Capítulo 27
No outro dia, Alex chega pontual na hora do almoço, com um buquê de rosas para mamãe e uma caixa com docinhos para Emma.
Sorrio com o detalhe e o beijo na bochecha carinhosamente.
— Estou atrasado? -Pergunta nervoso, tirando uma poeira inexistente da roupa.
— Não amor, chegou bem a tempo. -Respondo e vejo seus olhos brilharem ao escutar a palavra.
Não era acostumada a chamá-lo por apelidos fofos, mas depois de tudo o que passei, não pretendo perder tempo me preocupando por coisas sem sentido.
Ainda do lado de fora da casa, seus braços envolvem meu corpo em um abraço apertado e respiro fundo, sentindo o seu perfume característico.
— Senti saudades… -Sussurra e sinto um arrepio por todo o meu corpo.
— Eu também. -Respondo, ganhando um beijo rápido, antes de escutarmos uma movimentação do lado de dentro da casa.
— Melhor entrarmos antes que mamãe e Emma acabem se machucando tentando escutar nossa conversa. -Brinco e ele sorri sincero. Consigo identificar a felicidade estampada no seu rosto, porque sei que o mesmo está acontecendo comigo.
Caminhamos até a porta, que se abre rapidamente e mamãe aparece no nosso campo de visão.
— Alex, que bom te ver querido - Diz o abraçando como se ele já fosse da família.
— Digo o mesmo, senhora Evans. Aqui, lhe trouxe um pequeno presente. - Alex lhe entrega o buquê de flores, deixando a dona embasbacada. — E não pense que esqueci da senhorita. - Dessa vez Emma é quem recebe o presente e dá um abraço em Alex, surpreendendo a todos, já que ela não é de ter contato pessoal com quase ninguém.
Cumprimentos feitos e presentes entregados, vamos todos para a mesa, forrada com a nossa melhor toalha e recheada com a comida maravilhosa que mamãe preparou.
Comemos em um ambiente tranquilo, conversando sobre coisas amenas e percebo o olhar de Alex sobre mim a todo momento. Tenho uma estranha sensação de que ele está tramando algo, mas respiro fundo e balanço a cabeça pensando que talvez seja fruto da minha imaginação.
— O almoço está delicioso… -Ele comenta olhando diretamente para mamãe, a deixando ruborizada.
— Obrigada querido!
— Está mesmo uma delícia, mãe.
Ela ri e de repente, como se uma aura de paz se instaurasse no lugar, todos sorriem desfrutando da mesma alegria.
Terminamos de comer e Emma praticamente puxa Alex para a sala, querendo mostrar algo a ele.
Ajudo a levantar as louças sujas da mesa e mamãe me abraça apertado.
— O que houve? -Pergunto desconfiada.
— Nada, querida, só estou feliz por estar de volta. -Desconversa. — Alex é um bom rapaz, ele te ama muito… -Comenta olhando para o vazio, talvez lembrando de papai.
— Eu também estou feliz por voltar, mamãe. E Alex é… -Sorrio lembrando dos muitos momentos que vivimos juntos. — Tudo para mim. -Completo, arrancando um sorrisinho travesso da mulher.
— Vamos antes que Emma o leve para ver sua coleção de pedrinhas. -Brinca e a acompanho até a sala.
Ambas paramos no umbral da porta observando a cena à nossa frente.
Alex sentado no chão, observando cada pedrinha com interesse, como se se tratasse de algo muito importante, fazendo perguntas e comentários sobre os “artefatos” e Emma respondendo tudo alegremente.
Nunca havia visto minha irmãzinha conversando com alguém tão abertamente. Ela deve confiar bastante nele para se abrir assim.
— Essa eu encontrei quando voltava da escola, ela tem três linhas, o que significa que tem trezentos anos. -Emma diz séria.
— Uau! Trezentos anos! -Alex demonstra verdadeiro assombro e sorrio ainda mais.
— Eu tenho uma mais velha… deixa eu procurar! -Ela se levanta e corre para o quarto, voltando alguns segundos depois, com uma pedra cheia de listrinhas. — Essa tem mil anos! A encontrei quando fui à praia com o papai… -Sua voz fica mais baixa ao terminar a frase e essa é minha deixa para interrompê-los.
— Bom, maninha, acho que Alex já sabe bastante sobre pedras, que tal você ir escovar os dentes? -A abraço e a empurro suavemente até o banheieo. Emma é bem metódica com a sua higiene, então temos pelo menos uns vinte minutos livres até que ela volte com outra coleção para mostrar ao novo amigo.
Mamãe sai atrás dela com uma desculpa qualquer para nos deixar sozinhos e solto uma risadinha.
— Sua irmã é muito inteligente. -Alex sussurra me abraçando. — Me contou várias coisas das quais não tinha ideia! Ela também me disse que eu devo deixá-la cuidar do bebê ou ela vai ficar chateada. -Caio na risada, Emma é tão madura para uma criança que às vezes esqueço que ela não tem mais de doze anos.
— Ela me ameaçou também, não se preocupe. Quer dar uma volta no shopping? -Pergunto e ele levanta a sobrancelha.
— Na verdade, eu tinha outros planos para nós. -Solta misterioso me deixando curiosa.
— Hum, e que planos são esses?
— Já vai ficar sabendo. -Desconversa.
— Muito bem então, bailarino. -Brinco e recebo um sorriso radiante.
— Fazia tempo que você não me chamava assim. -Observa e beija minha boca delicadamente. — Deus, senti tantas saudades de você, não imagina o quanto…
— Eu sei meu amor, pode acreditar que eu também senti o mesmo, talvez até mais. -Agora é minha vez de beijar seu rosto áspero pela barba aparada. — Senti falta do seu cheiro, do seu calor… -Passo o nariz pelo seu pescoço sentindo o seu perfume habitual.
— Não faz isso comigo Marjorie, por favor. -Roga e me afasto rapidamente entendendo o recado.
— D-desculpa. -Peço envergonhada.
— Ei, tudo bem, é que não quero causar uma má impressão para sua mãe. -Pisca apontando para a virilha onde moro o volume debaixo da calça jeans e sorrio silenciosamente. Alex balança a cabeça e olha no relógio antes de se levantar em um pulo. — Agora vem, estamos atrasados.
Sou puxada pelo braço e levada porta afora.
— Onde vamos? Espera, tenho que avisar a mamãe que estou saindo, ela ficará preocupada… -Tentou voltar para dentro, mas sou impedida.
— Calma amor, sua mãe já sabe, pode ficar tranquila. -Me tranquiliza, aumentando ainda mais minha curiosidade.
— O está tramando, senhor Estensoro? -Pergunto desconfiada.
— Já verá.
Damos voltas e voltas pela cidade até que entramos em um bairro conhecido.
Quando percebo, estacionamos na frente da pracinha que adorávamos visitar.
— Preciso que confie em mim, tudo bem? -Alex pede, tirando uma fita preta do bolso. Apenas balanço a cabeça e ele a coloca nos meus olhos, para que não veja a tal surpresa. — Ok, agora espera um pouco que virei te buscar.
— Só não demore por favor…
Como resposta, recebo um beijo rápido e depois escuto portas batendo, barulho de coisas sendo movidas, passos e alguns palavrões sussurrados.
Tento imaginar o que estará acontecendo e quando estou quase retirando a fita dos olhos, sinto as mãos de Alex sobre mim.
— Vamos, te ajudarei a descer do carro.
Sou guiada lentamente até algum lugar. Caminhamos cuidadosamente e paramos em um ponto desconhecido para mim. Escuto os patinhos que moram no lago e sorrio com a lembrança.
Sinto as mãos de Alex pelo meus ombros e rosto, como se ele estivesse memorizando meu corpo com o tato.
De repente, não sinto mais nada, apenas escuto sua respiração que parece estar nervosa.
— Pode retirar a fita dos olhos, Marjorie. -Diz e imediatamente retiro a peça escura, quase tendo um infarto com a cena que vejo.
Alex está ajoelhado no chão, bem na minha frente com uma caixinha nas mãos, e dentro dela, um anel dourado simples porém perfeito chama minha atenção.
Olho ao redor e percebo uma mesa com uma caixa marrom, o que parece ser uma garrafa com suco de laranja e um baldinho com gelo.
— Marjorie, quando eu te conheci, sabia que tinha algo de especial naquela garota marrenta e respondona. Fomos ficando mais próximos, e eu comecei a gostar de você, a querer ficar cada vez mais perto de você. Pensava em você cada segundo do meu dia e não queria admitir que estava me apaixonando pela jogadora.
Quando você desapareceu, meu mundo desabou, me senti sozinho e aí ficou evidente o quão importante você é para mim. Era como se uma parte de minha tivesse sido arrancada e só me senti completo, quando finalmente te encontrei.
Por isso, hoje sei que você é a pessoa que quero do meu lado, até o fim dos nossos dias… casa comigo?
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