Capítulo 2
A cafeteria era dos lugares favoritos de Adeline, um dos poucos que ela frequentava. Era muito difícil ela sair de casa quando estava em Nova York, mais ainda difícil quando ela estava no Texas em algum programa de estudo da NASA. Mas ela precisava abrir uma exceção e finalmente encontrar Chloe.
Ela enxergou a amiga assim que entrou no local, elas sempre escolhiam a mesma mesa. Chloe tinha o cabelo loiro dourado, olhos claros e lábios rosas como o casaco que estava usando. Adeline se aproximou e se sentou na cadeira de frente para a amiga.
-Quem é vivo sempre aparece! -Ela murmurou, a expressão dizia que estava bastante zangada. Adeline já conhecia aquele padrão, iria levar um sermão, elas iriam rir e chorar e se abraçar pra matar a saudade. Mas antes, ela teria que enfrentar a fúria de Chloe.
-Eu diria que sinto muito, mas na verdade não sinto. -Adeline disse e imediatamente Chloe chutou sua perna por debaixo da mesa. Rudolph se inclinou sibilando com dor, mas as duas riram em seguida. -Não precisa ficar preocupada, eu sempre faço isso.
-Eu só acho que você se isola demais. -Chloe entregou para ela um prato com os croissants que ela havia pedido antes da amiga chegar. -Devia conhecer gente nova, sair, viver.
-Viver uma vida comum?! Parece muito banal. -Adeline murmurou de boca cheia. -Eu quero mais, o universo tem milhões de possibilidades.
-E você não está aproveitando nenhuma delas. -Chloe murmurou.
Aquilo foi um tapa para Adeline.
-Por que está dizendo isso?
-Eu só quero ter certeza de que está bem. Ter certeza de que você superou.... -A loira murmurou de um jeito carinhoso e muito cuidadoso, mas ainda assim Adeline contorceu o rosto em irritação.
-Eu estou ótima. E eu não preciso estar saindo com alguém pra mostrar que eu superei, Chloe! -Rudolph afastou o prato com croissants.
-Eu só quero ter certeza se está tudo bem se o Tom seguir em frente....
Adeline suspirou.
-Eu sinceramente não me importo com o Tom. Não tem como eu me importar depois do que ele fez. -Adeline tentou ser paciente com a amiga. -Já faz um ano, não nos falamos e eu prefiro assim. Não quero sair e curtir, quero continuar o meu trabalho. E eu tenho amigos, eu tenho você e o Reed.
-Reed é tão doido quanto você, ele não conta! -Chloe brincou.
-Falando nisso, preciso te contar uma coisa. -Adeline tomou um gole do café. -Estou saindo em missão dentro de algumas semanas.
Chloe arregalou os olhos.
-A NASA te chamou de novo?
-Não, é um trabalho com Reed Richards e....
Adeline limpou a garganta, Chloe arregalou ainda mais os olhos.
-Com Victor Von Doom. -Ela completou.
Chloe soltou um palavrão. As pessoas ao redor encararam.
-Só tinha esse rico babaca pra financiar?!
-Eu disse a mesma coisa! -Adeline exclamou.
-Você vai precisar encontrar o Tom? -Chloe perguntou e pareceu ter ficado sem graça e desviou o olhar.
-Ele não está na equipe principal, então acho que não. -Adeline observou os olhos apreensivos de Chloe, mas não parecia que era uma preocupação direcionada a ela.
-Você disse que tinha algo a me dizer. O que foi?
-O quê?! -Ela perguntou sobressaltada.
-Você deixou uma mensagem na minha secretária eletrônica, disse que tinha algo a me dizer.
-Ah.... Coisas do cotidiano. -Chloe sorriu e pegou a mão de Adeline. -Senti falta de conversar com você.
-Eu também.
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As semanas de preparação foram intensas. Horas na academia, horas de cálculos, horas em simuladores de vôo, horas de planejamento. Era difícil equilibrar toda a rotina e ainda ter as horas de sono indicadas para manutenção da saúde. O relógio biológico precisava estar intacto.
Adeline já havia passado por aquele processo três vezes e mesmo quando não era chamado para alguma missão, ela procurava manter o corpo e a mente em forma. Assim sempre estaria preparada para se dedicar um pouco mais e alcançar os resultados necessários.
Sua área de especialidade era a neurociência e comportamento humano, ela sabia muito bem o que uma viagem ao espaço poderia causar na mente humana. Também sabia de cor como as células e neurônios poderiam ser afetados a longo prazo. Agora saberia quais segredos o universo tinha guardado sobre a formação das primeiras células e só aquele pensamento arrepiava seu corpo.
Ela era uma boa observadora, mas péssima para se aproximar. Percebeu que Sue olhava Reed com frequência, ele parecia alheio, mas frequentemente perdia a concentração perto dela. Ben era amigável e às vezes parecia ser o paizão do grupo, também era muito fiel à esposa Debbie. Falava dela sempre que podia.
