Capítulo 7 - Talvez Sim, Talvez Não
ABRIL
Quanto tempo Marcela deveria esperar para contar? Ela acha que deveria ter dito no mesmo dia, quando dividiu a cama com o melhor amigo depois da festa, mas ele estava tão bêbado e irritado por ela ter beijado Igor. Não teve coragem suficiente. Talvez melhor seria ter contado alguns dias depois, quando todas as fofocas da sala tinham esfriado e Daiana parou de olhá-la daquele jeito.
Era constrangedor fingir que não notava aquele olhar que implorava para ser correspondido. Durou uma semana, mas mesmo depois disso Marcela não conseguiu falar o que aconteceu quando ela e a novata estavam no banheiro. Decidiu que iria contar tudo quando ele pedisse a opinião dela sobre Daiana mais uma vez, Lucas sempre fazia isso, porém falhou naquele dia também e em todos os outros.
Ela já entendeu o quão covarde pode ser, por isso chegou à conclusão de que não vai contar. Não foi nada demais. Marcela e Daiana ainda trocam fotos engraçadas de madrugada como se nada tivesse acontecido e Lucas ainda fala da garota de franja como se ela fosse uma Deusa egípcia.
Foi há um mês, para Macela não vale outra briga com Lucas. Depois da discussão que tiveram porque beijou Igor, tem medo do quanto abalaria sua amizade. Não é uma mentira, apenas uma omissão sobre algo que não tem importância.
Ela ainda tenta se convencer disso, mas com a cabeça encostada no travesseiro, à noite, é inevitável lembrar. E, pior, seu coração entra novamente naquele espaço curto de prazer que a faz pensar em Daiana. No toque, naquela pele quente, nas línguas se misturando e na sensação de desejo. Parece que não existe nenhum lugar no mundo mais confortável que aquele banheiro com a garota que mal conhece e na qual seu melhor amigo está interessado.
— Merda. — Bufa, saindo de cima de sua perna direita e virando-se para cima, encarando o teto escuro.
Mesmo assim, não consegue parar de pensar. Acha que pode enlouquecer a qualquer minuto. Nunca se perguntou tanto sobre algo. Vira-se novamente para o lado, pressiona os olhos, tenta se forçar a dormir, mas não consegue.
Nos dias depois do beijo, Marcela mal conseguia ficar ao lado de Daiana e fugiu dela pessoalmente. Porque, apesar de pelas mensagens ser como se tudo estivesse igual, quando estavam na escola era como se a garota de gola alta vinho fosse a engolir com os olhos.
Pega o celular, carregando ao lado de sua cama, e entra no Instagram de Daiana. Ela já passou tantas horas nesse perfil. Admira as únicas cinco fotos. Ainda é a garota mais bonita que Marcela já viu na vida. Vai até as mensagens de Daiana, elas se falaram há uma hora, mas tem sempre algo faltando. Ela nunca se sente bem e preenchida ao dar boa noite. Isso tá errado. Bloqueia o celular e se levanta da cama, caminha descalça até o banheiro.
Não entende. É como se Daiana tivesse um magnetismo, algo sobrenatural que faz Marcela não parar de pensar nela. Sentada no vaso, Marcela respira fundo. Se tivesse contado para Lucas, poderia perguntar que coisa louca é essa. Ele também parece sentir isso. Marcela sempre andou com Lucas, que atrai as garotas como a gravidade puxa as coisas para o chão, mas nunca foi uma delas. Nunca entendeu como ele e poderia ser tão atraente se para ela não era nada demais. Talvez tenha algo errado comigo, será que meu fígado está me avacalhando depois do álcool? Deve ser.
Então, em um segundo, Marcela se lembra da conversa com Carlos. Lava as mãos e caminha de volta para a cama. A mágica das pessoas independentes, será que é isso?
— Argh. — Abraçando seu travesseiro.
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