Impronunciável
- Que merda, Chris... Se tivesse dito, me arrumaria mais! Não passei nem um batonzinho...
- Você é linda do jeito que é, relaxa! - ouvi-lo dizer aquilo, fez seu rosto esquentar. Nunca se achou bonita, nem era vaidosa. - Vou pedir um pedaço de bolo pra mim. Vai querer também? - desconversou, ao vê-la ruborizada.
- Claro! Quero qualquer um que tenha chocolate. - deu uma piscadela.
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Chegaram ao hotel no qual estava hospedado. Abriram a porta do quarto vagarosamente, ao passarem pela sala, ouviram alguém dar um pequeno grito com sotaque estrangeiro:
- Ai, não acredito! Você deve ser a Beatrice! - corou violentamente e aproximou-se da mulher loira que era, pelo menos, vinte centímetros mais alta que ela. O salto fino que usava ajudava a intensificar a diferença.
- Prazer, sou Beatrice...
- Prazer, meu nome é Andrea. Sou mãe dessa coisinha fofa que tá do seu lado. - passou as mãos nos cabelos de Chris, o constrangendo. - Você é tão linda! Parece uma bonequinha! -apertou com força as bochechas da garota, a qual implorou mentalmente para que aquela louca a soltasse. - Meu filho tem bom gosto... - sorriu orgulhosa. Em seguida olhou o relógio. - Ah meu Deus, estamos atrasados... Vamos chamar logo o táxi para o aeroporto!
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Dentro do avião, o falso casal sentou junto. No corredor ao lado, Andrea os olhava encantada, deixando-os envergonhados. Desviou o olhar para ler um livro em inglês, língua nativa da Austrália, seu país de origem.
- Não liga pra minha mãe... Ela é maluquinha assim, mas é maneira.
O piloto anunciou que o avião ia decolar. Beatrice encostou-se na cadeira demonstrando pânico em seu olhar.
- Coé, você nunca viajou de avião?
- O máximo que fui até hoje, foi pro litoral. E fui de ônibus! - replicou.
- Pô, me dá sua mão... - olhou-o confusa. - Quando eu era pequeno, tinha medo de voar. Minha mãe segurava minha mão e dizia que tudo ficaria bem. Ajudava a me acalmar, sabe!?
Receosa, abriu os dedos e aproximou sua mão direita da esquerda dele. Encostou sua palma na dela, entrelaçando-as. Gostava de reparar como era pequena e delicada perto dele. Parecia que sumiria em meio à do mesmo.
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Chegando na porta da casa de Christopher, já notou a diferença com seu lar. Tinha um enorme portão, era sozinha no quintal, foram atendidos por uma empregada.
- Boa tarde, senhora e senhor Hemsworth. Seus convidados os esperam na sala de estar.
"Convidados? Oi?" - foi tudo o que passou em sua cabeça antes de avistar algumas pessoas.
- Beatrice, querida, venha cá... - Andrea a envolveu num abraço. - Esta é minha mãe, Kylie. Estes são meus sobrinhos Luke e Liam. Esta é minha irmã, Elsa. As outras três pessoas ali são meus empregados Mário, Diego e Lucas.
- É um prazer conhecer todos vocês. - sorriu, tentando ser simpática.
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Estava desconfortável por ficar no meio de tanta gente cheia de classe. Eram elegantes no modo de andarem, se vestirem, comerem, até de rirem. Olhava para si mesma usando a calça jeans levemente desbotada pelo tempo, a camiseta com decote um tanto aberto e não se enxergava em meio àquelas pessoas.
Todavia, todos a trataram com muita educação. Aparentaram gostar muito dela.
Kylie e a filha eram as mais falantes, portanto, não demoraram a questioná-los sobre o namoro que começara tão inesperadamente:
- Onde vocês se conheceram para se apaixonarem tão depressa? - a avó de Chris questionou.
- Na escola. - falou Beatrice.
- Na internet. - Hemsworth falou concomitantemente.
A senhora fez uma expressão confusa.
- Bem, na verdade, nos conhecemos pela internet, marcamos um encontro em frente a uma escola, perto da casa dela. - Christopher tentou consertar. Bea queria rir, porém, se segurou. - Francamente, já estava apaixonado só pelas nossas conversas online. - exprimiu, fazendo-a enrubescer levemente.
