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Capítulo 4: Respeito é bom e eu gosto

Acordei assustada com o toque do meu celular. Ajoelhei-me para olhar o nome na chamada. Minha mãe, sempre a minha querida e preocupada mãe. Mas no mesmo instante uma dor latejante atinge a minha cabeça e eu decido retornar a ligação mais tarde, voltando a me jogar na cama. Nossa, que cama desconfortável. Encarei o teto com uma cara de dor e tentando imaginar o que diabos aconteceu ontem.

As imagens me atingiram como a dor de cabeça havia atingido. Primeiro da fogueira gigante, formando cores entre o amarelo, vermelho e laranja, tão bonito e tão pouco apreciada. Logo em seguida surgiu a imagem de Gustavo, Leticia e Douglas e eu ri. Calma, eu ri? Sim, foi isso mesmo. Agora lembrei da vodka, do suco, dos abraços, da maconha... Calma, eu fumei? Oh meu Deus, fumei sim. Mas foi apenas uma vez, lembro-me que engasguei também.

De repente todos as minhas memórias sumiram e eu conseguia visualizar apenas um rosto na minha cabeça. Gabriel. Maldição. Levantei minha coberta e me dei conta pela primeira vez que eu estava sem roupa. Os flashes surgiram de uma vez agora. Pequenas cenas embaralhadas, um beijo, minha blusa jogada ao meu lado, uma dança, seu sorriso, suas palavras, seu calor junto ao meu. Droga, droga, droga.

Coloquei as mãos na cabeça, sentindo-me nauseada e derrotada. E não conseguia acreditar nisso, mas era a pura realidade, era a noite de ontem sem muitos detalhes, contada pelas minhas poucas lembranças. E o beijei e fui para a cama com ele, sem hesitar. Era isso, eu não poderia voltar atrás

Quando a gente terminou eu prometi que não iria procura-lo mais, que não iria deixar a dor do término me vencer, prometi que eu ficaria mais focada no meu blog e que andaria pelas ruas com a cabeça erguida. Nada de filmes de romance e chocolate, isso seria um rebaixamento absurdo. A minha vida toda eu lutei contra o preconceito, contra as piadinhas de mal gosto, quando a sociedade... Eu não poderia me deixar abater por um homem, seria muita demonstração de fraqueza da minha parte.

E agora, olha a merda que aconteceu. Que raiva, que raiva, que raiva. Ele se aproveitou que eu estava bêbada. Pelo menos ele prometera conversar comigo. Droga, ele também estava bêbado, nem deve se lembrar disso, mas eu precisava procura-lo mesmo assim, o que aconteceu não poderia ser ignorado. Se ele acha que era apenas se aproveitar da minha fragilidade e acabou, estava muito enganado.

Vesti um vestido curto qualquer, peguei minhas coisas e corri para o banheiro para tomar um banho e me livrar do cheiro dele, misturado ao cheiro do meu suor e de vodka. Entrei no banheiro público feminino e tomei uma longa e poderosa ducha. Vesti uma saia rodada rosa claro e uma blusa branca de seda, algo bem leve para enfrentar o calor. Encarei a minha imagem no espelho e soltei um pesado suspiro, era sempre um desanimo desembaraçar esse cabelo, mas mesmo assim eu gostava muito dele. Meu cabelo é bem crespo, descendente de africano mesmo, por isso eu nunca o deixava crescer abaixo do ombro, para não dar tanto trabalho. Eu sempre o jogava para trás e colocava uma faixa de pano até o meio da cabeça, para afastar todos os cachos do meu rosto, já era uma marca minha, eu tinha dezenas de faixas no meu guarda roupa. Passei um perfume e sai pronta para enfrentar o que o dia tivesse a me oferecer.

Ao sair do banheiro, deparei-me com Leonardo, o melhor amigo da faculdade de Gabriel.

- Leonardo- gritei, correndo em direção a ele.

- Oi Olívia- ele disse, parecendo surpreso ao me ver- André está lá dentro almoçando.

Ele apontou para o prédio, fazendo menção de se virar e seguir o caminho dele.

- Espera!- pedi- Não estou procurando por ele. Quero saber onde Gabriel está.

- Hmmm

Ele me olhou com uma cara de nojo. Nunca gostei de Leonardo, eu andava com ele apenas por ser o melhor amigo do meu namorado. Ele é uma pessoa extremamente preconceituosa, não conseguia nem dirigir a palavra a André.

- Olívia...- ele disse, jogando o cabelo para trás- Gabriel me contou o que aconteceu ontem...

- Não acredito!

- Calma, ele contou apenas para mim! Ele estava preocupado porque agiu imprudentemente, ele estava bêbado. Olívia, ele não queria em nenhum momento que aquilo acontecesse, ele está com outra pessoa agora, uma pessoa que tem mais a ver com ele.

- O que você quer dizer com isso?

- Que ele está namorando.

- Não, Leonardo, isso eu entendi- disse irritada- Eu perguntei o que você quis dizer com "uma pessoa que tem mais a ver com ele".

Eu já imaginava o que era, mas eu precisava que ele cuspisse aquilo na minha cara, o hipócrita.

- Ah- ele olhou para os lados, procurando um refúgio e voltou a me encarar, decidindo-se- Não sei se você sabe, mas mesmo você sendo da mesma classe do Gabriel, a família dele nunca te viu com bons olhos. Achavam que Gabriel estava mentindo quando ele disse que seu pai é juíz. Você mesma sabe que a família dele tinha um certo receio...

- Leonardo, você é a pessoa mais nojenta que eu já conheci na minha vida!- afirmei, tentando acreditar naquilo que eu ouvia.

- Eu não tenho nada contra você não. Não me importo de você ser negra, de verdade, eu tenho vários amigos negros.

A dor de cabeça só aumentava de intensidade. Esse garoto deveria manter a boca dele fechada, que pessoa sem noção.

- Não me olha com essa cara- ele disse, sério- Era a família dele! Todo mundo sabe que a família de Gabriel é assim, seletiva.

- É assim...- imitei o tom de voz dele- Preconceituosa, com conceitos errôneos já definidos, pessoas que julgam sem conhecer, pessoas sem conhecimento além daquilo que as cerca! Iguaizinhas... a você!!

- Olívia, olha, eu não vou ficar aqui escutando esses desaforos- ele afirmou- Vou embora. Só queria te deixar um recado. Filhinho de peixe, peixinho é. Gabriel gostava de você, mas você pode ter certeza do que eu estou falando, ele gostava mais de manter a sua reputação, entre família e entre amigos. Está avisada.

- MUITO OBRIGADA VIU!- berrei, enquanto ele se afastava- ÓTIMO RECADO!

Algumas pessoas me olharam e eu me segurei para não começar a chorar. Eu sempre suspeitei do que Leonardo disso. Eu sabia que as vezes Gabriel ficava meio receoso quando encontrava algum conhecido na minha presença. Mas aquilo não entrava na minha cabeça, era demais para mim. Ele dizia que me amava!

Meus olhos se encheram de lágrimas. Respirei fundo três vezes e fui procurar André. Hoje a programação era uma ida a Cachoeira de Marialva e eu não vou estragar a minha viagem desse jeito, vou aproveitá-la, eu mereço aproveitá-la. E quanto a Leonardo, que a vida lhe mostre o que é respeitar os próximos, eu cansei de tentar ensinar. Quanto a Gabriel, mais tarde eu iria procura-lo, ele me deve uma explicação não apenas da noite passada, a gente precisava ter uma conversa definitiva sobre o término, deixar as coisas esclarecidas. Eu precisava disso. E se for verdade tudo aquilo que ele pensa sobre mim, ele tem que parar de ser covarde e me enfrentar, porque sei que ele deve estar fugindo.

Pegamos dois taxis, pois o grupo que queria ir não era tão grande. Muitas pessoas preferiram realizar outras oficinas no local, talvez a festa tenha sido demais para todos. Na verdade eu decidi visitar a cachoeira justamente porque o grupo é menor e eu também precisava evitar algumas pessoas indesejáveis que tinham um forte requisito para estragar o meu dia.

Descemos do carro praticamente no meio do mato. A partir daí a trilha seria a pé e eu não fazia ideia de quantos quilômetros.

- Você está com uma cara horrível hoje- disse André.

A gente não tinha conversado muito, hoje eu só precisava ficar sozinha com meus pensamentos e tomar certas decisões.

- Vai me contar o que aconteceu ontem a noite para te deixar assim- afirmou ele.

- Depois eu conto, prometo.

Encontramos o grupo e começamos a andar em direção a trilha. O local tinha muitas árvores, bem verdes e diversificadas. Era literalmente no meio do mato. O que os organizadores chamavam de trilha era um estreito caminho de terra no meio da grama densa, que nos levava cada vez mais adentro daquela floresta. Eu não estava acostumada a esse tipo de aventura, meus pais sempre foram muito zelosos e nunca aprovaram essas trilhas, diziam que elas só te levam para o perigo, raramente para um lugar seguro.

Depois de duas horas de caminhada chegamos em um local rochoso. Os organizadores nos orientaram em relação aos cuidados que deveríamos tomar para descer as pedras e chegar na cachoeira. Não era tão inclinado como eu imaginara, então eu conseguiria. Descemos durante meia hora praticamente até avistarmos a queda d'água. Era lindo, surpreendentemente lindo. A queda era formada por uns três lances de pedras, mais horizontal que vertical, e a água continuava descendo pelas pedras compridas até encontrar o rio lá embaixo. As pessoas do grupo saíram correndo, umas pularam na água onde a profundidade era maior e outras foram se aventurar embaixo das cachoeiras.

Senti o olhar de André no meu rosto, mas não me virei para não encorajá-lo a conversar comigo. Eu queria muito contar sobre Gabriel, mas eu estava muito envergonhada de revelar isso para ele, eu sei que ele iria ficar extremamente desapontado comigo. Percebendo que eu não estava muito social hoje, ele foi se juntar a um grupo de conhecidos. Agora que ninguém estava por perto me avaliando, tirei minha saia e a minha blusa e fui adentrando até achar um local agradavelmente fundo. A água estava gelada, arrepiando todos os meus pelos do corpo, eu ri da sensação que aquilo me causara, era prazeroso apesar do frio. Afundei minha cabeça, molhando minha tiara que eu havia esquecido de tirar, mas também não me importei, eu estava me sentindo bem mais relaxada e a dor de cabeça estava ao poucos sumindo.

Fiquei parada em um local que eu achei mais confortável, com menos pessoas por perto e com a correnteza mais fraca. Eu conseguia ficar de pé e a água batia apenas abaixo dos meus seios. Abaixei-me para deixar apenas meu rosto de fora e respirei fundo. Ah, a mistura do cheiro de mato e água era uma delícia, fechei os olhos para aproveitar mais e consegui me concentrar apenas no barulho provocado pelo farfalhar das folhas e pela queda d'água.

De repente uma água gelada atingiu meu rosto, quebrando toda a magia do momento. Dois meninos resolveram brincar de pular na água fazendo cambalhotas, gritando e rindo alto. Olhei com raiva para eles, mas eles não se importaram com a minha repreensão, continuaram pulando.

Avaliei o local em busca de um novo refúgio, mas estava tudo ocupado. Encontrei os olhos verdes de André olhando na minha direção, eu sabia que ele estava preocupado, mas eu ainda não estava pronta, precisava de mais um tempo sozinha. Ignorei seu olhar e comecei a descer as pedras até o rio.

- Mocinha, onde você vai?- uma organizadora sentada em uma pedra distante gritou.

- Vou nadar no rio- eu disse em voz baixa, sem querer revelar meu plano e dar novas ideias para os garotos das cambalhotas- Tomarei cuidado.

- Tudo bem, mas não se afaste.

Desci até o rio, mas não tive coragem de entrar ao observar o movimento forte da água. Avistei uma pequena trilha a minha direita e resolvi me aventurar mato adentro de novo. Eu vesti minha roupa para aliviar o frio e comecei a caminhar, prestando atenção no que tinha a minha volta para não me perder. Era uma trilha mesmo, tinha até uma placas grudadas nas árvores para orientar as pessoas. Essa cachoeira era um ponto turístico da cidade, muito frequentada e famosa por suas trilhas.

Comecei a pensar nos meus pais, eu estava com saudade deles, mas quando eu chegasse de viagem eles já estariam lá em casa me aguardando. Depois meus pensamentos automaticamente passaram a se chamar Gabriel. Tanta coisa aconteceu em dois anos de namoro, eu o conhecia tão bem e ele conhecia tão bem a mim. Mas era o meu primeiro namorado, e todos diziam que primeiro namorado só serve para você aprender as lições básicas de um namoro, já que a probabilidade de dar certo é muito pequena. Apenas na época da minha avó os primeiros namorados eram os futuros maridos, agora a lista poderia ser até desagradavelmente grande para você alcançar aquela pessoa que passará o resto da sua vida ao seu lado.

Gabriel ficou marcado na minha vida principalmente porque com ele várias primeiras vezes aconteceram. Primeira vez que eu tive um encontro com um garoto, primeiro amor, primeira desilusão amorosa, primeira vez que conheci a família de um garoto- o que não foi uma experiência muito agradável- primeira vez que eu perdi a vergonha e fui para a cama com alguém. E o pior é que as nossas primeiras vezes sempre marcam, não tem jeito, elas ficam lá e a gente não consegue esquecer. Na minha cabeça eu não conseguira ver mais graça em segundas vezes com outra pessoa, nem amar outra pessoa como eu o amei, mas eu também esperava que isso fosse somente coisa da minha cabeça.

Um ponto de luz muito forte vindo da outra direção me chamou atenção, apressei o passo para descobrir o que era e chegando lá fui recebida com uma pequena, mas encantadora clareira. Sorri com aquela imagem, um pequeno ponto gramado sem árvores no meio do mato, era formidável, uma obra da natureza melhor que qualquer obra arquitetônica. Andei até o centro da clareira e de lá avistei uma serra muito interessante, mais alta que as copas das árvores. A serra tinha uma cor muito bonita, verde com uns pontos amarelos, ela parecia estar bem florida, destacava-se das demais. Como eu tinha uma certa queda e interesse por flores, decidi caminhar até lá, ela não parecia muito distante.

Andei meia hora até me aproximar o suficiente e perceber que eram apenas folhas mais secas, mas que de longe brilhavam com os raios do Sol. Olhei decepcionada para a serra, ela me engara muito bem e eu conhecia muito de flores, não sei como fui capaz de confundir. Mesmo assim eu achei uma pequena flor vermelha grudada no alto de uma rocha no pé da serra. Decidi instantaneamente pegá-la para entregar a André como um pedido de desculpas. Aproximei-me da flor e logo abaixo dela eu visualizei uma grande abertura coberta com folhagens. Uma caverna! Sim, era uma caverna. Olhei dentro dela e avistei um ponto mais claro no fundo daquela escuridão, talvez tivesse uma saída para o outro lado. Olhei para os lados e decidi entrar. Ajoelhei-me na rocha fria e entrei no buraco, dava para ficar em pé, mas eu tinha que ficar ligeiramente curvada para não bater a cabeça no teto. Comecei a caminhar, mas sempre mantendo um olho na saída às minhas costas, eu não era tão corajosa assim e eu sei que poderia decidir sair a qualquer momento. Não andei muito e já cheguei no final da caverna, que era muito sem graça por sinal. O brilho que eu vira era do reflexo da luz da entrada em um pedaço de rocha brilhante, mais uma vez fui enganada pela natureza.

Mas ao chegar nessa parte sem saída, uma coisa me chamou atenção, além do fato que o teto estava mais alto e eu que eu poderia ficar em pé sem perigo aparente, umas pedras ligeiramente familiares estavam no chão, mais ao canto da caverna. Eram pedras que batiam no meu pescoço, todas bem parecidas, grossas na base e iam afinando até o topo, mas não chegava a formar uma ponta. No mesmo instante eu me lembrei de André, lembrei-me da conversa sobre a lenda da Viajante do Tempo e eu ri.

Claro que eu ri. Agora que eu lembrei da lenda, fui contar as pedras e eram cinco no total, no chão eu tinha certeza que poderia desenhar um perfeito pentágono. Era uma coincidência absurda. Cheguei mais perto das pedras e percebi que aquela parte estava mais iluminada que o restante do local, por causa do reflexo da rocha brilhante na parede. Talvez eu estivesse apenas tentando ligar tudo à lenda, mas não passava de uma grande coincidência.

Olhei para as pedras por um prolongado tempo, tentando me recordar do que André falara. Lembro-me de algumas partes... ou talvez eu lembrasse de tudo. Decidida, escolhi uma das pedras e andei até ela, coloquei minha mão sobre ela, sentindo a friagem da rocha passar da minha mão e percorrer meu corpo. Andei concentrada e em linha reta, com um pé na frente do outro até chegar na outra pedra. Coloquei minha mão sobre ela.

Nossa, que besteira, pensei. Mas André iria gostar de saber que encontrei pedras bem parecidas com a sua história e ainda fiz todo o ritual. Ou talvez ele ficasse bem decepcionado por eu estar lá contando o ocorrido em vez de estar alguns meses ou até anos de volta no tempo.

Andei até a terceira pedra, com um pé na frente do outro e mantendo a linha reta. Deu oito pés, como no outro lado do pentágono, o que me deixou levemente espantada, não era possível que todos os lados fossem iguais. Com todas as pedras eu repeti os mesmo passos, sentindo-me meio tola com isso e ao mesmo tempo amedrontada. Cheguei na última pedra e respirei fundo, colocando a minha mão sobre ela. Todos os lados realmente deram oito pés, mas não perfeitos, sempre sobrava ou faltava um pequeno espaço entre meus dedos e a pedra. Talvez eu não tivesse andado em linha reta.

Ah não Olívia, agora você está defendendo a lenda? Por favor.

Lembrei-me que para completar o ritual eu deveria andar até o centro das pedras, eu havia me esquecido desse último passo. Respirei fundo, sentindo um leve calafrio, deve ser por causa das minhas roupas molhadas. Andei devagar até o centro, onde eu deduzi ser o centro. Fiquei parada lá mas não senti nada acontecer. Ri da situação, o que eu esperava? Que eu fosse tele transportada? Que um clarão surgisse dentro da caverna? Eu não sei.

Saí do centro, ainda rindo e senti uma forte dor de cabeça. Maldita ressaca. Saí cambaleando para me apoiar em uma pedra, sentindo um enjoou repentino. Fechei os olhos e respirei fundo, prometendo a mim mesmo que nas próximas festas eu não iria beber. Abri os olhos e olhei para a saída, eu precisava sair dali e encontrar o grupo, talvez eu tivesse ficado mais tempo fora do que o planejado.

Sai da caverna e comecei a caminhar, agora mais depressa e sem ficar presa a meus pensamentos. Reparei que a dor de cabeça não estava mais lá, talvez era apenas o medo que eu senti por estar fazendo um ritual de um livro qualquer.

Andei meia hora no meio do mato e não consegui encontrar a clareira e muito menos a trilha. Era só o que me faltava, me perder aqui no meio do nado. Ah, Olívia, por que você não escutou a sua mãe e ficou longe daquela trilha?!

Olhei ao redor para tentar me situar. Eu conseguia ver apenas árvores e serras nas frestas que as copas das árvores formavam, nem a serra meio amarela eu conseguia encontrar no meio daquela vegetação densa. Andei mais meia hora e parei. Olhei para os meus tênis sujos e depois para o alto, antes de dar um grito de socorro. Esperei para ouvir alguma resposta, mas a única coisa que eu escutava era o som dos pássaros.

- Foco, Olívia, foco- disse em voz alta- Não se desespere.

Respirei fundo e continuei andando. A cachoeira possuía muitas trilhas ao redor para os turistas, lembrei-me. Eu tinha que achar alguma delas, eu precisava achar alguma trilha.

Caminhei durante uma hora agora. Minha barriga roncou com força. Os organizadores já deveriam estar me procurando a essa hora, espero que me encontrem logo. Parei de caminhar para recuperar meu fôlego perdido e escutei o barulho de água a minha frente. O rio! Corri mais rápido agora, com uma nova esperança. Bati em alguns galhos e arranhei meu braço em algum momento, porque ele começou a arder do nada, mas eu não poderia avaliar agora, eu tenho um novo foco e eu precisava seguir em frente, precisava encontrar o rio. Não precisei correr muito para avistar a água lamacenta do rio.

- Aleluia- eu ri, sentindo-me ainda mais esperançosa.

Avaliei a direção da correnteza e fui para a direção oposta, sempre andando a margem do rio. Alguns trechos eram tomados por rochas e eu precisava escalar, mas agora eu não tinha medo, eu só precisava encontrar o grupo. Andei durante uns dez minutos e achei a cachoeira. Eu estava exausta, mas mesmo assim comecei a correr ainda mais rápido. Cheguei na queda dá água e parei para beber a água que descia em direção ao rio, eu não havia percebido que estava com tanta sede. Olhei ao redor esperando encontrar algum rosto familiar, mas eu não encontrei ninguém. Não é possível que todos saíram para me procurar e ninguém ficou aqui caso eu retornasse. Procurei novamente, mas a cachoeira estava deserta, não tinha ninguém, nem os pertences deles estavam lá.

Eu precisava voltar para a estrada, onde o taxi havia nos deixado, no começo da trilha principal. Achei um caminho de terra acima da cachoeira, mas eu jurava que a trilha ficava em outro lugar. Avaliei a situação por um momento e decidi que aquela trilha também me levaria até a estrada, porque eu não poderia ser tão azarada assim e seguir o caminho errado.

Mas eu estava certa. Depois de um bom tempo de caminhada, cheguei em uma estrada de pedra, bem familiar. Eu seguiria aquela estrada até encontrar algum sinal de vida para me ajudar, mas meus planos instantaneamente mudaram quando uma charrete apareceu, vindo na minha direção. Em Brasília as pessoas que usavam charretes geralmente eram moradores de rua, que a utilizavam para recolher lixo reciclável ou os seus próprios pertences. Mas Maringá é uma cidade pequena e aquela área menos urbana era mais propícia a charretes conduzidas por pessoas confiáveis. Resolvi me arriscar.

- EI!- gritei, pulando e acenando para a carrete que se aproximava- AQUI! PRECISO DE AJUDA! SOCORRO!

A charrete parou ao meu lado, dois homens estavam sentados no acento de madeira sobre rodas. Um deles desceu e aproximou-se de mim, me avaliando dos pés a cabeça. Ele possuía um espesso bigode e estava vestido com trajes incomuns para um passeio de carroça, uma calça justa marrom e formal, uma camisa branca e uma gravata borboleta preta para completar o conjunto. Não me importei para a sua roupa, eu precisava de ajuda.

- Estou perdida! Por favor! Preciso voltar para a cidade!- exclamei, mantendo uma certa distância do desconhecido- Por favor! Por favor! Estou desarrumada assim, mas eu lhe garanto que não vou lhe fazer mal algum.

Ele me encarou com aqueles olhos azuis sob a espessa sobrancelha e esse olhar me deixou ligeiramente preocupada.


Observações da autora:

Estou estudando diariamente a arquitetura colonial e assistindo Xica da Silva e Sinhá Moça :D para manter o livro o mais realista possível para os leitores da obra. Espero que gostem dos próximos capítulos!


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