Tristan Von Trüppendorf
Nessa questão, ele era extremamente prático, o que você dificilmente esperaria de um sonhador como Tristan Von Trüppendorf. Acontece que ele também era extremamente orgulhoso, e não é como se fosse ficar se humilhando por pouca coisa.
Verdade que ela não era pouca coisa. Pelo menos socialmente. Ser primogênita do chefe e praticamente herdeira do trono tinha significado naquela sociedade tribal.
O que só afastava mais o jovem guerreiro.
Não que ele se achasse indigno dela ou coisa parecida. Tristan estava bem consciente do próprio valor, não importava se os clãs tradicionais pensavam o contrário (e expressavam com frequência e bem alto sua opinião). Nah. A questão é que havia muito a fazer pra ficar gastando energia enfrentando a sociedade por causa de um simples casamento.
Ok, isso soou rude. Não é como se Tristan não tivesse coração. Ele certamente sonhava em carregar uma beldade loira suspirante nos braços para seu ninho de amor, e envelhecer cercado de filhinhos e netinhos fofos – se uma guerra não o levasse ao Valhala antes.
Mas Berna Von Brandeburg não era loira e nem beldade, e certamente não tinha uma atitude suspirante para com ele. Estava mais para desafiadora; e ele devolvia, claro. Na verdade, ele não sabia nem quanto da atenção dela tinha quando conversavam. Já que os olhos dela estavam sempre meio distantes, como se ela estivesse pensando em mil coisas. E mesmo assim ela conseguia sempre dar respostas inteligentes, chutando-o brutalmente pra fora da sua linha de raciocínio e fechando-a para reforma.
Ela o confundia.
Tristan grunhia e virava-se na cama toda vez que pensava no assunto. Mas não pensava com frequência. Ele era um rapaz prático e conseguia enganar a si mesmo bastante bem. Ele certamente não a amava.
Não era por isso que ficava voltando à casa do chefe todos os dias, mesmo sabendo que sua presença ali era meramente tolerada pelo maioral da aldeia.
Não tinha nada a ver o fato de sua memória conhecidamente seletiva guardar todas as ocasiões anteriores em que tinham se visto. Quando sabiam da existência um do outro, mas ainda não se conheciam, como atores pertencentes a núcleos diferentes de uma peça, que ocasionalmente se cruzam no palco mas nunca realmente interagem.
Nada de estranho em querer contar primeiro pra ela quando alguma nova ideia louca lhe ocorria, e ficar com raiva, surpreso e indignado quando ela não concordava.
Isso tudo era absolutamente normal e casual; ele se sentia assim com todos os seus amigos.
Aha.
Mas talvez... só talvez... se a ideia partisse dela – de alguma forma bizarra e altamente improvável... ele não ia recusar.
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