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Capítulo 29 - Um Quadro em Branco

ATENÇÃO: esse é o penúltimo capítulo e o último + outras coisas legais vão ser postadas no dia 30/08/21.


DEZEMBRO

     Ele fecha o zíper da jaqueta porque o vento mais forte indica que vai chover antes dos portões da escola se abrirem. É quase verão e Marcela e Lucas decidiram ir sem carona para a escola hoje. Depois de descerem do ônibus, caminham juntos pelas ruas já muito movimentadas de São Paulo antes das 7h.

A garota tentou convencer Lucas de pararem para comprar pão de queijo na padaria, mas ele rejeitou porque quer chegar cedo na escola. Essa é a última semana de aulas e o pessoal do teatro precisa deixar tudo o que usaram novinho para os alunos do ano que vem. Ele tem muito trabalho pela frente.

Os lábios rosados de Lucas se pressionam quando ele vira na esquina do colégio e Marcela nota o motivo de longe. Daiana está lá e coloca-se de pé ao ver os dois conhecidos. Os amigos não param de andar, mas ambos se encaram incomodados. Marcela tem o coração acelerado e sente um frio na barriga como se tivesse entrado em uma montanha russa. Entre os melhores amigos, tudo estava resolvido, mas chegarem perto Daiana ainda significava adentrar um furacão.

Daiana está com sua cacharréu vinho, como no primeiro dia de aula.

— Tava esperando a gente, né? — pergunta Marcela e Daiana assente.

Não existe nenhum aluno perto da escola ainda, além deles, e Marcela enfia as mãos nos bolsos apertando os dedos. Daqui 15 minutos, os carros começarão a parar no portão de onde os estudantes irão saltar a tempo de entrarem. Tudo será uma bagunça de adolescentes e crianças, mas se compararmos ao encontro desse trio, será um símbolo de paz mundial.

— Pra quê? — Lucas pergunta, seu tom mais pontiagudo que uma lança.

—Pedir desculpa — responde Daiana, apertando as duas mãos fechadas.

Marcela observa como Daiana mexe seus pés com as botas de cano longo pretas de um lado para o outro enquanto fala, está nervosa.

— O primeiro ano acabou, loucura, né? — Sorri sem graça. — Fiquei sabendo do que aconteceu com você depois da nossa discussão. — Encara Marcela e depois Lucas. — Olha... Não quero que fiquem com raiva de mim.

Marcela suspira alto e apoia suas duas mãos na cintura. Encara o céu fechado e depois volta a olhar aquela que fala.

— Desculpa? — pede Daiana, Marcela olha a franja presa por um grampo do cabelo dela enquanto balança a cabeça negativamente. — Eu fui muito horrível e vocês também — completa.

—Claro — Lucas ri de maneira sínica. — Claro que a culpa é nossa.

— Lucas — adverte Marcela, mas ele não para.

— Nós estávamos muito bem antes de você chegar — declara ele. — Você quase acabou com nossa amizade. A culpa é sua e só sua.

Marcela dá risada porque não é coerente e tem certeza de que as coisas poderiam ter sido diferentes. Até parece que essa conversa nem precisa acontecer.

Elas ainda vão conviver pelos próximos dois anos e, assim como aconteceu entre Carlos e seus amigos do Ensino Médio, o contato será cada vez mais escasso até deixar de existir depois disso. Pergunta-se o que vale a pena ou não guardar sobre Daiana.

— Eu sei no que você está pensando — Daiana interrompe os pensamentos de Marcela, fazendo-a notar que encarava Lucas com a boca aberta. — A gente não precisava se encontrar pra ter essa conversa — reflete, engole em seco, liberando suas mãos. — Eu só queria... Quer dizer, eu não queria as coisas ficassem horríveis como estão — Marcela aperta os olhos.

— Podemos só ignorar a existência um do outro e tudo bem — sugere Lucas.

Marcela não reconhece a reação de Lucas. Sim, ele está chateado, mas ela nunca o viu ser tão duro com alguém antes, nem com Igor. Ela umedece os lábios e se prepara para perguntar para ele por que está assim, mas é impedida.

— Eu não quero ignorar vocês — diz Daiana. — Vocês são tipo quadro em branco. Eu tentei de todo jeito encostar meu pincel, mas só achei um jeito e foi o errado. O que acontece com vocês? Tem sempre alguma coisa impedindo de tocar vocês. Entendeu? Parece que ninguém consegue tocar vocês dois ao mesmo tempo.

Marcela a encara com seus lábios entreabertos e as grossas sobrancelhas franzidas enquanto tenta entender Daiana.

— Um quadro? — com a voz quase entalada, Marcela pergunta.

— É, um quadro. — Encaram-se em silêncio por segundos que mais parecem uma eternidade para Marcela.

— Sérgio e Giulia conseguem — sussurra Lucas, mas Marcela o encara porque isso não é verdade. — Não conseguem? — Está confuso.

— Não — fala Daiana. — A muralha Marcela e Lucas é impenetrável. Eu fiz um furo e agora vocês me odeiam, mas eu não...

— A gente não te odeia — argumenta Marcela.

— Eu odeio — Lucas fala.

Marcela se engasga e dá as costas para os dois. Sente-se fora de sintonia com essa conversa. Volta a olhá-los.

— E você não fez só um furo. Deu um tiro, Daiana, tentou derrubar. Você sempre deu em cima de nós dois, não tentou ser só nossa amiga — Lucas está falando alto demais, Marcela o encara de maneira incisiva e brava.

— O que deu em você? — pergunta pro melhor amigo, Lucas de cala. Ele está ofegante e ficando vermelho.

— Marcela — chama Daiana. — Desculpa.

— Tá — determina Marcela, mantendo-se dentro dos claros olhos de Daiana quando essa sorri.

Lucas suspira alto e as duas garotas o encaram. Ele está passando as duas mãos sobre o rosto enquanto revira os olhos e Marcela já entende que ele quer falar, geme em negação.

— Você é podre — diz Lucas e aponta para Daiana. Não espera um retorno de Marcela. Ele só precisava falar, tirar aquela informação de dentro de si, deixar as coisas claras de uma vez por todas. — Você é podre — repete, começando a caminhar sozinho em direção ao porteiro. — Marcela — chama Lucas, já longe, e ela começa a andar para perto das grades da escola, deixando Daiana para trás. — Ela não merece — argumenta.

— Você não tá na cabeça dela pra saber disso — rebate, com paciência. Ela cumprimenta o senhor Juarez depois de entrar. — Lucas?

Ele não olha. Desde que entraram, é como se existisse uma barreira de vidro entre eles.

— O que ela fez com você? — pergunta Marcela, ele apenas chacoalha a cabeça de um lado para o outro. — Por que terminou com ela? — Lucas a encara agora e faz um bico com os lábios. — E aí, vem sempre por aqui? — Lucas ri, ela sorri também. — Vai, me fala o que rolou.

Marcela olha para trás, Daiana parada ainda fora da escola e esperando algo, depois olha Lucas.

— Ela vai ficar entre a gente de novo — argumenta Lucas. — Tá... A gente terminou porque a Daiana me colocou uma condição.

Lucas para de andar na frente do elevador, aperta o botão e cruza os braços. Marcela cruza os seus também, frente a ele.

— Ela disse que ou a gente namorava, ou eu continuava seu amigo. Daiana me perguntou o quanto gostava dela pra nunca mais falar com você.

Deve ser essa a sensação de ter uma lança ultrapassando o seu peito no meio de uma guerra. Marcela sente os pés descolando do chão.

— Ela fez isso mesmo? — Lucas assente para essa pergunta. — E o que você respondeu?

— Não tá óbvio?

— Não acredito que ela fez isso.

— Não achei que fosse precisar te contar, só que ela fala algumas coisas legais e você acredita. E eu me sinto um bunda mole por ter acreditado tanto também. Não acredito mais. Ela pode me falar que essa escola tá pegando fogo e eu não vou acreditar.

— Você vai morrer novo, só pra avisar – declara Marcela, ele entra no elevador. — Tá dando piti 6h da manhã.

— Por mim eu nunca mais olhava pra cara da Daiana. Tô pior que a Giulia agora. — Eles dão risada assistindo o elevador se fechar. — Já pensou nunca mais falar com você? Vida chata do caralho.

Marcela ergue as sobrancelhas.

— Ainda vai desculpar ela, não vai? — Lucas está mexendo no celular enquanto fala, Marcela dá os ombros.

— Sei lá, só não me importo, sabe? — Encaram-se. — Nossa, eu real não me importo. Que doideira. Aliás, tudo bem você ainda ter raiva dela, eu entendo.

Marcela sorri, vai saindo na frente quando o elevador se abre e Lucas guarda o celular no bolso. Quando chegam na sala do teatro, Sérgio e Giulia já estão lá.

— O que foi? Ah, convidei eles, esqueci de avisar — sussurra Lucas, esbarrando em Marcela estagnada na porta e entrando. — Bom dia! — grita, todos o encaram. — Isso daqui tá uma bagunça, escravos.

— Igual sua cara — debocha Giulia, ergue a cabeça e sorri, essa depois acena para Marcela. Igor surge atrás de Giulia, fazendo Marcela arregalar os olhos. — Ele precisa ganhar nota — informa, indicando com o polegar o rapaz distraído. — Você quer me ajudar com as roupas? A gente tem que ver quais estão boas pro ano que vem.

Marcela ainda está parada. Parece que foi teletransportada para um mundo onde toda aquela confusão na pousada nunca aconteceu. Marcela coça a garganta e dá o primeiro passo para dentro. Era isso que queria, não era? Fingir que nunca aconteceu? Porque então está com essa cara de boba?

— Tá, pode ser — diz, confusa, retirando a mochila das costas.


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