atrás da outra. Da mais lenta até a mais animada, sendo girada diversas vezes no ar. Foi impossível não sorrir, ainda mais vendo o sorriso aberto no rosto de Thomáz. Eu sabia que aquilo e aquele momento, tinham sido exatamente o que ele sonhara, e eu estava mais do que feliz em fazer parte desse sonho.

Quando mais uma música terminou, Thomáz tirou o smoking e se aproximou para mais uma dança.

- Será que podemos subir no Farol por um momento? – Eu disse, sentindo a ansiedade batendo.

Ele franziu o rosto, segurando no meu braço.

- Você está bem?

Assenti, sorrindo para tranquiliza-lo.

- Sim, só preciso de um momento a sós com você.

- Tudo bem, sou todo seu. – Ele piscou, malicioso.

Revirei os olhos, mas ele pegou na minha mão e me levou até o Farol. Na escada, eu fui na frente e ele atrás de mim, caso eu me embolsasse com o vestido. Assim que alcancei o último degrau, vi por outro ângulo o céu alaranjado se tornando azul escuro. Me aproximei da grade, sentindo o vento leve bater no meu rosto. Olhando para baixo, eu podia ver os convidados dançando abaixo das luzes amareladas, com a música alta. Estava tudo perfeito, mais do que eu poderia imaginar. Senti os braços de Thomáz deslizando pela minha cintura, e sua barba por fazer roçar no meu pescoço. Sorri, olhando para a sua mão que pousou na minha barriga, a aliança dourada brilhando no dedo esquerdo.

- Queria me dizer algo? – Perguntou ele no meu ouvido, depositando um beijo leve e úmido no meu pescoço, me arrepiando inteira.

Me virei de frente para ele, sem saber por onde começar. Seus olhos que agora eram de um azul escuro pela noite, brilhavam na minha direção, e um leve sorriso apaixonado despontava nos seus lábios rosados.

- Sim.

- Tudo bem, pode dizer.

Suspirei, olhando para o céu e o mar a minha direita, entendendo que há alguns anos estávamos ali, como outras pessoas, com desejos diferentes. Olhei para ele novamente.

- Eu queria dizer que eu nunca estive tão feliz como agora. Como hoje. Você me faz feliz todos os dias, Thomáz, e é isso o que eu estava procurando e nem mesmo sabia que procurava. Alguém que me fizesse sentir que sou amada, respeitada e muito, muito abençoada. Eu sou tão grata por você ter batido na porta de Abby aquele dia, e principalmente, feliz por ter batido a porta na sua cara. – Ele riu, concordando com a cabeça. – Você é tudo o que há de bom no mundo, com o coração mais lindo que eu já vi, e que eu já pude ouvir. Na verdade, você só perde para outro coração que eu já ouvi. – Levei a mão até a barriga e a acariciei por cima do tecido fino. Ainda não estava evidente, mas eu podia sentir o que estava crescendo ali dentro. – Eu só queria dizer que o nosso coração bate por você, e que amamos você, mais que tudo.

Seu semblante agora estava sério, compreendendo o que eu queria dizer. Seus olhos marejados desceram até a minha barriga, olhando, encarando, analisando. Um minuto se passou até ele erguer a mão e pousar em cima da minha. Em seguida, a outra, formando uma concha. Suas mãos estavam quentes sobre a barriga, e eu torcia para que ele ou ela sentisse também.

- Você... – Ele ergueu o rosto para mim, lágrimas já rolando pelos olhos. – Isso é sério?

Concordei com a cabeça, mordendo o lábio inferior, tentando controlar as minhas lágrimas.

- Nós vamos mesmo ter um bebê?

- Sim, Thomáz. Vamos ter um bebê.

Ele levou as mãos da minha barriga ao meu rosto, sorrindo e rindo ao mesmo tempo.

- Eu não acredito. Como eu poderia te amar mais ainda? Mais do que eu imaginei ser capaz? Você me tornou marido e pai em um dia, Giennah Jones. – Ele riu mais uma vez antes de me beijar. O beijei de volta, sentindo o gosto salgado e doce ao mesmo tempo de suas lágrimas e de seus lábios. – Nós vamos ter um bebê, meu amor! Um bebê! – Ele gritou, me erguendo, enterrando o rosto no meu pescoço.

- Quando você soube disso? – Perguntou ele, me analisando e olhando para a barriga ao mesmo tempo.

- Eu estive enjoada, e fui no hospital fazer um exame, e descobri que já estava com 12 semanas. Faz alguns dias.

Ele agora balançava a cabeça, incrédulo.

- Nós vamos ter um bebê... –Disse novamente.

