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Capítulo 28

Não consigo dizer nada. Esse pedido me pegou completamente de surpresa. Alex me observa atento à minha reação, e posso ver o medo no seu olhar.

— Alex e-eu… - começo, no entanto as palavras simplesmente fogem da minha cabeça. Ele ainda está ajoelhado, esperando por uma resposta, pelo que o puxo e o levo até um dos bancos da pracinha.

— O que foi meu amor? - Pergunta aflito, ao perceber a minha expressão.

— Você provavelmente vai me odiar depois disso, mas não, eu não quero me casar com você Alex, não por enquanto. - Solto de uma vez e ele arregala os olhos surpreso.

— O que? Eu não estou entendendo… você não me ama mais? - Pergunta e sinto vontade de chorar.

— É claro que eu te amo, Alex, mas eu não me sinto preparada para um casamento. A gente nem terminou o colégio! - Tento explicar de uma forma que não o machuque, mas acho que é tarde demais para isso.

Alex se levanta e caminha pela praça. Ele parece perdido, mas eu também estou.

Me aproximo e coloco a mão no seu ombro, em uma tentativa de acalmá-lo, no entanto, ele se afasta do meu toque, o que me deixa triste.

— Alex por favor, não entenda mal. Eu te amo tanto que as vezes chega a doer, mas no momento temos outras preocupações, o bebê, a escola… não podemos colocar mais uma na lista! Nós vamos ter um bebê, isso é fato, mas não deixamos de ser dois adolescentes… vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente, e quando for a hora certa, tudo vai se alinhar para que fiquemos juntos. - Suspiro cansada e me sento novamente. Alex se senta do meu lado e passo a mão no seu rosto, limpando uma lágrima solitária na sua bochecha. — Por favor, não fique bravo comigo. - Imploro e ele nega com a cabeça.

— Eu não estou bravo com você, Marjorie, apenas estou triste. - confessa e fecho os olhos me sentindo culpada. 

— Olha, nós vamos criar esse bebê da melhor e mais carinhosa maneira possível, vamos continuar o nosso namoro, nos conhecermos melhor e quem sabe amadurecer mais? Como já te disse, somos jovens, temos muita coisa pela frente, não vamos colocar a carroça na frente dos bois… - Ele apenas balança a cabeça, talvez no modo automático. É evidente que ele ficou totalmente chateado, mas não posso fazer algo pelo qual não me sinto preparada no momento.

Seus olhos estão fechados e mais lágrimas descem sem cessar pelo seu rosto.

— Alex…

Sussurro, mas ele não move um músculo sequer.

— Alex, olha para mim por favor.

Viro seu rosto de frente para o meu e ele finalmente abre os olhos, me dedicando um olhar no qual me lembrarei pelo resto da vida. — Você vai ver que é o melhor por agora, ok?

Ele balança a cabeça resignado e vai até a mesinha com a comida.

Pega algumas frutas e traz pra mim.

— Come, você deve estar com fome. - Oferece e como a contragosto, já que minha fome foi embora.

— Obrigada. - Sussurro em agradecimento.

Depois disso, entramos em um silêncio sepulcral até resolvermos que é hora de voltar para casa.

Alex me leva de volta e nos despedimos de uma maneira tão triste que minha única vontade é chorar. Graças à gravidez, estou muito mais sentimental do que sou e isso está me deixando louca.

Vou direto para o meu quarto e deito na cama sem nem mesmo trocar de roupa. O dia de hoje me estressou tanto física quanto mentalmente.

Lembro da expressão triste de Alex e não consigo evitar de chorar. Pego meu celular e escrevo várias vezes uma mensagem, mas no final acabo apagando todas. Será que eu tomei a decisão certa? Ou será que eu deveria ter aceitado sua proposta?

Meu coração está dividido.

****

Acordo passando mal e corro para o banheiro. Despejo praticamente todo o meu estômago no vaso e meus olhos lagrimejam ao sentir a acidez na garganta. Estes dias estão sendo terríveis, passo tanto mal que já até me acostumei. Alex não mandou mensagem nem ligou, mas eu sei que é porque ele ficou chateado. Não quero pressioná-lo então deixo que as coisas acalmem antes de ligar.

Me arrumo para ir para a escola e mamãe me abraça apertado antes de finalmente me deixar ir. Não estou usando a moto por questões de segurança, então Alex estava me levando todos os dias, no entanto, não sei se ele virá hoje. Resolvo pedir um Uber e vou até a porta, quando vejo seu carro parado no lugar de sempre.

Cancelo a corrida e entro no seu carro, sem dizer nada.

— Achei que não viria hoje… -Solto depois de alguns minutos.

— Eu não faria isso com você Marjorie. -Sua voz soa triste, porém sincera.

— Ainda está magoado comigo? -Pelo visto eu gosto bastante de sofrer.

— Sinceramente? Não… como já te disse, estou apenas triste, mas acredito que isso vá passar. -Confessa e balanço a cabeça sem saber exatamente o que dizer.

Chegamos na escola e cada um vai para a sua sala, sem nem mesmo um beijo de "despedida". Me sinto mal por isso.

Tento me distrair, mas a angústia me consome.

A aula toda fico aérea e Amanda praticamente me obriga a contar o que está acontecendo. Graças aos céus, minha amiga me apoia, ela também acha que está muito cedo para levar nossa relação a algo tão sério. Apesar de eu querer estar com Alex, devo ser realista, não sabemos se vamos continuar juntos depois que esse bebê nasça.

Espero o sinal tocar e vou até a saída de encontro a Alex.

Ele me deixa em casa e vai para a sua ainda em silêncio.

E assim passamos vários dias, um silêncio incômodo que me irrita cada vez mais.

Dou alguns dias para que ele mude de atitude, mas cansei. Prefiro estar solteira a estar nessa situação, ainda mais hoje que é o dia do nosso primeiro ultrassom.

Alex me busca em casa como de costume e vamos até o médico ainda em silêncio.

Decidi que vou conversar com ele depois da consulta, não quero colocar tensão nesse momento tão lindo.

Ao entrar na clínica, registro meus dados e aguardo até ser chamada.

Alex entra comigo e observa tudo atento, olhando diretamente para a tela bem à nossa frente.

O médico coloca o gel na minha barriga, me arrancando um suspiro com a sensação de frio.

Alex me surpreende segurando a minha mão e fecho os olhos um pouco mais calma.

De repente, um barulho compassado invade o ambiente e não consigo controlar as lágrimas ao escutar pela primeira vez os batimentos do nosso bebê.

— Aqui está o seu bebê, ele está saudável papais, aqui podem ver os bracinhos, as perninhas, a cabeça e… querem saber o sexo? -Ele pergunta de repente.

Olho para Alex buscando aprovação e só consigo prestar atenção na sua expressão maravilhada, inclusive choro ainda mais ao ver uma pequena lágrima escorrendo pela sua bochecha.

— Alex? -Pergunto emocionada.

— S-sim… eu quero saber, se você quiser é claro. -Pela primeira vez em dias, ele me olha com uma expressão que não seja tristeza.

— Queremos saber o sexo sim, doutor. -Respondo e ele sorri.

— Que ótimo, o bebê de vocês é um lindo menininho. -Solta e não consigo parar de chorar.

Alex estão tão emocionado quanto eu, seus olhos oscilam entre a tela e minha barriga. De repente, ele me surpreende outra vez, saindo da sala sem dizer absolutamente nada.

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