Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

XIX - Rotas


Mike, Brad e Chester aguardavam pela designação da porta de embarque no aeroporto JFK na imensa sala de espera. O espaço encontrava-se apetrechado com cadeiras pouco confortáveis e ecrãs suspensos onde passava publicidade e reposição de programas antigos em canais de televisão. Havia ainda uma ala com lojas onde se vendiam jornais, revistas, lanches, comida rápida, as últimas lembranças para levar para a família ou entes queridos. Noutros monitores, mais circunspetos, listavam-se os voos, as respetivas portas, as chamadas, se estavam atrasados ou se os aviões já teriam partido. Dos altifalantes surgia amiúde uma voz suave feminina a dar as indicações aos passageiros sobre os voos para os quais se procedia ao embarque naquele momento. A movimentação das pessoas era imparável e o burburinho que faziam a conversar impregnava o ambiente de um zumbido constante.

Naquele início de setembro, iriam, finalmente, voltar para Los Angeles depois da aventura em Nova Iorque que não tivera nenhum resultado assinalável. Tinham sido recebidos pelo executivo júnior da Warner, o tal de Patterson, no final do dia anterior. A reunião fora amigável, embora vazia. Nenhuma garantia, muitas promessas, ficaram até com a impressão de que Patterson desconhecia a sua música, mesmo que tivesse afirmado diversas vezes que gostava bastante do som que produziam, como resposta à pergunta insistente de Mike se tinha ouvido a cassete com os temas. Muitos apertos de mão, palmadas reconfortantes, sorrisos enormes. Votos de confiança no talento deles e no futuro, alguns minutos exasperantes de propaganda reles à grande companhia discográfica que era a Warner Bros. Records.

No jantar desse dia havia muita desilusão. Não tinham assinado o contrato como pretendiam e não tinham obtido uma resposta positiva que os fizesse regressar a casa com a tal confiança no talento e no futuro. Voltavam, literalmente, de mãos a abanar. Sem negócio feito e com menos dólares no bolso.

A experiência fora neutra, para não dizer totalmente negativa. Um desperdício de tempo, de dinheiro e de paciência. Se Brad ou Chester estavam aborrecidos, especialmente este último, não o deixavam transparecer. O seu comportamento era o mais natural possível e até chegavam a brincar como sempre o tinham feito, fazendo piadas sem graça e provocando-se com observações sarcásticas que resultavam em risadas.

Mike resolveu esquecer aqueles dias e concentrar-se no que podiam fazer dali por diante. Não ganhava nada em atinar-se apenas nos reveses e nas amarguras. Ainda tinham tempo, muito tempo pela frente... Teriam?

Pensou nos concertos agendados até novembro de 1999 no clube The Whisky, pelo que iriam recuperar o investimento perdido. Depois seriam as festas habituais de dezembro, um novo ano e era como uma folha em branco para escrever uma nova canção. E, esperava ele, assinalar os Linkin Park, em definitivo, na cena musical do país. Por enquanto remoía as incertezas e tentava transformar o ressentimento em combustível para se reerguer com mais tenacidade.

Brad sentava-se numa das cadeiras, de pernas esticadas, sonolento, de braços cruzados, de olhos mortiços e a cabecear mostrando-se mais cansado do que efetivamente estaria. De boné enfiado na cabeça, pala a fazer-lhe sombra no rosto, Chester sentava-se no chão, à frente de Brad, a ouvir o CD pirateado no seu discman. Mastigava uma pastilha elástica e também cabeceava, mas com mais vigor, a acompanhar o ritmo do tema dos Smashing Pumpkins chamado "Zero", reconhecível pelos acordes rasgados da guitarra elétrica que se filtravam através dos auscultadores. O nome da canção era irónico, dado que a banda Linkin Park tinha começado por se chamar Xero...

Mike vinha com três copos XL de plástico nas mãos, cheios com coca-cola, pisando com cuidado para não deixar aquilo cair. Tocou no braço de Chester com a sapatilha para lhe chamar a atenção. Ele olhou-o zangado, depois percebeu quem era e agarrou num copo, aliviando as mãos de Mike. Sorveu pela palhinha e continuou a abanar a cabeça. Brad abriu o olho esquerdo e aceitou o seu copo num estender de braço indolente. Pousou-o na perna. Mike ficou de pé a beber a sua coca-cola, a verificar o monitor com a indicação das portas de embarque, chupando a sua palhinha. O voo estava atrasado trinta minutos. Não era grave...

O seu telemóvel tocou numa série de apitos estridentes.

- Tens de mudar esse toque. Isso acorda um morto – observou Brad, levando finalmente o copo à boca. Destapou-o, retirando a tampa redonda transparente e bebeu diretamente, sem usar a palhinha.

- Não existem grandes escolhas. O teu toque também é uma bosta, Delson.

- Obrigadinho.

Mike levantou uma sobrancelha a conferir quem lhe ligava. Não era um número que constava dos seus contactos habituais, gravados no cartão de memória.

- Pensava que era o Joe... – murmurou.

- E não é o Joe?

- Não.

Chester parou de curtir a música, ao reparar que os dois estavam intrigados. Colocou os auscultadores no pescoço, carregou no botão do stop para parar a leitura do disco e perguntou:

- O que se passa?

Não podia evitar a chamada. Para além de amirado estava curioso. Podia ser a chamada que ele esperava e, então, Nova Iorque teria sido mesmo bastante generosa. Pensou na Warner, pensou no Patterson histérico a dizer-lhes para não se irem já embora que ele precisava de falar com eles, tinham um contrato para assinar. A companhia iria financiar-lhes os próximos dias na cidade, mais dois ou três dias... Num hotel de luxo como o Plaza. Todas essas coisas malucas lhe passaram pelo cérebro à velocidade da luz. Mike respirou fundo, enchendo-se de esperança. Carregou no botão verde do telemóvel, levou o aparelho à orelha e respondeu com alegria e descontração:

- Yeah, Shinoda deste lado.

- Porra, Shinoda! O que andas a armar em Nova Iorque?!

O grito foi audível por todos.

- Ei, quem é que grita mais alto do que eu? – brincou Chester.

- Ei, Blue... como vão as coisas?

- É o Blue?! – admirou-se Brad endireitando as costas.

Do outro lado da linha de comunicação ouviram-se mais berros e Mike fez um sinal aos dois companheiros. Afastou-se às arrecuas para poder atender a chamada num lugar mais reservado, embora fosse praticamente impossível naquela sala cheia de gente. O telemóvel zunia com os gritos do outro, Mike apertava a cana do nariz com dois dedos, gaguejando para tentar furar por entre o chorrilho de palavreado enquanto andava para lugar nenhum, querendo explicar-se. Só lhe saíam monossílabos.

- Porque motivo estará o Blue zangado? – indagou Chester, bebendo um pouco mais da sua coca-cola. Passou a pala do boné para trás.

Brad encolheu os ombros, a espreitar Mike que movimentava a mão esquerda para cima e para baixo, como que a pedir calma ao outro que devia continuar a berrar-lhe aos ouvidos.

- Talvez o Patterson tenha falado com o Blue...

- São concorrentes ou coisa parecida?

- O quê? Não, acho que não...

- Isso seria bom... Termos dois tipos a nos disputarem... Ui! Sinto-me desejado! – E Chester colou as costas da mão à testa, num trejeito dramático, esticando a boca como se fosse beijar alguém.

- És um idiota.

- Pois sou. Não te sentes desejado?

- Se fosse uma coisa boa, o Blue não estava aos berros.

Chester murchou.

- Pois. Se calhar...

Jeff Blue era um advogado que começou por trabalhar como jornalista para revistas musicais, como a Billboard ou a HITS. Tinha uma publicação própria, a Crossroads, para além de ser baterista, ator, produtor, agente musical e professor. Quando trabalhava numa etiqueta menor, a Zomba, descobrira a banda de Mike Shinoda, os Xero, através do guitarrista Brad Delson que tinha contratado como seu estagiário. Mais tarde tinha encontrado Chester Bennington, numa curta visita que fizera ao estado do Arizona, fazendo com que este entrasse para a banda, impressionado com as suas capacidades vocais que achara de grande valia para o projeto. Blue passara a administrar os Xero e fora ele que lhes mudara o nome para Hybrid Theory, nome que mudara ainda para Linkin Park por causa do domínio da Internet.

Eram de Blue todas as iniciativas oficiais para promover o grupo, pois Mike, Joe e Brad faziam-no de uma forma amadora. Eles contavam com uma pequena comissão a trabalhar no terreno, o primeiro grupo de fãs, que faziam uma divulgação de proximidade, nos campi universitários. As ações de Blue, revestidas do necessário profissionalismo, incluíam a promoção do EP gravado no início do ano e a apresentação da cassete áudio de demonstração com nove faixas. Andava a bater a todas as portas das empresas discográficas e tinha recebido dezenas de recusas. Blue afirmara-lhes, porém, que nunca os abandonaria e que só descansaria depois de lhes conseguir esse tão ambicionado contrato com uma grande editora. Ele nunca se tinha enganado, ele detetava o sucesso à distância, farejava o êxito a milhas e ele acreditava nos Linkin Park, mais do que acreditava no divino e de que a Terra girava em volta do Sol, costumava dizer.

Chester acabou com a sua coca-cola e pousou o copo de plástico no chão. Retirou a pastilha na boca e colou-a na tampa transparente. Voltou ao discman, tentando escolher uma música que lhe apetecesse ouvir naquele momento, mas desistiu ao ver que Brad se mostrava apreensivo. Enrolava a palhinha entre os dedos, a bebida continuava praticamente intocada no copo e fixava-se em Mike que naquela fase não dizia nada, apenas escutava e assentia com a cabeça, mão esquerda na cintura.

- Ei, Delson, o que raio se passa? Não me ponhas nervoso ou desato aos pontapés com esta merda toda.

- Vamos ser dois.

Chester bufou.

- Também vais partir o aeroporto? Quero ver isso!

O telefonema terminou e Mike regressava para junto deles. Apertava o telemóvel na mão, coçava o cabelo com um dedo, olhos colados no chão. Brad pôs-se de pé, Chester também se levantou.

- Ei, meu... O que é que o Blue queria?

Mike tinha as faces coradas. Respirou fundo, antes de falar.

- O Blue não sabia que nós estávamos em Nova Iorque. Foi apanhado com as calças na mão quando o Patterson resolveu ligar-lhe para saber sobre os Linkin Park.

- Como é que o Patterson tinha o telefone do Blue? – perguntou Brad.

- Eu deixei-lhe os nossos contactos num cartão de apresentação, da primeira vez que estivemos na Warner. O meu telefone, o do Joe... e também o telefone da Zomba e do Jeff Blue... o nosso empresário!

- Que cena, meu...

- Sim, que cena... Bem, o Blue ficou todo irritado porque não esperava que nós tivéssemos feito esta jogada. Acabou de me dar uma coça. Apanhei uma descompostura valente! O que se passou foi o seguinte: pelos vistos, o Patterson resolveu trocar conversa com o Blue, ontem à noite, depois de termos saído dos escritórios da empresa. Quem somos nós, que género de música tocamos...

- Então esse tipo nem sequer nos tinha escutado! – exclamou Chester.

- Eu já tinha desconfiado... – resmungou Brad, cruzando os braços. – Aquilo ontem foi só conversa fiada. O Patterson esteve a enrolar-nos com patranhas de executivo.

- Ei, ele é um executivo. Foi coerente. Se nos tentasse vender aspiradores, isso é que seria de desconfiar.

- Chester, o que é que tinha a tua coca-cola para dizeres coisas dessas? Concentra-te, isto é a sério, meu!

- Eu estou concentrado!

- Mas continua, Mike...

- Bem, o Blue ficou passado com a conversa do Patterson porque, pelos vistos... ele anda em negociações secretas com a Warner.

- O quê?! – gritaram Chester e Brad em uníssono.

- E julgou que o Patterson se estava a adiantar. O Blue quer ter o exclusivo connosco. Nada contra. Afinal, ele tem estado a ajudar-nos desde há muito tempo, acredita em nós e está a suar as estopinhas para nos conseguir um contrato. Bem vistas as coisas, é a cara do Jeff Blue que leva com todas as portas que nos têm sido fechadas. É ele que apanha com o primeiro impacto, que digere primeiro a comida amarga e depois vem falar connosco, sendo positivo e motivador. Mas deve ser muito lixado continuar a acreditar numa banda que todos rejeitam... Não vamos atraiçoar o Blue, nem colocá-lo fora do nosso esquema. Seria uma tremenda ingratidão da nossa parte e nem sequer estamos a pensar nessa hipótese. Não é?

- Claro que não – admitiu Chester.

- Explica lá isso melhor – pediu Brad. – Estás a enrolar-nos, Mike. Qual a razão da gritaria do Blue?

- A Warner Bros. Records quer contratar o Jeff Blue para a sua sucursal na Califórnia e ele anda a discutir os termos dessa contratação. São coisas secretas, como vos disse.

- Estupendo! – gritou Chester.

- Estupendo, porquê? – exasperou-se Brad.

- Porque um dos termos que está em cima da mesa, para que o Blue aceite e comece a trabalhar para a Warner é que a companhia assine um contrato connosco! Com os Linkin Park!

A boca de Brad abriu-se de espanto. Chester gritou de alegria, socando o ar.

- Eu não disse que era estupendo?!!

Inúmeras cabeças se voltaram na direção deles, pessoas alertadas por aquele berro gutural. O zumbido da sala de espera até se esvaiu durante alguns segundos e houveram passageiros que pararam de andar para verificar o que se estava a passar. Eles olharam uns para os outros, olharam para as pessoas e continuaram a conversa.

- Isto é realmente espetacular, vou concordar aqui com o idiota do Bennington – disse Brad sorrindo alegremente. – Então, o Blue gritou contigo porque o Patterson podia intrometer-se no negócio que ele está a montar.

- Precisamente – concordou Mike, agora também a sorrir. – Segundo o Blue a Warner está quase a concordar com a proposta dele. Ou seja, a Warner vai contratar os Linkin Park porque essa é uma condição imprescindível e irrevogável do contrato de trabalho do Jeff Blue. E a Warner quer muito apanhar o Blue. Parece que a Capitol Records também anda atrás dele. Temos o jackpot!

Chester saltava e assobiava e gritava. Brad puxou-o pela manga do casaco.

- Acaba lá com a idiotice! Tens toda a gente a assistir.

- Eu sabia que a viagem a Nova Iorque iria valer a pena! – exclamou Chester lançando-se para cima de Brad num abraço. Com o solavanco, metade da coca-cola foi derramada para o chão. – Eu sabia que iríamos sair daqui com a merda de um contrato. Vamos gravar um disco! Vamos cantar a nossa música! Vamos estar numa loja de discos! Vamos dar mais concertos! Vamos viajar!

Mike riu-se com aquela explosão de felicidade. Chester atirou-se para cima dele e o japonês sentiu o apertão brutal nas costelas. Ofegou sem ar. Empurrou-o para que se separassem, olhou-lhe nos olhos, segurou-o pelos braços.

- O contrato está à nossa espera em Los Angeles, companheiro.

- Yeah... Mas haverá um contrato!

- Por pouco não lixávamos isto tudo ao ter vindo a Nova Iorque – compreendeu Brad, limpando as calças que tinham levado com uma onda do refrigerante.

Mike assentiu.

- Não sabia que o Blue já se tinha adiantado e quis fazer a nossa parte – explicou, tornando a coçar o cabelo, com uma expressão entre o feliz e o aliviado. – Nós também tínhamos de contribuir e julgava eu que com esta viagem o Blue iria ficar impressionado connosco, que tínhamos iniciativa e tal... Só que ia mesmo lixando tudo, é verdade, Brad, ao meter o Patterson ao barulho.

- Espero que esse Patterson não apareça mais tarde a pedir alguma percentagem ou a fazer exigências.

- Espero que a Warner não se lembre disto – apoiou Mike – ou ainda sou corrido da banda por ter mostrado iniciativa a mais. Sabem que as grandes empresas gostam de ter as suas bandas pela trela, para poderem manobrar com uma certa margem.

Chester riu-se.

- Isso seria de loucos! Quererem expulsar o fundador dos Linkin Park... dos Linkin Park! – Depois ficou sério e apontou um dedo a Mike. – Ei, que conversa é essa de quererem ter-nos pela trela? Eu não vou nessa! Somos independentes.

- Seremos sempre independentes e faremos por isso, companheiro. Nós iremos construir os Linkin Park da base ao topo, segundo as nossas premissas. O conceito final caberá a nós e a mais ninguém. Na música, na promoção, na arte, no que seja. Mas no início devemos aceitar o que eles quiserem, para que não haja problemas. Vamos lá deixar essa assinatura mais do que necessária num papel e depois contaremos com o Blue para nos orientar. Ele tem experiência, ele saberá defender-nos como deve de ser, o raio do advogado. Ele já nos defende e acredita em nós! Quando voltarmos a Los Angeles vamos não dar muito nas vistas e acatar as indicações do Blue. Já bastou esta confusão de Nova Iorque. Combinado? Estás comigo, Brad?

- Claro.

- E tu, Chester?

- Porra, claro que sim.

Mike disse-lhes, erguendo o seu telemóvel:

- Vejam aí as indicações para o nosso voo no monitor, entretanto tenho de ir falar com o Joe. Desde ontem as coisas mudaram bastante. E para melhor!

- Yeah, não o deixes sem as boas notícias, senão ele faz-te em picado de carne e come-te quando chegarmos a Los Angeles – concordou Brad.

- Lembra-me para não aceitar ir comer um churrasco de hambúrgueres na casa do Joe nos dias mais próximos, se o Mike desaparecer – disse Chester fingindo-se assustado.

A caminho da porta de embarque, a percorrer um longo corredor sombrio, também atravessado por outros passageiros, uns mais apressados, outros mais descontraídos, a voz feminina omnipresente a dar as indicações sobre as partidas, Chester chamou a atenção de Mike, tocando-lhe no ombro com um dedo. Este voltou-se para trás.

- Ei, Mike? Posso pedir-te uma coisa?

- Dispara.

Os olhos de Chester estavam invulgarmente sérios.

Ele tinha momentos desses, em que se revelava vulnerável e grave, como se a sua vida estivesse dependente de um gesto, de uma resposta, de um piscar de olhos, de um acaso do destino.

- Por favor... não desistas. Tu és o mais forte de todos nós. Não desistas nunca.

Mike sorriu-lhe, para aligeirá-lo do peso que ele carregava naquele olhar intenso e profundo.

- Não irei desistir. Prometo.

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro