𝗳𝗼𝗿𝘁𝘆 𝘁𝘄𝗼 ➳ 𝘵𝘩𝘦 𝘸𝘢𝘳
Passamos duas longas horas conversando com o delegado, ele nos ouviu com sua total atenção e fazia muitas perguntas, no começo ele achou que tudo que saia de nossas bocas eram mentiras, mas depois e aos poucos ele foi acreditando na gente. Os meninos começaram falando dos pais dele com os Cefurs e depois sobre como eles viviam na floresta, depois eu contei a minha parte de como eu entrei para esse mundo.
— Não consigo nem imaginar pelo o que vocês tiveram que passar. — O delegado disse negando com a cabeça.
— Então, você acredita na gente? — Eu perguntei esperançosa.
— Sim, sim. É claro que sim.
— Você vai nos ajudar, então? — Luke perguntou mordendo a boca.
— Do que vocês precisam? — Ele perguntou.
Nos entreolhamos.
— Precisamos de toda ajuda possível. — Noah falou.
— Para o que, exatamente? — O delegado perguntou desconfiado.
A partir daí, falamos sobre o nosso plano para invadir a Fycherfluar com a ajuda dos policiais e deter o Davis e seus ajudantes. Passamos um bom tempo falando sobre o que deveríamos fazer, o delegado nos ajudou em alguns pontos que ainda não estavam certos, aos poucos e juntos, o plano foi ficando cada vez mais fácil de visualizar, o delegado concordou com a maior parte mas falou algumas regras do tipo:
— Nada de matar.
— São pessoas cruéis! — Sara retrucou. — Que mataram vários inocentes, fizeram experimentos com várias pessoas e agora querem tirar a memória da cidade inteira!
O delegado levantou a sobrancelha completamente sério.
— Matar é crime, isso dá vários anos de cadeia, não importa como a pessoa seja. — Ele disse olhando cada um de nós.
— Então, como vamos nos defender?! — Luke perguntou incrédulo.
— Bom, isso é uma boa pergunta. — O delegado disse suspirando. — Lutem, mas não matem, esse é meu conselho.
Eles demoraram a pensar e depois concordaram, eu fiquei tranquila porque isso não é um problema para mim, eu não consigo e nunca vou conseguir fazer isso com uma pessoa, até hoje eu não sei como eles aguentaram viver com esse sangue derramado nas mãos.
— Apenas derrubem eles até conseguir chegar ao Marcos Davis e acabar com a maldita vacina. — O delegado disse cruzando os braços.
— E depois o que você vai fazer com todos eles? — Eu perguntei.
— Eles só tem um caminho, a cadeia, é claro. — Ele disse dando de ombros.
Depois de mais conversas, marcamos de invadir a Fycherfluar em três dias, nós levantamos e nos dirigimos até a porta para ir embora, mas viramos novamente para o delegado ao ouvir sua voz.
— Eu posso conversar com um de vocês em particular? — Ele perguntou de pé.
Nos entreolhamos confusos, Noah se voltou para o delegado e o resto de nós saímos da sala, desde que o Peter trocou de lado, o Noah tem pegado a liderança entre nós. Nós sentamos em um banco no corredor e esperamos o Noah sair.
— O que será que eles estão falando? — Eu perguntei.
— Não sei, mas quando o Noah sair ele fala para nós. — Luke disse dando de ombros.
— Por que ele não fala com todos nós? — Sara perguntou mexendo a perna sem parar em ansiedade.
— Vai saber. — Luke murmurou bufando.
°•°•°•°
Depois do Noah acabar de falar a sós com o delegado, nós quatro saímos da delegacia, mas não antes da Sara dar um sorriso debochado para a mulher do balcão. O Noah ficou quieto o caminho todo até em casa, nós fazíamos várias perguntas e ele apenas ficava inquieto. Ao chegarmos em casa, fomos até a base e nos sentamos.
— E então, vai nos dizer o que você e o delegado tanto conversaram? — Sara perguntou cruzando seus pés em cima da mesa.
— Nada de mais. — Ele respondeu dando de ombros.
— Ah, fala sério, Noah. — Eu reclamei cruzando os braços. — Conta pra gente.
— Pessoal é sério, só algumas coisas sobre o plano. — Ele disse cansado.
— Que coisas? — Luke perguntou franzindo o cenho.
— Coisas do tipo o horário em que nós vamos nos encontrar.
— Que é...? — Eu perguntei.
— Sete da manhã perto da Fycherfluar.
— Sete da manhã?! — Sara perguntou. — Esse horário eu tô dormindo ainda!
— Foi isso que ele disse. — Noah falou revirando os olhos.
Os três ficaram conversando sobre os Cefurs enquanto eu os observei com a cabeça longe, Luke pediu uma pizza para nós e minutos depois, estávamos comendo enquanto fazíamos outros planos. Eu mastigava a pizza no automático. Eles começaram a falar que o Davis pode acionar o gás, mas depois dizem que não porque assim ele não só mataria a gente como também os Cefurs.
— O que foi, Aly? — Noah perguntou.
— O que? — Eu perguntei confusa.
— Você não opinou em nada do que conversamos até agora. — Sara falou.
Suspirei e larguei meu pedaço de pizza de volta na caixa.
— Não sei se vou conseguir encarar. — Eu falei baixo.
— Claro que vai, você melhorou muito nos nossos treinos. — Sara disse com a mão no meu ombro.
— Não é disso que estou falando. — Eu falei negando. — Eu só não sei se vou conseguir... encarar o Peter.
Eles suspiraram.
— Se eu tiver que lutar com ele, simplesmente não vou conseguir. — Eu sussurrei.
— Sei que ainda dói, mas ele não é mais o Peter que conhecemos, temos que encará-lo. — Luke falou calmo.
— Ah, mas eu tô louca para colocar minhas mãos nele, eu vou acabar com ele! Escreve o que estou dizendo! — Sara falou com as mãos em punhos.
Queria ser como a Sara, mas eu não consigo, quando eu chegar lá, não quero ter que encontrá-lo e o enfrentar, não quero ver ele lutando contra nós e não quero ver ele com a Abby.
Nos dias seguintes, eu e os outros ficamos treinando o dia todo, treinamos luta corpo a corpo e também fiquei aprimorando minha mira com o arco e flecha, nos últimos dias eu ganhei mais força nos braços e nas pernas, acho que já consigo lutar contra os Cefurs, só não sei se consigo contra o Peter... ou a Abby.
No último dia de treinamento, eu fui a última a acordar e ir para a base, quando eu entrei, os três pararam de conversar e fingiram estar ocupados, apenas deixei pra lá e fui treinar, já tenho muitas coisas na cabeça para me preocupar.
°•°•°•°
O grande dia chegou. Acordamos às seis da manhã, nos alimentamos bem, colocamos nossos trajes, pegamos nossas armas e fomos em direção a floresta. Olhei uma última vez para minha casa, talvez eu nunca mais voltasse, nunca se sabe. Caminhamos pela floresta deixando pegadas na neve, no caminho encontramos o delegado com vários policiais, tem mais de cem pessoas do nosso lado, olhei ao meu redor e me permiti sorrir. O delegado acenou com a cabeça para nós.
— Uau. — Sara sussurrou do meu lado.
Eles foram abrindo espaço para nós até que a gente ficasse na frente, de onde estávamos, dava para ver uma parte da Fycherfluar, paramos de andar e observamos o local, a luta ainda nem começou e eu já estava com os nervos à flor da pele.
— Ok, pessoal. — Noah falou. — Vamos conseguir finalmente nos livrar dos nossos pesadelos.
— Finalmente vamos ter uma vida normal. — Sara disse.
— É isso, vamos acabar com tudo. — Luke completou.
Olhamos de novo para a Fycherfluar, tudo de ruim que eles já fizeram iria acabar agora, tantas gerações e maldades infiltrados nessa empresa e agora depois de anos, eles irão cair. Olhei para o lado vendo o delegado se aproximar de nós.
— Está tudo certo. — Ele comunicou.
— Ok. — Noah falou se virando para os policiais. — Todos prontos?!
Todos levantaram as mãos gritando e socando o ar, nesse momento, sei que os Cefurs já nos viram e estão todos ao redor da Fycherfluar para proteger o Davis. O plano é os policiais irem para cima dos Cefurs e abrir caminho para que nós quatro e o delegado consigamos entrar lá dentro e parar a vacina.
— Atacar! — Noah gritou.
A partir daí, todos nós começamos a correr eufóricos e gritando, meu coração estava rápido no meu peito, passei todos os golpes do treinamento na minha cabeça enquanto corria. Vamos nos aproximando rapidamente da Fycherfluar e de longe consegui ver os Cefurs de branco, eles começaram a correr em nossa direção e pela minha visão, eu consegui ver o Luke acertar uma flecha na perna de um deles fazendo-o cair na neve, nos encontramos e a luta começou, peguei meu arco e comecei a mirar nas pernas e nos braços deles, Sara, Noah e os policiais lutavam corpo a corpo contra eles.
Já derrubei seis Cefurs com as flechas à minha volta, me preparei para atirar outra vez quando alguém me empurrou e cai no chão, o tal Cefur que me derrubou, correu em minha direção e eu dei um chute em seu rosto e rapidamente me levantei, enquanto ele estava distraído, eu peguei seu braço e torci fazendo ele gritar.
Outro veio perto de mim e lutei com ele, consegui dar um soco no seu nariz e minha mão doeu, foi o meu primeiro soco de verdade, minha mão doeu tanto que achei que ia ficar dolorida por semanas. Me virei e vi três Cefurs em cima do Luke, peguei mais flechas e mirei neles, fazendo o Luke se levantar e chutar seus rostos. De longe, visualizei um cabelo vermelho voando contra os policiais.
Abby.
Se ela estava aqui, isso quer dizer que... ele também estava.
Olhei ao meu redor, mas não o encontrei, lutei contra os Cefurs que vieram na minha direção, ainda não conseguimos entrar na Fycherfluar, eles eram muitos e pareciam que se multiplicavam do nada, precisávamos achar algum jeito de entrar lá dentro. Com as lutas, eu fui aos poucos para perto de um penhasco. Fiquei distraída, mirando as flechas nos outros até que o vi longe. Peter. Ele encontrou meus olhos e percebi que ele estava respirando pesado pelo cansaço das lutas.
— Alyssa, cuidado! — Sara gritou.
Me assustei e virei a tempo de ver um Cefur mirando uma arma em minha direção, antes que eu conseguisse fazer alguma coisa, o Cefur caiu no chão e abri a boca surpresa por ver quem o derrubou.
O Cefur e o Peter lutavam na neve, Peter deu vários golpes contra ele, fazendo com que ele ficasse desacordado, Peter ficou de pé e me olhou ofegante, meus olhos estavam arregalados. O que ele estava fazendo? Ouvi um grito próximo e olhei sobre meus ombros, quatro Cefurs estavam se aproximando, peguei uma flecha e consegui derrubar um, antes que eu conseguisse pegar outra flecha, um deles me empurrou e eu caí no chão com ele em cima de mim, mas tão rápido quanto a luz, ele sumiu. Fiquei de pé e vi o Peter batendo nele e nos outros dois.
Por que estava me ajudando, se ele trocou de lado? Por que estava indo contra os Ceefurs, se ele era um deles agora? De longe, vi a Sara com uma cara interrogativa e o Noah com um olhar do tipo esperançoso.
Fiquei tão estática e surpresa por causa do Peter que não consegui me mover, os três Cefurs ficaram desacordados e ele me olhou outra vez, eu dei um passo me movendo para perto dele, mas antes que o alcançasse, senti o meu corpo ser empurrado e a última coisa que vi foi a cara de pavor do Peter, mas dessa vez foi diferente, eu senti o meu corpo no ar, eu estava caindo do penhasco.
Soltei um grito e no desespero, consegui agarrar um galho de árvore e fiquei pendurada com meu corpo suspenso no ar, olhei para baixo vendo a altura, lá embaixo tinha um rio com pedras enormes, se eu cair, eu vou morrer na certa, meu coração começou a pular tão rápido que sentia ele em meu corpo todo.
— Alyssa! — Ouvi o Peter gritar.
Olhei para cima e vi ele me olhar apavorado.
— Segura a minha mão! — Ele falou estendo a mão para baixo.
Soltei uma mão do galho e tentei pegar a mão dele, mas o movimento fez o galho deslizar para baixo e eu agarrei o galho novamente.
— Eu não consigo. — Eu falei baixo com um nó na garganta. — O galho vai quebrar.
— Sim, você consegue! — Ele disse determinado.
Balancei minha cabeça negando e respirei fundo.
— Alyssa, olha pra mim. — Ele disse um pouco ofegante. — Olha pra mim.
Olhei para ele com a minha visão ficando embaçada.
— Você consegue, eu acredito em você. — Ele disse confiante.
Ficamos nos olhando e então ele estendeu sua mão para mim, eu olhei para sua mão e depois para ele de novo.
— Vamos, me dê sua mão. — Ele sussurrou.
Respirei fundo duas vezes e devagar, eu fui erguendo minha mão esquerda, mas não consegui alcançar a sua.
— Mais um pouco, está quase lá. — Ele falou me incentivando.
Ergui o meu braço o máximo que consegui e quando eu estava quase o alcançando, o galho se quebrou, mas antes que eu caísse, a mão do Peter envolveu a minha.
— Te peguei. Te peguei. — Ele ofegou.
Ele me deu sua outra mão e eu a peguei, então começou e me erguer, quando senti que estava de joelhos no chão, ele me abraçou fortemente, eu senti sua respiração no meu cabelo e seu coração tão acelerado quanto o meu.
— Conseguiu. — Ele sussurrou me apertando em seus braços.
Fiquei confusa e com o cenho franzindo abri a boca para perguntar a ele o que ele pensava que estava fazendo, mas fui interrompida. Vários Cefurs cercaram nós dois, todos com as armas apontadas para nós no chão, Peter se afastou um pouco para olhá-los, mas sem tirar seus braços em volta de mim.
— Larguem as armas. — Um Cefur ordenou.
Peter suspirou e jogou seu arco e a aljava no chão, eu o imitei jogando os meus no chão do meu lado. Um Cefur pegou meu braço e me levantou bruscamente do chão.
— Cuidado. — Peter falou com os dentes cerrados dando um olhar mortal para o Cefur que me segurava.
Dois Cefurs ficaram do lado do Peter, cada um segurando um braço e outros dois me seguraram, eles começaram a nos levar para dentro da Fycherfluar, olhei sobre meus ombros tentando ver meus amigos, mas eles estavam ocupados com os Cefurs e por isso não me viram.
Os Cefurs nos levaram para vários corredores e depois um elevador, quando chegamos no último andar, a porta se abriu e vi o Davis de costa para nós, de frente para o computador mais grande que eu já vi na vida.
— Senhor. — O Ceefur que segura o Peter falou.
Davis se virou para nós, quando me viu, ele ficou surpreso e depois olhou para o Peter com as sobrancelhas erguidas.
— Ora, ora, ora. — Davis disse. — Podem soltá-los.
Os Cefurs nos soltaram e foram para um canto da enorme sala, passei as mãos pelos meus braços que estavam vermelhos. Olhei para o Davis que nos olhava negando com a cabeça.
— Pensei que tudo estivesse claro, Peter. — Ele disse suspirando.
— É, eu também. — Peter falou raivoso.
— Falei pra você detê-los lá fora e olha onde está agora. — Davis disse cruzando os braços. — Não fez o que eu te pedi.
Peter ficou quieto, seu peito subindo e descendo rapidamente.
— Sabe das consequências, não é? — Davis perguntou e me olhou.
— Não! — Peter falou determinado.
Eu fiquei confusa olhando de um para outro, eu olhei para a grande tela e vi um mapa com sinais vermelhos nela.
— Esses são os lugares que você vai soltar a vacina? — Eu perguntei.
Davis me olhou interessado e sorriu.
— São sim. — Ele respondeu. — Já que está aqui, por que não se junta a mim e vê seus amigos perderem a memória?
— Isso não vai acontecer. — Eu falei firme.
— Ah, você acha? — Ele perguntou com as sobrancelhas erguidas. — Como vai me impedir?
Fiquei quieta e apertei minhas mãos, ele apenas riu e se voltou para o Peter.
— Venha aqui e me ajude. — Davis falou. — Preciso que você coloque a senha que descobriu no pendrive.
— Não. — Peter disse baixo.
Davis o encarou sério e colocou suas mãos no bolso de seu terno.
— É melhor me obedecer, Peter. — Davis falou se aproximando.
— Eu já disse que não. — Peter falou determinado. — Não vou ajudar você a estragar a vida dessas pessoas.
— Ah, vai sim. — Davis falou agora cara a cara com o Peter. — Quer mesmo fazer esse joguinho?
Davis deu uma olhada em mim e Peter não disse nada, então Davis acenou para os Cefurs que estavam na sala, dois deles pegaram meus braços e me empurraram para dentro de uma caixa de vidro no meio da sala, me virei e eles fecharam a porta de vidro. Olhei para o Peter que estava tão confuso quanto eu.
— Ei, me tirem daqui! — Eu falei batendo no vidro.
— Fala isso para ele. — Davis disse apontando com a cabeça para o Peter.
— O que é isso? — Peter perguntou irado.
Peter me olhou e depois olhou para o Davis com a mandíbula apertada.
— O que você tá fazendo?! — Eu perguntei ao Davis.
— Já que ele não quer me dar a senha para iniciar a vacinação, eu vou fazer ele me dar atingindo você, o ponto fraco dele, não é mesmo? — Davis falou debochado.
— Não sou o ponto fraco dele. — Eu murmurei engolindo em seco.
Davis começou a rir.
— Engraçado. Você acha isso? Por que? Estou curioso.
Peter me olhou mordendo a boca e desviou os olhos.
— Ele trocou eu e os outros para ficar com vocês, isso não é o bastante? — Eu perguntei respirando fundo.
Davis sorriu irônico e olhou para o Peter que estava com os olhos pregados nos chão.
— Bom, já que você vai morrer, eu não vejo o porquê de não te contar. — Davis falou se encostando em uma mesa.
— Me contar o quê? — Eu perguntei desconfiada.
— Quando eu invadi a base de vocês para pegar o pendrive, eu falei para a Abby dar discretamente um bilhete em um papel para o Peter.
Coloquei minhas mãos sobre o vidro gelado e franzi o cenho.
— Eu dei duas opções para o Peter. — Davis falou sorrindo maléfico. — Se juntar a nós ou você sofrer as consequências. Ele escolheu a primeira opção, como pode ver.
Abri a boca chocada e olhei para o Peter que olhou de volta. Então era tudo mentira, ele se juntou com os Cefurs... para me proteger, ele foi praticamente obrigado a fazer isso. Uma lágrima escorreu pela minha bochecha. Ele não era um traidor.
— Peter. — Eu sussurrei.
Ele começou a se mover para se aproximar de mim, mas foi impedido pelos Cefurs que o seguraram.
— Voltando ao assunto inicial. — Davis falou cansado. — Me dê a senha ou eu solto o gás dentro daquela caixa e ela morre, você escolhe.
— O que?! — Peter esbravejou.
Ele tentou se soltar dos Cefurs, Peter conseguiu acertar um soco em um deles e veio correndo até mim, mas o vidro nos separava.
— Alyssa! — Ele disse ofegante. — Tira ela daqui!
— Só se me der a senha. — Davis falou entediado.
Peter começou a socar o vidro, mas era resistente e não se quebrou, ele me olhou engolindo em seco.
— Você tem um minuto. — Davis avisou.
— Eu... — Peter sussurrou. — Eu não posso.
— Peter, você não pode falar. — Eu falei desesperada.
Ele negou com a cabeça.
— E eu não posso perder você. — Ele sussurrou.
— Mas se você fizer isso, todos vão se perder. — Eu sussurrei.
— Não. — Ele sussurrou fraco.
— Tá tudo bem, vai tudo ficar bem. — Eu falei com os olhos marejados.
Ele me olhou e eu olhei para ele, meus últimos segundos de vida, nunca pensei que isso aconteceria tão cedo, olhei bem para ele memorizando cada detalhe de seu rosto. No fundo, bem no fundo eu sabia que ele era um bom homem que nunca trocaria sua família por algo assim, ele se entregou para me proteger, mas agora eu estava indo.
De repente, escutei um ruído e olhei para baixo, o gás amarelado estava entrando por um pequeno buraco embaixo de mim.
— Não! Não! — Peter gritou socando o vidro. — Alyssa!
O gás foi ficando mais forte e onde eu estava foi ficando cada vez mais amarelo que quase não conseguia ver o Peter. Eu fui ficando fraca, não conseguia mais ficar de pé e me ajoelhei no chão, não queria que fosse assim, mas eu sou só uma vida enquanto na cidade são várias, não tem importância.
Amanhã sai o último capítulo!
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