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Capítulo 24 - Jardineiros e a destruidora de corações


gente esse capítulo tá o caos HAHAHA espero que gostem <3


     Não confie nos seus instintos se eles te mandam beijar a possível futura namorada de seu melhor amigo dentro de um banheiro.

Esse foi o maior aprendizado que Marcela tirou de todo o ocorrido nos últimos meses. Até porque, se não tivesse beijado Daiana, não teria se apaixonado por ela – provavelmente – e estar sentada ao lado de Lucas para assisti-la cantar seria menos constrangedor.

Seria mais fácil, Marcela pensa, se Daiana fosse feia, mas esse está bem longe de ser o caso. Dentro desse vestido vinho digno de um Oscar e nada condizente com uma apresentação de ensino médio, não é difícil entender. O tecido fosco acende os olhos dela de maneira surpreendente até para os já acostumados com pesada encarada coberta de delineador preto e rímel que Daiana é capaz de dar.

E a culpa de Marcela se estende ainda mais por ver sua alma sendo alcançada pelos olhos de Daiana. Marcela não acha que um dia será capaz de entender porquê a outra faz isso.

Então, entende pelo menos uma coisa.

Estranha e perturbadora. Olha para Lucas, que não tira suas írises amendoadas da encantadora Daiana em cima do palco, cantando como um anjo, e isso se solidifica em sua mente.

Daiana está muito longe de ser um anjo. É de fato a cobra do éden. Seu beijo foi a maçã que Eva provou e assim tudo foi por água abaixo em questão de minutos. Como se a Eva em questão nunca tivesse pensado que beijar Daiana ia contra a confiança que ela e Lucas construíram durante anos. É mais confortável culpar só a cobra.

Mas, Marcela entende que esse olhar de Daiana em sua direção não é como os outros. Na verdade, é, mas Marcela agora entende o quanto ele é perverso e manipulador. Quer acreditar que a garota de franja curta e mãos apoiadas no microfone preso no suporte, que sente suas cordas vocais tremerem enquanto canta, não nota que destrói coisas muito importantes com suas atitudes. Só que Daiana sabe, Marcela entendeu agora que Daiana sempre soube.

Marcela nota que seu coração está acelerado, sim, mas não porque Daiana está a encarando. Ela não está nervosa porque a garota pela qual se sentiu apaixonada nos últimos meses flerta indiretamente pelos seus olhos, mas por Lucas. Marcela está ansiosa por Lucas e não por si mesma. Então, o que define paixão? As borboletas no estômago? O suor? O coração acelerado? Sim, poderiam muito facilmente serem confundidos com sintomas de paixão, mas não. Não são porque... Daiana não parece mais tão encantadora quanto no início dessa apresentação e tampouco como quando entrou pela porta da sala de aula no primeiro dia que elas se viram.

Não é paixão, é medo. Mesmo que um dia alguém jogasse com ela feito Daiana, as chances de acontecer a mesma coisa são nulas se Lucas não estiver envolvido. Os sentimentos do seu melhor amigo, uma das pessoas que mais ama no mundo, em jogo como se fosse uma peça de dama. Pronta para ser comida pelo adversário, sendo Marcela seu inimigo. É isso o que faz com que uma simples garota se torne uma tempestade.

Daiana inunda as casas de sua pequena cidade.

Cidade que Marcela chama de coração. Onde as casinhas são organizadas por cores, todas de telhado igual e bem conservados. Com flores em todos os jardins, que ela cultivou por anos. Que Carlos cultivou e Eduarda também. Flores que seus pais ajudaram a plantar e que seus amigos a auxiliam a podar sempre. Lucas é um dos principais jardineiros. Só que Daiana chegou, como uma tempestade cobrindo o céu azul, e que poderia ajudar as plantinhas a crescerem ainda mais, mas não. Ela formou nuvens densas e escureceu tudo. O coração da Marcela virou um breu e ela esteve tão cega quanto em uma caverna.

Daiana, com seu jeito carismático e único, provocou uma chuva com danos quase irreparáveis aos seus jardineiros mais próximos. O Lucas. A Giulia. E até o Sérgio, que ainda acha que a chuva veio para o bem, mas logo vai notar que não foi nada mais do que uma ilusão. Sua água desmonta tudo. Marcela, mais do que nunca, acha que Giulia está certa. No fim, mesmo que Daiana não saiba realmente seu potencial de destruição, os danos continuam. O trauma ainda existe.

Engole em seco e o olhar que lança para Daiana é um diferente de qualquer um. Não é de raiva. Não é de tristeza. Não é de paixão. Nem de amizade. Os olhos escuros de Marcela pousam na cantora repletos de sua mais profunda indiferença, que por vezes é o pior sentimento que você pode oferecer a alguém.

Porque Daiana afoga Lucas e Marcela está disposta da desafogá-lo.

Afinal, a cidadezinha dele não é tão florida como a dela. Marcela tem perdas, claro, e o mais escuro que sua cidade ficou foi quando Eduarda morreu. Só que Lucas, o jovem popular e sorridente, guarda em si um deserto inteiro formado por comparações. Com Carlos, com Igor, com as pessoas que o trocam sem pensar duas vezes e pela pressão de ser aquele que todos esperam. Esse é o peso de todos os olhares sobre você, um que Marcela nunca carregou e não quer. Lucas matou quase todos os seus jardineiros. Poucas pessoas têm autorização de entrar em sua cidade e a chuva de Daiana, que ele achou que aliviaria seu árido coração, é na verdade uma sentença de destruição. Seu coração é frágil e Marcela se sente responsável por grande parte dos pedaços soltos de quando ele se partir. Mas ela não pode assistir Daiana matar tudo.

Porque Daiana vai parti-lo, com ajuda de Marcela ou sem ela.

E esse dia está mais próximo do que nunca.

É mais angustiante chegar a essa conclusão. Então quer dizer que Marcela de fato não está mais apaixonada por Daiana e é apenas o jardineiro mais preocupado da cidade de Lucas? Talvez, ou ela pode ser o mais invejoso.



— Foi realmente incrível — Lucas comenta com Marcela logo que deixam Daiana dentro do carro de sua mãe.

Marcela enfia as mãos nos bolsos do moletom azul enquanto caminham até o ponto de ônibus mais próximo, já que os pais de ambos não compareceram à apresentação de música e eles garantiram que já têm idade suficiente para voltarem para suas casas sozinhos.

Havia poucos adultos na apresentação de Daiana, ao contrário do teatro – porque Lucas encantava até os pais das pessoas –, mas pode-se dizer que foi bem-sucedido. As pessoas compraram e compareceram, mesmo com o desenho horrível de Daiana, como Giulia previu, apesar de ela não estar lá para assistir. Giulia não está em lugar nenhum nos últimos dias, Marcela já tentou falar com ela e foi ignorada. E hoje é o aniversário de Patrícia, que adquiriu por osmose de Giulia um pouco de desgosto por Daiana, e Sérgio ficou de falar para Marcela o que sua namorada achou do par de alianças que escolheram.

— Ela canta bem — sussurra Marcela, medindo suas palavras, já que o que deseja realmente dizer é cruel demais para ser escutado por qualquer um.

— E me olhou o tempo todo — deduz ele, em um tom apaixonado.

Marcela para de andar, encara os pés.

Passa das 20h e os carros são poucos na rua, a iluminação feita pelos postes é boa, e seus pés grudam com força na calçada bem conservada no bairro nobre onde fica a Escola Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Lucas olha para trás confuso. Há uma touca azul marinho sobre seus cabelos e suas bochechas estão um pouco mais vermelhas que o normal. Venta, mas nada diferente do costume nesse horário, e os cabelos de Marcela sambam menos que suas ideias embaralhadas e pedindo para sair. Marcela ergue a cabeça e suas narinas se abrem sem que haja controle.

— Você tá bem? — Lucas pergunta, dotado de um comprometimento extenso que Marcela sabe que deveria ser recíproco.

Entende o quão péssimo Lucas pode ser, em diversos pontos, mas não nesse. Não com ela. Lucas sempre esteve lá para a melhor amiga sem que Marcela precisasse pedir. E, pela primeira vez em anos de amizade, percebe que não esteve para ele desde que Daiana chegou. Deveria, mais do que nunca, estar, mas com isso precisa ser aquela que conta a verdade. Como Sérgio fez com Giulia. Se ela não contar a Lucas, ninguém vai.

