Capítulo 24
POR ALEX
Já se passaram mais de três meses, e ainda não consegui achar Marjorie.
Sua mãe não me ajudou muito, e acho até que percebeu os pequenos deslizes que cometia ao dizer coisas do tipo "ela está bem, o trabalho a está distraindo" ou "ele está cuidando bem dela". Cada vez que a procurei, ela saiu pela tangente e desconversou.
Estou ficando maluco, preciso encontrá-la e saber que ela está bem.
Meu coração dói cada vez mais a cada dia que passo sem ela. Sinto que a estou perdendo pouco a pouco.
Meus dias são um borrão, passando rapidamente, com a ideia de que a encontrarei a qualquer momento, de que verei seu rosto e beijarei seus lábios. Deus, como sinto sua falta.
O que me deixa mais irado, é o fato de que tenho que ir para a escola e ver a cara daqueles que julgava serem meus amigos.
A única pessoa que me apoiou todo esse tempo, foi Amanda. A melhor amiga de Marjorie. Ela está tão triste quanto eu, já que também não faz ideia do paradeiro da amiga. Isso a deixou profundamente magoada.
— Conseguiu alguma informação? -Amanda pergunta pela milésima vez ao me ver.
— Não... mas irei outra vez na casa dela. Não vou desistir. -Declaro e a garota sentada na minha frente expressa um sorriso desanimado.
— Você gosta mesmo dela, não é? -Pergunta, já sabendo a resposta.
— Quando Marjorie desapareceu, ela levou uma parte de mim consigo. Ela está na minha cabeça, as memórias com ela percorrem minhas veias, minha corrente sanguínea está repleta do seu calor. Eu me tornei uma pessoa mil vezes melhor do que era, e devo isso a ela. -Suspiro e deixo escapar uma lágrima sem perceber.
Amanda segura minha mão em apoio, chorando junto comigo o que me deixa menos envergonhado.
— Eu estou ficando louco, Amanda. Não sei mais o que fazer! -Puxo meus cabelos, desesperado. — A Marjorie é tudo para mim, e sinto que meu peito vai explodir se não tiver noticias dela!
— Ei, calma! Vai ficar tudo bem... eu vou te ajudar. Irei até a sua casa, para conversar com a mãe dela e talvez conseguir alguma informação, ok? -Promete e apenas balanço a cabeça. Minha boca secou de repente, não consigo dizer mais nada. — Vai ficar tudo bem... -Repete e nos abraçamos antes dela sair e me deixar sozinho no restaurante.
Esfrego meu rosto com as mãos, tentando dissimular esse cansaço físico e emocional que sinto.
Pago a conta alguns minutos depois e vou até a praça perto da minha casa. Me sento em um dos bancos vazios e imediatamente as memórias invadem minha mente.
Devo permanecer sentado por horas, sem perceber como o tempo realmente passou ao redor de mim.
Fecho os olhos por alguns minutos, e faço uma oração silenciosa pedindo a todos as divindades que me ajudem. Isso me surpreende, já que nunca fui religioso, mas não ligo, faria qualquer coisa, para tê-la ao meu lado outra vez.
Me levanto para ir embora e estou quase chegando no meu carro, que finalmente foi consertado, quando meu celular começa a tocar insistentemente.
Tiro o aparelho do bolso, e o nome "Amanda" pisca várias vezes.
— Alô? -Atendo ansioso.
— Alex! Eu acho que descobri onde ela está! -A garota praticamente grita e sinto todo o ar escapando pelos meus pulmões.
— O-onde? -Pergunto. Quase não consigo dizer nada. A emoção me invade.
— A mãe da Margo está preocupada, segundo ela, Marjorie está estranha, não diz coisa com coisa e isso a está deixando maluca, então quando eu fui visitá-la, ela me disse mais ou menos onde ela pode estar e me pediu para não te contar nada, mas eu sei que você mais que ninguém nesse mundo quer encontrar a minha amiga então...
— Me diz de uma maldita vez onde Marjorie está pelo amor de Deus! -Praticamente grito, me arrependo no mesmo instante. Amanda só quer me ajudar e eu a trato assim. — Sinto muito, Amanda, mas é que estou desesperado... -Me desculpo com medo dela desistir de me dizer a localização.
— Tudo bem, eu te entendo... -Sussurra. — Pelo que eu consegui assimilar, Margo está em uma cidade próxima daqui, e eu tenho quase certeza, que Joseph a está ajudando com algo.
Mas que droga! Como eu não pensei nisso antes? Era óbvio que aquele velho iria ajudá-la!
— Só há três cidades aqui perto, mas mesmo assim, será quase impossível achá-la tão rápido. -Murmuro e Amanda resmunga algo do outro lado.
— Alex, é o máximo que consegui de informação...
— Tudo bem, obrigado. Irei agora mesmo procurá-la. -Solto e estou por encerrar a ligação quando a garota diz algo.
— Alex?
— Sim?
— Quando a encontrar, diga a ela para voltar para casa e que... sinto saudades. -Posso sentir sua voz chorosa do outro lado e um nó se forma na minha garganta.
— Eu vou trazê-la de volta Amanda. -Declaro e aperto o botão de desligar.
Corro até o meu carro e ando como louco pela cidade. Procuro no celular a rota das cidades e depois de passar em um posto e encher o tanque de gasolina, vou atrás do amor da minha vida.
*****
Já andei mais de duzentos quilômetros, fui a uma cidade e nada. Tudo bem que não tenho muita informação, mas tentei procurar por Joseph ou alguém da sua família e nada. Envio uma mensagem para Amanda pedindo mais dados sobre eles e ela me responde em seguida.
Paro alguns minutos apenas para comer e ir ao banheiro, e volto à minha busca.
Depois de quase um dia dirigindo e sem nenhum resultado, decido parar para descansar.
Contrato um quarto em um hotel barato, um dos poucos que havia na rodovia e depois de tomar um banho bem quente, deito na cama, tentando pegar no sono e rezando para que o dia de amanhã seja melhor do que o de hoje.
Acordo assustado algumas vezes durante a noite, com pesadelos terríveis que me deixam aterrorizado.
Preciso encontrar a Marjorie.
*****
Já passa de meio dia, quando chego na última cidade próxima à nossa.
Dou uma volta pelas ruas quase vazias, já que é horário de almoço, à procura de algo que possa me levar até ela.
Meu tanque está quase vazio outra vez. Procuro no celular um posto de gasolina próximo de onde me encontro, e para minha sorte, há pelo menos três.
Escolho um que tem um restaurante do lado, para aproveitar e comer algo. Não estou realmente com fome, mas sei que se não comer, vou acabar desmaiando.
Peço ao atendente que encha o tanque e depois de pagar, estaciono e caminho até a entrada do local, que parece bom, já que está praticamente lotado.
Coloco a mão na porta e giro a maçaneta para abri-la, mas paraliso ao ver uma figura bastante conhecida.
Marjorie caminha para lá e para cá, com uma bandeja nas mãos e um sorriso no rosto.
Está vestida com o que parece ser o uniforme do lugar, um vestidinho azul marinho com as bordas cor vinho, e um avental branco amarrado na cintura, uma sapatilha preta adorna seus pés e seus cabelos estão amarrados em um coque meio frouxo, indicando que ela está trabalhando há algumas horas.
Fico hipnotizado vendo sua silhueta percorrendo o lugar, como se o conhecesse como a palma da sua mão.
Ela está tão linda...
Me seguro para não desabar aqui mesmo. Tento com todas as minhas forças não chorar como uma criança, mas é quase impossível.
Finalmente a encontrei.
Em um rompante de coragem, abro a porta e caminho direto até ela, que está de costas para mim.
Respiro fundo tentando me acalmar, até que o destino resolve atuar por nós e Marjorie se vira, arregalando os olhos ao me ver.
— Alex?
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro