Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 10

Ao entrar na casa uma sensação de nostalgia passou por mim e fez brotar um sorriso sincero em meus lábios. Tudo era a mesma coisa de que me lembrava, a mesma disposição de móveis, a mesma decoração, mesma pintura descascada, o mesmo toque de amor em cada metro quadrado do que realmente era um lar.
A televisão estava ligada passando um programa idiota de culinária em que tudo parecia fácil demais e o gato de minha tia despojado no sofá como se fosse o dono do objeto. Pelo visto nada mudou mesmo e minha tia ainda morava com aquele gato gordo.

— Nossas mães estão na cozinha. Quando eu avisei que você vinha elas começaram a fazer seus pratos preferidos.

— Você disse que não tinha esperanças que eu viesse. — Ela deu de ombros.

— Elas não perderam a fé. —Fiz um meneio de cabeça e segui para a cozinha.

Não sabia se estava preparada para ver minha mãe, já fazia quase um ano. Será que estava diferente por conta da doença ou continuava com aquele semblante calmo? Minha mãe tinha o péssimo defeito de esconder suas emoções e assim nunca conseguia adivinhar o que se passava por sua cabeça. Eu tinha uma teoria de que ela aprendeu aquilo para camuflar as agressões que sofria pelo meu pai. Todos achavam que ela era uma mulher muito feliz quando eu sabia que não era, também como podia ser feliz com o tipo de vida que vivia? 

Elas estavam de costas conversando sobre algo. Minha mãe pegando pratos em um armário alto e minha tia mexendo uma espécie de molho com um cheiro maravilhoso. Ali também estava tudo na mesma, até mesmo o azulejo lascado derivado de uma travessura minha e de Lisandra.

Não sabia dizer quando minha mãe se virou e bateu de frente comigo, foi como se o tempo parasse. Um milhão de emoções passou pelo meu corpo, saudade, tristeza, raiva, alegria, plenitude. Ela continuava a mesma coisa com seus cabelos loiros escuros um pouco mais ralos e o corpo bem mais magro do que eu me lembrava, mas seu rosto era o mesmo e naquele momento ela não fazia questão de esconder a felicidade e a saudade em seus olhos. 

— Ana, minha filha. — Ela disse e me alcançou rapidamente, envolveu seus braços pelo meu corpo e me incomodou a forma como ela parecia mais leve, mais magra.

— Mãe... — Não consegui completar a frase, o nó em minha garganta atrapalhava até mesmo cada palavra que eu queria articular.

Pensei em a abraçar de volta, caramba era minha mãe e eu me encontrava dura em seus braços como se uma mínima demonstração de afeto fosse deixar claro como eu era fraca mediante aos olhos das pessoas. Eu tinha um medo do caralho de chorar na frente das pessoas que eu gostava, afinal eu nunca pude mostrar para ninguém o que aconteceria em meu interior. 

— Pode me abraçar meu bem, eu sei que você quer. 

— Eu quero mãe, mas não consigo. — Disse sincera. Ela se afastou de mim, mas ainda mantinha meu corpo perto do seu.

— Está tão crescida, tão mudada. — Pensei em encontrar reprovação em seus olhos, mas tudo o que vi foi amor e aquilo fez com que minha respiração avançasse. Tinha medo de minha mãe desaprovasse meu novo estilo como eu sabia que meu pai faria.

— Ana, como está bonita. — Minha tia aproveitou a deixa que minha mãe se afastou e me envolveu em um dos seus típicos abraços de quebrar ossos. — Está tão magra, precisa comer mais.

— Ei, gente vai com calma, ela acabou de chegar. — Lisandra tentou intervir e lhe lancei um olhar em agradecimento.

— Eu preciso conversar com você meu bem e nada melhor do que comendo um pedaço de bolo com café. — Seu sorriso afetuoso e a proposta de comer um dos meus doces favoritos me quebrou.

— Vai ser aqui mesmo? — Perguntei enquanto ela cortava um pedaço exagerado de bolo, colocava em um pratinho e servia um pouco de café.

— Vamos para o quarto. Depois você mata a saudade de sua tia e prima. — Assenti e a segui para um quarto que eu conhecia bem, o qual eu costumava ficar quando ia dormir lá.

O engraçado era que eu nunca dormia lá, sempre corria para o cômodo ao lado para dormir com Lisandra. Eu tinha medo de dormir sozinha e a noite parecia que algo de ruim pairava naquele lugar, ou talvez fosse imaginação minha e tudo estivesse em minha cabeça perturbada. 

Minha mãe se sentou à minha frente e deu tapinhas para que eu fizesse o mesmo. Relutante o fiz e ela me entregou o prato com o bolo. Eu tinha tanta coisa pra perguntar para ela e sabia que a reação seria recíproca.
Eu sumi, desapareci sem deixar rastros  sem dizer pra onde ia, na certa o mínimo que minha mãe estaria era revoltada e com razão, mas eu tinha meus motivos independente do que lá me dissesse. 

— Te procurei tanto, minha filha. Por que fez isso Ana? — Ela perguntou para quebrar os minutos de silêncio enquanto eu comia o bolo sem nem ao menos lhe dirigir o olhar. Respirei fundo e coloquei o prato de lado

— Sabe o por quê. — Falei direta.

— Podia ter me contado, pouparia todo o trabalho e tanta preocupação.

— Não contei porque sabia que você contaria para ele. — Seu rosto estava sério e o que me deixou mais indignada era que nem tentava dizer que não, que eu falei uma mentira e que ela iria me encobrir.

— Ele é seu pai Ana Paula, por mais que você não aceite isso não muda. — Levantei exaltada, incapaz de continuar sentada ali.

— Muda sim, muda tudo. Eu me recuso a chamar aquele inenarrável ser de pai. Ele tomou a minha vida um inferno e a sua também mãe, como pode defender aquele ser desprezível? 

— Ana, não é assim. Você não entende como as coisas funcionam, o porquê dele fazer o que fez...

— Para, eu não voltei para escutar você defendendo ele, voltei porque precisava de mim e eu queria estar ao seu lado nesse momento mãe. Não me pressione a tentar conversar com ele ou fingir que nada aconteceu, não vai rolar. — Minha mãe abria e fechava a boca após o meu discurso sem saber o que dizer.

Eu não estava acreditando que viajei durante algum tempo, dentro de um carro quente e abafado unicamente para voltar e ficar com minha mãe para no fim escutar tudo o que eu estava escutando. Parecia piada, uma piada de muito mal gosto.

— Desculpe Ana, eu realmente não deveria ter dito isso. — Ela remexia suas mãos nervosa. Revirei os olhos e me sentei de novo ao seu lado, pegando em suas mãos e as beijando.

— Não vamos mais falar sobre ele, vamos focar no seu tratamento mãe e em ficar boa. — Tentei sorrir, mas com certeza aquele gesto foi forçado. Eu ainda estava afetada por causa das palavras dela segundos antes.

Eu tinha que tentar entender minha mãe, ela vinha de uma criação arraigada em que era ensinado que a mulher tinha que ser submissa ao marido, cresceu com esse pensamento em mente. Não o defender a tornava uma traidora de uma tradição de família. Podia entender, mas não concordava.

— Como estão as coisas a respeito de sua saúde mãe? — Ela respirou fundo e seus ombros se curvaram, ela se sentia como eu, derrotada.

— O médico me deu esperanças de que eu pudesse ter uma vida normal apesar do tratamento. Como foi descoberto no início, as chances de melhora são significativas. 

— Dá pra reverter então? — Ela assentiu.

— Fiquei tão feliz quando soube que ia voltar. Onde estava esse tempo todo Ana? Sabia que te procuramos pelos quatro cantos da cidade? Seu pai não descansou, todos os dias ele ia até a polícia para ter novidades, mas foi como se tivesse sumido do mapa. 

Desviei o olhar. Não queria contar onde estava e nem o que fazia, era algo meu. Não que eu não confiasse em minha mãe, mas eu sabia o efeito que Saulo tinha sobre ela e eu queria ter um refúgio caso as coisas ficassem feias de novo.

— Estive por aí, com uns amigos. — Ela torceu os lábios, parecia não acreditar em mim.

— Que amigos Ana, não minta, seu pai nunca deixou você se aproximar de ninguém.

— Prefiro não dizer, mãe.

Como contar para ela que conheci Mari no centro social e que foi ela que me apresentou Emanuel. Que ficávamos conversando pelo menos uma vez na semana quando eles me esperavam na saída da escola, que a amizade deles foi a coisa mais pura que já tive na vida. Como explicar aquilo sem que parecesse que eles eram uma má influência?

— Por que você mudou tanto Ana? Não reconheço mais a minha menina por baixo dessa caracterização toda. — Cruzei os braços irritada. Estava demorando para dar pitaco na forma como eu me vestia.

— Estou bem melhor assim mãe, descobri que essa sou eu de verdade e não fingindo ser quem eu não sou.

— Tá, bom, tudo bem, desculpe filha. Não foi pra isso que te chamei e sim pra te contar uma coisa — Ela fez uma pausa significativa e continuou. — Já que você voltou para ficar comigo eu pude planejar melhor o seu futuro. — Meus olhos saltaram antes mesmo dela continuar a falar. Levantei de novo irritada.

— O quê? Mãe, você não tem esse direito.

— Só quero o que é melhor pra você. Sei o quanto é inteligente, sempre tirou as melhores notas da sala. 

— Isso não significava nada para vocês quando eu mostrava cada nota de prova. — Me arrependi no mesmo instante que falei aquilo. O olhar da minha mãe se transformou para um triste e magoado.

— Não podia transmitir o orgulho que sentia por você, seu pai sempre disse que era obrigação e eu não gostava de o contradizer.

— E ainda acha que devo perdoá-lo para sermos a família feliz de novo? Sem chances.

— Com o tempo irá entender. — Sua voz calma desgasta meus nervos.

— Nunca, mãe, nunca. Ele fez comigo aquilo tudo e a minha mente fodida é culpa dele, unicamente dele. — Gritei. Lágrimas escaparam de meus olhos e meus joelhos cederam me levando ao chão.

Detestava estar demonstrando o quão machucada eu estava. Era algo meu e de mais ninguém, mas eu já me encontrava cansada de tudo, só de voltar para aquele estado, aquela rua, me trouxe gatilhos que não sou capaz de suportar. Eu só queria voltar para São Paulo, para minha nova vida onde tudo era mais fácil. Senti braços me envolvendo e lábios macios beijando meus cabelos.

— Ana, eu não quero te ver assim, é nova demais para ficar guardando tanto rancor.

— Ei, não quero mais falar sobre Saulo, não quero nem vê-lo mais, então mãe, se você não quer que eu vá embora de novo apenas pare. — A olhei e só sosseguei quando por fim assentiu. 

— Ana, eu só quero que estude. Quero pagar uma faculdade pra você, é um desperdício sua inteligência não ser utilizada para fazer algo que goste. Escolha um curso onde você pode explorar seu talento para desenhos. 

— Eu não quero ninguém decidindo nada por mim. — Continuei teimosa.

— Prometo não interferir a partir daí. 

— Também não quero ficar aqui. — Eu me odiava por meu tom de voz ter saído com tanto medo pintado nele.

— Sua prima não está morando aqui, ela escolheu um local perto da faculdade que ela faz. Perguntei para Lisandra se você poderia ficar por alguns tempos morando com ela e topou na hora. 

— Ela não mora mais aqui? — Minha mãe negou com a cabeça.

— Sua tia está em cólicas por sua filhinha ter criado asas, mas foi assim comigo e eu tive que aceitar. Pelo menos com ela teve uma preparação, eu um dia acordei e vi que minha menina nem ao menos se despediu de mim. — Suas palavras poderiam parecer simples, mas para mim foi como facas afiadas.

— Desculpa mãe, não poderia arriscar te deixando um bilhete. 

— Tudo bem filha. O importante é que você voltou.

— Não sei se quero fazer faculdade mãe, não é pra mim. — Ela levantou minha cabeça e beijou minha testa.

— Lisa vai te ajudar, você sempre foi tão grudada com ela.

— Me dê um tempo mãe. Prometo pensar. — Minha mãe me deu um sorriso reconfortante.

— Pensa com carinho. 

Pensei por alguns instantes no que aquela decisão iria me acarretar e logo minha mente voou para Mari que vivia dizendo que eu tinha que encontrar algo melhor pra mim, meu lugar no mundo. Por mais que fosse divertido transar com caras diferentes e beber todo fim de semana, eu tinha conhecimento de que aquilo não iria me levar a lugar nenhum. Ao menos eu tinha que tentar um caminho um pouco diferente, sem deixar me influenciar pela minha antiga vida. Não podia mais voltar a ser quem eu era e nem queria, descobri que meses como Natasha me deram o vislumbre de que eu realmente era e estava bem com aquilo.

— Tá bom mãe, eu vou tentar. — Suspirei resignada. 

— Ótimo, eu vou te dar os detalhes de tudo e podemos pôr a conversa em dia, como por exemplo se doeu muito para fazer essas tatuagens? — Dei uma risada sincera e limpei o rastro de lágrimas que ficou por minhas bochechas.

Apesar de toda a conversa com forte cargo emocional, eu estava viva, minha mãe também, e pronta para o que viesse pela frente.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro