Capítulo 12
Capítulo 12
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REED ACORDOU COM BEN reclamando de Johnny e dizendo algo como: "o terraço está pegando fogo".
Ele se levantou sonolento e seguiu a voz de Ben até o terraço onde geralmente ficava uma área coberta, uma mesa e um tapete onde ele deixava especialmente um telescópio. Quando chegou no terraço o sol da manhã iluminou o deck de madeira completamente carbonizado, o telescópio meio derretido, um cobertor chamuscado no chão e em alguns pontos ainda havia chamas.
Ben segurava um extintor de incêndio em cada braço e ao ver o olhar confuso e temeroso de Reed, gesticulou para o céu com o queixo. Quando reed ergueu a cabeç apara olhar para cima, viu um rastro luminoso fazia um desenho como um cometa passeando pelas nuvens.
— Johnny... — Reed e Ben murmuraram juntos.
Ben não demorou para apagar as chamas que restaram, e usando a vantagem de ter um corpo grande e resistente, ele mesmo juntou os trapos queimados e os jogou na caçamba de lixo, permitindo que Reed se preocupasse em começar a preparar os tópicos que apresentaria para os representantes da Von Doom.
Ao entrar na sala buscando pelos dados e arquivos que precisaria apresentar, ele encontrou Susan perfeitamente arrumada organizando os arquivos.
— Não precisava. — Ele murmurou se aproximando. — Eu ia fazer isso.
— Você precisa arrumar outras coisas. — Ela disse apontando para o cabelo e a barba dele. — Há dias que você está afundado nisso, Reed. Tire um tempo para você e para coisas meramente humanas.
Reed suspirou tendo que concordar mesmo que não quisesse e se sentindo grato por aquele gesto de Sue. Ele balançou a cabeça em um agradecimento sem jeito e se virou para ir até o quarto se arrumar.
Susan organizou as pastas na mesa e estava separando a correspondência quando ouviu a voz grave de Ben se aproximando:
— Johnny, você precisa aprender a controlar! Você derreteu o telescópio do Reed e acabou com a área do lado de fora!
Ben entrou na sala seguido de Johnny que estava com o uniforme do Quarteto Fantástico e com um sorriso mais quente e luminoso que o próprio sol.
— Eu vou me desculpar com Reed! Mas eu não fiz isso sozinho, sabe. — Johnny disse com os olhos distraídos e um sorriso que parecia que ia demorar muito para sumir.
— O que você fez com a Addy? — Ben perguntou com um tom protetor.
— O que tem a Adeline? — Susan perguntou segurando as correspondências e olhando para os dois.
— Ela está brilhando! — Ben disse em um tom indignado enquanto apontava seu enorme dedo de pedra na direção de Johnny. — Ele tacou fogo nela!
Johnny riu.
Susan ficou horrorizada.
— Você queimou nossa melhor astronauta? — Susan colocou a mão no peito como se temesse o futuro deles.
— Nós pegamos fogo em todos os sentidos. — Ele deu uma piscadinha para Sue. — Mas ela está bem. Ela foi se trocar.
— Olha, vocês dois por favor, não quebrem nem derretam nada. — Sue pegou algumas correspondências que estava organizando e saiu em direção ao corredor. — Finalmente teremos uma reunião com a empresa e eu quero que tudo esteja perfeito.
Susan saiu em direção aos dormitórios e então Ben se virou para encarar Johnny.
— Você não vai se arrumar? — Ele disse observando enquanto Johnny se dirigia para o sofá.
O mais novo esticou as pernas sobre a mesa no centro e descansou a cabeça nos braços.
— Eu não preciso, estou sempre lindo! — Johnny sorria com o rosto ficando alaranjado e as pupilas douradas assim que lembrou dos lábios de Adeline.
Ele percebeu que sua aparência deveria estar diferente, porque Ben o encarava mais preocupado do que irritado.
— E você, não tem que polir suas rochas ou algo assim? — Ele provocou.
Ben urrou e jogou o travesseiro na cara de Johnny. Ele teria jogado o sofá inteiro, mas Susan havia pedido para que não destruíssem a casa.
***
Susan bateu na porta do quarto de Adeline e entrou. O cômodo deveria ser o mais bem organizado de todo o Edifício Baxter. Havia post-its sobre a escrivaninha, na porta do guarda-roupa e na mesa de trabalho. A cama estava perfeitamente arrumada, nas paredes havia um quadro com mapa astrônomico, revistas científicas e fotos polaroids deles.
Sue não pode evitar sorrir ao ver as fotos e se aproximar do quadro. Reed, Addy e Ben na formatura do Mestrado de dela, a outra foto era Sue e Johnny se abraçando. Parecia um espaço especial, sagrado, como um mural de uma família — e Sue se sentiu muito tocada ao perceber que fazia parte daquilo.
Adeline saiu do banheiro e encontrou Sue.
As duas trocaram um longo olhar e Addy se aproximou percebendo que ela estava olhando para as fotos antes.
— Você está aqui. Eu gosto dessa foto. — Ela comentou enquanto os dedos trançavam seu longo cabelo escuro em uma trança única. — Foi Reed quem pegou a câmera e tirou a foto quando vocês não estavam olhando.
Susan sorriu e se aproximou de Addy enquanto observava os objetos dela pelo quarto.
— Hoje temos uma reunião com Victor. — Susan odiava ter que admitir que estava nervosa. — Precisamos de algum progresso nisso.
— Quer que eu ajude a fazer com que aceitem nosso plano ou quer que eu ajude a matá-los e jogar os corpos no espaço? — Adeline brincou enquanto se sentava na beirada da cama.
Susan riu e sentou-se ao lado dela.
— De preferência a opção que não nos leve para a prisão.
Adeline balançou a cabeça com um sorriso ao dizer:
— De fato seria a decisão mais sensata. — E então respirou fundo esticando as costas e tocando a ponta de sua trança enquanto pensava. — Acho que devíamos pressioná-los.
— Eu acho que eles já pretendem fazer isso com a gente... — Sue disse apoiando o queixo sobre a mão com um ar pensativo.
— Mas pensa bem, Sue... a Von Doom está tomando uma posição completamente desumana diante da situação, deveriam estar cuidando de nós e assumindo as consequências. — Adeline olhou para as fotos penduradas em seu mural, especificamente para um espaço vazio nele, havia uma foto faltando. — Deixe essa parte comigo, eu sei como lidar com os Von Doom.
Susan suspirou aliviada, essa era uma parte que ela não queria ter que enfrentar. Victor claramente estava a evitando e além de precisar tratar dos assuntos relacionados a trabalho, também precisava colocar um fim naquilo.
— Como o Tom era quando estavam juntos? — Sue perguntou fazendo Adeline se virar para ela surpresa, não estava esperando essa pergunta.
Mas Addy não se incomodou, percebeu que para Sue deveria estar sendo difícil. Parecia que Victor não dava a mínima para ela desde o desastre que foi a missão.
— Ele era incrível, maravilhoso... e genial. — Adeline disse em um sussurro carinhoso e respeitoso que fez Sue arregalar os olhos e endireitar a coluna surpresa. — Eu sei que isso surpreende muita gente, todo mundo sempre espera que ele seja o maior babaca. Mas não era assim quando estávamos juntos.
— Então... por que terminaram? Estavam noivos, certo?
— Sim e acredite em mim, eu tinha certeza que ele era o cara certo pra mim. Sue, eu sou uma pessoa pragmática, eu não estaria em um relacionamento com essas convicções sem antes analisar muito a situação... — Adeline se virou para Sue cruzando as perna em cima da cama, ela observou a colega e sabia que estava confortável o bastante para falar com ela sobre aquilo. — Ele foi meu primeiro namorado, a primeira pessoa com que me relacionei. Eu sempre fiquei focada demais nos estudos, nunca dei abertura para outra coisa na minha vida. Eu não conhecia nada além disso e você sabe, nós idealizamos relações românticas como a melhor coisa na nossa vida.
— Como se encontrar o grande amor da sua vida fosse o propósito de tudo. — Sue concordou murmurando incentivando Addy a continuar.
— Sim e colocamos na pessoa o sentido da nossa existência. Eu cresci sem pais, sem família, Tom foi a primeira pessoa que me ofereceu um amor pra vida toda... eu passei a depender emocionalmente dele, achar que seríamos o bastante um para o outro e que o resto do mundo não importava. — Ela murmurou esticando a mão até alcançar a escrivaninha ao lado da cama, ela puxou a gaveta e de lá de dentro tirou uma foto e a entregou para Sue.
Susan segurou a foto observando uma Adeline e um Tom mais jovens na imagem sorrindo e se abraçando na frente da entrada do Centro Espacial Houston.
— Passamos juntos no nosso primeiro programa espacial, ele sempre me motivou muito e não achava ruim que eu fosse melhor do que ele na maioria das coisas. — Addy continuou contando fazendo Sue sorrir ao perceber o quanto aquela conexão deles havia sido especial. — Ele também tem uma relação familiar conturbada, fomos a família um do outro. Mas chegou em um ponto em que deixamos de viver outras coisas achando que só nós bastávamos. Não tínhamos amigos fora do relacionamento, tudo que planejamos era juntos e a gente não sabia mais quem éramos individualmente e isso é perigoso.
— Caramba, Addy... parece ter sido uma decisão madura e dolorida.
— Chegou ao ponto de eu ter projetado a estação espacial e ele levar isso para o Victor esperando ter o reconhecimento que nunca teve do irmão, e achou que eu iria compreender. Como se eu pudesse ceder por isso por amor, mas era a minha conquista, Sue. Minha, ele não tinha o direito de tirá-la. Então eu percebi... que isso poderia continuar até a gente se perder. — Ela respirou fundo para tentar manter a voz estável afastando as lembranças. — Tudo bem ceder de vez em quando, quando ambas as partes fazem isso sem ferir a identidade do outro. Porque abrir mão de sua identidade não é amor, é desespero.
Susan esticou a mão e tocou a de Adeline, olhando-a nos olhos disse com uma expressão carinhosa:
— Obrigada por compartilhar isso comigo, Addy. Eu precisava ouvir, me fez me dar conta de uma coisa...
— Anda cedendo demais, anulando seus sentimentos e fingindo não estar chateada só para que tudo fique bem?
— Sim... mas você tem razão, nunca devemos abrir mão de nós mesmas. — Susan a puxou para um abraço apertado, surpreendendo Addy mais uma vez com uma sensação de afeto e paz que ela sempre guardava no lugar mais seguro do seu coração.
As duas deixaram o abraço perdurar por alguns longos segundos confortáveis, até que Sue se afastou lembrando de algo. Ela pegou a correspondência que tinha deixado sobre a cama e entregou um dos envelopes para Adeline:
— Isso chegou pra você e eu suponho que seja importante.
Adeline segurou o envelope e observou o símbolo da NASA no canto do envelope, seu coração parou por um instante e em seguida deu uma lenta e dolorosa batida. Com certeza a notícia havia chegado até a agência espacial e o estado de sua saúde afetava seu futuro como astronauta, era possível que fosse um comunicado que decidisse o fim de sua carreira como astronauta. Ela apertou o envelope tentando respirar e manter uma expressão neutra diante de Sue, não podia pensar na possibilidade de nunca mais ver o espaço de novo.
Alguém bateu na porta interrompendo os pensamentos.
— Pode entrar! — Adeline se virou para a porta e Sue se levantou da cama para ver quem era.
Era Reed com os cabelos bagunçados, o nó da gravata todo e os dedos agitados tamborilando na maçaneta. Parecia a ansiedade em pessoa.
— Eles chegaram, vamos iniciar a reunião.
— Eu vou me trocar e já encontro vocês. — Adeline se levantou e tocou no ombro de Susan. — Sue, ajude o Reed a receber a equipe e aproveite para ter um momento com Victor. Reed, prepare os documentos e os dados que iremos mostrar, é importante que todos tenham acesso aos relatórios durante a reunião.
Reed pareceu um pouco perdido, mas concordou.
— Eu vou conduzir a reunião. — Addy o tranquilizou. — Não comecem sem mim.
Os dois saíram do quarto apressado e Rudolph se levantou para trocar de roupa, deu uma última olhada na foto dela e de Tom e a guardou de volta na gaveta decidida a não deixar a Von Doom apagar a identidade de nenhum deles.
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notas: faz tanto tempo que não atualizo nada, ainda mais Nebulosa. Eu realmente não sei se alguém vai ler isso, socorro. Mas ainda estou aqui e ainda estou escrevendo e tenho fé que vou concluir a fic. Eu senti saudade de tudo que há nessa narrativa e quero continuar a história da Adeline, porque ela é tudo pra mim sim. Eu não sei se estão odiando muito o Tom, mas tem mais dele vindo por aí.
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