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Capítulo 7

Aviso de gatilho
Crises de ansiedade
Síndrome do pânico


Quando acordei estava me sentindo na merda, bom aquilo não era nenhuma novidade na minha vida só que tudo piorava por conta da minha falta de emprego. Seria um dia cansativo a procura de um novo, aturando pessoas dizendo que não precisava de ninguém e te olhando com cara amarrada da cabeça aos pés. Passei a mão no meu rosto para acordar e escutei o som de uma música antiga de rock que eu gostava bastante tocando ao fundo. Pelo visto Emanuel não foi trabalhar naquele dia. Levantei devagar e me espreguicei sentindo minha coluna estalar no processo. Não me importei com minha roupa do dia anterior e nem com meus cabelos que mais pareciam um ninho de passarinhos. Com certeza minha cara estava a pior parte e por aquele motivo nem fiz questão de me olhar no espelho em formato oval posicionado no corredor.

Emanuel estava sentado na poltrona favorita de Mari e pensei que com certeza ela não se encontrava em casa, pois ela não deixava que ninguém sentasse ali a não ser ela mesma. A expressão de meu amigo estava compenetrada enquanto ele anotava algo em seu caderno de finanças.
O ignorei por enquanto e fui à cozinha, sorrindo ao constatar que a garrafa térmica estava com café quente ainda. Pelo menos um golpe de sorte em meio a tantos de azar. Enchi minha xícara com dizeres positivos e voltei para a sala me sentando no sofá e ligando a televisão.

— Pretende fazer alguma coisa hoje? — O olhei de soslaio e vi que ele nem se deu ao trabalho de erguer o olhar para me observar.

— Por enquanto pretendo tomar esse café para tirar a dor de cabeça que está me matando, o resto eu decido depois. — Sorvi o líquido quente e tomei um pequeno gole sentindo o gosto amargo preenchendo minhas papilas gustativas.

— Sei que pretende procurar trabalho Natasha a pergunta é quando? 

Estranhei o rumo da conversa de Emanuel, normalmente quem me pressionava era Mari, não precisava de mais um na minha cabeça.

— O que tá pegando? — Larguei a xícara na mesinha de centro e vi seu olhar recaindo para ali, pois não coloquei o objeto no descanso ridículo para copos que ele insistiu em comprar na semana anterior.

— Peraí Nat, só quero dizer que não  precisa ficar procurando eu tenho algo perfeito pra você. — Um vinco se formou em minhas sobrancelhas.

— E o que seria? 

— É de bartender em uma boate. Só não beba escutou bem, eu prometi para Evandro que você ia apenas servir os drinks e não usurpar nenhum. — Dei um gritinho alegre demais e corri para me jogar em seu colo.

— Você não existe, sabia. É o máximo.

— Eu sei. — Emanuel disse todo cheio de si limpando uma sujeira imaginária como os rappers fazem em clipes estrangeiros.

— E não vou beber nada ok, fica suave. Não sou nenhuma cachaceira.

— Só lembrando. — Disse em tom sério. 

— Quando começo? — Falei voltando para meu lugar e tomando mais um gole do café.

— Hoje mesmo, mas não conta para Mari que fui eu que arrumei esse bico pra você, ela vai me matar, pois queria que você arrumasse algo que te desse uma estabilidade.

— Ela tinha que parar de tentar controlar minha vida. — Disse irritada, mas já me arrependendo assim que a última palavra saiu da minha boca.
Eu sabia o porquê dela fazer aquilo, ela queria o meu bem e eu era uma ingrata que não dava valor a melhor e única amiga que tive em toda a minha vida miserável.

— Sei que não queria falar isso Natasha. — Meu amigo disse em tom de repreensão.

— E achou certo. Às vezes eu consigo ser uma cadela quando quero.

Coloquei minhas duas pernas para cima e tomei mais um gole do café.
Ao olhar para o relógio ridículo que Mari comprou, vi que já passava das onze e eu ainda estava ali sentada, procrastinando ao invés de tomar um banho e fazer alguma coisa produtiva.

— Bom, não se atrase e passe no bar às dez, ele vai estar à sua espera. — Emanuel disse se levantando e deixando um pequeno feixe de pele à mostra. Sim, meu amigo era um grande gostoso e ele sabia daquele fato. Sentia pena das garotas que ousavam se apaixonar por ele, pois teriam seus corações quebrados em pedacinhos.

— Tô ligada, pode deixar que vou lá.

— A propósito, procure não se meter em encrencas só pra variar. Evandro ainda não se recuperou do prejuízo que você deu para ele por causa do carro de Luís.

— Então aquele era o nome do velho chorão? E não me diga que Evandro realmente pagou o para brisa do fodido, ele está ficando um molenga. — Falei em reprovação.

