𝘁𝗵𝗶𝗿𝘁𝘆 𝘁𝘄𝗼 ➳ 𝘯𝘰 𝘸𝘢𝘺 𝘰𝘶𝘵
Apertei meus olhos sentindo a claridade no meu rosto, resmungando eu tateei o chão ao meu lado procurando o Peter. Sem encontrá-lo, eu abri os olhos confusa, aí me lembrei que estou dentro de uma caverna e que o Peter não estava aqui. Deitei minha cabeça de novo com nenhuma vontade de levantar e sair por aí, pensei em ficar aqui até os outros me encontrarem, mas joguei essa ideia pra longe, é melhor ir andando para o norte, sorte que cada um de nós tem uma bússola.
Decidi me levantar e me espreguicei olhando para as meninas dormindo, Sam toda encolhida e Haley com a boca aberta babando, fui até elas para acordá-las, com muito esforço, elas acordaram e se sentaram.
— Vou ao lago de novo tentar pegar algum peixe. — Eu falei.
— Eu vou junto. — Sam falou bocejando.
— Eu vou ficar aqui. — Haley falou passando as mãos no cabelo.
— Tá bom, mas vai ficar sozinha. — Falei dando de ombros.
Eu saí da caverna ao lado da Sam, nos olhamos e sorrimos.
— 1, 2, 3... — Nós contamos juntas.
— Esperem! — Haley gritou correndo até nós. — Eu vou também.
Eu e Sam damos risada, Haley ficou sem entender e caminhamos até o lago, consegui pegar mais peixe para o café da manhã e assamos eles perto do lago mesmo e comemos.
— Sabe, até que eu estou gostando dessa pequena aventura antes de ir embora. — Sam falou.
Parei de mastigar e olhei para ela.
— Como assim? Você vai embora?! — Eu perguntei surpresa.
— Sim, passei na faculdade da cidade vizinha.
— Sam, não acredito! — Falei feliz. — Estou muito feliz por você, de verdade!
— Obrigada, Aly. — Ela falou chorosa. — Vou sentir tanta falta daqui e de vocês.
— Bom, eu também não vou ficar aqui. — Haley comentou dando de ombros.
— Para onde você vai? — Eu perguntei.
— Vou para uma faculdade de teatro! — Falou sem animação, brincando com a grama.
— É o que você sempre quis, não é? — Sam perguntou.
— É, sempre foi o meu sonho! — Haley falou suspirando.
— Fico feliz por você também Haley.
— E você, Aly? — Sam perguntou.
— Não sei, faz um tempo que não vou para minha casa. — Falei suspirando. — Não sei se chegou alguma carta, mas não importa.
Me inscrevi para várias universidades, mas não sei o que fazer, não sei se chegou alguma carta na minha casa, e não sei se quero fazer mesmo isso, não sei o que fazer da minha vida, só sei que eu tenho que impedir os Cefurs de destruir tudo, depois vou ver o que vou fazer.
Depois de terminarmos de comer, dei a idéia de "tomar um banho" no lago, elas aceitaram meio relutantes, mas depois entraram comigo na água, quando terminamos, eu peguei minha bússola no bolso e vi onde estava o norte. Começamos a caminhar, mas dessa vez devagar porque eu não sei se os outros estão mais para a frente ou atrás de nós.
Se passaram algumas horas, já devia ser três da tarde, eu apenas ia andando escutando as meninas contarem alguns acontecimentos da escola, vi uma pedra e fui até lá me sentando, elas ficaram de pé na minha frente.
— O que foi? — Sam perguntou preocupada.
— Nada, vamos descansar um pouco.
— Já estava na hora! — Haley falou alongando a perna.
Sam desmanchou o seu sorriso olhando atrás de mim, eu franzi o cenho a estranhando.
— O que foi, Sam? — Eu perguntei.
— Ah, sem querer ser estraga prazeres... mas acho que tem alguém ali. — Ela disse apontando para longe.
Me virei um pouco animada com a expectativa de ser os meus amigos, mas tomei um susto quando vi a roupa branca se destacando ao longe pelas árvores.
— Droga, se abaixem! — Falei baixo.
Nos abaixamos atrás da pedra em que eu estava sentada, tentando nos esconder.
— É o que eu estou pensando que é? — Sam perguntou trêmula.
— É, é sim. — Eu sussurrei.
— Ah não, de novo, não! — Haley murmurou.
Eu respirei fundo fechando os olhos, o que vou fazer agora?
— O que faremos se ele nos virem? — Sam perguntou.
— Agora não tem os outros com a gente. — Haley sussurrou.
Eu fui um pouco para o lado e dei uma espiada, mas não vi mais o Cefur, que estranho.
— Capaz dele nos matar. — Sam falou por um fio de voz.
— Nem pense numa coisa dessas. — Haley murmurou. — Me dá calafrios.
— Droga, eu sabia que deveria ter aceitado fazer as aulas de karatê na escola. — Sam sussurrou batendo a cabeça na pedra. — Burra!
— Acho que curso de teatro não vai ajudar agora. — Haley disse divertida.
— Será que dá pra vocês pararem de falar?! — Eu murmurei. — Tenho que pensar!
— Então pense rápido! — Haley falou.
— Calma, tá bom?! Tem que ser um plano muito... — Eu parei de falar.
Senti um objeto gelado nas minhas costas, meu coração acelerou e minha respiração pesou, girei minha cabeça e olhei para trás lentamente temendo o que iria encontrar, o Cefur tinha um sorriso debochado enquanto me olhava, sem contar que tem outro do seu lado.
— Anda, levanta. — Falou o que segurava uma arma em mim.
Me virei completamente e me levantei lentamente colocando meus braços para cima.
— Vocês duas também. Agora!
Elas levantaram rapidamente assustadas e ficaram do meu lado.
— Vamos, saiam de perto da pedra. — Ele falou ainda apontando a arma para mim.
Nos afastamos da pedra dando passos para trás com eles nos seguindo, paramos de andar e os dois ficaram nos olhando.
— Vocês duas eu não conheço.
— O Senhor Davis que mandou trazer essas duas para atrapalhar eles. — O outro disse rindo.
— Ah, sim. — Ele riu também. — Esperto ele, tinha que ser o nosso chefe.
Eles dois riram e eu me segurei para não revirar os olhos, eles olharam para nós de novo, sorrindo sacana.
— Cadê os seus amiguinhos?
— Como vou saber?! — Eu perguntei ríspida.
— Olha como fala comigo, garotinha.
Fiquei quieta, meus braços começaram a doer e eu os abaixei sem ligar para eles.
— Muito cuidado. — Disse o Cefur sem a arma.
— Relaxa, ela não sabe atirar. — Falou o outro. — Peter não ensinou ela bem o suficiente.
Ele piscou o olho para mim.
— Fico surpreso que o Peter ainda não te achou. Ele deve estar desesperado te procurando.
— Aquele ali é capaz de entrar na frente de uma bala por ela. — Ele falou sarcástico.
— E se levarmos elas conosco?
— Hum, não sei. — Ele sorriu provocativo. — Será que levamos?
— Assim já passamos no castelo e pegamos o colar dela.
— Não está comigo. — Eu falei.
— Claro que está! — Ele disse levantando uma sobrancelha. — Se não, por que você se separaria dos outros?
Fiquei calada sem saber o que responder.
— Se ficou quieta é porque tá certo.
— Podíamos fazer uma surpresinha com a Alyssa para o Peter não é?
— Boa idéia! — Ele disse sorrindo maléfico. — Imagina a cara dele quando a gente aparecer com ela.
— Vou até gravar! — O outro disse rindo.
— Então, vamos agora!
O Cefur guardou a arma ainda rindo.
Se concentra Alyssa, se concentra! Sua vida depende disso!
Antes deles me pegarem, eu peguei uma flecha na aljava em minhas costas, pela minha visão periférica, vi Haley arregalar os olhos em minha direção, peguei meu arco fechado na minha cintura lentamente sem chamar a atenção.
Um flash do meu treinamento com o Peter me vem na cabeça e isso me dá mais coragem, eu não vou matá-los, não conseguiria viver com isso, só vou mirar nas pernas deles para que não nos sigam.
Um deles virou o rosto na minha direção e arregalou os olhos, eles se prepararam para correr até mim e me parar, antes que eles me alcançassem, eu atirei a flecha no pé de um e ele gritou caindo no chão, rapidamente eu peguei outra e atirei no outro. Eles dois ficaram no chão gritando de dor tentando tirar as flechas e eu sorri vitoriosa.
— Você vai me pagar! — Um deles gritou. — Tá ouvindo, garota? Vai me pagar!
—Vou ficar esperando.
Ele gritou com raiva enquanto o outro choramingava do seu lado, o que estava com raiva, colocou a mão no bolso para pegar sua arma, antes que ele pegasse, eu dei uma flechada em sua mão.
— Sua... — Ele grunhiu.
— Vamos, meninas. — Falei guardando o arco.
Elas que estavam estáticas se viraram para mim.
— Vamos! — Falei com pressa.
Comecei a correr para longe com elas ao meu alcance, meu coração estava a mil pela adrenalina, eu realmente consegui mirar certo, consegui me defender. Sorri enquanto corria pelas árvores.
°•°•°•°
Depois do episódio com os dois Cefurs, nós só paramos de correr quando estávamos a uma boa distância longe deles, agora eram por volta das cinco da tarde e estávamos morrendo de fome, só comemos aquele peixe de manhã e mais nada, essas árvores não davam nenhum fruto e estávamos sem água desde ontem. Fome e sede juntos não é lá uma boa combinação.
Estávamos andando lentamente para o norte, nenhuma de nós com pique para conversar, apenas ouvíamos o barulho do vento e alguns passarinhos cantando ao longe, não estava tão quente. Meus pensamentos estavam divididos em quando eu atirei nos Cefurs e nos meus amigos, em onde eles estavam. Será que também estão indo para o norte ou estão nos procurando?
Soltei um suspiro, olhei para cima e bem na hora passou um passarinho amarelo voando de galho em galho e cantando, continuei andando e olhando para ele distraidamente até que ouvi um clique debaixo de mim, parei de andar imediatamente, as meninas confusas, pararam do meu lado esquerdo um pouco a frente de mim, eu engoli em seco e olhei para baixo temendo o que iria achar.
Eu acabei de pisar em uma mina.
Igual a mina que o Luke pisou quando fomos comprar os walkie talkie. Olhei para frente começando a entrar em desespero, não posso me mexer se não ela pode explodir e me fazer virar churrasco de Alyssa.
— Aly? — Sam me chamou.
— O que foi? — Haley perguntou levantando uma sobrancelha.
— Eu... — Falei engolindo em seco. — Eu...
— Fale de uma vez! — Haley exclamou.
— Eu acabei de pisar em uma mina!
— O que?! — Haley gritou dando passos para trás.
— Tem certeza?! — Sam perguntou de olhos arregalados.
— Absoluta!
— Ela vai explodir! — Haley falou.
— Só se eu me mexer.
— Então fica parada!
— O que você acha que estou fazendo? — Eu perguntei estressada.
Sam mordeu suas unhas olhando para os meus pés, meu coração estava acelerado, não sei o que fazer, não sei desarmar uma mina e mesmo se soubesse, eu não poderia me mexer e as meninas sabem muito menos, só os outros poderiam desarmar e eles não estavam aqui.
— Como você vai sair daí? — Sam perguntou.
— Não sei.
— Droga! — Haley praguejou. — Não se pode fazer nada?!
— Não, não dá! — Falei fechando os olhos. — Por que tinha que acontecer isso justo agora?! Por quê?!
— E agora? Vamos ficar aqui? — Sam perguntou relutante.
— Não tem jeito. — Haley murmurou.
Uma ideia invadiu minha mente e abri os olhos.
— Já sei! — Eu falei. — Vocês saem daqui e procuram os outros!
— O que?! Tá maluca?! — Haley perguntou descrente. — Eu e a Sam não vamos andar por aí sozinhas!
— É o único jeito! — Eu falei indignada.
— Não dá! — Haley insisteu. — E se a gente encontrar um Cefur, o que vamos fazer?!
— É só correr!
— Não! Não, mesmo! De jeito nenhum!
— Não é melhor a gente esperar os outros nos acharem aqui? — Sam perguntou.
— Isso mesmo! — Haley concordou. — Vamos esperar.
— E se demorar dias para nos encontrarem?! — Eu perguntei.
Elas não responderam, eu olhei para frente totalmente irritada, não custa nada sair por aí procurando ajuda! Sam e Haley ficaram discutindo sobre o que fazer e eu fiquei quieta sem me mexer com medo de que a mina pudesse explodir, alguns minutos se passaram até eu escutar alguma coisa distante.
— Esperem! — Eu falei franzindo o cenho. — Fiquem quietas!
— O que? Eu... — Haley falou, mas eu a interrompi.
— Na boa! — Falei olhando a nossa volta.
Elas se calaram e eu tentei me concentrar no barulho, escutei outra vez, são vozes, várias vozes.
— Ai meu Deus! — Sam murmurou.
— Será que é... — Haley falou.
— Peter! — Eu sussurrei.
Ouvi novamente, agora a voz mais nítida, escutei a voz do Noah e depois da Sara.
— Alyssa! — Escutei o Peter gritar.
— São eles! — Sam disse pulando animada.
— Alyssa! — Luke gritou. — Meninas!
Eu sorri, agora meu coração acelerou pela felicidade.
— Aqui! — Eu gritei. — Estou aqui!
— Alyssa! — Peter gritou.
Eu olhei à minha direita e então os vi bem longe, são eles! Eu queria poder sair daqui e correr até lá, mas não era possível.
— Aqui! — Gritei outra vez.
Sam começou a acenar com os braços já que eu não podia me mover, eles viram e começaram a correr na nossa direção, meu sorriso devia estar parecendo a do gato da Alice No País Das Maravilhas. Fiquei emocionada e meus olhos ficam marejados por vê-los.
— Aly! — Sara gritou rindo animada.
Eu também dei risada, eles se aproximaram sorrindo, mas Peter não parou de correr até mim.
— Alyssa! — Peter falou, vindo ao meu encontro para me abraçar.
— Espera! — Eu falei apressada.
Ele brecou seus passos e franziu o cenho confuso, os outros pararam logo atrás.
— O que... — Noah falou.
— Eu pisei em uma mina. — Eu falei.
Peter arregalou os olhos e olhou para os meus pés, então ele se aproximou devagar.
— Não se mexa! — Ele falou preocupado.
— Como isso aconteceu? — Sara perguntou.
— Eu estava distraída. — Eu expliquei. — Então, só ouvi o barulho e parei de andar.
— Você sabe que mesmo que você não se mexa, depois de um tempo ela explode, não sabe? — Luke perguntou.
— O que?! — Eu perguntei alto.
Quase me movi no desespero de suas palavras, mas Peter colocou suas mãos no ar para me parar.
— Alyssa! — Ele me alertou de olhos arregalados.
— Eu quero sair daqui! — Falei apavorada e com um nó na garganta. — Me tirem daqui!
— Calma. — Peter falou. — A quanto tempo você tá ai?
— Eu não sei. — Falei com a boca tremendo.
— Uns vinte minutos. — Sam respondeu.
— Faz bastante tempo. — Luke falou preocupado para o Peter.
Minha respiração ficou ofegante ao saber o significado do olhar que eles trocaram, eles perceberam e olharam para mim.
— Calma, amiga. — Sara falou. — Se você ficar assim, a mina percebe e... explode.
— Sara! — Noah falou em repreensão. — Não tá ajudando.
— Vou desarmar. — Peter falou tentando parecer calmo. — Vai ficar tudo bem.
Ele se abaixou lentamente até os meus pés e com a mão, ele tirou o pouco de terra que cobria a mina e percebi que a sua mão tremia levemente. Todos ficaram em silêncio e Sam agarrou o braço da Haley. Peter começou a mexer bem devagar na mina enquanto eu tentei manter a calma que eu não tinha, depois de uns minutos, Peter se levantou me olhando preocupado.
— Já posso sair?! — Eu perguntei ansiosa.
Ele abriu a boca, mas depois fechou engolindo em seco.
— O que foi? — Sara perguntou desconfiada.
— Peter? — Eu perguntei confusa.
— Essa mina... — Ele falou baixo e sua voz falhou. — Não tem... não dá pra desarmar.
Primeiro capítulo do ano!!! Como vocês estão?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro