6 | Mentes recíprocas
Oi, minhas florzinhas!! Como vocês estão? Eu tô arrasada porque é o último capítulo de NLM, mas vou deixar o chororô pro final!
NÃO ESQUEÇAM DE VOTAR, por favorzinho! Boa leitura!!
#ConvidaProBaile
»💭«
Tive a noite da minha vida.
Ou melhor, tivemos a noite da nossa vida.
Porque Jungkook era capaz de compartilhar não só tudo que brilhava em mim e que me deixava feliz, mas também o peso que me perseguiu todo esse tempo e parecia roubar cada pedacinho bom que eu tentava guardar, me deixando miserável. Depois de dez longos anos, eu me senti inteiro.
Me senti inteiro porque eu podia aceitar aquela maldição que, apesar de incoveniente, ainda era parte de mim. Porque eu não precisava engolir todas as palavras que eu queria falar, não precisava negar minha existência nesse mundo, não precisava procurar formas de desaparecer aos poucos da vida de quem me era precioso, como pólen ao vento que nunca iria germinar e tornar-se flor.
Eu podia ser eu, sem restrições. Como eu sempre quis. E aquilo era tão surreal, era um alívio tão grande que lágrimas afloravam toda vez que eu lembrava daquilo. Toda vez que eu pensava, com a ajuda do Jungkook, que eu merecia aquilo. Eu merecia ser feliz.
Nos beijamos tanto atrás da arquibancada, com as nuvens pintadas de corretivo dando seu testemunho, que quase aprendemos a beijar durante aquele tempo. Baguncei o cabelo tão certinho de gel do meu príncipe, mas ele continuava lindo. Ah... A gente sorria tanto, tanto, que às vezes era até difícil beijar, porque a gente realmente não conseguia parar de sorrir.
Era incrível como estávamos na mesma página, como eu sabia que Jungkook se sentia tão emocionado, tão nas nuvens, tão desacreditado quanto eu. Não só pelos seus pensamentos agitados, mas também pelo jeito que a gente nunca parecia ficar cansado um do outro, insistindo em todos os toques possíveis; no jeito que seus olhinhos redondos brilhavam, genuinamente felizes e apaixonados. Nós estávamos apaixonados por nossa paixão.
Recíproca, completamente recíproca, ainda mais que antes.
Nós vivíamos algo que desejamos por tanto, tanto tempo, tantos anos... E aquilo era real, puta merda, era real!
— Kookie, você tá tão lindo que dói... — eu disse baixinho pra ele enquanto dava a mão para ajudá-lo a levantar e sair debaixo da arquibancada. Disse, do jeito que eu quis dizer quando o encontrei no começo da noite. — Parece um príncipe, Kookie, você tem noção disso? A tia Jeon realmente foi muito malvada com meu coração, eu fiquei até sem ar quando te vi na minha porta.
Tão tagarela... Jungkook riu baixinho com as bochechas coradas, levantando-se e pegando o lenço no qual tava sentado. Vou guardar esse lenço pra mim por enquanto, deve estar com o calor da minha bunda... Eu odeio sentar em cadeira que já tem calor de bunda, nunca que eu vou devolver pro Minnie desse jeito.
— Se o calor é da sua bunda, eu quero! — Ri, arrancando o lenço da sua mão tão rápido que ele não conseguiu reagir e perdeu o objeto. Realmente estava quente, quente da bunda do Jungkook, e aquilo era muito engraçado.
Minnie! Para de implicar comigo!
— É sério, Kookie! Não tô implicando! — Fiz um biquinho, fingindo que eu estava magoado com a acusação.
— Duvido, Minnie... — Ele aproximou-se de mim, segurando minha cintura e beijando o biquinho que eu fiz.
Acho que eu imaginei tanto poder beijar o Minnie desse jeito, toda hora, que agora vai no automático. Pelo menos talvez assim eu não vomite.
— É sério, Kookie! — Dei um desconto daquela vez e ignorei seu pensamento, só rindo contra sua boca e dando outro beijo de volta. — Eu sou tão, tão apaixonado por você... Acho tudo bom, acho tudo incrível... Antes de você pensar no calor de bunda eu tava te enchendo de elogios, você sabe, então é sério.
— Eu... eu realmente quebrei o clima, né? — perguntou envergonhado, baixando o olhar. — Desculpa, minha cabeça só decola sozinha.
— Não existe quebrar clima, Kookie. — Abracei ele com mais força e beijei várias vezes sua bochecha, tão cheirosa e tão macia. — É tudo você, e eu sou apaixonado por você. A única coisa que eu consigo fazer lendo essa sua baguncinha é achar lindo, lindo, que nem você todo é.
Minnie... Seu rosto tornou-se vermelho e senti sua pele esquentar sob meus lábios, pois não conseguia parar de beijar suas bochechas, mesmo que eu tivesse que me equilibrar na ponta dos pés pra tal. Você tá me elogiando demais, para... E se eu vomitar? E se eu explodir? Tô ficando nervoso.
— É o troco, Kookie. — Encarei as orbes castanhas, tímidas, e dei um sorrisinho travesso. — Fiquei todo esse tempo ouvindo você me elogiar em silêncio... uma tortura. E agora eu posso falar, e agora você vai ouvir. Boa sorte, porque eu penso toda hora em você e fico refletindo o quanto eu gosto de tudo... Tipo sua pele, tão bronzeada pelo sol, ou o seu cabelo, mesmo que eu tenha bagunçado... Puta merda, Kookie, eu gosto de tudo, tudo mesmo.
Minnie, meu coração... Seu rosto apenas parecia ficar ainda mais vermelho, se aquilo fosse possível. Meu coração não vai aguentar tudo isso, eu tô sendo amado demais... Eu vou explodir, Minnie! Explodir!
— É por isso que você tá tão tagarela? — retrucou implicante, tentando esconder o quão abalado realmente ficava e tirar minha atenção de sua cabeça, tão sincera e sem graça.
— Sim... Culpa sua ser tão lindo assim... — Deixei mais um beijinho em seu rosto. — Quer dizer, eu posso? Eu quero dizer tantas coisas pra você, Kookie... E quero muito dizer.
Por favor, eu quero mais.
— Pode... — falou, olhando para baixo. Lindo, adorável, tudo pra mim.
— Vamos pra pista de dança de novo? — pedi, assim como Jungkook me pedia tudo. Puta merda, eu podia pedir as coisas pra ele agora e eu tava tão estupidamente feliz por aquilo que chegava a ser bobo. — Sonhei tanto em dançar coladinho com você... Feliz, sentindo seu cheirinho, sentindo seu calor... Por favor, dança comigo, Kookie, eu sonhei com isso por dias e dias!
Você nem me deu tempo de responder direito, Minnie... Como assim você é mais boiola do que eu? A mente estava incrédula, mas o rosto só sorria, segurando minha mão com sua palma suada e me puxando para a pista de dança, tão gentil e tão lindo como só o Jungkook poderia ser. Danço até não aguentar mais, Minnie, eu quero fazer tudo com você. Vamos realizar hoje tudo que a gente sonhou...
— Acho que sou boiola na mesma proporção... Ah, Kookie... O tanto que foi difícil ouvir você fanficando sobre nosso futuro sem poder viajar junto... Sem poder falar de volta... — suspirei baixinho. Já na pista de dança, enlacei seu pescoço com meus braços e logo senti suas mãos contornarem minha cintura. Nós dois ainda tremíamos um pouquinho de inexperiência e emoção.
O Minnie foi forte mesmo... Pensando aqui... se ele é tão boiola quanto eu... Saco, deve realmente ter sido uma tortura. Eu já tô quase morrendo de nervoso e amor ouvindo o Minnie falar tudo pra mim sendo que eu posso responder, sendo que eu posso beijar ele... Ele mergulhou em seus pensamentos enquanto encostava nossas testas, todo coladinho em mim. Você tá lendo, né? Você foi muito forte, Minnie.
— Tá tudo bem agora, Kookie... — suspirei baixinho, apaixonado no jeito que a gente balançava de um lado pro outro. Provavelmente pra quem visse de fora, aquilo estava um tanto quanto feio e nem daria para chamar de dança, mas para mim... Ah, eu me sentia ninado pelo Jungkook daquele jeito, eu amava aquele balanço. — Eu sonhei tanto, tanto com esse momento, sabe? Fiquei imaginando o quão gostoso seria vir ao baile com você, dançar com você, sorrindo um pro outro. Sonhei tanto que toda vez que eu lembrava que não poderia fazer isso me dava vontade de chorar. Eu te quero tanto, Kookie...
Minnie... Seus olhos, grudados nos meus, refletiam tristeza. Mesmo assim, tinha aquele tom de confissão, de consolo, de que agora ele também era guardião de todos os sentimentos frustrados que tive e protagonista dos que eu podia viver agora. Eu te quero muito também... Estamos aqui. E agora a gente não precisa só sonhar... Pra completar o que você imaginou, só falta a gente sorrir. Diz aí, qual salgado eu tenho que te comprar pra ganhar mais um beijo?
— Eu gosto de enroladinho de presunto. — Ri o sorriso que sonhei carregar, graças ao Jungkook. Jungkook que também mostrava seus dentinhos, tão lindos que não aguentei e beijei. Era estranho beijar o dente de alguém, mas ainda era o Jungkook, então continuava bom. — Mas não sei se essa troca vai funcionar, Kookie... Porque quero tanto te beijar, tantas e tantas vezes, que não existe nem dinheiro nem salgado o suficiente nesse mundo.
Gosto da ideia... Imagina colapsar todo o mercado de salgados e economia mundial com os nossos beijos? É tipo a parte dois do nosso filme de resistência ao mundo alimentício, a parte um é a revolução do bicho da alface.
— Kookie, a gente é terrível... — Ri ainda mais entre os beijos. Uma confusão de boca, respiração e felicidade.
Somos. A única salvação da humanidade é a gente se casar e ir morar isolado no topo de uma montanha, que pena... Assunto de urgência internacional, FBI que disse.
— Como vamos criar o Sr. Flor Bucólico no topo de uma montanha? A gente vai ter que ir pro petshop alguma hora — eu murmurava contra seus lábios com meus olhos fechados, só sentindo a presença dele. Quem nos visse de longe teria certeza que trocávamos juras de amor, tão próximos e tão românticos. Mas a conversa era sobre salvar o mundo de nós mesmos. Não que esse não fosse nosso próprio jeito de jurar amor.
— Vou aprender a fazer ração artesanal... Não deve ser muito difícil, né? A gente pode plantar nosso próprio sustento. — Vai ser fácil com um cocozão que nem o do Minnie de adubo... dá pra plantar até um baobá. Pequeno príncipe, vem ver isso aqui!
— Jungkook! — tive que reclamar, por mais que tudo que eu quisesse fazer fosse rir.
— Minnie, não se ofenda, eu sozinho não sou capaz de produzir adubo o suficiente para nos sustentar, você que é a nossa salvação! — Me puxou para mais um beijo, como se não estivéssemos conversando sobre coisas absurdamente não românticas.
— Kookie, a gente é terrível... — murmurei de novo.
Eu sei, Minnie... Por isso que só dá pra ser nós dois. E o Sr. Flor Bucólico. Droga, alguma hora a gente vai adotar nossos filhos também, né?
— Dois — confirmei.
Então... A gente é terrível, como que vamos criar eles desse jeito, Minnie?
— Eles vão ser terríveis como nós somos. Nossos netos também, e aí nossos bisnetos. E você sabe o que isso significa, Kookie?
Dominação mundial!
— Exato. — Ri, bobo e apaixonado, porque só Jungkook era capaz de entender os absurdos que eu pensava, e ele nem tinha a habilidade de ler mentes. — O mundo que nos aguarde.
Com o fim de nossa brincadeira, ficamos em silêncio por um tempo. Até a cabeça do Jungkook pareceu acalmar-se um pouco, o que era tanto estranho, mas também muito bonito. Sentia só paz e calma.
Tranquilidade, como se finalmente aceitássemos que estava tudo certo, que tínhamos a presença um do outro, de todos os jeitos. Que continuaríamos sendo amigos, e até mais. Que tudo que pulsava em nosso peito era recíproco e absurdamente real. Assim como eu sabia que Jungkook amava, de verdade, até meu último fio de cabelo, Jungkook também sabia que eu quase me consumia de tanto que eu era dele.
Mergulhados naquela sintonia silenciosa, voltamos a nos encarar, tão de pertinho que quase nos deixava vesgos. Sorrimos, bobos e os olhos brilharam, como reflexos dourados do sol nas ondas calmas de um oceano de compreensão.
Ah, a pele do Minnie fica tão bonita com as luzes coloridas... A cabeça do Jungkook quebrou o silêncio e eu imediatamente voltei a chorar, dessa vez com um sorriso no rosto. Era realmente tudo do jeito que eu sonhei, e ainda melhor. Minnie... se você continuar chorando desse jeito, seus olhos vão ficar muito inchados e eu não vou me aguentar de vontade de beijar amanhã de manhã...
— Desculpa... — pedi, já muito ansioso para sentir seu carinho em minhas pálpebras. — Acho que eu quero muito mesmo que você beije quando inchar...
— Que bom, você não tinha outra escolha. — Me acolheu entre seus braços. Minnie consegue ser ainda mais adorável sendo um boiolinha por mim... Isso é tão gostoso.
— Muito gostoso... — concordei antes de enterrar a cabeça em seu peito e abraçá-lo com ainda mais força. — Tô me sentindo naqueles filmes de romance adolescente.
Credo, Minnie, você sabe que eu odeio esses filmes. Chatos, clichês e previsíveis. Insuportáveis! Tá mesmo rebaixando nosso amor?
— Mas nós somos muito clichês, Kookie. E previsíveis.
Difícil não ser previsível quando você literalmente lê minha mente...
— Desculpa...
Não desculpo. Seu castigo por isso vai ser me dar beijos toda vez que eu pedir. Sentar no meu colo quando for explicar uma questão que eu não entendi para eu poder ficar cheirando seu cangote...
— Kookie... A gente não vai mais estudar a mesma coisa. — Ri, achando adoráveis seus pensamentos.
Melhor ainda! Quer dizer que eu não vou entender nada das coisas que você sabe. Aí você vai ter que me explicar tudo, tudinho, e aí meu nariz nunca vai sair da sua nuca. Repousou sua mão quente na minha nuca, embrenhando a ponta dos dedos em meus cabelos e me arrepiando inteirinho com o contato mais íntimo. Tô animado pra você vir falar de... o que engenheiros estudam? Cálculo, né, conta. Quero você fazendo um monte de conta que não entendo na minha frente. Que tesão que não vai ser... Saco, vou ficar de pau duro desse jeito!
— Que fetiche estranho, Kookie... — Gargalhei, e ele aceitou dando de ombros, já acostumado ao fato de que não poderia esconder aquilo de mim.
Você pode fazer conta na minha frente dentro de um busão, que aí você fica de pau duro também. Tudo certo, quites.
— Você é terrível, Kookie...
— Não, Minnie... — Mordiscou meus lábios, mais solto, os pensamentos nervosos de vômito longe apesar de eu ainda sentir seu coração martelar contra o peito. — Nós somos terríveis.
-🌼-
Dançamos e falamos besteiras até não aguentar mais, voltando a sentar na arquibancada, dessa vez na parte de cima. Beijamos mais, certos de que a gente ia deixar aquilo ainda melhor com a prática. Não que fosse necessário ter pressa, ganhamos a garantia de beijos pela vida inteira naquela noite.
Repetimos aquilo algumas vezes até a barriga do Jungkook roncar tão alto que nem tive que ler seus pensamentos para perceber que ele estava com fome. Fomos pra a mesa de comida do baile, onde tinha o finzinho de um ponche não-alcóolico e alguns salgadinhos já tão frios que ninguém além do Jungkook, varado de fome, gostaria de comer.
Enquanto ele comia, sentado em um dos bancos da arquibancada, fiquei encarando do banco ao lado, sem tocá-lo. Era a minha vez. Fiquei lá, observando ele comer todo lindo e encantador, falando sem filtros tudo que minha cabeça pensava em admiração. Enterrei, sufoquei Jungkook com todos os elogios que sempre permeavam minha mente. Foi uma ótima estratégia, porque como sua boca estava ocupada mastigando os salgadinhos, ele nem conseguia reclamar, sem graça. Seu rosto ficou rosa de vergonha, quase da cor do ponche.
Meu príncipe encantado quase permaneceu intacto, mas deixou o ponche cair na calça branca logo no último gole, formando uma mancha que aumentava no tecido diante nossos olhos, em um degradê de rosa. Até desastrado meu príncipe era todo artista, como só ele era.
Calças rosa degradê, que nem o bronzeado de seus ombros no verão.
Beijamos de novo, e em vez de ter gosto de hortelã, Jungkook tinha gosto de salgadinho. Foi uma experiência curiosa. Dançamos mais uma vez antes de irmos tomar um ar fresco do lado de fora do colégio, o horário do baile já prestes a acabar.
A estrutura que foi montada para tirar fotos dos convidados na entrada do evento ainda estava lá; o carpete rosa, as flores. Sorrimos um para o outro, em silêncio, já sabendo o que queríamos. Caminhamos até o meio do tapete, Jungkook segurou minha cintura e minha nuca, como queria, e eu dei a resposta que faltava no começo da noite: segurei seus cabelos e apoiei a outra mão em seus ombros largos de menino crescido. Era daquele jeito que eu queria segurá-lo para um beijo.
Unimos nossos lábios, Jungkook pensou o "click, kachá" do fotógrafo imaginário apertando o botão da câmera e acionando o flash. Guardamos a nossa foto inexistente de aquecimento para o book do nosso casamento no peito, que nem os dois completos idiotas emocionados que éramos, igualmente ansiosos para ter em mãos, impressas, as fotos que realmente tiramos no começo da noite.
Sentamos no meio-fio da rua vazia, o som da música do baile soando distante. Jungkook, com a calça branca já rosa, negou o lenço que já estava até acostumado com o calor da bunda dele. Sentamos no meio-fio e procuramos flores bucólicas nascendo por ali, um traço de resistência primaveril no meio do concreto assim como o sentimento gostoso em nosso peito resistiu ao inverno da armadilha cruel que eu preparei, mas agora tinha dissolvido-se completamente.
Sentamos no meio-fio e nos beijamos mais, porque eu contei que ele era a flor que eu olhava na nossa foto que ele usava de wallpaper no celular. E ele adorou ser minha flor, como o grande artista boiola que era. Nossos lábios já estavam completamente vermelhos e eu me perguntava se tinha estoque o suficiente de saliva para aquilo, mas nossas bocas sempre voltavam a dançar uma contra a outra, em uma necessidade sem igual.
Ficamos lá, beijando até parar para observar um dos postes da rua piscar, brincando um com outro que as forças do além já tinham se juntado à FBI para lutar contra a dominação mundial que seria causada pelos nossos futuros bisnetos. E beijamos mais, como idiotas, antes de decidir que era hora de ir pra casa e darmos a mão para refazer o mesmo caminho da ida.
O mesmo caminho, mas nenhuma preocupação.
Quero que você durma comigo hoje, Minnie.
— Quero dormir com você, Kookie...
Ah... Hoje eu vou dormir bem então.
— Sim, vou fazer aquele cafuné que você tanto gosta... Até você dormir, que nem o principezinho que é. — Afetei um pouco minha voz, fazendo Jungkook rir apesar dele já vibrar de vontade do meu cafuné, assim como eu queria muito mergulhar meus dedos em seus cabelos.
Minnie... Você vai cair no sono antes de mim, você sabe.
— Me deixa sonhar, Kookie... — pedi, com um biquinho que foi motivo o suficiente para eu receber mais um beijo. Qualquer coisa era motivo para receber e dar beijos.
Caminhamos até sua casa, completamente apagada porque seus pais já tinham ido dormir. Passamos na cozinha pro Jungkook fazer um misto quente porque ainda sentia muita fome, e eu me joguei deitado de costas na grama do seu quintal grande enquanto ele comia, me observando com um sorrisinho no rosto e olhos brilhosos. Mesmo longe fisicamente, eu já sabia que ele pensava que queria ter um cavalete ao seu lado, para poder me pintar.
Fitei o céu estrelado sobre mim e o reflexo azulado da minha roupa e da minha pele sob ele. Com certeza seria uma pintura muito bonita, Jungkook era muito bom com azul. Eu estava ansioso para saber quais outras cores seriam suas cativas depois que ele entrasse na faculdade e amadurecesse a própria arte. Com quais outras cores ele pintaria nosso futuro juntos.
Quando terminou de comer, Jungkook veio me buscar. Quase senti falta da grama pinicando minhas costas, mas logo esqueci daquilo ao ter o toque das mãos dele nas minhas costas, limpando as folhas que tinham grudado em mim. Natural, tudo com Jungkook era natural.
Preciso tirar esse gel do meu cabelo para você poder me dar carinho, Minnie. Justificou quando foi ao banheiro. Só soltou minha mão quando já estávamos trancados juntos, lá dentro, em uma prece silenciosa para que eu não lesse todo seu nervosismo enquanto ele despia-se na minha frente.
Meu príncipe abandonou a jaqueta azul brilhosa, a blusa leve e a calça branca que já levava seu toque de artista desastrado. Mesmo com todas as roupas do Jungkook sendo muito brilhosas e encantadoras, sua pele era ainda mais. Sempre soube do degradê nos seus braços, de como seu peito clamava pelo toque do sol, mas agora eu também descobria a marca do short curto nas coxas, e sabia como o resto do Jungkook era agora que cresceu.
— Lindo... — murmurei para ele, que sorriu. Eu queria beijá-lo para demonstrar o quanto todo ele me encantava, mas sabia que naquele momento ele queria experimentar sozinho todo o olhar diferente que tínhamos um no outro. — Muito lindo.
Tentei fazer o mesmo, mas foi mais difícil do que eu pensei desabotoar minha blusa com as mãos completamente trêmulas e nervosas. Mesmo assim, Jungkook esperou pacientemente, com um sorrisinho derretido de quem também não estaria conseguindo firmar os botões entre os dedos.
Quando senti o tecido da blusa escorregar pelos meus braços em direção ao chão, suspirei, acompanhado do Jungkook. Era tão diferente. Tão silencioso. Respirei fundo antes de tirar minhas calças e minha cueca também, pensando que Jungkook realmente era corajoso, porque eu tremia igual vara verde com tudo aquilo.
E deixei Jungkook me perscrutar, varrer cada pedaço da minha pele com aqueles gentis olhos castanhos que pareciam criar pequenas chamas de paixão por onde passavam. Deixei, assim como ele tinha mostrado-se para mim.
— Lindo demais... — choramingou de volta, mordendo os lábios, ainda enquadrando-me em seu olhar como se eu fosse uma obra de arte.
Respirou fundo e abriu um sorriso travesso, quase infantil. Correu para o chuveiro e ligou a água, quente, do jeitinho que eu gostava de tomar meu banho. Acostumado com o toque frio, ficou debaixo da ducha enquanto esperava ela aquecer antes de espirrar as gotas em mim, brincalhão.
E lá estávamos nós, rebobinando doze anos da nossa vida e brincando com a água em vez de nos lavar. Jungkook sempre foi muito bom de mira, e sempre conseguia acertar a água dos meus olhos, me fazendo rir baixinho enquanto tampava o rosto pra me proteger. Só não podíamos fazer tanto barulho quanto antes, para não acordar ninguém naquela madrugada.
Como eu estava me protegendo, sem capacidade de revidar, não percebi quando Jungkook veio me abraçar. Apenas derreti com o toque gostoso que me puxava para a água quente que escorria entre nossos corpos. Sabendo que não ia sofrer mais ataques, abri os olhos, dando de cara com aquele seu sorriso enorme.
Minnie... Sua mente começou a implorar, mas eu já tinha sido mais rápido e pegado o xampu, colocando em minha mão. Como você sabia? Eu nem pensei...
— Sempre sei, Kookie... — respondi baixinho ao embrenhar os dedos pelos cabelos molhados, mas ainda cheios de gel. Massageei, sentindo a espuma cremosa surgir entre meus dedos e derreter aos poucos o que sobrou do produto lá.
É verdade... Suspirou baixinho antes de abraçar minha cintura e me trazer mais pra perto. Nós dois coramos com aquela proximidade, tão diferente agora que não existia a barreira das roupas. É tão gostoso, Minnie... Acabei de ser diagnosticado pelo além com uma doença raríssima que me impede de passar xampu no meu próprio cabelo... Minnie, me ajuda! Eu não posso ficar com o cabelo fedido pelo resto da vida!
— Você é terrível, Kookie, terrível. — Gargalhei fraquinho, sentindo ele tremer com a proximidade do meu hálito dele, fazendo com que eu ficasse abalado também.
— Mas você ama — ele confirmou sozinho. Levantei o olhar, só pra ver aquele seu sorriso bobo, apaixonado e convencido enquanto eu cedia a todas suas vontades. Só de birra, fiz um pequeno moicano em seu cabelo, uma mistura do negrume de seus fios com a espuma branca do xampu. — Tô gatão com o penteado novo?
— Você é sempre gatão — devolvi, deixando um beijo em seus lábios molhados e escorregadios do banho.
Você não devia falar essas coisas de um jeito tão sério agora, Minnie... A gente ainda tá pelado, vai que meu pau ouve? Seria uma vergonha.
— Vergonha pra você... Acho que pra mim até que seria interessante... — confessei baixinho, escondendo meu rosto em seu peito daquela vez por causa da timidez de dizer aquilo em alto e bom som.
Safado... Sério que eu vou ter que procurar um ônibus pra gente pegar a essa hora da madrugada só para dar o troco?
