Rato
Eu conheci Elias Barbosa há uns três anos atrás, quando tinha acabado de me mudar para Goiânia por conta de um novo emprego.
Ele era charmoso. Bem vestido. Frequentava os melhores bares da cidade e parecia ser amigo de todo mundo. Me pagou algumas bebidas na noite em que nos conhecemos. Descobri que gostávamos dos mesmos cantores de sertanejo e tínhamos o sonho de visitar os mesmos países. Nos demos bem logo de cara.
Eu estava tão envolvida pelos seus olhos azuis cheios de carisma que, quando me dei conta, já estávamos namorando em menos de um mês. Em menos de seis meses, decidimos morar juntos.
Elias Barbosa era filho de fazendeiro. Seu pai havia morrido há um ano, portanto ele tomava conta das terras da família. Era o tipo de cara que nunca deixava faltar nada em casa, mas, em compensação, viajava com frequência e trabalhava até tarde quase todos os dias.
Eu não ligava. Afinal, estava apaixonada. Então esperava pelo meu homem todas as noites. Como agrado, e para mostrar o meu amor, sempre lhe preparava um drink. Uma pequena surpresa para meu querido Elias tomar e relaxar, depois de um exaustivo dia de trabalho.
Agora, veja bem, eu ganhava bem. Não precisava da ajuda financeira de Elias para sobreviver e adorava meu trabalho. Eu era jornalista no principal jornal da cidade e cobria matérias interessantes e importantes. Só que, de alguma forma, Elias conseguiu me convencer a sair do emprego. Era para começarmos logo uma família, ele dizia.
Eu saí e fiquei em casa. Continuava a lhe preparar um drink todas as noites. Estávamos tentando engravidar.
Até que um dia ele não chegou no horário combinado e não atendeu ao celular. Não tive outra opção a não ser ir atrás daquele rato.
Imagine minha surpresa quando o vi com outra mulher.
Não fiz nada na hora. Apenas observei, enfurecida.
Depois disso, comecei a segui-lo, sempre tratando-o com carinho dentro de casa. Estudei um pouco de teatro no colégio, por isso minha atuação era impecável. Elias não percebeu.
Porém, eu descobri a verdade. Aquele rato não estava me traindo só com uma mulher, mas com seis. Dessas seis, ele namorava oficialmente com outras duas e era casado no civil com outra. Estava nos enganando, a todas nós. E ainda dizia querer construir uma família comigo! Vê se pode.
Então, tive que dar um jeito na situação.
Naquela noite, quando ele chegou em casa, lhe preparei um drink. O de sempre. Entreguei o copo para ele, que estranhou o fato de eu ter ficado na sala para vê-lo beber. Mas eu não ia perder o show.
Te digo uma coisa: não é bonito ver um rato morrendo por ter ingerido veneno.
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