Capítulo 3
Com habilidade, Morgana desviou ágil entre os carros, impulsionando-se além dos limites permitidos. Em um tempo surpreendentemente curto, já estava no estacionamento da Hit, a principal boate, propriedade de seu pai.
Com Rafael a seguindo, ela entrou pelas portas dos fundos, onde dava acesso mais rápido ao escritório. Alguns degraus de escada depois, ela abriu a porta de madeira sem bater, encontrando alguns "sócios" de seu pai. Os homens já colocavam a mão na cintura em busca de suas armas devido ao susto, incluindo Alfredo Cantarilha, que foi o primeiro a falar em meio ao som dos gatilhos acionados:
— O que faz aqui, garota? — Alfredo abaixou a arma ao reconhecê-la, gesto que os outros também imitaram.
— Vim dar um passeio! — Morgana respondeu com um sorriso irônico. — Ao trabalho! Meu pai foi sequestrado, vocês têm alguma pista sobre quem pode ter feito isso?
A mulher foi até a mesa principal do escritório, sentou na poltrona e abriu o notebook em busca de acessar algum sinal de rastreamento. Enquanto isso, Rafael se aproximou para ver o que ela encontrava no notebook e se surpreendeu com a destreza da noiva.
— Quem você pensa que é para chegar assim? Já estamos cuidando disso. Não precisamos de uma mocinha para nos atrapalhar.
Morgana estava concentrada demais em analisar o último percurso registrado realizado por seu pai para prestar atenção nas palavras do homem. Seu pai tem muitos inimigos, mas a ponto de conseguir sequestrá-lo e sumir do mapa? Só podem ser os Supremos.
— O que acha que está fazendo? — O velho avançaria na direção de Morgana, mas Rafael interveio, bloqueando-o no momento exato em que ela se ergueu da cadeira após localizar a última posição.
— Não posso perder tempo! Arranjem trajes apropriados para nós — Todos olhavam para ela, paralisados. — Por que estão hesitando? Vamos lá!
— E tragam dois conjuntos de equipamento também. Vou precisar de um. — Rafael finalmente rompeu a inércia dos homens.
— Isso é um absurdo, você não pode se arriscar em campo, garota.
— Primeiro, pare de me tratar como uma menina e, segundo, não ouse me dizer o que fazer.
Ela refez a amarração no cabelo e assim que um jovem apareceu com dois coletes, ela logo tomou um em mãos e o vestiu enquanto Rafael fez o mesmo e em seguida, pegaram algumas armas.
Morgana testou a mira da pistola tomada em mãos e disse:
— É, vai servir. Prestem atenção! Temos um ponto inicial, então busquem informações nos arredores e evitem chamar muita atenção.
Enquanto Morgana dava instruções aos subordinados com uma expressão interrogativa em seus rostos, Rafael observava atentamente. Ele compreendia que, para ser aceito por Morgana, precisava demonstrar apoio. Afinal, mesmo após anos de treinamento e a conquista da confiança de Mariano, Rafael reconhecia que, se Morgana não quisesse se casar com ele, ela encontraria uma maneira de evitar o matrimônio. Ele sabia que para ter influência e poder, era vital se adaptar às necessidades do momento.
— O que estão esperando? Vamos lá! Qual é o local? — Ele dirigiu seu olhar a Morgana, aguardando que ela indicasse o endereço. — A última localização dele foi na rua Joaquim Lima, o que é menos provável, mas precisamos investigar. O tempo é curto.
Eles se dirigiram juntos a uma SUV preta. Morgana ocupou o banco do passageiro, livre das responsabilidades de condução, o que lhe permitiu focar em montar seu plano de ação. Com um toque, Lara atendeu o telefone, e Morgana rapidamente encerrou a ligação. Ela só desejava chamar a atenção de Lara para sua mensagem:
"Necessito das imagens da rua Joaquim Lima. Se possível, verifique se algum veículo suspeito ingressou em áreas associadas aos Supremos."
Lara, uma amiga de longa data conhecida desde a infância, havia se transformado em uma mestre da computação apesar de sua aparência de socialite, revelando-se uma Barbie por fora, mas um gênio por dentro, exatamente como Morgana se cercava.
Rafael estacionou o carro a uma distância que considerava segura, evitando as câmeras de trânsito. Observou um sorriso se formar nos lábios de Morgana quando ela mirou a tela de seu iPhone.
A morena estava prestes a se afastar, segurando uma máscara em uma das mãos, prestes a usar, quando Rafael segurou seu pulso, provocando um olhar de raiva da dama.
— Antes de você ir, precisamos conversar.
— Ah, sério? Logo agora? — A ironia ecoou na voz de Morgana.
— Você não é ingênua, viu como os caras agiram. Acha que alguém ali vai te respeitar sem mim?
— Eu conquistarei tudo o que eu quiser! — Ela se aproximou dele, fixando seus olhos com intensidade. — e no fim, quem não me aceitar será substituído.
— Estou disposto a fazer um acordo.
— Você não tem nada que eu queira. Estamos perdendo tempo aqui.
— Na verdade, eu tenho algo que você deseja profundamente: o apoio de seu pai para me tornar o próximo líder. — Morgana ficou em silêncio, aguardando para descobrir o ponto de vista de Rafael. — Eu preciso de você para legitimar minha posição, assim como você precisa de mim. É certo que você será obrigada a se casar, mas posso garantir que sou o único disposto a te respeitar.
— Guarde seu respeito...
Antes que Morgana pudesse continuar, foi interrompida.
— E oferecer lugares de poder. Morgana, você quer governar o Império comigo?
O brilho retornou aos olhos de Morgana, sinalizando que ela estava pensando seriamente.
— Vamos resgatar meu pai e, depois, discutiremos sua proposta. — Ambos sorriram, suas próprias estratégias se formando em suas mentes a todo vapor.
Talvez precisassem repensar o símbolo do grupo, talvez duas cobras se engolindo fossem mais apropriadas.
Enquanto isso, o grupo se movia furtivamente pelo galpão, usando máscaras de pano preto para evitar detecção pelas câmeras. Apesar da aparente desolação das ruas, o silêncio excessivo fazia tudo parecer ainda mais intrigante.
Sem ninguém vigiando ou sequer próximo a área externa é no mínimo suspeito para Morgana. Mas antes que ela falasse qualquer coisa, um dos homens se apressou em chutar a porta, encontrando o completo vazio. Apenas uma coisa chamou atenção dela, marcas de pneus sobre o chão além de um pequeno acúmulo de água possivelmente de um carro, talvez saído dali a pouco tempo.
No momento oportuno, o telefone de Morgana tocou, revelando a ligação de sua amiga Lara.
— Lara, fala.
— Morgana, consegui rastrear o momento do sequestro e já identifiquei a placa. Só que tem um contratempo.
— O que houve?
— A polícia civil chegou antes de nós, o local está cercado!
— Como diabos descobriram tão rápido?
— Mas tem mais, Morgana. A imprensa também está lá. A situação é complicada, acho que é melhor voltarmos para casa. Parece que os sequestradores já fizeram um pedido de resgate.
— Droga... — Morgana soltou um suspiro frustrado. — Tudo bem, vamos recuar por enquanto. Obrigada por estar à frente disso, Lara.
Há momentos em que Morgana parece ter um coração congelado, mas ela realmente se importa com as amigas. Ela notificou a todos sobre as novidades e então todos voltaram aos carros.
Ao sentar no banco do passageiro, Morgana tirou a máscara e ficou um bom tempo calada. Rafael ainda estava em dúvida se o sequestro era real, ele veria quando chegasse no local.
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