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𝘁𝗵𝗶𝗿𝘁𝘆 𝘀𝗶𝘅 ➳ 𝘵𝘩𝘦 𝘤𝘢𝘴𝘵𝘭𝘦

Quando entrei naquela pequena caverna, eu só queria ficar ali e desmoronar, chorei enquanto imagens minhas e do Peter vinham na minha cabeça e tão de repente, ele apareceu ali bem do meu lado, não pude me conter e me joguei em seus braços pensando que aquele seria o nosso último contato e que eu deveria aproveitar antes que ele voltasse para a Abby de uma vez por todas. 

Mas eu não esperava que aquelas três palavras saíssem de sua boca, não esperava ouvir aquilo, que ele me amava, que ele me ama. Fiquei tão surpresa que não consegui formular uma frase, até aquele momento eu ainda estava confusa, por que ele falaria aquilo se tinha a Abby agora? Então ele me falou pelo o que passou, eu nunca poderia imaginar que aquela ideia tinha passado pela sua cabeça, não consigo imaginar viver em um mundo sem o Peter Black, eu agradeço tanto por tê-lo perto de mim, por ele me amar, e eu o amo, eu amo o Peter Black.

Depois do nosso momento, ficamos poucos minutos na caverna apenas aproveitando a presença um do outro, até que ele se levantou e disse para irmos atrás dos outros, apesar da nossa declaração, não tínhamos tempo para ficar boiando uma hora dessas quando estamos no penúltimo dia de viagem até o castelo.

Caminhamos de mãos dadas com ele acariciando minha mão o tempo todo enquanto conversávamos coisas aleatórias, tudo estava voltando ao normal. Quando conseguimos achar os outros, já estava de tarde e eles estavam sentados comendo frutas e cereais, nos aproximamos deles e logo de cara vi a Abby com seus olhos cerrados olhando nossas mãos unidas.

— Vejo que está tudo bem agora. — Sara falou sorrindo maliciosa.

Dei risada me sentando no chão com o Peter do meu lado.

— E tinha alguma coisa errada? — Luke perguntou franzindo o cenho.

— Mas é um lerdo mesmo. — Sara disse mordendo sua barra de cereal.

Luke deu de ombros voltando a se concentrar na sua maçã, Noah passou duas maçãs para eu e o Peter.

— E aí, onde vocês dois foram? — Abby perguntou.

— Por aí. — Peter respondeu. — Queria ficar sozinho com a Alyssa.

Sorri e mordi minha maçã, agora não tenho com o que me preocupar, sei que ele me ama de verdade e confio nele.

°•°•°•°

Último dia. Não literalmente o último dia, mas o último dia para chegarmos ao nosso destino, a nossa missão: pegar o baú. Até porque vamos ter que caminhar outros dez dias para voltar para casa. Casa, essa palavra parece tão errada, não estou mais morando em casa, estou na base, agora esse grupo se tornou minha segunda família, falando nisso, espero que meus pais estejam bem onde quer que eles estejam nesse momento.

Nós caminhamos mais devagar agora, o inverno estava chegando e em poucos dias vai começar a nevar, o problema é que não temos roupas quentes, não sei como vamos sobreviver quanto a isso. Eu andava abraçada com o Peter em uma tentativa inútil de me aquecer. De onde eu estava, conseguia ouvir o queixo da Sam tremer com seus dentes batendo um no outro. Eu sempre gostei do inverno, mas agora no meio da floresta eu estou odiando.

Todos caminhavam sem falar nada tentando de algum jeito se aquecer, Peter olhou para o céu, consigo ver seu ar de preocupação.

— Tá tudo bem? — Eu sussurrei, uma pequena fumaça quente saiu da minha boca se misturando com o vento.

— Só quero chegar logo no castelo, espero que lá tenha algo para nos aquecer. — Ele disse no mesmo tom que eu e me apertou mais contra seu corpo.

— Tomara. — Falei olhando a frente. — Se não, vai ser mais um problema nas nossas costas.

— Isso se não morrermos congelados antes. — Luke murmurou do meu outro lado.

— Vira essa boca pra lá. — Eu reclamei.

— Deixa eu me aquecer com vocês também? — Ele perguntou com olhos pidões.

— Vai se esquentar com a Sara. — Eu provoquei.

Ele me olhou assustado percebendo meu tom de malícia na voz, depois cerrou os olhos pra mim.

— Como você... — Ele disse e depois se calou balançando a cabeça e se afastando para perto da Sara.

Dei risada.

— O que foi isso? — Peter perguntou curioso.

— Depois eu te conto. — Falei suspirando.

Ele não disse mais nada, olhei para o outro lado encontrando a Abby nos olhando, desde ontem ela tem me olhado de uma forma estranha, de uma forma que eu até me arrepio, mas por enquanto, vou deixar esse assunto de lado, tenho muitas coisas para resolver no momento do tipo: como chegar no castelo sem ser congelada.

Se passaram quatro horas e nosso ritmo foi ficando cada vez mais lento, todos continuavam em absoluto silêncio até a voz da Sara preencher nossos ouvidos.

— O castelo! — Ela disse arfando.

Levantei a cabeça, não sei nem descrever o que eu estava sentindo quando finalmente consegui ver o tão esperado castelo. Todos pararam de andar para admirá-lo, quando os meninos falaram que ele se parecia com o castelo, eu não imaginava que realmente iria parecer, mas de alguma forma ele é como um castelo, só que pequeno e bem acabado.

Luke caiu de joelhos no chão levantando os braços, olhamos para ele curiosos.

— Finalmente! — Ele gritou e Noah deu de ombros.

— Ok... eu tô com medo. — Haley falou. 

Ficamos quietos.

— Ninguém mais tá com medo?! — Ela perguntou. — Isso tá caindo aos pedaços! 

— Parece que estamos em um filme de terror. — Eu murmurei.

— Exatamente! — Haley exclamou assustada.

— Legal, né? — Luke perguntou eufórico para Sara.

— Claro. — Ela disse rindo de nervoso.

— Da última vez que nós viemos aqui, não estava tão velho assim. — Peter falou ainda olhando para o castelo.

— Mas é claro, da última vez, nós viemos com nossos pais, lembra? — Noah perguntou. — Tínhamos o que? Oito, nove anos?

Peter suspirou com a lembrança.

— Vamos ficar aqui parados e congelando ou vamos entrar? — Abby perguntou impaciente. 

— E se tiver alguém lá dentro? Um Cefur? — Sam perguntou. 

— Não tem nenhum Cefur lá dentro, saberíamos pelo walkie talkie. — Eu respondi.

— Mesmo assim, vamos inspecionar toda área lá dentro por garantia, não sabemos se ainda está abandonada. — Peter avisou.

— Então... vamos lá. — Sara disse vacilante.

Fiquei tranquila de não ser a única com medo de entrar lá, o castelo ainda estava um pouco longe então nos aproximamos calmamente e eu segurei a mão do Peter nervosa. Passamos pelo gramado verde e paramos em frente a uma grande e alta porta, Peter respirou fundo e colocou a mão na maçaneta, antes de abrir ele soltou minha mão para pegar seu arco e ficar preparado, então com um pouco de esforço ele abriu a porta, a porta rangeu enferrujada e senti um arrepio correr pelo meu corpo.

Estava um pouco escuro, mas dava para enxergar graças a luz do sol que por acaso, não estava nos esquentando. Peter passou pela entrada lentamente, senti alguém me empurrar de leve para eu seguir adiante já que eu estava atrás do Peter, com o coração a mil por segundo, eu entrei e os outros vieram me seguindo. Parei do lado do Peter, todos já entraram e deixamos a porta aberta para clarear o local, olhei a nossa volta, estávamos em uma grande sala, tinha três sofás, uns armários e vários enfeites, todos empoeirados e com teias de aranha.

— Alyssa. — Peter me chamou.

Eu estava tão fascinada com tudo à nossa volta que ele teve que me chamar outra vez e eu olhei para ele.

— Está com você, não é? — Ele perguntou.

A chave. Meu colar.

— Sim, está. — Eu respondi baixo.

— Ok. — Ele suspirou olhando para todos dessa vez. — Vamos nos separar em grupo, vejam se tem alguém aqui e procurem o baú, se acharem, leve até a Alyssa para abrir.

— Quais grupos? — Noah perguntou.

