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NÃO EXISTE CONVERSA COM ASSASSINO!


Capítulo 1 

"Não fui eu".

Era tudo o que programei para falar. Não apenas eu, mas todos os que estavam presentes no incêndio de uma das empresas mais conhecidas da Capital Florence, que fica bem próxima à Porto Seguro.

O investigador, ou detetive encarregado do caso estava em desespero, e eu via no seu olhar a vontade de arrancar de mim uma confissão. Foi ele quem me visitou no hospital assim que abri os olhos. Foi dele que ouvi o primeiro "como está se sentido?" Foi do investigador Thomas, a quem ousam pedir que me faça confessar um crime que não cometi.

— Aline, eu sei que essa não é uma das melhores conversas das quais já participou, acredite, embora esse seja o meu trabalho, também não é o meu tipo de conversa preferido. Mas eu preciso que me diga algo diferente, algo que me dê um motivo para não encerrar o caso e deixar sua amiga enterrada como vítima de acidente, e não de homicídio, que você sabe que foi um.

Eu sei? O que eu sei frente ao que todos sabem por aqui? Florence é um lugar estranho, estranho o suficiente para fazer todo o resto que acontece parecer fichinha. Até duas semanas atrás eu era a pessoa mais ignorada dessa cidade hipócrita, e hoje a polícia depende de mim para confirmar suas suspeitas de que o incêndio não foi acidental? Vão todos se ferrar. Se depender de mim...

— Eu estava cansada, com sono, faltavam apenas 20 minutos para que eu pudesse deslogar. Tirei uma pausa para encher a garrafa d'água, fiquei 1 minuto trocando ideia com uma menina que estava próxima da porta de saída.

— Mas o que aconteceu antes das chamas? O que você lembra de momentos antes do alarme de incêndio disparar? — Questionou o investigador.

— Eu não sei, só lembro de ter disparado, e a porta ter sido aberta pelas chamas. Depois disso apenas correria, pessoas caindo por cima de outras pessoas... Eu só queria não pegar fogo com o lugar, era a única coisa que me importava naquele momento.

Ele não acreditava em mim. Como eu disse, queria uma confissão. Alguém para jogar a culpa e sair por bonzinho nessa história, que nem o pertence. Não sei o porquê da polícia querer se envolver em assuntos que se resolvem exatamente aonde começou, e com quem começou.

— Você sabe que não podemos te proteger se não entrar como testemunha, não sabe? — Pergunta Thomas.

Eu sei que esse é um caminho sem volta. Mas, o que posso fazer? Se eu ficar no barco afundo junto com ele. E se eu pular...

— Os peixes mordem, investigador.

A minha única saída é ficar calada. E ficar calada afirmando o tempo todo: NÃO FUI EU.

***

— Como foi com a polícia? — Indaga Freddy.

Eu sou escoltada quando saio hoje em dia. O Freddy, meu irmão mais velho, não larga mais do meu pé, e eu sei que tudo isso é por culpa da enxerida da Kelly, noiva dele. Desde o acontecido ela diz que não poso ficar longe de olhares, como se eu fosse uma prisioneira, e não vítima.

— Exatamente como você imagina que é! Perguntas, acusações, querem apenas que eu dê um motivo para me jogarem numa cela. — Respondi retirando uma pastilha do bolso do casaco verde.

— E você deu? — Pergunta o irmão.

— Claro, até porque programei minha vida para uma prisão aos 18 anos. Que pergunta estúpida, Freddy. Você também acha que eu fiz merda, não é? — Diz a jovem furiosa.

— Eu só queria que fosse mais franca comigo, até porque só estou tentando entender como um incêndio na empresa em que trabalhava colocou você em uma linha de investigação.

Entender o que acontece dentro do trabalho das pessoas nunca é uma boa aposta. O melhor é não saber o que se passa com o outro, porque depois que se sabe é melhor ficar calado.

— Não é o seu trabalho! Só fica fora disso, bem como eu gostaria de estar.

— É difícil conversar com você, sinceramente... Não queria precisar ficar responsável por uma garota tão mimada e cheia de si.

Que lindo! Um desabafo de irmão às 8h00min da manhã após uma conversa com um investigador, como o meu dia poderia melhorar?

— Olha, Freddy, só precisa me levar para a Universidade, me buscar, me deixar em casa, não precisa agir como se gostasse de mim. Não quando estamos sozinhos, tá? Agora eu tenho que ir.

Ah, tem a outra parte do meu dia. Ir à Universidade agora é sinônimo de ir ao corredor em construção. Estão abrindo novas salas para umas turmas de história, e como esse espaço ainda está em construção, é um ótimo lugar para reunião de amigos.

***

— Eles já sabem... DROGA! — Exclama um dos meninos presentes na sala.

A reunião era entre "os envolvidos" e eu. Envolvidos no incêndio, claro, porque, ultimamente, o único assunto pela cidade é esse.

— Cala a boca, Alex. — Diz Cássia.

— Precisamos sair do foco, a casa está caindo por cima de nossas cabeças. — Responde Natália.

Só para deixar claro: Alex, Cássia e Natália eram meus colegas de trabalho. Na verdade, eram as pessoas com as quais eu mais convivia por lá. Eles estavam presentes no incêndio que matou Mariana Duarte, minha amiga de longas datas. E é por isso que estou metida nessa furada. Minha amiga sangrou em meus braços até morrer.

— O que você disse, Aline? — Questiona Alex.

— O que vocês queriam que eu dissesse? Que não fui eu, claro. Eu não tive nenhum tipo de envolvimento na morte da minha amiga.

— Nossa! Que novidade! — Responde Rebeca, que chegou atrasada na reunião.

Rebeca Mizacky é filha do Antônio Cordeiro Mizacky, atual comandante das forças armadas, um homem de nome aqui em Florence, e também nas demais regiões.

— O que vocês queriam que eu dissesse? Queriam que eu falasse o que estava mesmo rolando antes do incêndio?

O Alex é meio incontrolável quando as coisas fogem do seu controle. Nós já tivemos algumas desavenças, mas nada tão grave a ponto dele socar minha cara, que foi exatamente o que fez no dia que recebi auta do hospital São Valencia.

— Eles vão descobrir de qualquer jeito. O Marcos não atende minhas ligações, não tem assistido às aulas desde o mês passado. Ele vai nos entregar... — Exclama Cássia.

Marcos Victor Valentim, nada mais nada menos do que o filho do irmão do investigador Thomas. É muito suspeito interrogar um parente? Talvez nem precise de tanto para arrancar uma confissão.

— Estamos na linha de frente, no meio do fogo cruzado. Precisamos sair do foco! — Exclama, mais uma vez, Natália.

— E o que você sugere, Natália? Ficar calado até quando? Até o túmulo ser fechado com cada um de nós? Porque isso vai acontecer uma hora ou outra, e vocês sabem disso. — Diz Cássia um tanto nervosa.

O que vocês estão vendo aqui é apenas um pouco do que nossas vidas se tornou após uma grave acusação de assédio no ambiente de trabalho. Tudo o que se sucedeu foi consequência de quem abriu a boca no momento em que não deveria ter aberto, ou da forma que não deveria ter aberto.

— Eu só quero que tudo isso acabe!

Nem que para isso alguém precise assumir a culpa. Só precisa acabar. Eu não tenho mais psicológico para carregar essa história.

— Parece que temos um objetivo em comum então. Próximo passo: solução. — Diz Rebeca, que gostava de ser irônica quase todas as vezes.

Não existe solução para crime que não foi considerado como tal ainda. Existem perguntas por cima de perguntas, e um bocado de gente com olhar suspeito e amedrontado, como se pode observar na presente sala.

— Precisamos encontrar o Marcos, antes que a polícia encontre. E eles não vão demorar, viu? O Thomas vai colar no irmão até descobrir o paradeiro do sobrinho. — Exclama Alex.

Todo mundo acha que o Marcos é a ponta fraca na história, mas não sabem de nada. O único entre todos os presentes que não se envolveu diretamente no caso foi ele, e ele está sendo caçado apenas por ter presenciado o que não deveria ter presenciado. Se tem alguém que não deve e que pode falar com consciência livre, esse alguém é o Marcos. Mas se ele está fugindo é apenas por saber que, mesmo sendo inocente, se ele abrir a boca todos nós podemos ser indiciados. Ele é mais forte do que parece, e do que pensam.

— Deixa ele descobrir, se o Marcos abrir a boca tudo isso acaba.

— Você é uma idiota, Aline. Uma completa idiota. Se o cara com quem você transava abrir a boca, estamos mortos. A conversa com a polícia vai ser o menor dos nossos problemas. — Responde Rebeca com certa ignorância. — Aliás, você deveria saber o paradeiro do seu homem, não é? Que estranho! Ele te deixou assim, no meio do fogo cruzado sem nenhum tipo de segurança? Que cavalheirismo! Aplausos para ele.

— Se você não calar a boca eu juro que vou socar a sua cara até me algemarem e me levarem presa para eu não conseguir mais te agredir...

— Então vem, santinha, revela quem você é de verdade. Vem, vadia, faz isso, que vai ser a última coisa que vai fazer na sua vida...

— MENINAS! CONTROLEM-SE, ESTÃO CHAMANDO A ATENÇÃO QUE NÃO PRECISAMOS NO MOMENTO. — Grita Alex.

A Rebeca consegue me tirar do sério de um jeito que só ela sabe como faz. Ela teve um caso com o Marcos antes de eu ser migrada para o setor em que trabalhavam juntos. Todos comentavam que ela era a garota dele. Não sei o que mudou, na verdade, com a minha presença muitos outros boatos começaram a circular. Começamos nossa relação com o pé esquerdo, e parece que a tendência é continuarmos com esse pé atrás uma com a outra.

— Eu prometo que não irei abrir a minha boca, e podem me torturar o quanto quiserem, NÃO FIZ NADA, não podem me acusar do que não fiz.

Disse, e em seguida me retirei da sala. Eu sei que, no fundo, também me acham uma inimiga. E eu sei que, se pudessem jogar alguém diretamente dentro do fogo, esse alguém seria eu.

Eu sei que protegê-los é um risco, mas risco maior eu corro não tendo ninguém por mim nessa história, nem mesmo o meu irmão. A única pessoa em quem eu confiava morreu nos meus braços. E desde aquela terrível noite os pesadelos não me deixam dormir por mais de 3 horas seguidas.

Toda noite é a mesma agonia. Os mesmos pesadelos. As mesmas vozes. Os mesmos rostos. O mesmo fim trágico que eu não quero para minha vida. Eu não quero acabar punida apenas por defender alguém. Eu queria confiar o suficiente na justiça. O suficiente a ponto de não me achar prisioneira da única verdade nessa história toda.

***

Acordar no meio da noite como se alguém a tivesse sufocando é sempre um evento para não se esquecer. Eu sinto as mãos na minha garganta, o fôlego fugindo de mim enquanto olho nos olhos da pessoa que quer me ver em um túmulo.

O Freddy está dormindo na casa da noiva, ele diz que não me aguenta mais gritando, chorando no meio da madrugada. Ele não está errado, precisa dormir, trabalhar cedo, ninguém merece conviver com alguém tão problemática. Nem eu queria conviver comigo mesma. Mas, o que posso fazer?

Levanto, caminho pela casa, tomo um vento pela janela da sala, bebo um pouco de água. Às vezes ligo a TV e fico assistindo na sala. Dou sorte quando pego no sono por lá e só acordo na manhã seguinte, é um sinal de que os remédios fizeram efeito. Dentro do que tem sido minha rotina eu tenho certo controle e certeza do que vai acontecer no dia seguinte.

Mas, na mesma madrugada é estranho quando algo muda o que estaria programado para o resto dela. E alguém bateu na porta do meu apartamento às exatas 03h15min da madrugada. E eu só queria saber aonde o Freddy guarda a arma que tem. Já não seria normal alguém bater em minha porta durante o dia, imagina durante a madrugada.

É estranho, ainda mais quando se sabe que é alvo fácil.

— "Freddy?"

O Freddy bebe quando briga com a noiva, e já aconteceu dele chegar no meio da madrugada caindo de bêbado após discutir com ela.

— "Não, é o Marcos", — exclama a voz do outro lado da porta.

O Marcos? O justo Marcos do qual nunca mais ouvimos falar, ou vimos pela cidade. Ele está batendo na minha porta, e eu estou com uma estranha sensação de que as coisas não estão muito certas. Não me refiro a tudo o que está acontecendo, falo, mais especificamente, desse momento. Do momento em que não sei mais se é confiável abrir a porta para alguém com quem eu mais estivesse meses atrás.

— "Tudo bem, tudo bem, Aline, é só o Marcos, não tem problema..."

Eu estava tentando me convencer de que abrir a porta seria uma boa opção.

— "Só um minuto, Marcos, vou botar uma roupa".

Na verdade, eu não me importaria do Marcos me vê apenas de calcinha, mas eu estava receosa. Então, passei na cozinha e peguei uma faca. A segurei com a mão que ficarão atrás da porta quando eu a abrisse.

— Oi, — disse ao abrir a porta.

O Marcos estava exatamente como me lembro dele. O cabelo molhado escorria pelo rosto misturando-se com a água, parecia estar vindo correndo no meio de uma tempestade, o que era bem verdade. A jaqueta preta estava encharcada. Na verdade, ele estava completamente molhado e ofegante. Não me deixou falar muito, apenas entrou no meu apartamento sem dizer mais nada.

— Ei, calma, o que foi?

Não queria que ele achasse que estava com medo de sua companhia, embora eu estivesse, mas não apenas da dele. Todos pareciam suspeitos para mim, até o homem a quem compro leito todos os dias. Quando se está em linha de guerra qualquer simplesmente movimento vai parecer um golpe.

— O Leny está morto. — Diz o rapaz com um olhar sério.

Por essa eu, realmente, não esperava.

— O q... qu... que? — Gaguejei.

— Isso mesmo que ouviu. O meu tio ligou para o meu pai, que ligou para minha mãe, que me informou. O Leny está morto, isso quer dizer que...

Que, teoricamente, a única pessoa que podia nos acusar de algo estava debaixo da terra. Tudo terminando de um jeito que eu não podia prever ou esperar.

— Não é possível, Marcos. Não faz sentido...

Não faz sentido, porque não fazia nem 30 minutos que eu havia recebido um SMS ameaçador do número do Leny.

— Eu não estou entendendo mais nada. Se o Leny está morto, e não parece ter sido morto hoje, pois o corpo foi achado em um estado deplorável, quem está nos ameaçando? Eu não aguento mais fugir, Aline, eu não consigo mais fugir, o meu tio está na minha cola...

Marcos estava desesperado, mas quem não estaria em seu lugar? Um completo inocente que foi lançado no meio disso pela pessoa com quem compartilhou momentos íntimos. Nisso eu assumo completamente minha parcela de culpa.

— Calma, vem cá...

Eu não queria vê-lo no meio desse tumulto. Queria que estivesse de fora de toda essa maldita história. Mas agora já é tarde para querer tirar o corpo de banda, como se diz por aqui.

— Eu tenho medo do que pode acontecer... — Respira fundo. — Tenho medo do que pode acontecer com você, Aline. Eu não quero que...

— Não fala nada. Eu sei que pode não parecer, mas eu vou dar um jeito de tirar você dessa.

Nem que para isso eu precise abrir demais a boca. E é claro que isso pode trazer consequências ainda maiores. Mas quando se está no meio de uma guerra, o amor precisa sair intacto. E, embora eu nunca tenha revelado isso, estou completamente, perdidamente, apaixonada por esse garoto estúpido parado na minha frente, com esse cabelo meio de lado, com uma cara de assustado, com um corpo pedindo aconchego.

— Eu não quero perder você, Aline. Você é importante demais para mim, e eu só quero te tirar dessa e sair de toda essa loucura. Preciso de você.

Nos abraçamos, e não aconteceu diferente do que costumava acontecer quando nossos corpos se tocavam. Em um momento eufórico no meio de toda essa confusão, achamos um momento de entrega. Pude, ainda que por apenas algumas horas, sentir as mãos do Marcos percorrendo todo o meu corpo, que estremecia ao sentir o toque, aquele calor que tomava o meu corpo, e que vinha do seu. Foram momentos que ficaram marcados, até porque do dia de amanhã nós não sabemos...


Ou sabemos? 

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