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V - Os Amigos

– Você está se esquecendo de uma coisa importante – a voz da garota de cabelos castanhos e lisos e olhos esverdeados ressoou logo em frente, e Tristan até se surpreendeu, pois tinha esquecido da presença dela.

Na última hora, um intenso debate de estratégias tinha se desenrolado em torno da mesa dos Trüppendorf, à meia voz, pois os interlocutores temiam os ouvidos das paredes. A menina, conquanto presente e prestando atenção, não tinha interferido muito enquanto eles debatiam onde, quando e como Tristan poderia retirar Berna das mãos dos sacerdotes, de qual direção ele devia vir e para qual fugiria, se devia vir montado ou a pé, e como cada um ofereceria cobertura com o uso de arco e flechas. Ela se mostrou disposta a fazer qualquer tarefa que lhe delegassem para ajudar a salvar a amiga, e confirmou, quando perguntada, que sabia atirar, embora não muito bem. Não tinha, todavia, tomado nenhuma iniciativa no planejamento.

Até agora.

O jovem Trüppendorf encarou-a sem muita paciência. Tudo o que menos precisava no momento era de falhas sendo apontadas em seu plano. A cada minuto que passava, a consciência dos atos difíceis que tinha diante de si pesava mais sobre ele, deixando-o irritável, o que ele percebia, e até tentava controlar. Sem sucesso.

– Estou, Gabrielle? – Tristan questionou, sem conseguir esconder uma nota exasperada na voz. – Então me ilumine, porque para mim parece que já examinamos a questão por todos os seus ângulos, e...

– Não é sobre o resgate em si, acho que plano está bom... pelo menos, é o melhor que as circunstâncias nos permitem – interrompeu a escrava franca. – Mas, veja bem, os "castigos dos deuses" podem não terminar quando vocês tiverem saído daqui, e as pessoas procurarão novos culpados.

E os olhos da estrangeira, ao dizer isso, pousaram em Tretan e Celina, que estavam sentados na extremidade esquerda da mesa.

Tristan empalideceu de imediato. Sua atitude arrogante de há pouco para com Gabrielle cedeu lugar a uma gratidão inexprimível, e ele teve vontade de abraçá-la por chamar sua atenção para aquele detalhe tão importante, que estava ignorando.

O guerreiro pretendia roubar o sacrifício dos deuses! Para que maior afronta do que isso? Mas ele, Tristan, não estaria mais na Aldeia para sofrer a ira... a ira do povo. O populacho certamente se voltaria contra aqueles que o tinham criado – mal, como era o boato que corria no vilarejo, e que seria considerado confirmado por sua próxima atitude – e os despedaçaria em vingança.

– Ela tem razão – Angus Grillnborst comentou, captando o raciocínio de Jolie, enquanto Tristan desabava em sua cadeira, sentindo-se impotente, a cabeça como um deserto incapaz de gerar novas ideias.

– Sim, tem – e Tristan sofreu ao ver o olhar de medo que perpassou o rosto de sua mãe. – Mas eu não sei o que fazer para evitar isso.

– Você precisa – soou a voz de Rincewald, o Sombra, que estava um pouco afastado, aquecendo-se próximo ao fogo – atrair a culpa somente para você. Desvincular a imagem dos seus pais da sua – ele disse, virando-se para os demais. – Evidenciar uma separação moral.

Todos os conspiradores – com exceção do outro bardo, que tinha sido enviado em busca de arcos sobressalentes – fitaram o enigmático Sombra com rostos intrigados. Ele não lhes ofereceu uma resposta – talvez não a tivesse – mas Jolie não demorou a pensar em algo.

– Uma vez, um guerreiro na minha aldeia queria conquistar uma moça, mas ela não dava a mínima para ele. Então ele e um amigo combinaram que simulariam uma briga por ela, e o guerreiro interessado, que era mais fraco, ganharia a luta falsa. Assim conseguiram chamar a atenção dela. Ela ficou extasiada por brigarem pelo amor dela, e acreditou que a paixão tinha dado forças para o seu admirador vencer o adversário mais forte. Eles acabaram se casando, e mesmo depois que ela descobriu a verdade, continuaram bem – contou a moça.

– História interessante, mas não vejo a ligação... – Tretan ia interrompendo, claramente tão impaciente quanto o filho, mas Jolie fez um gesto indicando que não tinha terminado.

– Eu, particularmente, achei a coisa toda de extremo mau gosto, mas essa moça era uma pessoa bem... bom, típica, do povo. O povo gosta de briga e de drama, e nem se interessa tanto assim pela verdade. Se você – ela apontou para Tristan – e o senhor – completou, para Tretan – encenarem uma briga, ânimos exaltados, bem convincentes, as pessoas acreditarão plenamente que o senhor nunca teve nada com os planos do seu filho, e que, inclusive, os reprova.

Uma pequena pausa se seguiu, enquanto a ideia era digerida.

– Pode funcionar – opinou Angus Grillnborst, tranquilamente.

– É uma solução... – admitiu Tristan. – Mas não tenho ideia de como fazer isso – ele procurou os olhos do pai em busca de apoio, pois se sentia incomodado com a ideia. O homem, no entanto, estava pensativo, e não notou o olhar do filho.

– Bom, não pode ser muito leve, ou vão perceber que é fingido – Jolie adicionou, após pequena hesitação. – Xingamentos fortes ou até agressão física.

– O quê? Não! Jamais eu vou...

– Filho, atire em mim.

O rosto de Tristan girou noventa graus para a sua direita com tamanha brusquidão que o pescoço chegou a estralar. A expressão de Tretan, porém, não trazia o mínimo traço de vacilação.

– O senhor enlouqueceu? – a voz do rapaz estava rouca, e ele já nem entendia mais o que estava acontecendo.

– O povo me considera culpado... por você existir, e ser assim como é – completou Tretan, com um sorriso para amenizar a colocação meio dolorosa para o rapaz. – Essa será minha punição, e finalmente me deixarão em paz. Dirão que colhi o que plantei, provei do meu próprio veneno, esse tipo de coisa. Eu os afrontei, quando casei com Celina, calcando aos pés as tradições deles, e desde então esperam minha capitulação. Jamais capitularia, se não fosse uma questão de pôr em segurança minha própria família. Deixe que pensem o que quiserem, basta a mim ter consciência de que fiz a coisa certa.

– Mas pai...

– Obedeça-me uma última vez, Tristan. Isso é uma ordem.

Os olhos verdes de Celina apenas corriam do marido para o filho e de volta, assustados. Gostaria de dar sua opinião, mas viu nos olhos castanhos de Tretan que qualquer discussão seria inútil. Tristan também reconheceu isso. Voltou-se, então, derrotado, para Angus:

– Você faz isso.

Angus Grillnborst acenou positivamente, com tranquilidade, entendendo a razão do pedido do amigo. Ele era o único guerreiro dos quatro atiradores, e, portanto, o único que havia recebido treinamento adequado para saber onde atirar para causar o menor dano possível.

Obtida a promessa, passou-se aos detalhes e ao ensaio da encenação. Jolie dirigia e dava palpites sobre o tom que deviam usar, no que era ajudada pela mãe de Tristan, e por Rincewald, cuja veia de bardo tinha sido atraída para a montagem do espetáculo. Angus ficou só observando, até que Bjorn retornou, e eles saíram juntos para verificar o estado das armas e fazer ajustes de última hora.

***

– ...cabana, cabana, cabana... já notou que, se você ficar repetindo uma palavra indefinidamente, ela perde o sentido? – o guerreiro alto, de pele bronzeada e lábios cheios perguntou ao amigo.

Tristan sabia exatamente o que Angus estava tentando fazer. Queria, com aquela conversa normal – bem, normal para os padrões deles – espantar a estranheza da despedida, e distrair o próprio Tristan, cujo nível de preocupação já era legível nas linhas duras do rosto treinado para não demonstrar emoção. A gratidão do Trüppendorf era imensa por aquela atitude, assim como por todo o apoio, mas ele não se sentia em condições de embarcar nas viagens de Angus agora.

Expressar a gratidão, no entanto, ele ainda conseguia.

– Obrigado, Angus. Você não sabe quanto está sendo importante sua ajuda.

– Disponha. Sempre que precisar atirar no seu pai, estamos aí – Angus respondeu, com um pequeno sorriso brincalhão. Conseguiu até arrancar uma risada meio desequilibrada do amigo, com esse comentário.

– Não só isso, por tudo. Por ter vindo sem questionar, tentado treinar um pouco os bardos e a Jolie... – Tristan fez um gesto amplo com a mão, como que abarcando as demais formas de auxílio que ficaram não ditas. – Por vir comigo, também. Cada passo que se dá sozinho é mais difícil, especialmente quando a estrada vai dar num resultado incerto.

As ruas da Aldeia já estavam vazias. O povo acorria à praça central, e os outros participantes do complô tinham ido também, com pequenas distâncias entre um e outro, mesclando-se à massa para não despertar desconfiança. Na rabeira de todos, vinha Tristan com o cavalo, e Angus ficara para acompanhá-lo.

O rapaz mais alto recebeu os agradecimentos com naturalidade.

– Era isso ou esse sequestro não saía – comentou. – E já não era sem tempo de você raptar essa garota.

Apesar de toda a sua confusão, Tristan não deixou de reagir ao comentário.

– Não sei do que você está falando – resmungou, fixando o olhar em frente, enquanto as bochechas se tingiam de um vermelho mais escuro que o habitual. Angus soltou uma gargalhada.

– Vou sentir falta da sua teimosia – observou. Tristan apenas o olhou de canto de olho. – Corra o mundo, e se tiver chance, volte um dia para me contar como é lá fora.

– Talvez você também vá, um dia. Você é Angus, o Huno. Eles vivem dizendo que aqui não é seu lugar; pois talvez não seja, mesmo.

– Talvez.

– Enquanto isso não acontecer, eu gostaria se você pudesse passar na minha casa de vez em quando, para ver se está tudo bem com eles – Tristan pediu em voz baixa. Foi a vez de Angus olhá-lo de canto de olho.

– Claro que eu vou continuar indo lá. Até parece que você não sabia que eu só te visitava pela comida da sua mãe.

Tristan novamente se viu rindo e girando os olhos para o colega, enquanto abanava a cabeça. Os rumores da multidão já eram audíveis, e eles pararam.

– Fique de olho especialmente no Bertran. Pegam no pé dele, e ele não conta para a mãe ou para o pai, por não querer chateá-los. Você sabe, como era conosco. Mas ele não tem ninguém da idade dele para andar junto, que enfrente os mesmos problemas.

O desprezo generalizado que Tristan, "o Gaulês" e Angus, "o Huno" sofriam por parte das crianças de estirpe goda pura tinha unido os dois logo na primeira infância. Esse era um dos motivos pelos quais eles compreendiam um ao outro como ninguém.

– Pode deixar – Angus fitou o colega mais uma vez. – O menino é muito parecido contigo, Tristan – observou. – Vai ser como voltar no tempo e andar com você criança mais uma vez. O que era muito mais divertido, tenho que dizer – provocou.

Nova risada, provavelmente a última que compartilhavam, e um silêncio um pouco triste caiu entre eles. Ao longe, se ouvia o povo. O sol se pusera a declinar. Começaram a soar batidas espaçadas de tambores.

– Hora de salvar a princesa e driblar o chefão – Angus disse, despertando do transe meditabundo, em que caía com frequência, e tinha caído novamente. Ele caminhou para uma casa que ficava de frente para a praça. – Boa sorte, capitão – desejou com um sorriso brincalhão, antes de segurar no beiral, apoiar os pés na janela, trepar no telhado e sumir de vista, o arco e uma aljava dependurados em seu ombro.

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