- Oh, que lindo! - a mãe expressou. - Nunca acreditei muito nessas coisas de relacionamento pela internet, mas isso parece sério. - sorriu.
- Querida, você tem roupa para o baile de máscaras que teremos na empresa da Andrea? - Elsa perguntou, surpreendendo-a.
Antes que respondesse, a falsa sogra a interrompeu:
- Ora, mil perdões! Havia me esquecido completamente de te falar sobre a festa...
Um dos empregados chegou trazendo uma garrafa de vinho importado nas mãos.
- Você gosta de vinho Gewürztraminer? - interrogou-a, deixando-a sinuosa com a pronúncia.
- Desculpe, como? - foi tudo o que pôde dizer.
Todos gargalharam. Christopher simplificou a pergunta:
- Gosta de suco de uva? É quase a mesma coisa que vinho, só que sem álcool! - riram baixo e ela assentiu.
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Horas mais tarde, todos já haviam ido embora após uma longa e agradável noite. Os empregados já subiam as escadas para seus aposentos, enquanto a dona da casa preparava um banho de sais.
O casal estava finalmente só, quando o rapaz lhe propôs que fossem à varanda apreciar o universo.
Pegou em uma de suas mãos, enquanto com a outra levava duas taças e o tal vinho com nome impronunciável.
Sentaram-se sob a luz do céu maravilhosamente colorido de azul escuro, cheio de estrelas, com um belo luar. As cadeiras eram estranhamente mais confortáveis que o sofá da casa dela.
Admiraram a paisagem em um silêncio profundo. A única coisa perceptível eram suas respirações. Seu coração ainda estava disparado por sentir a mão macia e grande de Chris sobre a sua. Somente aquele pequeno contato era capaz de desestabilizá-la, não entendia o que exatamente estava acontecendo consigo.
Ele se desuniu por alguns instantes, abriu a garrafa da bebida, serviu um pequeno gole em cada um dos copos.
- Um brinde à nossa magnífica atuação! - ergueu o cálice. - Cheers! - saudou em inglês.
- Cheers... - tentou repetir a palavra.
Ouviu-se um leve barulho agudo devido ao toque dos cristais.
- Vamos comprar um vestido pra você amanhã. Escolha o mais bonito que conseguir. Você vai ser a mulher mais bela do baile! - sorriu abertamente.
"Deus, como um homem pode fazer isso comigo?!" - analisou.
Poderia jurar que as duas pequenas quantidades de vinho que bebera esquentaram seu corpo. Contudo, não poderia distinguir se isso não era consequência da presença à sua frente. Nunca experimentara nada tão forte, então, seria plausível colocar a culpa na bebida para realizar o desejo que a consumia naquele instante.
Sem demora, encarou aqueles orbes azuis. Queria mergulhar naquele oceano. Aproximou-se, até que pudesse sentir o sopro gélido de sua respiração contra seu rosto. Fechou os olhos, suspirou e antes que soltasse todo o ar, beijou-o rapidamente.
Quando se afastou, sentiu-se encabulada. Olhava-a incrédulo, mas para sua surpresa, gargalhadeou em seguida.
- O que foi isso?
- Um treino. Se vamos mesmo fingir que somos namorados, uma hora ou outra teremos que sustentar esta mentira! - foi a melhor escusa que obteve.
Chris pareceu gostar. Sim, gostava de jogos, principalmente os de sedução. Mordeu o lábio, riu levemente. Prontamente se achegou ao seu rosto e envolveu seus lábios nos dela.
Seu âmago festejava alegremente. Beijá-lo naquele cenário, com o Morro do Pão de Açúcar ao fundo, na famosa "cidade maravilhosa", era algo que poderia se repetir pelo resto da noite. Por isso, não hesitou em prolongar o contato. Muito pelo contrário, fez questão de acariciar sua nuca só para vê-lo arrepiar um pouco.
Separaram-se por alguns instantes, pois o fôlego faltou. Entretanto, não tardou para que volúpia surgisse nos olhares de ambos e os fizessem repetir a dose.
Havia uma química ali. Algo inédito, inesperado para ambos. Então, não se sentiram culpados em continuarem. Apenas aproveitaram o momento.
Quando amanhecer, a gente continua
No céu azul que eu nem sei descrever
Tomando um vinho que eu nem sei pronunciar
Depois de passar a noite inteira com você
Baby, o que mais posso querer?
(NX Zero - Nessa Cidade)
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