— Kookie! Que vergonha... — reclamei de novo. Eu realmente não deveria ter contado a parada do ônibus. — Como se eu precisasse de um ônibus quando eu tô com você...
Foi uma forma inesperadamente romântica de dizer que eu te deixo duro, Minnie, parabéns.
— Você é terrível, Jeon Jungkook! Terrível! — resmunguei mais uma vez, enfiando ele de volta pra debaixo da água e poder enxaguar seus cabelos, finalmente livres do gel.
Claro que não! Minnie, imagina como seria gostoso... Se apaixonar pelo melhor amigo tem vantagens, eu sei de tudinho que você gosta... tipo que na hora da punheta você adora-
— Jungkook!
— Para de me chamar pelo nome! Pra você é Kookie! Kookie ou amor da minha vida, te dou essas duas opções — retrucou teimoso, pegando o xampu ele mesmo e massageando meus fios. Quase fechei os olhos, entregue, porque aquele carinho era gostoso demais. Mas eu não podia ceder, porque Jungkook estava sendo terrível!
— Você tá sendo mal criado, é Jeon Jungkook agora.
— Mal criado onde? Sou muito bonzinho, quero te dar exatamente o que você gosta...
— Eu nunca devia ter te dito como eu gosto... — murmurei chateado, com um bico no rosto. Jungkook riu baixinho, me dando um beijo calmo antes de me puxar para um novo abraço, conciliador.
Claro que não, Minnie... Obrigado por ter me dito, eu não sabia nem por onde começar na época... Me ajudou muito, eu me senti muito mais seguro em perguntar pra você...
— Droga, e pensar que eu tive que perguntar isso pros seus pais... Você é muito sortudo mesmo de ter sido depois de mim...
— Você sempre foi o mais forte e maduro entre nós, Minnie — confirmou, me beijando de novo. — Mas depois foi legal, não foi? Descobrir o que era diferente no que a gente gostava. Eu sempre esperava por aquelas noites, tinha muita curiosidade mesmo em saber se tudo que eu fazia era normal. Teve aquela vez que...
— Quê?
Eu tava me sentindo mal de ter usado o travesseiro... respondeu em pensamentos, envergonhado demais para transformar diretamente em palavras. Fiquei dias esperando o dia de você dormir aqui em casa pra perguntar se estava tudo certo...
— Ah, eu lembro... Não sabia que você tinha ficado tão inseguro de ter usado o travesseiro. Nem sei como eu te ajudei, eu nunca tinha tentado com o travesseiro.
Mas você disse que parecia gostoso. E que ia tentar depois. Me senti normal depois daquilo, Minnie.
Minnie... Você se masturba pensando em mim?
— Jungkook! — respondi, surpreso de já estar tendo aquele tipo de conversa. Tudo bem que a gente estava pelado e tudo mais, e que falávamos de masturbação um com outro desde que aquela fase da nossa vida começou, mas... eu estava surpreso.
É que eu me masturbo pensando em você, foram tantas vezes que capaz de eu ter enchido sei lá... uma piscina de plástico? Uma piscina de plástico de porra, tudo em sua homenagem! Ele arregalou os olhos de desespero e prendeu a respiração. Saco, Minnie, não era pra você ler isso, apaga! Apaga, apaga! Me solta! Ah, mas agora já foi, que saco... Saco, saco, como eu apago minha existência do mundo!?
— Você... se masturba pensando em mim? — repeti, desacreditado. Jungkook arregalou os olhos novamente, dessa vez surpreso.
Você não sabia? Você nunca leu nada sobre isso?
— Não...
Nossa, eu mandei bem... Refletiu, parecendo impressionado consigo mesmo. Bem, tinha mandado bem, né, porque agora eu acabei de anunciar com todas as palavras que eu enchi uma piscina de porra em sua homenagem.
Que coisa péssima de se pensar... Você acha que eu sou um punheteiro nojento, Minnie? Desculpa ter pensado isso, desculpa... Desculpa ter te usado pra fazer essas coisas horríveis, mas seria traição se eu me masturbasse pensando em outra pessoa! Eu devia, sei lá... usar um cinto de castidade.
Eu juro que tentei uma época, Minnie... Teve um dia que você dormiu aqui em casa logo um dia depois de eu ter me masturbado pensando em você, aí eu me senti muito mal e jurei que não ia fazer mais. Só que toda vez eu tinha algum sonho indecente com você e acordava todo gozado... E é uma merda acordar gozado, tem que lavar tudo e você sabe que eu só tenho duas roupas de cama... Quando a gente goza acordado pelo menos dá pra mirar, né? Um lencinho já resolve.
A única vez que deu certo foi quando eu vi na internet um kama sutra gay e tal. Calma, meio certo, né... Passei umas boas semanas sonhando a gente em todas as posições possíveis e imagináveis, mas teve uma tão complexa que minha cabeça dorminhoca achou que seria de bom tom eu perder o equilíbrio, aí eu quebrei seu pau! No sonho! Quem sonha isso?
Foi horrível, você começou a chorar muito e fiquei desesperado tentando chamar uma ambulância, só que você não deixava eu contar que tinha quebrado seu pau, uma bagunça. Acordei chorando, mas pelo menos acordei brocha e...
Quer parar de me tocar? Meus pensamentos são muito horríveis? Que saco, Minnie, me desculpa, eu sei que a gente só se beijou e eu não quero mais nada hoje, só que eu lembrei, e aí você tava lendo, aí eu acho que devia explicar e... Ai, tá uma bagunça. Não sei nem como meu pau não ficou duro ainda...
— Eu tô bem, Kookie... — Acalmei ele, apesar de estar meio corado e meio rindo com todas as confissões. Ele continuava fofo, apesar de tudo. Acariciei seus ombros de levinho. — E você, quer que eu pare de te ler?
Acho que se você parasse de ler seria mais fácil, porque eu não teria que explicar tudo... e eu realmente não queria que o banho virasse isso, só queria ficar cheirosinho com você, juro. Mas... mas eu também não quero que você pare de ler porque eu queria ficar abraçadinho debaixo do chuveiro... Você gosta de água quente, não é? Eu liguei ela quente pra você, aí a gente se limpa quietinho, tranquilo, sem eu ficar pensando nessas besteiras e... Saco, tô ficando duro! Abortar missão, Minnie, deu errado!
Ri baixinho do furacão de pensamentos que dominava Jungkook, que encarava desesperado sua ereção se formar. O rosto corado e a expressão chateada refletiam toda sua mente. Ele era realmente muito adorável, puta merda...
Fiquei na ponta dos pés, só pra poder dar um beijo mais bem dado nele, um beijo cara a cara, me apoiando em seu ombro com uma mão e a outra buscando seu cabelo. Jungkook relaxou com meu toque, tão entregue, tão meu... Enlacei seu pescoço com meus braços e encaixei minha cabeça entre seu ombro e seu pescoço, pra ficar pertinho de seu ouvido. Naquela posição, meu corpo roçava no Jungkook, que tentou afastar-se, inseguro, mas firmei ele ali.
— Também já devo ter enchido uma piscina de plástico de gozo em sua homenagem, Kookie... Fica tranquilo, tá tudo bem. — Ri baixinho, tentando fazer com que ele acalmasse usando as mesmas palavras que seus pensamentos, especialmente debochados e desbocados. — Eu também te desejo, também sou atraído por você de todas as formas... também estou ficando duro... Não se culpe assim... A gente resolveu tomar banho juntos e... bem, era um risco. Não somos mais crianças.
E agora?
— Vamos terminar de tomar o banho, nos ensaboar e tudo mais... Mãe natureza implora — tentei brincar com o tempo que já estávamos debaixo da água, e Jungkook realmente relaxou. — Se não passar até lá, eu vou pro seu quarto me aliviar e você se toca aqui... Onde você guarda os lenços?
— No fundo da segunda gaveta da mesa de cabeceira...
Então você realmente não quer?
— Claro que eu quero, Kookie, também te desejo muito, meu corpo não mente.
É, nem em um busão a gente tá... Jungkook arriscou baixar o olhar, fitando nossas ereções duras quase tocando pela proximidade do corpo um do outro. Dei um leve tapa em seu braço antes de pegar o sabonete. Ai! Eu pensei sem querer!
— Mesmo assim pensou.
— Por que você não quer? Eu estraguei tudo, Minnie?
— Eu quero, Kookie... Já falei... — Comecei a espalhar a espuma cheirosa do sabonete do Jungkook por sua pele bronzeada, achando incrível. Eu me sentia vivendo um sonho. — Mas você tá nervoso com isso e não eram seus planos, né? A gente tem muito tempo ainda pra fazer isso... Isso e mais, Kookie.
É mesmo... que alívio. Minnie, nunca eu senti tanto medo que nem aconteceu quando eu achei que você iria embora da minha vida...
— Me desculpa, Kookie — pedi baixinho, magoado comigo mesmo por ter feito ele se sentir assim. Por ter feito com que nós nos sentíssemos assim. — Eu não vou mais embora, desculpa ter duvidado da gente... Agora a gente tem todo tempo do mundo.
Lavamos o corpo um do outro com aquela leveza de saber que o tique taque do nosso relógio continuaria, infinitamente, com todo caráter e dimensão do tempo, e não uma bomba relógio melancólica. Aproveitamos o toque de cada pedaço de pele que sabíamos que era confiado a nós, só a nós. Eu era o único que tocava Jungkook daquele jeito e Jungkook era o único que podia tocar em mim, quase que literalmente. E nem mesmo o fluxo às vezes brincalhão e às vezes sem graça de seus pensamentos nos afastaria, porque eu ditava baixinho o quanto eu sentia e pensava tudo aquilo de volta.
Sempre achei que seria difícil dizer aquelas coisas em alto e bom som, deveria ser meio vergonhoso, não? Admitir daquele jeito tudo que eu amava nele, o que era muita coisa mesmo... Mas acho que prendi tantas declarações, tantos elogios, tantos suspiros pelo por tanto tempo Jungkook que era simplesmente um alívio poder contar tudo, como se cada palavra me deixasse mais leve a ponto de uma hora nem a gravidade me grudar mais no chão, fazendo com que eu flutuasse até as nuvens pintadas de corretivo pelo Jungkook.
Jungkook me enrolou na toalha da casa dele que já era minha, fazendo um casulinho fofo antes que eu fosse para seu quarto. Apesar de tudo, nossas ereções não aliviaram pro nosso lado, mas talvez fosse pelo melhor, ou ficaríamos com as bolas doendo... Já com saudades de mim por causa do nossos futuros pequenos minutos de separação, Jungkook me abraçou por muito tempo, me enchendo de beijos em qualquer lugar que sua boca alcançasse. Meus cabelos, minha bochecha, minha testa, meu nariz, minha boca, meu pescoço, meus ombros cobertos pela toalha. Eu me sentia muito amado, muito mesmo.
Fui para seu quarto, fechando a porta atrás de mim. Era estranho estar no quarto dele sem ele, e no final a situação realmente foi bem vergonhosa. Fiz tudo rapidinho, antes que ele voltasse e me pegasse de desprevinido. A caixa de lenços estava onde ele prometeu, e passei um aperto para jogar ele fora antes de ir até seu armário.
Sempre seria engraçado pra mim o jeito que talvez eu tivesse mais cuecas na gaveta do Jungkook do que ele mesmo. Vesti uma qualquer e fui buscar uma blusa bem cheirosa dele pra vestir, mesmo que eu tivesse roupas que me pertenciam ali também. Queria ser inundado pelo Jungkook de todas as formas possíveis, desde a roupa larga que eu agora usava, até o cheiro dos lençóis nos quais dormiríamos juntos.
Jungkook bateu na porta de seu próprio quarto, talvez com medo de interromper qualquer coisa que eu precisasse fazer. Achando fofo, fui até a porta abrir ela, dando de cara com Jungkook seminu, enrolado na toalha.
Ele fugiu do meu beijo e eu, rindo, deitei na cama dele, observando ele ir até o armário. Gargalhei baixinho quando ele pediu privacidade para vestir a cueca, como se a gente não tivesse tomado banho juntos há poucos minutos, mas obedeci, me virando em seu colchão e virando para a parede.
Suspirei baixinho quando senti o peso dele afundar a cama atrás de mim, já doido pelo toque que eu sabia acompanhar aquela aproximação. Jungkook me puxou para seu peito e apoiou a perna em cima da minha, enroscando-se em mim como um filhote de bicho-preguiça. Afundou o rosto em minha nuca, inspirando fundo mesmo que meu cheiro fosse exatamente igual ao dele no momento.
Seu cheirinho é tão bom...
— É o seu xampu, Kookie.
Não, tem um cheirinho seu também... o melhor do mundo.
— Que honra ser aprovado por seu nariz exigente...
— É a rinite... — reclamou, manhoso. — Mas eu sempre gostei do seu cheiro, Minnie.
Ele tá usando minha roupa... Por que eu gosto tanto disso?
Que saco, Minnie... Eu realmente gosto mais do que deveria em saber que você fica pequeno na minha blusa. Que tortura...
Você fez... Aqui, na minha cama?
— Sim... — Fiquei feliz de estar de costas pro Jungkook, subitamente envergonhado. — Foi meio estranho pra mim também, desculpa...
Foi nosso combinado, só tô meio... uau. Será que da próxima vez sou eu fazendo em você? Saco! Desculpa pensar nisso de novo, foi sem querer.
— Talvez seja, Kookie... Podem ser tantas coisas, estou ansioso. — Virei entre seus braços para ficar de frente pra ele.
Jungkook entendeu o recado na hora, deslizando para baixo e acomodando a cabeça em meu peito, como sempre fazia. Meus dedos correram para seus fios úmidos, mas livres daquele gel, acarinhando-os assim como Jungkook fazia com minha coxa agora que nossas pernas estavam entrelaçadas também.
E nunca me senti tão em paz quanto naquele momento, sabendo que eu dava o cafuné não só no garoto que eu amava, mas sim no garoto que eu podia amar. Mergulhava no cheiro, na pele, no abraço e nos pensamentos que eu sabia serem compartilhados comigo de bom grado.
Tô ansioso também... pra acordar amanhã de manhã!
— Por quê?
Porque você chorou muito hoje, Minnie, vai acordar com os olhos inchadinhos e vou poder beijar eles. A coisa mais lindinha, do jeito que eu queria ter feito quando você apareceu com cara de choro aquela manhã...
— Gosto disso...
Minnie... Você não chorou por causa do filme, né? Aquele dia.
— Não... Estava chorando por causa de nós... porque eu achei que não aguentaria dizer não pra você se a gente fosse pro baile junto.
Ainda bem que você não aguentou, Minnie... Ainda bem que eu consegui te convidar...
— Obrigado, Kookie... — Parei momentaneamente o cafuné para deixar um beijo em seus cabelos. Ele subiu as mãos pelas minhas costas, por dentro do tecido de sua blusa larga. Como se o toque quente de sua mão, tão direto contra minha pele, não fosse o suficiente para me deixar sem ar, ele me apertou com força contra ele, abraçou para lembrar que eu não ia fugir mais. Que eu não precisava fugir. — Desculpa por tudo...
Minnie... Eu nem imagino o quão difícil foi pra você. Você me contou um pouquinho, mas ainda... ainda sei que tem muito mais, Minnie, muito, muito mais.
E tá tudo bem, né? Agora eu vou te ouvir... Agora você vai me contar, e a gente vai resolver tudo, tudinho. Todas as dores, todos os problemas, um por um. E se o machucado for muito grande, eu vou dar muitos, muitos, muitos beijinhos mesmo, até sarar uma hora. Deve funcionar, né, Minnie?
— Uhum... — concordei com dificuldade, as lágrimas voltando a surgir dos meus olhos, porque Jungkook era precioso demais. Me entendia demais. E, mesmo entendendo tanto, ainda queria me conhecer.
Então não se desculpe, Minnie... Não chore, Minnie. Não quero mais desculpas. Quero acordar amanhã antes de você e olhar seu rosto dormindo... Aproveitar e tirar as remelas do meu olho pra você achar que eu sou lindo e perfeito quando eu acordo... onde será que minha mãe botou o enxaguante bucal que eu comprei? Agora eu não sei...
Você me beija com bafo, Minnie?
— É claro, Kookie. Muitas, e muitas vezes. Mas pode ser selinho, né?
Então você vai acordar, e a gente vai dar uns selinhos... com bafo. Juro que depois eu descubro onde foi parar o enxaguante bucal. E aí a gente... Nossa! A gente não tem mais aula, o que fazemos?
— O mesmo que sempre fazemos nas férias, Kookie...
Ah, é mesmo... a gente vai sair pra tomar picolé. E aí a gente vai voltar pra cá pra ajudar meu pai a fazer o almoço. Aí de tarde eu queria pintar mais uma coisa na minha parede, você quer assistir?
— Quero muito, Kookie... Demais... Eu amo quando você pinta. O que você vai pintar?
— Segredo! — ele tentou falar.
Nuvens. Sua mente respondeu. Saco... Mas você já deveria ter previsto, Minnie, eu sempre pinto você... Coisas que você me faz sentir.
— Por que você não se pinta também? Você é tão lindo, Kookie... Merece um lugar na sua parede... — perguntei, amando o jeito que Jungkook quase ronronava, afundado em meu peito e em meu cafuné. Ele realmente gostava muito daquilo, mesmo depois de tantos anos.
Mas o que me representaria?
— Você é minha flor... minha flor bucólica... — sugeri baixinho, envergonhado. Eu nunca tinha participado do processo criativo das pinturas de Jungkook antes.
— Você é péssimo pra nome e apelido, Minnie! — resmungou. — A sua forma de me representar é o mesmo nome do nosso cachorro?
— Puta merda, é mesmo! — Minhas bochechas coraram, me sentindo mal com aquilo. — Desculpa...
— Não precisa se desculpar, Minnie, eu tô só brincando...
— Vamos ter que ter outro nome pro nosso cachorro então. Tem algum nome que você goste?
— Pode ser Sr. Nuvem.
— Pensei que as nuvens me representavam...
Ih... Verdade. Acho que eu simplesmente só consigo pensar em coisas relacionadas a você, ainda mais hoje.
— Entendo o sentimento, Kookie... — murmurei, ficando em silêncio logo depois enquanto sorria. — Mas você realmente é minha flor bucólica...
Ah... Que vergonha...
— O quê?
Me pintar. Eu, sabe? Sempre pintei as coisas ao meu redor, principalmente você.
— Mas você faz parte de mim, Kookie... Não tem como uma pintura sobre mim estar completa sem carregar você.
— Boiola... — resmungou, completamente envergonhado.
Te amo tanto, Minnie, tanto, tanto... Eu quero pintar a flor... quero me pintar. É sério mesmo? Você me carrega tanto com você?
— Pensei que já soubesse, passou a noite inteira sorrindo convencido porque eu sou tão boiola quanto você... Não só uma noite, né... passamos a vida inteira juntos, como eu não carregaria?
É mesmo é só que... Nossa. É muita coisa... agora que a gente deitou, não sei explicar, Minnie... Parte de mim acha que vai dormir e quando acordar, o sonho vai ter acabado. E a outra parte sabe que é real, Minnie.
Na verdade... Eu tenho certeza que é real, porque eu fiz uma promessa comigo mesmo que eu estaria ao seu lado pra te ajudar, pra não te deixar sozinho. Eu carrego essa promessa como uma prova de realidade, porque independentemente se eu acordar e tudo parecer ter sido sonho, agora eu sei que você precisa de ajuda, Minnie. E desse jeito você nunca mais vai estar sozinho de novo, seja sonho ou realidade.
— Kookie... eu te amo tanto.
Eu sei, eu sou o amor da sua vida, né?
— É, sim. O amor da minha vida, minha flor, meu príncipe... — murmurei baixinho. — Se você já é tanta coisa minha e a gente só se beijou hoje... mesmo sendo ruim nisso, imagina a quantidade de apelidos que eu ainda não vou te dar?
— Tô na expectativa, Minnie... Mas você gosta mesmo é de falar que eu sou terrível.
Te amo.
— Nós somos... — Ri baixinho com aquele novo jeito que ele tinha de misturar as confissões de sua mente com a teimosia de sua fala. — Quero falar mais da nossa realidade...
Realidade?
— De amanhã... porque não é sonho — afirmei, talvez mais pra mim do que pro Jungkook, mas nós dois compartilhamos uma paz cheia de expectativas com aquilo. Era sempre gostoso lembrar que aquilo deixou de ser o fim, e virou nosso começo.
Ah... Sim, sim... Eu gosto muito de ouvir você planejando as coisas junto comigo, aí não parece que só eu sou boiola idiota.
— Você vai se pintar na parede... e aí a gente vai ter que sair do quarto, porque o cheiro da tinta é forte e sua rinite ataca.
Oh, a maldição do artista com rinite! Ter crise alérgica tentando fazer a própria arte...
— Dramático... A gente pode pegar um sol no seu quintal... ou talvez visitar o campus da universidade, pra decidir em qual cantina a gente vai comer.
Na que tem espetinho... é óbvio.
— Eu sei, mas a gente tem que achar qual é a cantina, né? Já tenho pena dela, vai ser a próxima vítima dos revolucionários alimentícios.
Não fala alto! Assim o FBI vai ouvir e aí não vai dar pra eu contar uma coisa muito, muito importante pros meus netos.
— O quê?
Vou ter 70 anos, cheio de netinhos destruindo minha casa, correndo de um lado pro outro. Mas aí eu vou chamar eles pra contar a mesma coisa pela milésima vez, né, porque eu vou ser idoso e eu com certeza vou ser o tipo de idoso que se repete.
— O amor da minha vida, a minha flor, meu príncipe encantado e meu idoso contador de histórias... Realmente não tá sendo difícil criar mais apelidos pra você, Kookie... — Ouvi ele gargalhar baixinho contra meu peito. Feliz, feliz.
E aí os netos vão ficar putos da vida! "De novo, vô?" E aí eu vou falar "é claro! Para de reclamar, porque vocês têm que saber que a melhor decisão da minha vida foi convidar o vô Minnie para o baile!". Sem arrependimento nenhum, Minnie, sem arrependimento nenhum!
— É assim que os nossos netos vão ser treinados pra dominação mundial? — Brinquei, mas voltei a chorar, sendo abraçado com mais força pelo Jungkook.
Óbvio, tenho que fazer tudo direitinho.
Sem arrependimento nenhum... Aquilo me engoliu como se o oceano na parede de Jungkook tivesse desaguado em cima de mim, mas tudo que pude fazer era sorrir com a onda de alívio.
Porque o maior arrependimento da minha vida, o de ter aceitado aquele convite, não existia mais. Era bobo, cruel, e nem eu e nem Jungkook merecíamos ele. E agora, sem aquele arrependimento, eu poderia casar, depois namorar e, finalmente, cobrar aquele salgado que Jungkook prometeu, porque a gente tinha se beijado.
»💭«
Gente, eu tô um poço de tristeza... De verdade. Sempre dói muito me despedir de uma fanfic, principalmente uma que foi tão intensa pra mim. Bem, vamos aos poucos!
Primeiramente, espero que tenham gostado não só do capítulo quanto da história! Qual foi a cena desse cap que você mais gostou? E qual é o seu detalhe favorito da fanfic? Acho que o meu favorito desse capítulo é eles refazendo tudo que queriam fazer, mas não puderam mais antes, especialmente a fotinha do book de casamento. Da fanfic, acho que a espontaneidade dela. Toda a história veio de uma forma muito natural e acho que consegui passar isso também na escrita e não costumo ficar tão satisfeita assim kkkkk. NLM é realmente meu orgulho!
Então, muito, muito obrigada por participarem dessa pequena (mas intensa) jornada comigo! Se tiver sido uma fraçãozinha do quão gostoso e recompensador foi pra mim, pra vocês, eu já estou mais do que satisfeita! Muito obrigada mesmo por ter lido! Surtem comigo aqui nos comentários ou no #ConvidaProBaile lá no twitter pra gente se afogar na tristeza juntos kkkkkkk
Também gostaria de aproveitar e fazer um pedido! E ele é que, se você gostou, recomende NLM para outras pessoas! Estava pensando muito em transformá-la em um livrinho em algum dia, então vou tentar divulgar e conseguir mais leitores pra ela, e se vocês puderem ajudar, eu ficaria super super feliz! (Mas fiquem calmos que não é nada confirmado, tá? Só quero criar as condições para que seja possível em um momento oportuno)
Bem, NLM acaba por aqui, mas quem me acompanha sabe que eu não só já tenho muuuuuitas fanfics, como toda hora tô postando novas filhinhas, sempre com organização, frequência e muito carinho e adoraria vê-los nas minhas outras filhas (inclusive um beijo ainda maior pra quem já faz isso, porque eu sei que tem!). Me sigam aqui no wattpad e também no twitter (@callmeikus) que eu falo bastante das minhas fics! Também estou no spirit e no ao3 como "ikus".
E falando de postar novas filhinhas, hoje (15/01/21) às 19:00 vai sair o primeiro capítulo de Uma Suposta Facção de Balé, minha nova colegial com o Jimin kitty gang e o Jungkook menino tímido da escola que tem uma paixão oculta por balé, pra acalmar meu coração com o final de NLM e virar a nova postagem quinzenal das sextas! Adoraria ver vocês por lá! Hihi
Pronto, desculpa a prolixidade, mas é que eu não consigo finalizar uma fific sem lançar o textão junto kkkkkkkk eu fico muito triste e preciso extravasar!
Beijinhos de luz e até outro dia e outra fanfic, minha florzinha!
Com amor,
Mel
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