— Tenho que te contar uma coisa — diz ela, seu corpo estremece. — Proibir as pessoas que você ama de serem amigas do Igor é chato e tóxico — começa, pela raiz, Lucas franze o cenho com o ataque nada esperado. — Sei que em pelo menos alguns lugares, quer não precisar competir com ele, mas continua sendo muito chato.

Lucas solta um riso nervoso. Marcela está rodeando o que quer falar.

— Espera, por que...

— Fazer uma aposta pra brincar com a Daiana foi bizarro e muito sem noção — interrompe. Marcela suspira. — Entendo sua vontade de ser o melhor, mas foi cruel, Lucas. — Ela está se tremendo. — Porque a gente não precisa se provar pros nossos amigos. Eu diria que se precisa, mano você tá com os amigos errados, mas temos os mesmos amigos. Isso significa que o errado é você.

Fecha os olhos, geme baixinho de medo porque escuta Lucas vindo em sua direção. Abre os olhos, os dele estão arregalados e os braços de Lucas estão abertos, cheios de indignação.

— Eu só não consigo entender MESMO é como Daiana consegue passar tanto a perna em você — finalmente chega no assunto que almejou desde o princípio. Lucas para. — Não consigo entender o porquê de, dentro de todas as coisas, nós nos interessamos pela mesma pessoa. Só que eu tenho um palpite.

Lucas murcha. Por dentro e por fora. Ela consegue notar, mas não pode parar ou a verdade deixará de ser guiada pela coragem e adrenalina desse momento.

— Foi porque ela flertou com nós dois. Flerta. No presente. Lucas, Daiana não tava olhando pra você hoje — Marcela diz isso com o coração apertado. Com todas as palavras, pausadamente. — Ela tava olhando para mim. Como faz sempre. Porque Daiana está sempre brincando com a gente e só você não percebe. Como não percebe? Você é inteligente. Você brilha, Lucas. — Aponta para ele e encosta seus dedos direitos no braço dele. — Por que não enxerga o que tá bem na sua frente? A Daiana não é apaixonada por você, ela só é apaixonada por ela mesma.

Lucas respira fundo, uma chateação exala de seu corpo. Ele está com os olhos cheios de lágrimas e Marcela não sabe o que fazer. Mas ela tem uma responsabilidade com o jardim de Lucas e sabe que, se algumas ervas daninhas precisam ser arrancadas para que as flores possam nascer de novo, ela irá tirá-las sempre que puder.

Marcela planejou abraçá-lo nesse instante, mas ele dá um passo para trás à medida que a morena investe. Seu coração se destrói pelo simples movimento de Lucas, mas não é um terço do quão pisoteado ficou o dele depois do que Marcela disse. Então, o que parecia um plano ideal, de repente não parece mais tão justo.

— Nossa, Marcela.

— Existia uma forma melhor de falar? — pergunta ela, com voz de choro. Ele continua apenas a encarando com os lábios pressionados com força. — Desculpa, Lucas.

— Você prestou atenção nas peças que te fiz assistir. Porque, se não, como seria essa atriz tão boa? Mentiu por meses. Omitiu. Manipulou.

Lucas balança a cabeça negativamente e assiste o rosto de Marcela se desmanchar em lágrimas. Ele retira as mãos do bolso da jaqueta jeans, coça a garganta e bate duas palmas no ar.

— Sabe o que te falei outro dia, sobre sua Julieta? — A voz dele travada, como se deixar sua garganta fosse uma luta; — Deixa para lá. Você não merece ela, Marcela — sussurra. — Se acha que Daiana não me merece, tudo bem, mas você é melhor que ela? É?

— Sou. Eu sou melhor que ela.

— Não, você não é.

Limpa a lágrima rápida que caiu e dá as costas à melhor amiga, começando a andar como se atrás de si não existisse mais nada importante. Como se naquele espaço não restasse uma Marcela destroçada. Como se a expressão "melhor amiga" fosse algo vago.

Lucas anda sem pressa e Marcela continua parada.

— Pode ficar nesse ponto, eu ando até o outro. — Lucas grita ao passar pelo ponto de ônibus.

Marcela teme que essa seja a última frase, carregada de raiva e mágoa, que ele dirá em sua direção para todo o sempre. 

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