E havia Johnny, jovem, bonito e insuportável. Felizmente as horas de prática com ele era raras porque Johnny sempre se atrasava. A cada semana ele estava com uma garota nova e olhava para Adeline de um jeito que a deixava irritada.
Johnny respirava e pronto, ela queria socar a cara dele.
-Ele foi expulso do programa da NASA, porque levou duas modelos de lingerie para o simulador de vôo. -Bem uma vez lhe confidenciou. -Ele se chocaram contra a parede.
-Ele vai ser nosso piloto?! -Ela disse incrédula, mas logo descobriu que Johnny era bom.
Ele vivia saindo com várias garotas, era estúpido o bastante pra ter sido expulso do programa da NASA, mas conseguia ter os melhores resultados na preparação. Adeline o detestava.
Em uma tarde, Sue verificou o resultado das avaliações de cada um.
-Adeline e Johnny, o desempenho de vocês é incrível. -Ela disse depois que eles terminaram a corrida na esteira.
Johnny parou ao lado de Adeline e ofereceu para ela uma garrafa de água.
-Mas nós dois sabemos quem é o melhor. -Ele deu uma piscadinha e Adeline tomou a garrafa da mão dele.
-Claramente sou eu. -Ela declarou.
Ele surpreendentemente respondeu:
-Estou de acordo, você é a melhor.
Ela não respondeu, ele geralmente respondia com uma outra provocação irritante. Aquilo era um elogio?
Adeline só sabia que um dia acertaria a cara dele.
Susan entregou a cada um traje especial, o material do tecido se adaptava muito bem ao corpo. Era uma espécie de macacão azul. Adeline passou o dedo pelo tecido, era um uniforme diferente do que estava acostumada a usar.
-O que achou, space girl? -Johnny perguntou ao seu lado.
-Para você é Dra. Rudolph. -Ela murmurou jogando o traje para Johnny e se afastou.
Ele sorriu segurando o próprio traje. Ela era tão chata e centrada o tempo todo que lhe dava nos nervos. Irritá-la já havia sido o melhor passatempo que ele havia encontrado durante horas de treinamento.
Ao lado dele Ben grunhiu com uma risada.
-Não se encanta, garoto. Ela não é como essas garotas que você fica por aí. -Ele disse com um sorriso satisfeito. -Ela detesta você.
-Ótimo. Eu também odeio ela. -Johnny disse em um tom que não convenceu nem a ele mesmo.
Os dois seguiram para fora da sala de treinamento, andaram pelo corredor até chegar a sala de reunião. Tudo naquele lugar era tão grande quanto o ego de Victor Von Doom. A sala de reuniões tinha o conceito de espaço aberto, todas as paredes eram de vidro e a luz do dia inundava o local.
A mesa oval tinha aproximadamente dez cadeiras. Susan estava pé distribuindo papéis. Johnny se sentou com Ben e encarou as cinco outras pessoas na mesa, ele não conhecia nenhuma. A não ser em um rapaz que lhe pareceu vagamente familiar, talvez fosse a maneira que ele ajeitou o relógio no pulso ou como ele ergueu o rosto quando Adeline e Reed entraram na sala.
Algo nas postura de Sue não pareceu tão mais confiante, ele olhou para Adeline como se esperasse algo. O rapaz na sala também parecia ter certa expectativa, mas foi por um breve momento.
-Qual é a dessa galera nova? -Johnny perguntou para Ben.
-O bonitão ali é o Tom Von Doom, irmão mais novo do Victor. -Bem explicou. -Ex-noivo da Adeline. Não é flor que se cheire.
-Caramba, alguém já quis casar com a Adeline?! -Ele murmurou de volta forçando uma expressão de choque.
Adeline caminhou na direção de Johnny e sentou ao lado dele. Por um momento ele achou que tinha avançado um passo e que de alguma forma ela tinha escolhido ficar perto dele, mas depois de observar que só havia dois lugares vagos e a outra opção era próxima de Tom ele se sentiu irritado.
-Montamos uma equipe de apoio que também poderá ser usada em uma emergência ou situação de resgate. - Sue disse após todos receberem o relatório. -Tom Von Doom irá liderar a equipe de apoio...
Sue continuou a apresentação. Tom observava a todos, os traços de seu rosto e o cabelo escuros eram prefeitos e ele parecia mais carismático que Victor. Mas era difícil dizer se algum dos irmãos Von Doom poderia pior, Adeline parecia desgostar dos dois.
A reunião prosseguiu e Johnny percebeu que Rudolph não olhou para Tom nenhuma vez. Não era como se ele estivesse de cara fechada como uma criança fazendo birra, parecia natural. Era distanciamento mais frio e seguro, como se Tom não significasse nada. Era diferente de como ela ignorava Johnny.
Era diferente. O que significava que Johnny Storm não era tão ruim assim.
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