[...]

há algo que se reside em nós,
que badala como sinos na escuridão,
sopra como a brisa da praia.

ainda resisto,
mesmo que o mundo me atravessa,
me transpassa
e me muda.

estamos sozinhos em casa,
sem janelas abertas,
as cortinas fechadas,
e uma pequena luz que atravessa a fechadura da porta.

mas há algo, algo em nós,
que não se desmancha,
não se acende ou se escurece,
é algo que não se apodrece junto com a minha carne.

[...]