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Parado em frente a sua escola, Eduardo olhava para o portão que acabara de fechar. Ofegante, com gotas de suor escorrendo pelo corpo, seus cabelos despenteado e com cara de sono, em nada estava apresentável para quem o observava. Ele esfregou a nuca e deu um longo suspiro frustrado. Depois de correr pelas ruas feito um louco para chegar a tempo, percebeu que seu esforço tinha sido em vão.
O dia estava apenas começando, ele não imaginava o que lhe aguardava.
O relógio marcava 7h45 quando ele acordou, sendo mais tarde que o costume, ele teria que estar na escola em quinze minutos. Então, a correria começou. Vestiu a primeira roupa que encontrou, rasgou a meia quando colocou no pé com toda pressa. Para completar o visual, não penteou o cabelo e foi correndo para a cozinha, a fim de pelo menos tomar café da manhã.
Encontrou sua mãe que o aguardava com as mãos na cintura, com a cara de poucos amigos.
Ele sentou para comer e seu estômago roncou no momento que seus olhos castanhos fitaram uma bandeja cheia de pão de queijo, seus preferidos. Antes que ele iniciasse seu desjejum, sua mãe começou a falar:
– Essas são horas de acordar, mocinho? Não ouviu quando te chamei? Seu pai está impaciente te esperando.
– Desculpe, eu já vou! – Edu disse e não saiu do lugar. Estendeu a mão para pegar um pãozinho, mas ganhou um tapa na mão fazendo o lanche cair de volta à bandeja.
– Agora! – Sua mãe ordenou.
Ele saiu correndo, levando alguns pães de queijo consigo. Seu pai estava encostado no carro com olhar irritado.
– Entra logo!
Ele obedeceu. Não era comum de Eduardo acordar tarde ou se atrasar para qualquer compromisso, essa teria sido exceção, o motivo foi que seus amigos o convidaram para um jogo de vídeo game online, por isso, ele virou a noite jogando. Ele sabia que tinha agido errado, e como consequência estava atrasado.
Ele olhou no relógio confirmando suas suspeitas, se seu pai corresse talvez chegaria a tempo de entrar no segundo horário.
– Pai, pode acelerar? Estou atrasado, o portão vai fechar daqui a dez minutos.
– Pensasse nisso antes e teria acordado mais cedo. Eu também tenho trabalho sabia? Não posso me atrasar.
Eduardo se sentia culpado por deixar seu pai irritado.
– Desculpe, pai. Prometo acordar no horário nas próximas vezes, pode ter certeza.
Com isso, seu pai aumentou a velocidade do veículo. Eduardo pegou o celular e antes de ligar a tela, viu seu reflexo no espelho do aparelho, levou um susto. Seu cabelo castanho estava uma bagunça, seu semblante estava péssimo. Ele penteou seus fios rebeldes com os dedos, ajeitou as roupas amassadas. Se sentiu mais apresentável.
Um barulho estranho vindo do motor fez com que o veículo parasse.
– Que lástima! Morreu! – O pai dele bateu no volante irritado. – Edu, você tem que continuar a pé. Vá logo!
O rapaz pulou do carro e, sem se dar conta, estava correndo como se sua vida dependesse disso.
Chegou na frente da escola quase sem folego, o portão estava fechando.
– Não! Espere, não fecha. – Ele gritou e correu para tentar entrar. – Por favor!
– Desculpe rapaz, passou da hora – disse o inspetor.
Ele ainda olhava para o portão, como se a qualquer momento ele pudesse se abrir. Eduardo parecia desolado, não queria perder a aula. Havia prometido a si mesmo que daria o seu melhor, queria ser o orgulho de seus pais, isso incluía chegar no horário.
Ele era considerado o melhor aluno do ensino médio de sua escola, sempre tirava boas notas, já havia ganhado prêmios de competições estudantis, e certamente tinha uma bolsa de estudos garantida.
Respirou fundo e olhou para o céu, que naquele dia estava esplêndido, de um limpo azul. O sol brilhava alegre o saudando com seus raios, isso fez com que sua frustração evaporasse.
"Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus."
Ele citou esse versículo em sua mente, lembrando que o Senhor estava no controle tudo.
Não adianta ficar me lamentando pelo que não posso mudar. O jeito é ir embora.
Ele ainda olhava para o céu quando algo lhe chamou atenção. Uma jovem estava pulando o muro da escola.
Ele a reconheceu, Brenda.
A garota estilo roqueira, com cabelos castanhos e mechas coloridas, as vezes ela pintava de roxo, azul, verde de acordo com seu estado de espírito, ele supôs. Conhecida por cabular aula e se envolver em confusões.
Certa vez ela havia aprontado com alguns colegas uma onda de pichação no muro da escola. Passaram semanas na investigação de quem teria sido o culpado. A diretora logo descobriu que era Brenda e seus comparsas.
– O que está olhando? Perdeu alguma coisa aqui? – Brenda questionou com olhar intimidador.
– Não, não, eu estava...
– Ah, entendi. Quem diria, Eduardo, o nerd, matando aula.
Ele se aproximou com a necessidade de se explicar.
– Olha, eu cheguei atrasado e não me permitiram entrar. São as regras.
– Eu sei, não me dou bem com as regras. Então, o que você acha de fazermos algo divertido? Vamos cabular aulas juntos?
Ele olhou para ela desconfiado, não queria se envolver em problemas.
Já até imaginava seus pais sendo chamados na direção por causa de seu envolvimento com Brenda.
Garota problema.
– Não, não vou a lugar nenhum com você.
– Ah, não? Hum. Agora eu acredito no que falaram sobre você.
– O que falaram sobre mim? – ele perguntou sem querer demonstrar curiosidade.
Ela fez suspense e sorriu.
– Disseram que você é medroso e frangote.
Eduardo sabia do porquê dele ser considerado assim. Seus colegas viviam o desafiando e às vezes ele caia na pilha deles, para não ser considerado frangote, aceitava os desafios. Com o tempo as apostas estavam passando dos limites, indo contra os seus princípios. Ele decidiu dizer não às investidas dos colegas mal-intencionados.
Só que naquele momento ele se incomodou em ouvir o desafio vindo da boca de Brenda.
– Eu não sou medroso!
– Então prove. Vamos!
Os dois trocaram olhares desafiadores. Eduardo havia perdido a hora mesmo, o que ele poderia perder se aceitasse o convite de Brenda?
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