— Você, Abby, Sara e Sam vão para o andar de cima, eu, Alyssa, Luke e Haley ficamos aqui embaixo. — Peter falou nos separando.

Todos concordaram, o grupo do Noah subiram as escadas que fazia barulho e sumiram lá pra cima, me voltei para o Peter esperando mais instruções.

— Ok, me sigam. — Ele disse indo na frente segurando uma flecha no arco todo preparado.

Deixei o Luke ir atrás do Peter que era mais experiente nessas coisas, ele imitou o Peter ficando pronto com o arco e a flecha. Eu e Haley trocamos um olhar assustadas, segui atrás do Luke e ela logo atrás de mim. Damos passos quietos e cuidadosos, saímos da enorme sala e seguimos para um corredor, entramos em outro cômodo, reconheci ser uma cozinha com um grande balcão no meio e armários de madeira pelas paredes, tudo empoeirado igual a sala.

Peter seguiu pelo corredor encontrando uma dispensa totalmente vazia e com muito mais teias de aranha, ouvi Haley soltar o grunhido. Voltamos pelo corredor e passamos novamente pela sala para ir ao outro lado, encontramos dessa vez uma grande biblioteca com livros cheios de poeira e alguns rasgados, senti uma dor no coração ao ver o estado deles. Saímos da biblioteca e encontramos uma sala pequena comparada à principal, passamos por ela e chegamos na última porta, a única que estava fechada por sinal.

Peter olhou para nós antes de abri-la, entramos e encontramos um escritório, mas ele não estava igual aos outros cômodos que encontramos, estava limpo, como se alguém tivesse limpado a poucos dias.

— Que estranho. — Peter murmurou abaixando o arco.

— Mais que estranho, isso tá bizarro. — Luke falou também abaixando o arco.

— Por que só aqui tá limpo? — Haley perguntou num sussurro.

— Porque é aqui que o baú deve estar. — Eu murmurei.

— Vamos procurar. — Peter falou guardando a flecha na aljava.

— Será que os outros estão bem? — Haley perguntou.

— Se ainda não gritaram é porque devem estar. —  Luke respondeu dando de ombros.

Nos espalhamos pelo escritório, cada um em um canto procurando pelo baú, agora o medo se foi e no lugar ficou a ansiedade. Ficamos alguns minutos procurando, a Haley começou a abrir as gavetas da mesa e depois parou chocada.

— O que foi? — Eu perguntei. — Haley?

— Acho que encontrei. — Ela falou baixo e relutante.

— O baú?! — Peter perguntou. 

— O baú e um… bilhete. — Ela disse relutante e me olhou.

Eu franzi o cenho e nós três rapidamente nos juntamos ao redor dela, olhei para a gaveta e lá estava, pequeno e marrom, o baú. Mas em cima do baú tinha um pequeno bilhete com o meu nome escrito. Peter tirou o baú da gaveta com o bilhete, depois me olhou confuso e me deu o pequeno papel.

Eu peguei o papel e passei o dedo pelo o meu nome, então virei o papel e li o que estava escrito.

"Alyssa, somos os seus pais. O pendrive está nesse baú, cuide bem dele, e tome muito cuidado. Sinto muito por essa situação, mas é necessário. Nós te amamos muito."

— São dos meus pais. — Eu falei em choque. — Eles estavam aqui, no castelo.

Eles me olharam tão chocados como eu.

— Vamos pra sala chamar os outros. — Peter falou ansioso.

Praticamente corremos para a sala, Luke subiu a escada para chamar o outro grupo, eles desceram ansiosos também e Luke falou sobre o bilhete para eles que também ficaram surpresos. 

— Onde estava? — Sara perguntou animada.

— Em um escritório. — Eu respondi. — A Haley que encontrou.

— Acharam alguma coisa lá em cima? — Peter perguntou. 

— Não, nada. — Abby respondeu. — Só tem vários e vários quartos e banheiros sem fim.

— Vamos abrir logo. — Noah falou batendo o pé no chão ansioso.

Peter colocou o baú na mesa de centro e olhou pra mim.

— Faça as honras. — Ele disse sorrindo pra mim.

Sorri de volta e me agachei de frente para a mesa, peguei o colar no meu bolso, olhei para ele e apertei em minhas mãos, respirei fundo e encaixei o colar no pequeno buraco em cima do baú da forma do colar, ele se encaixou e ouvi um barulhinho.

— Abriu. — Sam sussurrou.

Estava ansiosa e ao mesmo tempo nervosa, fiquei olhando um tempo para o baú tomando coragem e depois abri lentamente. Dentro tinha um estofado vermelho e no meio o tão esperado pendrive. Sorri e peguei o pendrive olhando para todos ao meu redor, eles comemoram.

— Acabamos com o plano dos Cefurs! — Sara gritou pulando.

— Depois de anos e anos, finalmente! — Noah falou radiante.

Luke veio até mim e pegou o pendrive o avaliando.

— Dez dias de caminhada pela floresta, uma pequena aventura, fome, gás tóxico, calor e frio, tudo por causa dessa belezinha. — Luke disse girando o pendrive entre seus dedos e depois beijou o pendrive.

Soltei uma risada e fui puxada pelo o Peter.

— Você conseguiu. — Ele sussurrou com o rosto a centímetros do meu.

— Não, nós conseguimos. 

Ele me beijou como uma pequena comemoração só nossa, sorrimos um para o outro e nos voltamos para os outros comemorando. Uma pequena aventura, tudo por causa desse pequeno objeto.

°•°•°•°

Por sorte nós achamos outra dispensa com alguns alimentos, olhamos a validade e conseguimos alguns biscoitos que ainda estavam bons, Peter achou uma barra de chocolate, o que me deixou feliz da vida e eu decidi fazer chocolate quente para nos aquecer, já que cada segundo que passava ficava mais frio. Noah conseguiu acender a lareira e nos sentamos à volta dele, depois que comemoramos, eu peguei o pendrive e guardei em um bolso do meu traje para não perder.

Depois que eu estava com a barriga cheia, eu decidi subir para o andar de cima, estava curiosa para saber como é, e claro, o Peter me seguiu e eu fiquei agradecida porque ainda era tudo assustador, eu ainda esperava o Chucky ou a Annabelle aparecer. Ri de mim mesma, eu estava mais preocupada com filmes de terror do que a probabilidade dos Cefurs aparecerem por aqui. Como a Abby disse, no andar de cima só tinham quartos e banheiros.

— Será que esses chuveiros funcionam? — Eu perguntei com esperança.

— Só tem um jeito de descobrir. — Peter respondeu indo para perto de um.

Ele conseguiu ligar o chuveiro e a água saiu quentinha, olhei para ele sorrindo e ele desligou. Faz uns bons dias que não tomamos um bom banho.

— Você primeiro. — Ele falou sorrindo divertido. 

Meu sorriso sumiu, eu vou ter que ficar sozinha nesse banheiro para tomar um banho decente, e não quero ficar sozinha aqui.

— Peter... — Eu falei indecisa.

— Vou ficar no corredor, não se preocupe, não vai acontecer nada. — Ele disse tranquilo.

Pegamos nossas toalhas na mochila, eu fui primeiro e ele ficou no corredor me esperando. Quando terminei, ele me levou de volta para o andar de baixo e depois foi tomar seu banho, os outros perceberam o meu cabelo molhado.

— O que aconteceu? — Sam perguntou juntando as sobrancelhas.

— Os chuveiros estão funcionando, tem água quente. — Eu falei alegre.

— Mentira! — Sara falou chocada. — Eu também quero! 

— Eu também! — Haley disse ficando de pé. — Meu cabelo ta um ninho.

Todos decidiram subir para tomar banho e eu fui com eles porque não queria ficar sozinha lá embaixo, essa enorme casa me dava arrepios. Minutos depois, o Peter saiu do banheiro com o cabelo molhado, pelo jeito todo mundo quer lavar o cabelo. Nós nos sentamos de volta à lareira para que o cabelo secasse rápido, aos poucos os outros foram descendo, conversamos e decidimos dormir no castelo e amanhã cedo ir embora. Eu e Peter procuramos um quarto mais limpo para descansar, achamos um no final do corredor, trocamos o lençol que forrava a cama e pegamos duas cobertas em um guarda-roupa gigante.

Deitamos na cama e as molas enferrujadas fizeram barulho, deitei minha cabeça no seu peito e ele me abraçou encostando sua bochecha no meu cabelo que já estava seco.

— Seu coração está acelerado. — Peter falou baixinho. — Por quê?

— Aqui é assustador. 

— E eu achando que era por minha causa. — Ele murmurou e eu ri. 

— Já sei. — Eu falei. — Sorriso número oitenta e três. 

Ele riu dessa vez.

— Agora faltam dezessete. — Ele murmurou no meu cabelo. — E então vou ganhar o meu prêmio.

— Falta pouco. 

O quarto não estava totalmente escuro graças a algumas velas que achamos perdidas por aí.

— Acho que não vou conseguir dormir hoje. — Eu falei abraçando-o mais.

— Você consegue dormir no meio de uma floresta totalmente exposta aos perigos lá fora, mas não consegue dormir em uma casa velha e empoeirada? — Ele perguntou achando graça.

— Exatamente isso. — Eu murmurei dando uma risada fraca.

Ele riu e beijou meu cabelo.

— Pode dormir tranquila, vou espantar os fantasmas se aparecer algum.

— Claro que vai. — Eu disse rindo.

— Estou falando sério, pode dormir.

Levantei minha cabeça, eu ia falar alguma coisa, mas esqueci totalmente com o seu olhar intenso e caloroso em cima de mim. Antes mesmo de falar alguma coisa, eu já estou o beijando, ele segurou minha nuca me aproximando mais.

— É melhor ir tentar dormir. — Ele sussurrou encostando nossas testas.

Soltei um suspiro, deitei novamente em seu peito e fechei os olhos, senti sua boca na minha testa.

— Eu te amo. — Ele sussurrou.

Eu sorri de olhos fechados e meu coração se aqueceu.

— Eu te amo. — Eu também sussurrei.

— Sorriso oitenta e quatro. 

Ao ouvi-lo, eu sorri mais uma vez.

— Oitenta e cinco. — Ele disse outra vez.

— Vai dormir, Peter Blake. — Eu murmurei rindo.

— Oitenta e seis. — Ele sussurrou e dessa vez eu segurei o outro sorriso, ele beijou minha testa e fechou os olhos.

°•°•°•°

Acordei com sede no meio da noite, acho que dormi por uma hora, me sentei na cama pensando se eu ia ou não lá na cozinha.

— Alyssa? — Ouvi o Peter murmurar com a voz rouca.

— Aqui. 

— O que foi? — Ele perguntou se sentando comigo.

— Estou com sede, mas não quero ir lá embaixo.

Ele colocou as cobertas para o lado e levantou me dando a mão.

— Eu vou com você, vamos. — Ele disse baixinho.

Sorri agradecida e peguei sua mão, saímos do quarto sem fazer barulho e descemos a escada, quando estávamos prestes a atravessar a sala para ir a cozinha, eu ouvi um barulho.

— Peter, acho que tem alguém chorando. — Eu sussurrei parando de andar.

— Tem certeza? Quem? 

Ficamos quietos para ouvirmos melhor, eu sei quem é, me sinto na obrigação de ir até lá.

— Haley. — Eu sussurrei. — Está vindo da cozinha.

Andamos até lá, da porta conseguia vê-la sentada no chão com um cobertor, me virei para o Peter.

— Pode subir, vou ficar bem. — Eu sussurrei.

— Qualquer coisa grita. — Ele murmurou e se afastou.

Vi sua sombra sumir pelo corredor, me virei respirando fundo e entrei na cozinha, ela não percebeu minha presença, então fui para o seu lado e ela me olhou assustada.

— Alyssa? — Ela disse secando seu rosto. — O que faz aqui?

— A pergunta é: o que você faz aqui? E sozinha. 

— Nada. — Ela murmurou.

Suspirei, me sentei do seu lado e ficamos quietas, a única vez que eu vi a Haley chorar foi quando a gente tinha doze anos e uma menina da nossa sala puxou seus cabelos por causa de um garoto modelo que tinha entrado na escola, fora isso, nunca imaginei que encontraria ela chorando assim.

— Você não precisa ficar aqui. — Ela sussurrou.

— Sim, preciso. — Eu falei. 

Ela não disse nada.

— Por que estava chorando? — Eu perguntei de uma vez.

— Não precisa fingir que se preocupa. — Ela murmurou.

— Quem disse que eu não me preocupo? — Eu perguntei juntando as sobrancelhas. — Se não me preocupasse, eu não estaria aqui. Você é minha, claro que vou me preocupar. 

— Fala sério, Aly. — Ela disse cansada. — Tantas coisas que eu já fiz, sei que sou uma chata e mimada.

Não consegui ouvir mais nada que ela disse, só me concentrei em como ela me chamou, ela nunca havia me chamado pelo meu apelido, era apenas Alyssa e nada mais. 

— E mesmo assim estou aqui. — Falei calma. — Pode confiar em mim, Haley.

Ela me olhou, engoliu em seco e depois respirou fundo.

— Sei que não parece. — Ela disse baixo. — Mas minha vida é difícil.

— De todos são. 

— Até parece. — Ela disse parecendo irritada. — Eu ia para a escola e fingia que eu tinha uma vida perfeita, mas a sua vida que é perfeita.

— Perfeita? Minha vida? Está muito longe disso. — Eu disse rindo.

— Pra mim, parece que sim. — Ela falou olhando pra frente. — Você tem pais perfeitos, suas notas sempre foram boas, todos gostam de você ou te admiram e você tem um namorado perfeito que te ama de verdade. Eu sempre... sempre senti inveja de você, às vezes, me pegava pensando querer ser você.

— Isso não é verdade. — Falei sorrindo. — Meus pais trabalhavam com os Cefurs, minhas notas nunca foram tão boas como você pensa e nem todo mundo gosta de mim, até porque isso é impossível! Bom... quanto ao Peter… pode ser verdade.

— Mesmo assim, é muito melhor que a minha. — Ela disse negando com a cabeça. — Desde pequena eu tive que fazer só o que os meus pais queriam, até hoje é assim, não posso ir para faculdade que eu quero, não posso comer o que eu quero e não posso nem escolher como pentear meu cabelo, eu estou cansada disso, de tudo isso.

— Eu lamento por isso. — Falei sincera. — Você deveria ter contado isso para mim e para Sam a muito tempo, teríamos te ajudado Haley, teríamos te ajudado a não suportar isso sozinha.

— Eu sei, mas...eu tinha vergonha, ainda tenho. — Ela murmurou abaixando a cabeça.

— Sabe o que eu acho? — Falei fazendo ela me olhar. — Depois disso tudo, você vai conversar com os seus pais, diz tudo o que está sentindo, quem sabe eles não te escutam?

— Eu nunca tentei conversar com eles. — Ela confessou.

— Tá ai uma boa oportunidade. 

Ela me olhou e fez uma coisa que eu nunca esperava, ela me abraçou, fiquei tão surpresa que demorei para corresponder, senti suas lágrimas caírem em meu ombro.

— Muito obrigada, Aly. — Ela sussurrou.

— Pode contar comigo, para qualquer coisa. 

Ela se afastou secando o rosto.

— Mudando totalmente de assunto. — Eu falei. — Qual faculdade você realmente quer fazer?

— Arquitetura. — Ela disse com um brilho nos olhos. — Sempre sonhei com isso.

— Sério?! — Eu perguntei surpresa.

— Sei que não dá pra perceber mas... eu amo.

— Espero que consiga o que quer, de verdade. 

Acho que estou começando a descobrir a verdadeira Haley, e espero que eu consiga descobrir outro tipo de amizade.

Nós levantamos e saímos da cozinha, mas antes tomei um copo cheio d'água, subimos a escada e cada uma foi para uma porta, antes que eu pudesse entrar no quarto, ela me chamou.

— Alyssa. 

Me virei para ela com a mão na maçaneta. 

— O Peter te ama de verdade, dá pra ver isso de longe, dê valor a isso. — Ela falou sorrindo. — Não é sempre que isso acontece com alguém.

Sorri de volta e ela entrou no quarto, demorei uns segundos na porta e também entrei, fui até a cama e me deitei, Peter ainda acordado me envolveu em seus braços.

— Como foi? — Ele perguntou. — Está sorrindo igual uma boba, e não foi por minha causa.

Dei risada.

— Foi bem. — Falei ainda sorrindo. — Foi muito bem.

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