Capítulo 14
Capítulo 14
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A LUZ DO DIA ENTROU pela janela despertando Johnny aos poucos, ele respirou fundo esticando as pernas e os braços e abrindo os olhos. Adeline ainda estava lá, olhos fechados e respiração tranquila embalada pelo sono. Ele observou por um momento mal acreditando que uma garota atraente dormira na sua cama e ele nem mesmo a tocara. Ele riu consigo mesmo e olhou cada traço do rosto dela como se quisesse memorizar os detalhes, ela estava tão tranquila que dificilmente parecia que ia lhe fazer mal encostar nela.
Ele esticou a mão devagar e deslizou o dedo pela mecha de cabelo dela que estava sobre a testa, afastando-a dos olhos de Addy. Ela suspirou, os lábios entreabertos em um sussurro inconsciente:
— Johnny…
E antes que ele pudesse pensar, sua mão deslizou para o rosto dela. A princípio tudo o que ele sentiu era ela, sua pele quente, a respiração em sua pele e então ele sentiu um formigamento que foi ficando mais intenso até seus braço inteiro parecer dormente e a temperatura do seu corpo aumentar. Johnny sentiu-se sugado, energia se esvaindo como se a pele de Addy comandasse todas as suas células. Ele retirou a mão antes que não conseguisse, antes que algo mais forte acontecesse.
Ela se moveu abrindo os olhos, respirou fundo olhando ao redor como se lembrasse onde estava e então o olhou com um ar suspeito e sonolento.
— Ficamos juntos por muito tempo e não explodimos nada? Nem brigamos? — Ela perguntou em um tom de brincadeira.
Ele deu uma risada para disfarçar e encolheu o braço que ainda não estava sentindo.
— Não somos um completo desastre. — Ele disse se levantando ainda com receio de ela perceber algo. Uma leve vertigem lhe atingiu, mas passou conforme ele se afastava da cama. — Vamos tomar café e continuar o trabalho?!
Uma batida na porta impediu Adeline de responder. Johnny abriu a porta e encontrou Sue esgueirando a cabeça para dentro do quarto, ela olhou ao redor e falou:
— Vocês não queimaram nada?! E os dois ainda estão vivos?! Hum, temos um progresso aqui!
Johnny revirou os olhos exageradamente.
— Addy… — Continuou Susan. — Tom Von Doom está no telefone e perguntou se poderia falar com você.
Johnny revirou os olhos mais uma vez e Adeline se levantou para acompanhar Sue até a sala.
As duas saíram do quarto de Johnny e desceram as escadas até o andar de baixo. O telefone estava sobre a mesa bagunçada de Reed e ele estava atrás da tela do computador com uma xícara de café na mão, obviamente ele não havia dormido naquela noite.
— Bom dia, Reed. — Addy o cumprimentou e ele bocejou em resposta.
Ela pegou o telefone que estava em cima da mesa e o levou até a orelha.
— Alô, Tom?
Um segundo de hesitação se passou até que ele respondeu:
— Oi, Adeline… Podemos conversar? Sinto que não estamos fazendo nenhum progresso, mas há algo que você deveria ver.
Addy considerou por um instante e então respondeu:
— Está bem, pode vir no final da tarde. Tenho alguns testes para realizar com o Reed.
Tom concordou e sem prolongar a conversa, se despediu e desligou. Adeline olhou para Reed debruçado sobre a mesa como sempre, alheio a tudo que acontecia ao seu redor.
— Como estão indo os testes com o Ben? — Ela perguntou se sentando na cadeira ao lado dele.
— As células de Ben não tem reagido bem a nenhum dos estímulos que estamos tentando. — Havia um leve tom de frustração e cansaço na voz dele.
Adeline ligou a tela do próprio computador para verificar os dados e acompanhar Reed quando ele resmungou algo ininteligível. Ela o observou vendo o lado esquerdo do rosto dele mudar de forma como se fosse borracha derretendo.
— Reed, você está bem? — Ela se levantou para pronta para o segurar, mas ele se ajeitou na cadeira e fez um sinal com a mão para acalmá-la. Addy percebeu que o movimento da mão dele foi vacilante, como se a mão fosse borracha mole.
— Acontece em picos de estresse. — Ele murmurou com um leve tom de frustração por estar cansado demais, para Reed era essencial ser produtivo.
Como se tivesse pressentido a situação, Sue veio do andar de cima resmungando como era importante o tempo de descanso. Reed tentou rebater, mas a boca amoleceu e ele perdeu a capacidade de conseguir articular palavras.
Adeline e Susan seguraram Reed e o ajudaram a se erguer da cadeira.
— Vamos tirar um momento para respirar um pouco e dar uma volta. — O tom na voz de Susan deixava bem claro que Reed não poderia protestar.
— Eu vou ficar por aqui mais um pouco, depois vou encontrar o Tom e atualizar as informações com ele. — Addie avisou enquanto os dois passavam pela porta.
Reed balbuciou alguma coisa impossível de entender com a boca esticada feito borracha, Susan o guiou para fora.
***
Adeline terminou a pesquisa de dados e registrou o relatório no final da tarde. A pesquisa tinha avançado no aspecto genético, mas ainda estavam longe de encontrar uma forma de recriar a tempestade e reverter toda a situação. Sem recursos e sem auxílio, eles poderiam levar anos. Aquela perspectiva a deixou desanimada e a primeira coisa que quis era encontrar Johnny, ele provavelmente faria algum comentário sarcástico que primeiro a deixaria irritada e depois a faria rir.
Ela pegou a bolsa e o casaco e saiu do Edifício Baxter para o ponto de encontro que marcou com Tom. Como era em um café próximo, ela decidiu caminhar.
Observava as pessoas passando pela rua e algumas até se viravam para a cumprimentar, Addie esquecia que seu rosto estava estampado em todos os locais. Estratégia de Johnny, e graças a isso eles poderiam continuar a pesquisa. Adeline sempre pensou em como a pesquisa espacial era tratada como o maior feito científico da humanidade, mas quando dava errado todo mundo virava as costas para as consequências.
Após três quarteirões caminhando, Addie atravessou a rua e viu Tom parado em frente a um café. Ele estava com uma jaqueta de couro marrom, o cabelo havia crescido um pouco e a barba estava por fazer. Conforme se aproximava, Addie percebeu que Tom segurava uma coleira e ao seu lado Laika se agitou assim que percebeu que ela se aproximava.
— Hey, Laika… — Addie murmurou enquanto a beagle se lançava contra suas pernas.
Adeline precisou se controlar para não tirar as mãos do bolso e tocá-la.
— Achei que gostaria de vê-la. — Tom disse em um tom incerto, pela expressão em seus olhos ele estava arrependido por ter sido um babaca. — Olha, eu fui um idiota e sei que você vai me odiar para o resto da sua vida. Mas eu trouxe uma coisa que talvez você esteja precisando.
Tom entregou a ela uma caixa simples e mediana, Adeline abriu e tirou dela um par de luvas de couro acinzentado.
— Vai te ajudar a canalizar a energia por um tempo. Estive estudando os dados que me passou e pelo visto você retém energia e depois a libera, ainda não dá pra saber a proporção… mas considerando o nível de radiação a que foi exposta… Addie, a capacidade mínima pressuposta é de 15 quilotons. — Ele explicou.
Adeline olhou para ele perplexa.
— Isso é a capacidade de uma bomba atômica?!
— Não dá pra fazer testes precisos no Edifício Baxter. Mas tem um pesquisador interessado, PhD em energia e radiação, mandei os dados para o centro de pesquisa dele na NASA… pode ser que entrem em contato. — Tom gesticulou para as luvas. — Isso pode te ajudar até lá.
Adeline lembrou da carta que chegou e que ela estava com medo de abrir, poderia ser sobre o que Tom estava falando. Ele estava realmente tentando ajudar.
Ela colocou as luvas e se abaixou para afagar as orelhas de Laika.
— Para ser sincera, eu estava muito decepcionada com tudo, Tom. Você foi a única pessoa na minha vida por tanto tempo… Eu respeito você, entende? — Ela se levantou para o olhar nos olhos. — Obrigada.
— É o mínimo que eu posso fazer. — Ele desviou os olhos marejados. — Preciso ir, ainda tenho que lidar com o meu irmão narcisista e todo o caos da companhia.
Adeline balançou a cabeça em um gesto compreensivo, eles se olharam por um instante e Tom se afastou levando Laila consigo. Adeline os observou até que virassem a esquina, como símbolos de uma outra fase de sua vida. Apertou os dedos cobertos pelas luvas. Precisava ajudar na pesquisa e descobrir do que era capaz de verdade.
***
Tom Von Doom chegou no seu apartamento ainda com a voz de Adeline ecoando em sua mente.
"Eu respeito você, entende?"
Ele sabia muito bem que estragara tudo e que não merecia respeito algum, mas Addie sempre fora muito sensata ao mesmo tempo que era capaz de amar puramente as pessoas. Perdido em pensamentos, ele tirou a coleira de Laika e quando caminhou até a sala, ela começou a rosnar baixinho na direção da poltrona.
A poltrona girou devagar revelando Victor sentado no escuro.
— Mas o que diabos está fazendo, Victor? — Tom perguntou com um sentimento entre a irritação e a surpresa.
— Tomando um gole de conhaque enquanto eu vejo tudo ruir. — Ele disse em um tom baixo carregado de frustração.
Tom sabia que a frustração do irmão era sempre perigosa.
— Estamos fazendo o melhor.
— Não é o bastante. — Victor rebateu. — Você nunca foi o bastante. Sempre medíocre. Deixei você na companhia pra não decepcionar ainda mais nossos pais que sabiam que você não chegaria nem perto de conquistar o que conquistei.
Tom não tentou rebater, era fato de que os pais tinham um filho preferido e não era Tom.
— Até Adeline te deixou, era nítido que ela notaria sua incompetência também. O que pode fazer por ela durante esse tempo? — Victor balançou levemente o copo de conhaque com a elegância de alguém que sabe como usar a vulnerabilidade do outro.
— Estou fazendo o que eu posso, merda! Não ajuda o fato de você se abster de toda a burocracia. Você faz a merda e eu que tenho que limpar depois! Nada do que eu faço é útil para você!
— Talvez você tenha sido útil pra mim. — Ponderou Victor. — Entregou aquele par de luvas para Adeline?
Tom ficou confuso com a súbita mudança no assunto. E então um segundo depois ele percebeu, Victor estava tramando algo.
Sem se preocupar em responder o irmão, Tom se virou para a porta, pronto para correr até o Edifício Baxter. Mas Victor estava mais rápido e mais cruel do que antes, um raio de eletricidade atravessou o apartamento atingindo Tom nas costas e abrindo um buraco no peito.
Tom largou o copo de conhaque e observou a leve fumaça que saía dos seus dedos. Laika lambia o rosto de Tom e chorava baixinho tentando reanimar o dono.
— Isso é o que acontece com os fracos. — Victor disse ao passar pelo animal.
Ele pegou o paletó e o vestiu calmamente, saiu do apartamento assobiando e arrumando a gravata. Precisava resolver aquilo no Edifício Baxter.
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notas: faltam poucos capítulos pra terminar a fic, graças a Deus KKKK eu juro que vou terminá-la. A vida é corrida, sustentar uma casa, ter dois empregos e folgar só um dia torna mais complicado ter tempo e energia pra escrever. Mas sigo tentando. Mais uma vez, obrigada por acompanhar tudo isso ❤️
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