Quando decidi estudar psicologia, eu só pensava em trabalhar em algum lugar onde eu realmente pudesse fazer a diferença.

Claro que, com o passar do tempo, fui descobrindo que a vida não é tão simples assim. Não podemos acreditar que mudar o mundo é fácil dessa forma.

No entanto, quando comecei a trabalhar na penitenciária feminina de Tremembé, aquela centelha de esperança de poder tornar o mundo um lugar melhor se reacendeu.

Nem preciso dizer que não fui muito útil.

Quer dizer, é claro que consegui ajudar algumas das mulheres, mas, nos anos que fiquei lá, descobri que, em muitos dos casos, as acusadas não acreditavam que seu julgamento fora totalmente justo. Pelo contrário: muitas cometerem crimes de homicídio e estavam convencidas de que não foram as culpadas.

Achei esse um fenômeno interessante. Por isso, decidi fazer sessões de entrevistas com essas mulheres, escutando sua versão dos fatos para entender porque pensavam assim.

Felizmente, consegui gravar a maioria das conversas. E hoje, quase vinte anos depois, posso compartilhar com você a versão das assassinas.

Agora, caberá a você julgar se elas estavam realmente erradas ou não.

Prazer, meu nome é Valéria Hofstetter, psicóloga e jornalista, e estou aqui para mostrar o outro lado da história.