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Capítulo 11

POV Sophia

Assim que acabamos de falar com o Dr. Kavanagh e com o Dr. Luke (AKA o Dr. Delícia. E sim, vou chamá-lo assim, porque meu Deus ele é o próprio pecado da gula), marcámos os dias e os horários para as minhas sessões. No início iremos fazer todos os dias da semana, e para não prejudicar muito a escola faremos á tarde.

O Dr. Delícia falou também que era importante fazer uma sessão por semana de Terapia de Grupo. Claro que não gostei da ideia, eu não quero ficar a ouvir os lamentos dos outros, nem quero ter que contar os meus. Porém, ele explicou que não era um local para falar sobre o passado e sim sobre o futuro, sobre o que fazíamos na clínica, dos nossos progressos ou mesmo dos nossos falhanços.

O Dr. Luke, disse também que a sessão era levada por um tal de John, o que me fez ter mais uma razão para não ir, afinal uma coisa era fazer os exercícios com ele, outra era estar numa sala fechada com outros cadeirantes e ouvir que já tinha conseguido isto e aquilo. Não, já tinha aceitado iniciar as sessões de fisioterapia, e agora aí da querem que vá a uma terapia? Para quê?

- Eu acho que te faria bem. E quem organiza e leva essas sessões é o pai da Sam e do Alex.

Pensar no pai dessa menina, fez-me perder um pouco o receio. Eu vi nos olhos dela a fé que ela tem, de que o pai um dia poderia estar a correr e brincar com o pai, tal e qual uma criança normal. Então porque não tentar?

— Tudo bem, mas só porque é o pai da Sam.

A Ana e a Tia Flora estavam super felizes com o meu "entusiasmo", e até eu estava. Tudo o que vi e ouvi hoje, fizeram com que eu acreditasse em mim mesma e claro no meu médico. Saímos da clínica as três felizes.

— Estou tão feliz por te dares uma chance Sofi.

— Bom...a verdade... é que não podia perder a oportunidade.

— Que oportunidade menina? Do que é que estás a falar Sophia Steele?— pergunta a Tia Flora.

— A oportunidade de ter um gato daqueles a tocar em mim.

— SOPHIA.— Gritam as duas.

— Que foi!? Até parece que ele não é gato.— encolhi os ombros e olho para a minha tia, acho que a vou provocar um pouco...— Tia?

— Que foi Sofi?

— Tu gostaste dos médicos?

— Gostei. Achei-os bem profissionais e atenciosos. Explicaram nos muito bem tudo o que iriam fazer.

— Hmmm, sei. E gostaste mais de que médico?

— Gostei dos dois. Ai, menina por quê tanta pergunta?

— Ah, curiosidade.— olho para Ana e pisco lhe o olho— Tia, confessa que tu babaste no Dr. Kavanagh Pai.— naquela hora a Tia Flora só faltou cavar um buraco, Ana tentava por tudo não rir e eu ria bem alto.

— Eu...eu não sei onde tu inventar essas coisas. Babar?! Eu lá sou criança para babar...

— Tia, é só uma força de expressão. O que a Sophia quis dizer foi que...que...

— Foi que tu vidraste no médico, ficaste de quatro...te apaixonante.

— Primeiro, eu sei bem onde a Sophia Anne queria chegar. Segundo, não há nem nunca vai haver nada entre mim e o Dr. Kavanagh. Já fechei o meu coração há muito tempo. Só amei um homem na vida, e é esse que vou amar para sempre.

— Tia...— Ana tenta falar, mas a Tia Flora não deixa. Quem será esse homem por quem ela se apaixonou? Apesar de querer respostas acho que não é o momento, e deixo o assunto para lá.

Fomos caladas o resto do caminho. Como eu e a Ana só começamos as aulas amanhã, hoje temos o dia mais livre. Resolvemos ir passear um pouco pelo parque que existe perto de casa. 

O Denny Park não é dos maiores, mas é bonito. Podemos ver pessoas a correr, pessoas sentadas a ler um livro ou o jornal. Também tem um parque infantil e posso imaginar os meus futuros sobrinhos a brincar aqui. Ok, sei que estou a sonhar, mas apesar da Ana estar sozinha neste momento, quero que a minha irmã possa sentir um amor que os nossos pais sentiram. Porque apesar de eu nunca ter presenciado esse amor Ana sempre me contou como os nossos pais se amaram. E eu quero esse amor para a Ana, ela merece.

A Ana tem sido minha mãe, meu pai, minha irmã, minha amiga, meu suporte. Sei que não tem sido fácil para ela, sei que ela sofre com tudo o que aconteceu, sei que ela de alguma forma se culpa pelo acidente, e por termos perdido a nossa casa. Também sei que não tenho sido nem um pouco fácil de aguentar, nem eu aguento o meu humor muitas vezes. E é por ela que aceitei o tratamento, ela merece que eu pelo menos tente. E depois com um médico daqueles...quem não tentaria!?

De repente a minha cadeira leva um encontrar, e vejo a Tia Flora quase a cair no chão, e a Ana começar a correr atrás de um rapaz. Olho para uma e para a outra, e fico meio sem perceber o que se passou.

— Tia? Estás bem? O que é que se passou? Onde foi a Ana?

— Está tudo bem, aquele rapaz apenas roubou a minha mala. Mas a doida da tua irmã, foi atrás dele.

— Ele roubou-te e tu dizes que está tudo bem? Será que a Ana o apanha?

— Ela nem devia ter ido atrás do rapaz, sabe-se lá saber se ele tem alguma arma, ou...

— Tia! Vamos, anda, empurra essa cadeira, vamos atrás deles. Não podemos deixar a Ana sozinha...

Assim que começamos a seguir o caminho pelo qual o ladrão e a Ana foram, não foi necessário ir muito longe para ver Ana a falar com um homem. E que homem, ele era lindo. Ana chama pela nossa Tia, e percebo que está meio assustada.

— Não precisa de se preocupar, não foi grave.— Diz ele a Ana, assim que lá chegamos.

— Deixe-me ver isso.— A minha Tia Flora foi enfermeira em tempos, eu e a Ana costumamos dizer que pode-se tirar a Dona Flora da enfermagem, mas nunca a enfermagem da Dona Flora, ela pega na mão do moço...— Com cortes não se brinca, ainda mais com estes. O Senhor não sabe por onde aquela faca andou, e o que cortou.

— Tenho a certeza que não é nada de especial.— Ele diz, para logo fazer uma careta engraçada.

— Já vi que é daqueles jovens que se fazem de forte, mas no fundo não passa de um menino. Venha, nós moramos aqui perto. Toma um banho para tirar esse suor todo, e depois eu trato desse corte.

— Eu agradeço, mas também moro perto, posso tratar disso em casa.

— Nem pensar, eu insisto. Fui enfermeira em tempos, então sei que isso aí vai precisar de uns pontos.

— Pontos!?— E agora o moço está branco que nem a farinha...— Tenho a certeza que não está assim tão mau.

— Se eu fosse a si, não me negava a fazer o que a Tia Flora está a pedir.— Eu disse, dando um pequeno sorriso. A Tia Flora é um amor, mas não brinquem com a vossa saúde porque aí ela vira bicho...— Ela não sabe o que é a palavra "Não" quer dizer.— E rio-me.

— Sophia.— E pronto já levei nas orelhas...— Bom vamos, apesar de ter sido deselegante, a Sofi tem razão. Não aceito um não, não quando se trata da saúde de alguém.—  E assim caminhamos até casa.

— Chegámos.— Diz a minha Tia.

— Bem já que moramos no mesmo prédio, vou só tomar um banho e...— O moço tenta falar, mas quem diz que a Dona Flora vai deixar!?

— Nem pensar, vá lá buscar uma roupa. Mas vai tomar um banho lá a casa, não vou deixá-lo sozinho com esse corte. Ana, vai com ele e ajuda-o a trazer a roupa.

— Tia.— percebo que Ana fica vermelha e com vergonha...— Eu não vou entrar no quarto "dele" assim sem...— Ela fala baixo, como se quisesse que apenas nós ouvíssemos, mas acho que ele também ouviu.

— Por mim não tem problema. E a sua tia tem razão, se eu for pegar na roupa com esta mão toda cheia de sangue vou manchá-la de novo.

— Vês. Eu vou preparando tudo para suturar essa ferida.— Diz a Tia Flora

E assim enquanto eu sigo com a Dona Flora para casa, Ana segue com o moço para o seu apartamento.

— Fizeste de propósito, não foi?— pergunto á minha tia.

— Do que estás a falar Sophia?

— Deixares a Ana sozinha com aquele moço? Ele é lindo, e eu não vi aliança na mão, em nenhuma das duas.

— Sophia Anne, deixa-te de fantasias. Só pedi à tua irmã para ajudar o moço. Ele ajudou-nos e magoou-se, agora é a nossa vez de o ajudar

Encolhi os ombros, e segui/rolei para a sala. Se a Tia Flora não percebeu a química que havia entre os dois, eu percebi. E eu vou fazer tudo para que eles fiquem os dois juntos. Operação da Cupido Sofi, vai entrar em acção.

Passado alguns minutos, a Tia Flora, chama-me porque temos que ir para o hospital, parece que o moço afinal estava mais ferido do que pensávamos. Ana está em pânico, ela achava que a culpa era dela e quando chegámos ao hospital disse que apenas sairia dali quando os familiares do Christian chegassem. Sim, a minha irmã sabia o nome do moço. E assentava-lhe que nem uma luva.

O tempo foi passando e após algumas horas vimos aparecer 3 pessoas ao fundo do corredor com o médico que pelo que percebi era cunhado do Christian. A moça mais jovem estáva bem irritada e o casal estava pelo seu ar bem assustado. A minha tia levantou-se e foi ter com eles. A moça mais jovem começou a dizer que iria prender a Ana. Mas por quê é que ela iria querer prender a Ana?

Eu não estava a perceber nada, eu só queria sair dali com a Tia Flora e com a Ana. Eu não as podia perder, sem elas eu ia ficar sozinha...

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