Capítulo 7
AS CHAMAS COMEÇARAM A TOMAR conta da cama de Adeline, ela se levantou segurando o vaso de violetas e correu em direção à porta. As chamas começavam a envolver as paredes como uma grande fornalha e o mais assustador era que Johnny estava completamente coberto delas.
Não queimava, apesar de ser muito quente. Era como se ele estivesse aliviando a pressão que estava presa dentro de si durante o dia todo. Adeline pegou o pequeno extintor da parede da porta e se virou para ele. Johnny jurava que ela iria sair do quarto, mas invés disso ela ligou o extintor no peito dele.
Tudo que ele podia sentir era uma incrível sensação refrescante enquanto olhava para o seu corpo incrédulo, as chamas haviam ido e ele continuava intacto. Adeline direcionou o jato do extintor para as paredes do quarto tentando conter as chamas. O sensor de incêndio estava apitando insistentemente e ela extinguiu até a última chama.
Ele não sabia o que dizer. Não conseguiu conceber o que tinha acontecido, suas roupa inteira havia se desfeito em fiapos que caíram do seu corpo. Ele encarou o próprio corpo nu e olhou para Adeline.
Ela estava com aquela costumeira expressão de preocupação, franzia a testa e seu olhar vidrado estava no corpo de Johnny. Ela jogou o extintor para um canto qualquer, deixou o vaso de violetas sobre a cama que soltava fumaça do colchão queimado.
Ela se aproximou de Johnny e tocou seus braços, tocou seu peito e por fim seu rosto olhando finalmente nos olhos dele.
O toque dela era quente, quente de um jeito diferente do incêndio de instantes atrás.
-O que foi isso, Johnny? Você está bem?
-Estou ótimo! -Ele disse olhando para os próprios braços mais uma vez. -Eu estava completamente...
-Em chamas. -Ela completou em voz baixa. As mãos dela ainda seguravam a pele dele, o toque quente estava ficando mais gelado agora.
Johnny sentiu a energia se esvair rapidamente pela sua pele, estava com frio e de repente muito sonolento.
-Addy, tem algo errado... -Ele murmurou tentando manter os olhos abertos sentindo a pele doer onde ela estava tocando.
Ela olhou para ele confusa e depois para as próprias mãos que o tocavam. Ela imediatamente o soltou e Johnny cambaleou à procura de algo para se apoiar.
Reed e Sue entraram no quarto atônitos, havia um grupo de enfermeiros atrás deles.
-Vocês estão bem? -Reed se aproximou olhando ao redor todo o quarto com manchas pretas, o cheiro de queimado e a fumaça o fez tossir.
-Johnny, você está bem? -Sue se aproximou do irmão e ele deixou que ela sustentasse o peso do seu corpo.
-Eu estava pegando fogo, completamente em fogo. -Ele murmurou.
Reed se aproximou de Adeline com a mão estendida, mas ela se encolheu contra a parede.
-Não me toca, Reed. Não me toca.
-Addy, o que...
Mas a pergunta parou no ar quando Johnny apagou sobre Sue que tentou segurá-lo o melhor possível.
Dois dos enfermeiros se aproximaram para pegar Johnny. Ele estava pálido, seus lábios haviam perdido a cor.
Sue desesperada tentou segurar a mão do irmão enquanto o levavam para fora do quarto. Mas assim que alcançou os dedos frios de Johnny, sua mão clareou até desaparecer por completo.
Em um primeiro instante ela pensou que o problema fosse seus olhos, mas quando ela se virou para Reed viu que ele também estava confuso.
Os dois se viraram para Adeline que estava no canto da parede com os braços cruzados sobre o próprio corpo. Ela olhava para a porta por onde os enfermeiros haviam levado Johnny.
Reed tinha uma teoria e para testá-la ele se aproximou de Adeline devagar.
Ela balançou a cabeça de forma negativa para ele.
Reed parou na frente dela e estendeu a mão.
-Só um toque. Eu quero ver.
Ela ergueu a mão trêmula e hesitante, só com o indicador ela tocou levemente na palma da mão de Reed.
O toque durou um segundo e deu no começo era apenas uma sensação de formigamento, como se a mão de Reed estivesse coçando. Até que o incômodo começou a se estender pelo braço todo.
Reed sentiu o braço cansado como se ele tivesse acabado de fazer uma série de exercícios, tão cansado a ponto de ele não conseguir controlar os próprios músculos. Seu braço direito esticou como uma borracha derretida até chegar ao chão.
Sue sufocou um grito.
Adeline se encolheu ainda mais como se fosse fazer um buraco na parede e se prender dentro dela.
-Reed, você está bem? -Sue disse hesitando em tocá-lo.
-Eu estou bem, eu estou bem. -Ele se virou para Adeline. -Está tudo bem. Precisamos contar ao Victor.
Como se Reed tivesse invocado o diabo, Tom Von Doom entrou no quarto.
Seus passos eram devagar, seus olhos esquadrinharam cada canto do local e repousaram em Adeline.
-O que houve?
-Estamos apresentando os efeitos colaterais por ter entrado em contato com a radiação cósmica. -Reed disse enquanto seu braço voltava ao normal.
Adeline nunca tinha vista Tom com o olhar alarmante desde o fim do noivado.
-Meu irmão está se sentindo indisposto, mas eu tomarei as providências necessárias. -Ele disse observando as manchas escuras nas paredes e nos vasos de flores queimadas.
-Victor também apresentou algum sintoma? Precisamos examiná-los também. -Reed disse preocupado, mas Tom dispensou seu comentário com um gesto rápido com a mão.
-Ele está recebendo o melhor atendimento da nossa equipe. Precisamos nos preocupar com outra coisa agora. -Ele colocou as mãos no bolso da calça social. O cabelos estava um pouco comprido chegando à orelha, Adeline sabia que Tom sempre esquecia que precisava cortar o cabelo.
-Seu amigo Ben fugiu. Precisamos encontrá-lo, não sabemos o que pode acontecer com ele. -Tom continuou deixando Reed tão alarmado a ponto de se calar.
-Alguém sabe para onde ele pode ter ido? -Sue perguntou.
-Ele foi ver a esposa dele. -Reed disse passando a mão pelo cabelo bastante apreensivo. -Eu preciso recriar a tempestade com os mesmos padrões para possivelmente reverter...
-Reed. -Tom o interrompeu colocando a mão sobre o seu ombro. -Não podemos recriar a tempestade cósmica. Se der errado a cidade de Nova York ou até o planeta pode ser engolido. Não faremos isso.
-O que faremos então? -Questionou Sue irritada. -Estamos sob a jurisdição da Von Doom e agora estamos doentes ou sei lá e está me dizendo que não temos como reverter?
-Estou dizendo que encontraremos outra maneira. -Tom tentou amenizar. -Olha, com o fiasco da missão perdemos bilhões e os investidores deixaram de nos apoiar. Não temos condições de bancar o risco que é recriar um fenômeno astronômico dentro da cidade de Nova York!
-Então eu vou fazer essa merda sozinho. -Reed disse se retirando e Sue o seguiu.
Adeline se moveu até a porta sentindo o olhar de Tom sobre ela. E pela primeira vez em muito tempo ela parou e o olhou nos olhos.
Foi tão inesperado que Tom esqueceu como reagir por um momento.
-Onde está Johnny?
Era a primeira vez que ela lhe dirigia a palavra em um ano. A primeira vez que não brigavam e que estavam sozinhos e ela não estava o evitando. Tudo para perguntar de outra pessoa.
Tom suspirou olhando para as flores queimadas.
-Ele está no quarto dele, não pareceu grave. Ele só tem uma febre insistente e que não passa. -Ele murmurou.
Adeline se virou para sair, mas Tom limpou a garganta.
-Chloe está preocupada. Deveria falar com ela. -Ele acrescentou.
Adeline se virou para ele.
-E como é que você sabe disso?
-Ela ligou algumas milhões de vezes para nosso centro de estudos. -Ele disse sem a olhar nos olhos.
Adeline conhecia Tom bem demais para saber que ele estava mentindo. Mas já havia passado da fase de tentar entendê-lo para a fase de não se importar mais. Então ela saiu e fechou a porta deixando Tom Von Doom com as cinzas de suas flores.
**
Quando Johnny abriu os olhos se viu dentro do seu quarto novamente. Havia uma bolsa de soro ligada ao seu braço e Sue estava no pé de sua cama. Ela não estava mais com o pijama do hospital, havia trocado para um blazer e uma calça social.
Ela se aproximou no instante em que o viu se mexer.
-Johnny, você está...
-Estou bem, maninha. -Ele disse antes que ela terminasse de perguntar.
Ele se sentou na cama lembrando-se da sensação de ser sugado para fora do seu corpo e olhar nos olhos confusos e assustados de Adeline. Ele nunca a tinha visto assustada antes, ela era sempre muito segura de si para mostrar esse tipo de reação.
-Adeline está bem? -Johnny olhou para a irmã.
-Na medida do possível, sim. -Sue disse pegando a mão dele. -Todos nós estamos confusos agora.
-O que houve?
-Todos nós estamos apresentando algum tipo de alteração no nosso DNA. Reed está disposto a descobrir o que fazer para reverter a situação, mas não vamos ter o apoio de Victor. -A irmã explicou se sentando mais perto de Johnny.
-Eu sabia que ele era um cuzão, mas não esperava tudo isso.
-Reed acha melhor ficarmos no Edifício Baxter, ele tem seu laboratório particular e podemos descobrir juntos o que tem acontecido. -Sue tentava tranquilizá-lo, mas na verdade Johnny não se sentia tão nervoso assim. -Quem sabe até reverter?
-Por quê reverter? Eu estava em chamas e não me machuquei. -Ele franziu a testa. -Ganhamos um dom.
-Olha, Johnny, não sabemos nada sobre isso ainda. Adeline te tocou e sugou boa parte da sua energia, Reed descobriu que mais cedo uma enfermeira tocou nela e continua fraca e desacordada até agora. -Sue diminuiu o tom de voz preocupado. -Graças a Deus você está bem.
-Addy não me machucou por quê quis. -Ele disse imediatamente.
-Não foi isso o que eu quis dizer. Estou dizendo que não sabemos mais o que somos capazes de fazer. E agora, Bem fugiu e precisamos saber se ele está bem.
-Ele fugiu? Esse lugar está cheio de câmeras e seguranças. -Por um instante Johnny queria ter pensando no plano quando queria esquiar lá fora.
-De alguma forma, ele quebrou a parede do quarto dele e desapareceu. -Sue suspirou. -Reed sugeriu que o procurássemos e em seguida ficássemos no Baxter até entender o que está acontecendo.
-Eu tenho outra opção? -Johnny arqueou uma das sobrancelhas.
Sue revirou os olhos.
-Você está a fim de sair daqui ou não?
Johnny suspirou como se estivesse fazendo um grande esforço.
-Vamos então.
-Consegue levantar?
Às vezes Sue conseguia ser muito super protetora e Johnny detestava isso, porque eventualmente decepcionava a irmã.
-Estou bem, sério.
Ele retirou a agulha que levava soro até sua veia e levantou da cama do hospital. Já que o bando de cientistas chatos queriam descobrir o que estava acontecendo, Johnny os ajudaria e ainda garantiria que iria se divertir.
Sempre disseram que quem brinca com fogo pode se queimar. Mas Johnny Storm estava começando a achar que ele era uma exceção.
**
Johnny não entendeu muito bem como eles eram resultado de um terrível acidente espacial, estavam em dívida com a Von Doom Enterprises e ainda assim saíram pela porta da frente normalmente.
Mais estranho era Victor não ter aparecido para humilhá-los e jogar na cara de todo mundo quantos bilhões havia perdido investindo naquilo. Reed havia comentado que ele estava "indisposto" e que Tom, o babaca mais novo, havia sido mais compreensível.
Johnny apostava que a cara de Victor havia derretido no espaço e que Adeline era quem havia deixado Tom "mais flexível".
Mas qual fosse a razão os levou a entrada do grande resort Von Doom brigando para ver como ir atrás de Ben.
-Um táxi só é o suficiente. -Reed disse contrariando Sue.
Ela estava com uma expressão extremamente mal humorada. Johnny sabia que Victor não tinha nem ligado para saber como ela estava.
Mas também, como ele faria isso se estava com a cara derretida?
-Eu vou na frente e os três vão atrás! -Insistiu Reed. -Um táxi é o suficiente.
Eles eram dois cientistas, uma astronauta e um bonitão. E nenhum deles tinha um carro disponível, a situação toda era ridícula. Sem falar no piloto que quebrou a parede do próprio quarto e fugiu.
Será que Ben tinha um carro? Pelo menos não teriam que suportar a mesma briga na volta.
-Na verdade, Reed... -Adeline se pronunciou pela primeira vez no que parecia anos. -Eu prefiro que a gente se divida, para ter mais espaço, não quero acidentalmente tocar em alguém.
Adeline havia os encontrado na entrada do prédio e assistira a discussão até o momento. Ela olhou nos olhos de Johnny por um breve momento e suas mãos estavam escondidas dentro do casaco.
-Tudo bem. Dois táxis então. -Reed finalmente cedeu e foi até a calçada dar o sinal para o carro amarelo que passava.
-Eu disse. -Sue murmurou cruzando os braços.
-Eu e Adeline vamos no próximo. -Johnny informou quando o táxi parou no meio fio.
Reed abriu a porta e Sue pareceu meio relutante em ter que ir o caminho todo com ele.
Mas Johnny não estava a fim de ouvir todas as teorias que Reed tinha e não estava a fim de ouvir todas as reclamações de Sue. Sua melhor opção era Adeline.
Ele esticou a mão para puxar Adeline para perto e dar ênfase no que havia dito, mas ela rapidamente desviou do quase contato e foi até o meio fio para dar sinal ao próximo táxi.
Sue e Reed entraram no primeiro carro, Adeline e Johnny seguiram para o segundo.
-Brooklyn. -Adeline disse ao motorista e lhe deu os detalhes do endereço.
Johnny percebeu que ela havia tirado as mãos do bolso do casaco, mas elas estavam cobertas por um par de luvas pretas. A única parte de Addy que não estava coberto era seu rosto.
-É o endereço do Ben?
-Sim, dele e da noiva Debbie. -Adeline olhou pela janela deixando claro que dificilmente olharia para Johnny durante o caminho. -Seria um bom local para começar. Tentamos ligar para ela, mas ela não atende.
Johnny se pegou imaginando o que havia acontecido com Ben. Ele realmente esperava que se alguém estivesse com o rosto derretido, que fosse Victor.
O motorista felizmente não era do tipo que tentava puxar assunto. O carro seguia deixando para trás a área de arvores e seguia pelas ruas que pareciam abrir caminho entre residências. Pela janela do carro já era possível ver os grandes prédios do centro aguardando por eles.
Nova York era grande, bagunçada e imponente. Mas depois que se vivia na cidade, parecia ser impossível pensar em qualquer outro lugar como casa. Mas com tanta coisa ao mesmo tempo, ela também parecia solitária.
Pensar nisso deixou Johnny inquieto. O clima no carro estava pesado, Adeline não havia dito mais nada e nem mesmo olhado em sua direção. Pelo menos, era o que Johnny pensava já que não havia percebido os olhares dela.
Ela estava sentada o mais longe possível dele. E ela sempre havia sido reservada, mas algo estava diferente. Johnny estava convencido de que estava apenas estressado e não incomodado com o distanciamento dela.
-Você está bem? -Ela finalmente disse quando o carro chegou em uma grande avenida que logo daria acesso a ponte do Brooklyn.
-Sim, melhor impossível. -Ele disse tentando parecer descontraído, mas seus dedos não paravam de tamborilar o encosto do banco à sua frente.
-Me desculpe por mais cedo. Eu não queria te machucar. -Ela murmurou.
Então Johnny percebeu que todo o afastamento era culpa. E Adeline estava imóvel do seu lado do carro para não tocá-lo acidentalmente de novo.
Os olhos dele encararam as luvas que cobriam as mãos dela.
-Está tudo bem. -Ele disse. -Sei que não me odeia tanto assim.
Ela deu um meio sorriso, mas Johnny queria poder fazer mais por ela. E em um momento sem pensar duas vezes ele esticou o braço e alcançou as mãos dela.
Ele nunca tinha feito isso antes, um ato de afeto sem segundas intenções. Mas já que Adeline havia lhe mostrado como estava se sentindo, então talvez ele pudesse fazer o mesmo por um instante.
Adeline não evitou o toque e respirou fundo.
O carro parou e o motorista se virou para trás:
-Está tudo parado. Tem algo acontecendo, um acidente talvez.
Adeline olhou pela janela e viu as pessoas ao redor saindo dos carros e correndo para a frente. Johnny soltou a mão dela e saiu do carro.
Alguns veículos à frente ele viu Sue sair do táxi do Reed.
Reed estava com a testa franzida e começou a caminhar na mesma direção que as outras pessoas.
Rudolph saiu do carro e olhou para Sue e Reed.
-Onde esses malucos estão indo? -Ele resmungou fechando a porta do táxi e passando pelas pessoas apressadas na tentativa de alcançar a irmã.
Rudolph seguia atrás dele.
Havia uma barreira formada por carros da polícia. Uma parte dos policiais tentava conter o grupo de pessoas pedindo para elas se afastarem e o restante havia cercado um dos caminhões parados. Eles tinham sacado as armas e era possível ver que estavam apontando para uma figura perto do caminhão.
O caminhão tinha avisos de possuir produtos químicos e tanques de gás em sua carga. O motorista descia do caminhão e parecia estar sendo auxiliado por outra pessoa.
Bem, Adeline achava que era outra pessoa. Mas havia algo de diferente.
Ele era grande e todo o seu corpo parecia ser um aglomerado de rochas que se moviam de forma brusca. Seu rosto era como uma montanha íngreme que curiosamente parecia se mover em uma expressão de dor ao ver os policiais apontando as armas contra ele.
Ao lado de Adeline, Reed sussurrou o nome dele. E ao olhar nos olhos da coisa, Adeline percebeu.
-Ben.
Ela e Reed disseram juntos.
-Abaixem as armas. -Reed gritou para os policiais.
Adeline tentou avançar.
Sue tentava conversar com um dos policiais. E Johnny fazia alguma pergunta idiota como:
-Cadê as orelhas dele?
-Senhora, por favor, se afaste. -O policial na frente de Addy segurou nos pulsos dela, bem onde a manga do casaco havia descido e deixado uma parte da pele exposta.
Ela se afastou com rapidez quando sentiu sua pele sugar uma energia incomum. O policial cambaleou para o lado para cima de outro colega e depois de checar que ele não havia a tocado tempo o bastante para perder a consciência, ela aproveitou para caminhar até Ben.
Ele baixou a cabeça quando ela se aproximou e olhou para o chão.
-Eu fui até a Debbie. -Ele murmurou encarando o chão. -Eu achei que ela era a única que poderia entender, mas... Ela me mandou embora.
Adeline seguiu o olhar de Bem e viu no asfalto a aliança de noivado.
Ele abriu a mão direita para Adeline e ela viu somente quatro dedos grandes e rochosos que dariam duas ou três de sua mão.
-Eu não consigo pegar.
Adeline se agachou e pegou a aliança com seus dedos cobertos pela luva escura e deixou a joia na palma da mão de Ben.
-Ei, cara... -Disse o motorista do caminhão tentando falhamente não encarar muito Ben. -Obrigado.
Ben balançou a cabeça e olhou para os policiais.
-Eu não queria causar confusão, eu só ajudei parando o caminhão antes que ele batesse.
Reed passou pelos policiais e os alcançou olhando para Ben com a culpa marcada em seus olhos.
-Ben, eu sinto muito. Mas eu posso reverter. -Ele murmurou. -Eu vou dar um jeito nisso, sem parar até conseguirmos.
-Reed, a responsabilidade não é só sua. -Addy teria lhe afagado no braço, mas não podia mais. -Vamos começar a trabalhar.
Eles se viraram para voltar para perto de Johnny e Sue. Os dois irmãos eram o oposto em suas expressões, Johnny parecia alarmado e animado enquanto Sue parecia preocupada.
-Cara... -Começou Johnny provavelmente pronto para alguma piadinha.
-Cala a boca, Storm! -Adeline e Ben disseram juntos.
Quando ela ergueu o olhar e viu todas as pessoas e os policiais os encarando de volta, desejou que pudesse ter segurado a mão de Johnny naquela hora.
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notas: esse capítulo ia ter muito mais cenas, porém achei melhor fazer o corte aqui e não estender demais. Estou querendo escrever capítulos mais longos para desenvolver melhor os personagens. Comentem aqui se preferem esse formato ou se querem capítulos mais curtos como os anteriores. Obrigada por acompanharem. Amo vocês.
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