— Era isso ou não dar e o velho não iria sossegar até conseguir o nosso endereço e fazer você pagar. — Revirei os olhos.

— Duvido muito que ele conseguiria arrancar algo de mim que não fosse um soco bem no meio daquela cara de pau. — Emanuel beijou o topo da minha cabeça e sorriu. Se encaminhou para a porta, parou e voltou para trás como se estivesse esquecendo algo.

— Ah, quase me esqueci, tome um banho está fedendo a sexo. 

— Idiota. — Peguei uma das almofadas do sofá e atirei na porta que ele fechou com rapidez evitando o golpe não mortal.

Balancei a cabeça e continuei tomando meu café tranquilamente. Eu poderia tirar o dia para mim antes de começar no novo trabalho. Sim, um bom banho com direito a um mini spa em casa se fazia presente, merecia um tempo só pra mim, coisa que eu não tinha há tempos.



                           
                             🎀🏅



Tirei meus saltos já no meio do caminho, não ligava já era costume meu fazer aquilo e não seria diferente visto que meus pés estavam me matando com aqueles sapatos de saltos apertados. Cheguei na portaria do prédio e cumprimentei seu Alfredo, um senhor simpático que costumava ficar na portaria. Ele acenou para mim com um sorriso amigável em seus lábios.

Gostava muito dele, pois sempre segurava o elevador para mim antes mesmo que as portas se fechassem e me ajudava a entrar no apartamento quando estava caindo de bêbada, além de ser um bom ouvinte para meus papos pós cachaça. Quando entrei no apartamento encontrei a sala vazia, joguei meus sapatos no canto da porta e fui direto para o banho. Desde que comecei a trabalhar, algumas horas antes, já estava com o pensamento de chegar em casa, pegar um pote de sorvete e ver um pouco de filme na televisão. Era tudo o que eu precisava, uma noite de sossego.

Tomei um banho rápido e fui para o quarto, abri o guarda roupa e peguei um pijama de estampas de nuvens que eu tanto gostava e que usava exclusivamente para dias como aquele em que eu precisava de algo que me desse conforto. Aquelas peças de roupa haviam sido da minha mãe, ela mesma que costurou para mim e foi uma das poucas peças que levei comigo, uma das poucas lembranças palpáveis da minha antiga vida.

Com o pote de sorvete em mãos e um cobertor macio envolto em minhas pernas, a televisão era a minha melhor companhia naquela noite regada a filmes de comédias românticas que me fizeram rir e achar graça daquele amor que tanto eu via nas telas. Não era real, o amor não existe, pelo menos não daquela forma que víamos em filmes. Aquilo tudo era pura ilusão feita para as mulheres assistirem e estabelecerem um padrão altíssimo.

Estava tão distraída que na metade do segundo filme que só me toquei bem depois que Mari tinha entrado no quarto e estava me observando com um sorriso nos lábios.
Seus cabelos curtos estavam bagunçados, blusa do pijama aberta no colarinho mostrando parte de sua tatuagem e em suas mãos um saco pardo que vislumbrei sendo de um fast food.

— Oi, estava tão quietinha que não tive coragem de interromper. Já vi esse filme, ele corre atrás dela em uma moto. — Ela aponta com o queixo para a televisão onde, como perder um homem em dez dias, estava sendo exibido.

—Obrigada pelo spoiler. — Bufei indignada e dei uma pausa no filme.

— Talvez queira ver o que trouxe para comermos e quem sabe não esteja com raiva de mim e me deixe assistir alguns filmes com você.

— Acha que estou com raiva de você? — Ela deu de ombros o que me fez revirar os olhos. Dei dois tapinhas no lado vago da minha cama e ela se sentou.

— Depois do nosso embate de mais cedo não poderia esperar menos. 

— Não consigo sentir ódio ou algo parecido de você Mari, como poderia? Me salvou de muitas maneiras e continua tentando. — Ela fungou e limpou uma lágrima errônea antes que ela escapasse por seu olho.

— Não consegui, te tirei do lugar que tanto te prejudicava, mas ainda vejo que tem demônios dentro de você. — Abri o saco pardo e o cheiro de fritura fez com que meu estômago roncasse.

— Isso é algo que não pode ser mudado. — Ela segurou minha mãos o que me fez olhar para ela.

— Pode sim, se desejar. Olha Ana, não quero brigar com você de novo, mas vou tentar pela última vez. — Ela respirou fundo enquanto eu prendia a minha por alguns segundos. — Você tem problemas que, claramente, apenas uma ajuda profissional te ajudaria, mas isso tem que partir de você. Não pode continuar vivendo assim, sem dormir e com medo se tudo.

— De que adiantaria ir a um consultório onde um homem arrogante me receitaria algo temporário? E eu durmo sim tá bom. — Mordi uma batata frita e deixei que as palavras entrassem na mente dela. 

— Não vou falar mais nada. Se quer se enganar tudo bem então.

— Mari, eu entendo que queira me ajudar, mas por enquanto eu não vejo necessidade.

— Só não quero ver você se perdendo em sua mente e não consiga sair antes que seja tarde. — Beijei sua bochecha agradecida.

— Obrigada por tudo.

O celular vibrando naquele momento quebrou todo o clima de descontração que tinha entre Mari e eu, o peguei e ele quase caiu da minha mão quando vi de quem se tratava. Era minha prima e soube que notícia boa não viria daquela ligação.

— Não vai atender? —Mari me perguntou e assenti.

Na verdade eu queria dizer que não, que não era importante, pois o medo já estava fincando garras em meu coração, uma fina camada de suor se formando em minha testa e meu estômago a ponto de devolver a batata que eu comi. Mas mesmo em meio aquela névoa de medo tive coragem e com dedos trêmulos deslizei o ícone verde do telefone.

— Alô.

— Ana. Ai que bom que você atendeu, por um momento pensei que não ia já que sempre costumo te ligar para dar notícias ruins. — Fiz um muxoxo, incapaz de articular uma frase, e com meu silêncio ela prosseguiu. — Estive relutante em te contar desde a última ligação, mas não vi alternativa. Sua mãe não está nada bem. 

Naquele momento o celular caiu da minha mão e o mundo perdeu o foco diante dos meus olhos. Escutava Mari me chamando e depois falando com alguém, mas era como se eu estivesse escutando tudo de fora do meu corpo ou como se fosse uma espectadora do lado de fora asssitindo aquele show de horrores a uma longa distância.

Após um minuto senti dedos frios tocando em meu braço e gritei, era como se um véu negro estivesse tapando meus olhos e me impedindo de enxergar só conseguia sentir o medo, de ficar louca, de morrer, do meu pai ter feito alguma coisa com ela.
Os tremores involuntários em meu corpo e o coração disparado me davam aquela sensação de que a hora havia chegado. 

— Responda amiga, fala comigo. — A voz sussurrada de Mari chegou a minha mente enevoada.

— N-não consigo respirar. Não posso. — Falei com dificuldades e um soluço no final escapou da minha garganta.

— Emanuel, me ajude aqui. — A escutei gritar logo em seguida uma porta se fechando, mas não prestei muita atenção no que ele disse.

Tentei focar em alguma coisa, qualquer coisa, mas eu não tinha um ponto de foco eu não tinha nada, nunca tive sempre foi somente eu mesma contra aquele mundo podre. Senti meu corpo sendo guiado pelo cômodo e corredor e a voz doce de Emanuel conversando comigo, tentando me tranquilizar  dizendo para que eu diminuísse o ritmo da respiração, que pensasse em outras coisas, que tentasse diminuir a frequência de ideias em minha mente. Só que não era fácil e tudo o que eu conseguia era piorar a minha situação. Meu corpo estava ali, mas a minha mente não, o que era agonizante. Só conseguia pensar no que meu pai tinha feito para ela. Naquele dia eu tinha conseguido controlar, mas tinha consciência de que aquilo estava fora do meu controle, que a qualquer momento uma crise poderia chegar só que como sempre eu não ligava para o meu bem estar interno que a cada dia me destruía mais.

— Vamos levá-la ao pronto socorro Emanuel, estou preocupada. — Escutei Mari dizendo  foi então que senti a brisa fria da madrugada beijando meu rosto.

— Não, não quero ir. Não quero ir. — Lágrimas desceram pelo meu rosto e senti dedos delicados os limpando.

— É para o seu bem. — Mari ajudou meu corpo a passar pela porta do carro na parte de trás e sentou junto comigo.

— Não sabem o que é para o meu bem, não sabem. — Explodi.

— Mais rápido Emanuel, ela está descontrolada. 

— Natasha, respira  por favor, se acalme. — Mari disse de forma tranquilizadora. 

Mesmo que eu tentasse eu não conseguia, com pensamentos desenfreados sobre o que poderia ter acontecido com minha mãe, meu coração e pensamentos sendo direcionados a ela. Como ela estava? Com certeza nada bem e aquilo me matava de dentro para fora. A culpa me corroía, pois eu não me encontrava lá para lhe dar apoio. A deixei com aquele monstro que por vezes chamei de papai, sabendo muito bem do que ele era capaz não só contra mim, mas com ela também. Sim, aquilo tudo foi um erro, eu deveria estar com ela e não sumir como um rato assustado, mas eu só pensei em mim mesma e aquele egoísmo cobrava seu preço.

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