Com um toque delicado no meu rosto, ele aproximou os lábios dos meus, roçando de leve. Antes de nossas bocas se encontrarem, ele sussurrou na minha boca:

- Você é inacreditável, Giennah Jones. Lindamente, perfeitamente, inacreditável.

...

Depois de ficarmos mais um tempo na festa, Thomáz surgiu com uma caixa branca e relativamente grande nas mãos, vindo na minha direção. Eu automaticamente lembrei do que Abby me disse antes de sairmos do seu apartamento para o casamento, sobre uma caixa. Ergui as sobrancelhas para o meu marido, com um sorriso contido. Sua expressão era maliciosa quando entregou a caixa nas minhas mãos.

- Devo me preocupar com o que está qui dentro? - perguntei, apoiando a caixa na mesa mais próxima.

Ele deu de ombros, indicando a caixa em minhas mãos com a cabeça, sem dizer nada.

Revirei os olhos antes de levantar a tampa. Ofeguei em surpresa quando meus olhos se depararam com o capacete de melancia. O tirei da caixa, sorrindo com as lembranças. Encarei Thomáz, que sorria igualmente.

- Eu pensei que tivesse perdido na mudança. Não acredito que Abby guardou. - Falei, ainda meio deslumbrada.

- Me comove saber que você esqueceu do melhor presente que eu já te dei, Jones.

Olhei para ele.

- Me comove saber que o seu primeiro presente pra mim foi um capacete de melancia. E que eu ainda aceitei usar isso.

- E vai usar novamente.

Franzi as sobrancelhas, mas ele falou logo em seguida:

- Vamos sair em grande estilo.

Segui o olhar para onde ele estava apontando, notando, pela primeira vez, uma moto preta brilhante com a lanterna da frente acesa. Thomáz tirou o capacete da minha mão, e delicadamente o encaixou na minha cabeça.

- Olha só, ainda cabe! - disse ele rindo.

- Eu poderia te jogar nesse mar sem pensar duas vezes, você sabe. Eu não duvidaria. 

- Não duvido, mas eu te levaria junto comigo. - Ele piscou um olho para mim, antes de assobiar para os convidados e dizer que estávamos indo. Provavelmente ele combinou com Abby para ficar responsável pelo final da festa, porque a minha amiga apenas levantou o polegar em confirmação e sorriu para nós dois.

Thomáz pegou na minha mão, e eu ainda estava me sentindo ridícula com esse capacete, mas não protestei. Eu subi na moto logo depois dele. Agora fazia sentido ele ter me pedido para escolher um vestido prático. Depois de colocar o seu próprio capacete, claro, preto, sem nenhum desenho, ele fez os motores roncarem, fazendo os convidados aplaudirem e gritarem para nós dois. Ele se virou para trás, passando a mão suavemente pela minha barriga, antes de olhar nos meus olhos.

- Eu vou devagar, mas segure em mim.

Revirei os olhos. Estava começando a se tornar um hábito que eu só tinha quando Thomáz estava por perto.

- Eu não me esqueci como me comportar em uma moto. - Eu sabia que ele só estava sendo cauteloso, mas eu gostava de provoca-lo. 

- Sei que você não se esqueceu, mas eu lembro como você se comportou na primeira vez que subiu em uma. Não quero que sinta medo.

Sorri para ele, acariciando sua bochecha.

- Eu nunca sinto medo quando estou com você. - Passei minha mão pela minha barriga. - Nós confiamos em você.

Ele sorriu, me beijando rapidamente, antes de virar para frente e acelerar a moto. Me segurei nele, deixando o vento bater no meu rosto, ouvindo o grito dos convidados cada vez mais baixo, até restar apenas o silêncio da estrada. O céu estava escuro, estrelado, lindo. Saímos noite adentro, sem olhar para trás. Eu fiz disso uma metáfora, mas nossa nova vida se iniciava agora, uma nova página. Sem arrependimentos, apenas a bagagem que carregamos de tudo o que vivemos. Dessa vez, estávamos indo para algum lugar que eu não fazia ideia, com uma única certeza: nosso amor suportou muitos desafios, mas agora, estava mais forte do que nunca, e principalmente, florescia dentro de mim.

FIM

Meu Deus!!! Chegamos até aqui, e eu não poderia ser mais grata por todo o carinho que vocês tiveram com NEIGHBORS, com esse casal. Espero que a história tenha acrescentado algo na sua vida, e que você ame a si mesma como nunca imaginou amar. Porque você merece alguém que te ame, mas antes de qualquer coisa, você é a única que merece todo o seu amor. Amor próprio faz toda a diferença.

Muito obrigada ❤️

P.S: Terá epílogo, aguardem ;)

Bjs, Madusinger

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro