𝗲𝗶𝗴𝗵𝘁𝗲𝗲𝗻 ➳ 𝘵𝘦𝘢𝘳𝘴 𝘢𝘯𝘥 𝘩𝘪𝘤𝘤𝘶𝘱
Soltei a pasta dentro da gaveta como se ela estivesse pegando fogo ou fosse contaminada. Com a respiração ofegante, dei passos para trás e me encostei na parede. Por que o meu pai teria uma pasta com o símbolo dos Cefurs? Meu pai não faria parte de uma coisa tão cruel! Ele não poderia fazer isso.
Quando me dei conta, minhas bochechas estavam molhadas com as lágrimas derramadas e meu corpo tremia. E se o meu pai for o líder dos Cefurs? E se for ele que quer machucar os meninos? Me machucar? E se foi ele que matou os pais dos meninos?
Várias cenas vem na minha cabeça: meu pai me dando o colar e falando para não perdê-lo porque ele é importante e os Cefurs olhando o colar como se já tivessem visto. Agora tudo faz sentido.
Ouvi passos vindo lá de cima, rapidamente sai do escritório e tentei trancar a porta com as mãos tremendo, corri para a sala e deixei as chaves onde estavam. Meu pai apareceu na sala e eu fiz o máximo possível para tentar parecer normal, como se nada tivesse acontecido.
— Alyssa? — Ele perguntou e franziu a testa. — Por que está chorando?
— Ah, eu... — Minha voz falhou. — Eu estava assistindo um filme triste.
Ele soltou uma risada.
— Não é real, filha — Falou sorrindo calmo. — Você viu um molho de chaves por aqui?
— Hum, não. — Falei mexendo nos fiapos da almofada.
Ele se aproximou de onde eu estava e meu coração acelerou. Ele se abaixou e pegou as chaves em cima da mesa de centro.
— Ah, estão aqui. — Ele falou alegre. — Não posso perder isso.
Fiquei quieta e ele me olhou avaliativo, tentei sorrir, mas não consegui. Por que logo ele? Engoli em seco.
— Está tudo bem mesmo?
— Está. — Falei baixo tentando controlar as lágrimas que queriam sair.
— Então, tá. — Falou me dando as costas. — Vou dormir, estou cansado, boa noite.
— Boa noite. — Eu sussurrei.
Quando ele subiu pela escada eu soltei a respiração, meus lábios estavam tremendo, não sei o que fazer, só o que eu sei é que estou com medo, com medo do meu próprio pai. Toquei o colar em meu pescoço e fechei os olhos. Não quero mais ficar aqui. Não posso ficar.
Peguei meu celular e sai de casa sem fazer barulho, eu estava sem meu moletom e estava frio, mas isso não importava, tudo que eu quero agora é estar nos braços do Peter. Entrei na floresta com a minha garganta fechada, as lágrimas caiam forte e quentes pelo meu rosto. Peguei meu celular e fui no número do Peter para ligar para ele, ele disse que ia vir na minha casa, mas eu não sabia o horário. Ele atendeu no último toque.
— Oi, eu acabei de sair da base. — Ele disse no outro lado da linha.
— Peter. — Falei chorando. — Vem me buscar.
— O que? Por quê? — Ele mudou o tom de voz. — O que aconteceu?
— Só vem me buscar, por favor, estou com medo. — Falei soluçando.
— Você está me assustando. — Ele falou nervoso. — Fica calma, onde você está? Te machucaram?
— Eu tô na entrada da floresta, eu não quero ficar na minha casa. — Falei respirando com dificuldade.
— Eu estou indo. — Ele falou com a respiração ofegante, parecia estar correndo. — Fique parada aí onde está, estou chegando. Fica calma.
— Vem rápido. — Eu sussurrei. — Eu preciso de você.
— Estou indo, linda. Já vou estar aí. — Ele falou e desligou.
Me agachei perto de uma árvore e olhei ao redor, tudo escuro e frio, me encolhi tremendo, lágrimas salgadas estavam caindo sem parar. Fechei os olhos e abaixei a cabeça nos meus braços. Chorei como se não houvesse amanhã. Eu não conseguia acreditar que meus pais são capazes disso, matar e machucar pessoas, me perseguir. Como eles são capazes de fazer tanta maldade por nenhum motivo? Senti k meu estômago embrulhado.
Cinco minutos se passaram e escutei passos apressados, levantei a cabeça dos meus braços e vi o Peter com uma expressão de preocupação vindo na minha direção. Antes que ele chegasse, eu me levantei e corri em sua direção, o choro veio mais forte quando ele me abraçou me apertando contra si, ele passou sua mão pela minhas costas e pelo meu cabelo tentando me acalmar.
— Alyssa. — Falou sem fôlego. — O que foi? O que aconteceu pra você ficar assim?
Me agarrei a ele cada vez mais e fechei meus olhos.
— Você está me deixando assustado, o que houve? — Ele me apertou. — Fala pra mim.
Soltei um soluço, ele se afastou minimamente para me olhar, passou sua mão pelo meu rosto secando minhas lágrimas, mas era inútil porque outras desciam em seguida, ele começou a dar vários beijinhos pelo meu rosto tentando me acalmar.
— Tudo bem, tudo bem. — Ele sussurrou. — Fala pra mim, o que aconteceu?
Tentei me acalmar.
— Respira fundo. — Ele acariciou meu cabelo.
— Eu… eu vi...
Respirei fundo, fechando os olhos.
— Viu o que, linda? — Ele perguntou. — Um Cefur? Ele entrou na sua casa?
Balancei a cabeça em negação.
— Eu entrei no escritório do meu pai. — Murmurei com a voz embargada.
Ele balançou a cabeça para eu continuar.
— Eu vi uma pasta. — Falei baixinho. — Com o símbolo dos Cefurs.
Ele mudou sua expressão de confuso para descrente.
— O quê? — Ele sussurrou. — Você tem certeza? Foi isso mesmo que você viu?
— Tenho certeza. — Eu engoli em seco, o bolo na minha garganta voltou com a lembrança.
— Não dá pra acreditar. — Ele sussurrou, olhando a minha casa longe do outro lado da rua, algumas árvores tampavam a nossa visão.
— Eu vi, Peter. — Falei. — Ai eu sai correndo com medo, meu pai quase me pegou dentro do escritório.
Ele voltou a me olhar preocupado.
— Ele te machucou? — Ele perguntou me olhando atentamente.
— Não. — Sussurrei, engolindo em seco. — Ele não seria capaz, seria?
— Sinceramente, eu não sei.
— Eu não acredito nisso. — Falei encostando meu rosto em seu peito. — Meus pais fazem parte disso, Peter.
Ele passou sua mão pelo meu cabelo.
— Fica calma, Aly. — Ele sussurrou. — Antes de tudo, temos que saber o que realmente está acontecendo antes de tirar conclusões precipitadas.
— Me leva embora daqui. — Falei agarrando sua blusa.
— Tudo bem. — Falei se afastando e passou suas mãos pelos meus braços. — Você está muito gelada, vamos logo antes que fique doente.
Ele beijou minha testa, secou meu rosto e passou um braço ao meu redor me guiando pela floresta, deixando a minha casa para trás. Caminhamos em silêncio com o Peter ao meu lado o tempo todo. Minutos depois, chegamos na casa e descemos para a base, chegando lá, os três me olharam interrogativos.
— Você não ia ficar na casa dela? — Noah perguntou confuso.
— Mudança de planos. — Peter falou me guiando até uma cadeira e se sentou ao meu lado, ainda com seu braço no meu ombro, me confortando.
— O que foi, Aly? — Sara perguntou, juntando as suas sobrancelhas. — Está com os olhos inchados.
— Andou chorando? — Luke perguntou se sentando como todos nós ao redor da mesa.
Eu soltei um suspiro em volta dos olhares interrogativos.
— Eu não consigo falar de novo. — Falei baixo. — Diz você, Peter.
Ele assentiu e olhou para eles.
— A Alyssa disse... — Ele começou. — Ela disse que viu o símbolo dos Cefurs no escritório do pai dela.
— O que?! — Eles disseram em uníssono.
— Tem certeza, Alyssa? — Noah perguntou surpreso.
— Tenho, estava em uma pasta dentro de uma gaveta. — Falei, fixando meu olhar na mesa.
— Não pode ser. — Sara murmurou.
— Não dá pra acreditar! — Luke falou indignado.
— Eu também não consigo. — Eu disse suspirando, a vontade de chorar voltou, mas eu engoli em seco.
— Ok, temos que pensar com calma e clareza. — Peter falou respirando fundo. — Antes de qualquer coisa, estamos falando dos pais da Alyssa.
Eles concordaram.
— Mas, não é só o seu pai? — Noah perguntou. — Como sabe que sua mãe está nisso também?
— Porque aquela pasta veio da empresa e ela também trabalha lá. — Expliquei olhando-o.
— Então, se a pasta veio de lá… — Sara falou pensativa. — Então, o dono também deve fazer parte dos Cefurs.
— Qual o nome dele? — Noah perguntou.
— Eu só sei o sobrenome, meus pais chamam ele de senhor Davis. — Eu respondi.
— Hum, senhor Davis. — Peter murmurou. — Me parece familiar, como ele é?
— É alto, cabelos brancos e tem barba.
— Se pelo menos eu pudesse vê-lo… — Peter falou.
— Qual é o nome desse escritório, Alyssa? — Sara perguntou.
— Fycherfluar. — Eu falei.
— Espera um pouco... — Luke falou pensativo e com o cenho franzido.
— O que foi? — Peter perguntou juntando as sobrancelhas.
Luke se levantou em um pulo e se sentou atrás dos computadores, todos nós nos levantamos e ficamos atrás dele observando as telas. Ele digitou Fycherfluar.
— Já sei! Já saquei tudo! — Ele falou eufórico.
— O que, Luke? — Eu perguntei ansiosa.
— Calma aí... — Ele murmurou, digitando freneticamente no teclado.
— Desembucha logo! — Sara falou impaciente.
— Pensem, pessoal! — Ele disse. — Fycherfluar! Não vem nada na mente de vocês? Não é familiar?
— Não! — Falamos em uníssono e Luke se virou para nós revirando os olhos.
— Olhem para a tela! — Ele falou. — É um tipo de anagrama! É só pegar o nome Fycherfluar, tirar o Fy e colocar as letras grandes e pequenas.
Olhei para a tela: F Y - C H E R F L U A R
— É só pegar letra sim e letra não, que forma a palavra Cefur. — Luke falou animado.
Olhei para a tela desacreditada, fiquei abismada. Todos estão surpresos observando a tela.
— Meu Deus. — Sara sussurrou com a mão da boca.
— Estava o tempo todo debaixo do meu nariz e eu não percebi! — Falei com os olhos borrados. — Não dá pra acreditar!
— Então... — Noah falou. — Isso quer dizer que os Cefurs se escondem melhor do que imaginávamos.
— E agora finalmente sabemos onde os Cefurs ficam, lá na Fycherfluar! — Luke falou admirado. — O covil deles que eu tanto tentei achar.
Balancei a cabeça desacreditada com tudo isso.
— Desde que eu nasci meus pais trabalham nessa empresa. — Eu falei magoada.
— Isso quer dizer que você sempre esteve em perigo. — Peter falou com a mandíbula travada.
— Meus pais criaram isso? — Eu perguntei a mim mesma.
Peter me abraçou de lado.
— Não dá pra saber. — Ele falou calmo. — Temos que ficar calmos e ver o que precisamos fazer.
— Você sabe o que eles fazem lá dentro? — Noah perguntou.
— Eu só sei que eles são os assistentes do senhor Davis e trabalham diretamente com ele, construindo coisas.
— E se essas coisas que eles estão construindo é o plano dos Cefurs? — Sara sugeriu.
— Pelo o que meu pai disse, recentemente eles estão tentando criar uma vacina contra o novo vírus da cidade vizinha, o Faulie, antes que chegue aqui. — Eu falei pensativa.
— E se ele mentiu? — Luke perguntou.
— Não tem como ela saber. — Peter falou. — Eles podem fazer ou ter feito qualquer coisa, temos que descobrir logo.
Soltei um suspiro.
— Deve ser porque eu sou filha deles que os Cefurs ficavam me olhando como se me conhecessem. — Eu falei. — E também deve ser por isso que eles me seguem.
— Espera aí! — Peter falou de supetão. — Então seus pais sabem que... você vem na floresta e conhece a gente!
Arregalei meus olhos e meu coração acelerou.
— Eu não tinha pensado nisso! — Falei apreensiva. — E a Haley falou de você para eles!
— O que você disse?! — Ele perguntou nervoso.
— Que você era da cidade vizinha. — Falei dando de ombros. — Agora eu vejo que eles não caíram na mentira.
— A pergunta é: precisamos agir rápido, mas como?! — Sara murmurou.
— O que eu faço? — Eu perguntei. — Não vou conseguir olhar ou falar com eles como se estivesse tudo normal.
— Acho que devemos pegar a pasta. — Peter falou. — Ou pelo menos tirar foto dela.
— Isso! — Noah falou estalando os dedos.
— Como eu vou fazer isso sem eles perceberem?
— Eu vou com você! — Peter disse convicto. — Não vou te deixar lá sozinha agora que sabemos a verdade.
— Tudo bem. — Falei respirando fundo.
— Então agora mesmo vamos até lá e tiramos as fotos, ficamos por lá e amanhã nós voltamos pra deixar nenhuma suspeita. — Peter falou olhando para todos.
— Ok! — Dissemos em uníssono.
Nos preparamos para ir até a minha casa. Peter com toda sua coragem, e eu com todo o meu pavor.
Dois capítulos para apimentar o dia, quem amou?
Eles estão começando a fazer descobertas... Ecler El'Fluer e Ceefur, os dois são um só. Alguém desconfiava? 👀
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