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Capítulo 1 - Primeiro ano, idiotas


JANEIRO

     As mães sempre falam que, quando os adolescentes têm quinze anos, já se acham donos de suas próprias vidas. Marcela discorda. Para ela, não é questão de achar, mas de ser.

Carlos aconselha Marcela a não enfrentar os pais, mas não adianta: o irmão está longe, vivendo seu sonho de fazer história da arte na Europa, não sabe como as coisas acontecem. Marcela é quem está lá, tendo que ouvir a mãe mandar ela usar sutiã porque seus peitos já estão grandes demais e parar de vestir o moletom preto desbotado para ir à escola porque comprará um casaco azul bonito que viu no centro outro dia; como se a menina de quinze anos não tivesse um pingo de personalidade. A mãe já falou até que seria melhor a filha se afastar um pouco de Lucas para as amigas dela deixarem de especular sobre a vida amorosa de Marcela. Ela quer que a filha faça amizade com outras garotas, mas a adolescente só quer aproveitar seu primeiro ano do ensino médio como uma dona de sua vida.

— Você viu? — pergunta o garoto branquelo ao seu lado. — São doze — Lucas informa, segurando a lista de chamada.

Faz dez minutos que entraram e cumprimentaram dona Thelma na secretaria. Ela os ofereceu café e o papel com os nomes dos alunos do primeiro ano do ensino médio. Thelma mexe em seus cabelos, crespos e presos em um coque, com uma caneta sem tampa e se diverte enquanto os ajuda, assim como em todos os anos. Esse já é o sétimo ano com investigações preliminares.

Marcela e seu melhor amigo estudam juntos há muito tempo e já é tradição chegar uma hora mais cedo no primeiro dia de aula. O senhor Juarez não se incomoda de abrir o portão.

Talvez, se Marcela não tivesse conhecido Lucas enquanto tentava salvar uma borboleta perdida na primeira série, seria aquela que se senta no canto da sala de aula sem amigos, seu perfil não é o mais social do mundo. Ela ainda inveja a Paulinha em silêncio, porque a loira assumiu esse posto de garota quieta na sala de aula. Mas Marcela escolheu seu lugar, no final das contas, porque quis andar com a pessoa mais extrovertida e cobiçada da escola. É difícil ter algo como calma e silêncio sendo melhor amiga de Lucas.

— Vai rápido — pede Marcela.

Lucas tenta arrumar o papel para que ela tirasse uma foto da lista. Precisam sair logo para não complicar a vida da Thelma. Eles devolvem a folha dois segundos antes do homem entrar na secretaria. Marcela e Lucas estão encarando a poltrona pastel ao lado da mesa de Thelma enquanto disfarçam.

— Marcela, Lucas, Thelma — o diretor cumprimenta, os lábios em uma linha reta. Ele abre a porta de sua sala, mas, antes de entrar, cerra os olhos em direção a Marcela, que arregala os seus. — Pensei que sua mãe tinha dito para não vir com o moletom.

Marcela abaixa a cabeça para encarar o agasalho e respira fundo. Ela certamente gostaria mais do diretor se ele não fosse seu tio. Matheus, que é novo demais para o seu cargo, sorri e encosta a porta atrás de si depois de entrar. Lucas ri e a garota faz uma careta.

— O seu tá pior que o meu, tá rindo do que? — argumenta, apontando para o moletom dele, que tem rasgos feitos pelo skate, no pulso e no bolso.

Os dois saem da secretaria. Só então Marcela retira o celular guardado do bolso, sentando-se em um dos bancos de madeira com pintura nova. Ela dá zoom nos nomes novos da lista e Lucas começa a pesquisa no Facebook. A primeira novata é Nayara Toleto Santos.

Marcela mostra o celular para ele e o garoto a acha com facilidade antes de colocar uma mecha de seu cabelo castanho claro para trás. Apesar de curto, os fios são muito lisos e sempre caem sobre suas grossas sobrancelhas porque Lucas se recusa a usar gel.

Nayara gosta de tirar fotos com muito filtro, não dá para saber qual é o real rosto dela porque ele muda de maneira assustadora. Lucas manda uma solicitação de amizade e podem partir para a próxima.

A segunda, Daiana de Oliveira Barros, Lucas não consegue achar de jeito nenhum. Marcela toma o celular dele e passa alguns minutos vendo todas as garotas com aquele nome.

— É, parece que não tem mesmo — determina, devolvendo o celular.

— Foi o que eu disse — debocha, a encarando com a expressão quando a julga, Marcela ignora.

— Vai. Gabriel Cipriano Dias — informa o próximo nome, fazendo-o voltar à pesquisa. Lucas sorri mostrando a foto de gato no perfil do garoto. — Meu Deus, tem doze anos.

Terminam de analisar os perfis às seis e cinquenta da manhã. Lucas guarda o celular na mochila antes de se levantar do banco e fazer o maior escândalo se espreguiçando.

— Ei, a gente não decidiu — Marcela o lembra, se colocando de pé também. O corredor está enchendo e Lucas coloca a mochila preta nas costas.

— Vamos fazer igual na quinta série, lembra?

Ele começa a andar, preocupado em se atrasar para a aula, com a mão esquerda no bolso e a direita segurando arrastando a lixa do skate no moletom.

— Lucas! — chama. Ele não se vira, então Marcela o segue. — É importante a seleção, você sabe disso. Na quinta série éramos babacas.

— Selecionamos a Sophia na quinta série — tenta argumentar.

A amiga não contém o riso.

— E ela se tornou amiga da Thaís dois anos depois.

Marcela encara a garota de cabelo preto e franja lisa, que está entrando no colégio acompanhada de três meninas e um garoto.

— Ma, novo ciclo é sorteio. Criamos essa regra.

Mas Marcela ainda está encarando a garota ao lado de Sophia. Uma que tem o cabelo loiro natural ondulado abaixo dos ombros e . Thais, mas Marcela prefere chamá-la de porca. Bufa

Há alguns anos, Marcela e Lucas concordaram em selecionar um novato por série. A ideia era fazer amizade e assim montar um exército contra a Thaís. Apesar de todos os anos fazerem uma acirrada seleção antes de escolherem alguém, o final do ensino fundamental e início do médio marca um novo ciclo e pede por algo a mais.

Marcela o segue, pronta para argumentar, mas se enoja quando sente o perfume de Thais perto demais. A garota, que é dois anos mais velha, parece sentir prazer em infernizar a vida dos melhores amigos desde que levou um fora de Lucas quando ela estava na sexta série. Superar não é algo que ela já tenha ouvido falar.

Marcela começou a odiá-la ainda mais quando Thais começou a namorar Carlos. Não bastava ter que aturá-la na escola, Marcela ainda tinha que lidar com o fato de Thais beijar o seu irmão mais velho. Torce pelo dia no qual Carlos cairá na real e dará um pé na bunda farta da garota branca de nariz empinado.

— Fala aí, Tadeu! — grita Sérgio, que sempre chamava Lucas pelo segundo nome. — Vocês já decidiram sem mim? — Encara a garota de cabelos pretos acima dos ombros que está revirando os olhos para a cunhada.

Lucas sorri, dando um soco leve no punho cerrado e estendido do rapaz que cultiva um Black Power.

Sérgio foi o novato selecionado na sexta série, apesar de agora estar andando muito mais com os jogadores de futsal da escola. Ele estava com o skate no pé há um minuto, mas o puxou rapidamente para a mão quando a inspetora começou a chamar os alunos. O amigo mais alto do grupo cumprimenta Marcela com o mesmo toque de Lucas.

— Sorteio — resmunga Marcela.

— Sorteio? — Ergue os lábios grossos em uma careta. — Não foi assim que selecionaram a Sophia?

Agora ele está arrastando o skate na jaqueta marrom.

— Eu disse isso. — Marcela arregala os olhos para Lucas.

Desde quando selecionaram Giulia, no ano passado, o grupo era formado pelos quatro. Porém Giulia também está entretida com outro grupo, o de escrita criativa, e Lucas passa grande parte da semana nas aulas de teatro. Marcela, ao contrário dos amigos, não faz ideia do que gosta e se sente um pouco perdida às vezes.

Eles entram na sala de aula e se sentam nas primeiras fileiras, perto das janelas imensas que dão visão à horta bem cuidada do colégio. É o mesmo lugar todos os anos, mesmo que em salas diferentes. O culpado disso é Lucas: ele é um bajulador que não pode ficar longe dos professores.

— Tudo isso por causa de um fora — sussurra Sérgio, sentando-se atrás de Lucas. — Você nem é tudo isso.

Marcela solta uma gargalhada e leva a mão à boca. Prevê a tempestade. Está sentada ao lado do melhor amigo e sua mesa também toca a dos professores, apesar de não ser uma bajuladora.

— Claro que sou — defende-se Lucas, ofendido. — Olha esse rostinho.

Ele alisa a própria face e Sérgio ergue as sobrancelhas, debochando, para provocá-lo.

Marcela, aproveitando-se do bom humor do amigo, fala:

— E aquele fora que você tomou da Luana ano passado?

Luana Di Carmo, a única garota que Marcela já viu dar um fora em Lucas. Inesquecível. Luana é bem mais velha que eles, mas, mesmo assim, Lucas pensou que fosse uma boa ideia dar em cima dela na festa de despedida de Carlos. Ele ainda remói o "não" que recebeu.

— O que é isso, um complô contra minha autoestima? — Ele aponta para Marcela, franzindo a testa. — Eu posso ficar com qualquer garota que quiser, você sabe disso. Ainda mais dessa escola.

— Não comigo — debocha a amiga, tirando a garrafa de água da mochila azul turquesa. Sua cor favorita.

Marcela já retirou os sapatos sujos que incomodam seus pés e cruzou as pernas

— Eu te desafio a conquistar o próximo integrante do grupo — fala Sérgio.

Os dois garotos se encaram por alguns segundos. Os olhos de Lucas semicerrados, Sérgio querendo rir. Os dois selam o acordo com um aperto de mãos. Marcela apenas observa, com a boca cheia de água.

— A primeira novata que entrar pela porta — concorda Lucas.

— Espera, mas pode ser um garoto — lembra Marcela.

Lucas une as sobrancelhas.

— Eu disse novata — rebate. — Se for um garoto o acordo já era.

Lucas tenta consertar o trato, mas Sérgio balança a cabeça negativamente de forma insistente e rindo.

— No acordo, não havia nenhuma cláusula sobre gênero — Sérgio é quem fala.

Os três encaram a porta aberta. Os alunos já conhecidos entram e vão se sentando. Secretamente, Marcela até torce para que um garoto entre primeiro e faça Lucas beber do próprio veneno. Ela ama o amigo, mas o ego dele a irrita às vezes. Pelo canto do olho, observa Lucas batendo com o pé na carteira.

— Você não precisa fazer isso — diz, virando-se para ele.

Mas Lucas não está olhando para ela. Sua boca se curva em um sorriso excessivamente branco. Vantagem de ser filho de uma dentista.

— Acho que preciso sim. — Ele se levanta.

Lucas se aproxima da garota alta que acabou de entrar na sala, cumprimentando-a. Ela sorri, seu cabelo liso escorrendo até a cintura fina.

Marcela tenta reconhecê-la, mas nenhuma das imagens das novatas que viram mais cedo no Facebook se assemelha a essa garota – ela se lembraria. A pele é negra retinta, sua boca grossa está pintada com um batom vinho, a mesma cor da blusa de gola alta. Ela acena e Sérgio retribui.

Marcela não consegue reagir. É a garota mais bonita que já viu na vida.





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