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Não conte nada a Judas

(14 de março de 1995 - 4 dias antes)

— Jisoo





Jisoo encarou o plano se desenrolar do lado de fora, estava presente apenas fisicamente, mas a sua mente vagueava para longe da fala apressada de Jennie e Lisa. Respirou fundo, tentando conter a ansiedade traiçoeira que minava suas ideias e zombava da sua pouca coragem.

Pelo menos Kai não estava lá, era difícil ficar confortável com ele presente.

Encarou as meninas, elas riam agora, conversando sobre um assunto que Jisoo não foi inserida e ao menos fazia falta. Será que teriam êxito? Será que confiavam nela ou estava sendo usada novamente? Se a crença de Lisa for mesmo genuína então a própria Jisoo ficaria surpresa, não confiava em si mesma, ter outras pessoas confiando seria algo novo. Era fraca, pedinte, submissa e passou a vida toda sendo assim. O papel de pobre coitada era o único que sabia fazer, mesmo que o odiasse.

Quando as lágrimas ameaçaram descer, ela se levantou e rumou para os fundos do trailer, as duas continuaram dentro da casa móvel.

Jisoo inspirou o ar do lado de fora, recheado de pneu de caminhão queimado e fuligem.

— Olá, docinho! O que faz aqui? — perguntou Lawan.

A mulher estava a alguns metros à frente, sentada numa cadeira velha de plástico. Jisoo pegou uma também, para se juntar a ela.

Lawan lhe ofereceu um cigarro.

— Aceita?

Jisoo recusou com um menear tímido.

— O cheiro impregna nas minhas roupas — explicou, sentando-se ao lado da senhora.

Lawan bufou.

— Você passou o dia todo aqui! Suas roupas já estão fedendo a cigarro e gato, aceite!

Jisoo pegou o cigarro das mãos calejadas da senhora, mas na primeira tragada começou a tossir. Era como ter uma mão fumacenta tapando o seu nariz, impedindo qualquer ar puro de entrar.

— A senhora é... muito... gentil — Tossiu, com os olhos lacrimejantes.

Lawan riu.

— Lembra o que eu disse a primeira vez que nos vimos?

— Eu deveria falar mais... acho.

— Exatamente. — Ela deu uma piscadinha para Jisoo. — Mas não é pra abrir a boca e falar bobagens, querida. Você acabou de aceitar uma coisa que não queria e mesmo odiando, me elogiou. Porque não tenta... sei lá! Ser mais impositiva! Tem muitas meninas boazinhas no mundo, você não precisa ser uma delas.

Jisoo abriu a boca para responder, mas não sabia o que dizer e, provavelmente, sairia uma série de palavras picadas e murmúrios irreconhecíveis.

— Obrigada pelo conselho, senhora Lawan. — Escolheu dizer um elogio, algo que era boa em fazer.

Lawan deu um tapinha no ar.

— Senhora tá no céu, xuxu.

— Então... — Jisoo franziu o cenho, confusa. — Só... obrigada?

— É... — ponderou ela. — "Obrigada" está de bom tamanho.

O som das risadas de Lisa e Jennie ecoaram. Jisoo voltou a olhar a imensidão verde a frente, o conselho que recebeu mexia vários pauzinhos em sua cabeça.

Lawan repousou a mão nos seus ombros, trazendo-a à realidade novamente.

— Antes de ir embora, quero te dar um último conselho.

Jisoo balançou a cabeça em afirmação, esperando o conselho, e Lawan apagou o cigarro no braço da cadeira.

— Mães não tem muito o que fazer para alertar os filhos adolescentes, ainda mais Lisa que sempre foi livre como um pássaro... mas, mas quero que tome cuidado com as companhias, é clichê, eu sei, mas era um conselho que eu queria ter dado a ela antes de ser tarde demais.

Jisoo sorriu complacente, apertando as mãos calejadas da senhora.

— Acho que nada nunca é tarde demais, Lawan.

— É sim. É tarde demais. — A senhora devolveu o sorriso triste e encarou os fundos do trailer com os olhos preocupados, Lisa havia aparecido.

— Jisoo! — Ela saiu porta afora, correndo até elas. — Minha mãe está te importunando com as histórias chatas dela?

— Não destrate a Lawan! — Jennie gritou, ainda dentro do trailer.

— Obrigado, Jennie, docinho! — Lawan sorriu e deu um tapa estalado na filha. — E você me respeita, peste!

Lisa alisou o braço dolorido sem deixar o sorriso do rosto morrer e puxou Jisoo da cadeira, arrastando-a para dentro do trailer novamente.

Quando Jisoo olhou para trás, Lawan ainda a encarava.

⟡ ⟡ ⟡

Lisa estacionou em frente à casa de Jisoo.

No escuro do monza, apenas as duas, era visível que havia assuntos mal resolvidos. Jisoo não queria sair daquela cabine aconchegante e escura, queria ficar a noite toda na companhia de Lisa.

— Você tem uma mãe supimpa.

— Supimpa? — Lisa riu. — Ninguém mais usa essa gíria desde os anos 70. — Ela deu uma cotovelada em Jisoo. — Mas sim, todo mundo gosta da minha mãe, acho que puxei isso dela.

— Uau, que tal me dar um pouquinho dessa auto estima? — Jisoo devolveu o empurrão.

Lisa sorriu, mas aparentou nem ter ouvido, pois encarava um ponto inespecífico do retrovisor, perdida em pensamentos.

— Obrigada, por ter... sabe, ter me acobertado com a Jennie, ontem...

Jisoo deu de ombros.

— É isso que amigas fazem, não é?

Lisa concordou com o menear, relutante, e o carro voltou a cair no silêncio.

Jisoo encarou as próprias mãos, sempre trêmulas, e conteve o impulso de escondê-las ao sentir as de Lisa em cima das suas. As mãos dela eram quentinhas e macias e imaginou se o corpo também era assim.

— Vai dar tudo certo — ela disse.

Jisoo mordeu os lábios, encarando-a.

— Está dizendo isso pra mim ou pra você?

— Para nós duas.

Suspirou, piscando devagar para guardar cada frame daquele momento em sua memória. Os lábios molhados de Lisa, a blusa três vezes maior que virou um vestido e compunha todo o jeito largado, caótico e irresponsável que ela exalava e, sem nenhum receio, cortou o espaço que as separava e a beijou.

Beijar Lisa era como viajar de carro e colocar a cabeça para fora da janela, para sentir o vento fazer voar os cabelos. Era uma tarde ensolarada de domingo, quando tudo parecia passar lenta e calorosamente. Beijar Lisa era irresponsável e delicioso.

Jisoo esperava um aval para aprofundar o beijo, mas só recebeu as mãos de Lisa empurrando-a para longe, de uma maneira delicada, mas definitiva.

— Acho que... — Ela respirou fundo, arfante. — Acho que você confundiu as coisas, Jisoo. Eu estou com Jennie, eu... eu gosto dela...

Jisoo esperou o final daquela frase, mas não havia, era aquilo, não existia um porém. Era frustrante ser sempre a segunda opção, a garota errada no momento errado que acabava tomando atitudes erradas. Primeiro foi com Rosé, agora Lisa.

— Você disse a mesma coisa pro Kai quando transou com ele ontem à noite? — retrucou antes que pudesse pensar a respeito.

Jisoo se sentiu bem jogando isso na cara dela, depois viu que era tarde demais para se sentir culpada ou pedir desculpas. Lisa se afastou em um reflexo rápido.

— Eu não transei com o Kai, de onde você tirou isso?

— Eu não sou burra, Lisa!

— Eu passei a noite com Kai, sim! Mas nós jogamos conversa fora, rimos e bebemos vinho, eu não transei com ele, são coisas diferentes!

— Então por que não contou a Jennie? Se não há nada demais em passar a noite com o namorado dela, porque não contou!?

Lisa bateu com força no volante do carro.

— Por que você está se intrometendo onde não é chamada!?

— Não é isso que amigas fazem?

— Não, porra! — Lisa maneou a cabeça, incrédula. — Amigas não fazem isso!

— E o que elas fazem? — rebateu Jisoo, ofegante. — Compartilham namorados!?

O eco dos gritos pareceu reverberar na cabine do carro. Lisa respirava em jatos frenéticos, o rosto ia de incredulidade e confusão, até as sobrancelhas se unirem em descrença.

— Por Deus, você é igualzinha a Rosé! Como eu não percebi isso antes? — Um jato de ar saiu dos lábios dela. — Sabe qual o tipo de amiga você é, Jisoo? A que se finge de santa até descobrir o segredo de alguém, então tenta tirar proveito disso a todo custo! O jeito que acabou de dizer isso... foi exatamente o que Rosé faria.

Jisoo maneou a cabeça em negação, não podia concordar com aquilo.

— Eu não sou como ela. Eu não, não... não, não sou como ela — gaguejou.

— Como não? Se eu tivesse te beijado, se tivesse aceitado transar com você, te manteria calada, não é? Mas as coisas não são assim, amigas de verdadeo não manipulam umas às outras com sexo! Eu sei quem te ensinou isso, mas ela também tem uma visão deturpada do que amigas podem ou não fazer!

Jisoo tombou a cabeça, chorando, chorava sem parar, não percebeu quando começou, quando a primeira lágrima rolou pelas bochechas, mas agora estava chorando. Não sabia porque disse aquelas coisas, só não se conformou em ser rejeitada e agiu sem pensar, agiu exatamente como Rosé agiria. Estava envergonhada, não conseguia levantar os olhos para encarar Lisa e, ainda de cabeça baixa, saiu do carro. O monza catou pneu no asfalto, partindo em alta velocidade para longe dali, mas Jisoo permaneceu na calçada, esperando que as lágrimas parassem de jorrar para entrar em casa.

A brisa fresca era um alento, um abraço silencioso e quente. A lua estava pequena no céu e não iluminava tanto a rua, os arbustos se tornaram mais densos e escuros. Jisoo não estava sozinha e demorou segundos aterrorizantes para notar aquela outra companhia.

— O que eu disse que aconteceria, Jisoo?

A garota de cabelos cor de fogo estava sentada na varanda da sua casa, os arbustos e o canteiro de flores permitiram que Rosé conseguisse ficar invisível, vendo tudo de camarote. Ela se levantou, o vestido verde adornava as curvas com tanta graça que parecia ter sido costurado ali.

— Eu te disse que isso ia acontecer — ela repetiu.

Jisoo tentou porcamente limpar o rosto molhado de lágrimas.

— O que você faz aqui?

— O que você acha? — retrucou Rosé.

A distância entre elas diminuía progressivamente, ao passo que a respiração de Jisoo se tornava descompassada. Não era um cansaço físico ou psicológico que inundava o seu corpo, era uma fadiga nostálgica, quase como um cansaço saudoso.

— Pode ir embora se quiser, eu não estou pedindo para ficar.

Rosé parecia pensar em respostas para dar, como se tivesse testando todas as reações de Jisoo até escolher a mais apropriada.

— Eu quero ficar — finalmente disse.

Ela acabou com o espaço que as separava e abraçou Jisoo. Os braços frios a acalentava como sempre faziam, portanto, aceitou de bom grado quando ela lhe beijou, foi um selar saudoso, casto e, ao mesmo tempo, necessitado.

Foi a primeira vez que foi beijada por Rosé fora de quatro paredes.

⟡ ⟡ ⟡

Subiram em uníssono as escadas, um torpor inicial combinado ao medo de serem pegas tomou conta das duas. Jisoo foi tola por imaginar conseguir viver sem os toques de Rosé e todas as mínimas coisas que a prendiam a ela. Respirava rápido, soltando lufadas de ar quentes ao ter seu corpo empurrado para a cama. Tudo estava escuro, o que tornava o quarto um local místico. Reconhecia o corpo de Rosé como se fosse o seu, como se as duas tivessem nascido em total sintonia.

Rosé tinha os olhos brilhantes e a constatação que sempre esteve certa, que Jisoo sempre seria dela apesar dos pesares. Ela mexeu os quadris, encarando o fundo dos seus olhos. Estavam de roupas, totalmente vestidas, mas aquele simples ato fez com que Jisoo soubesse o que estava por vir, não poderia recusar nem se quisesse.

— Você estava certa — sussurrou Jisoo. Foi como se as palavras liberassem mais um ato, Rosé subiu levemente o vestido, passando as mãos nas coxas. — Eles não me amam como você me ama... me tratam como se eu fosse uma intrusa no meio deles.

— Porque você é — Rosé disse com um falso ar de pena e desabotoou a parte da frente do vestido. Os seios estavam livre dos panos, as curvas era a própria encarnação do pecado. Ela passou as mãos nos cabelos ruivos e os colocou para trás, para que Jisoo visse tudo sem o impedimento das mechas. — Continue falando.

— Jennie está viva — confessou Jisoo. — Ela mora no trailer agora.

Rosé pareceu ter gostado de ouvir aquilo e se levantou para tirar a calcinha.

— E o que você acha que merece depois disso? Depois de esconder isso de mim?

— Ela não é mais a mesma, enlouqueceu de vez! — Jisoo sentou-se apressadamente na cama. — Não se preocupe com isso!

— Eu não estou nada preocupada, eu já tinha descoberto que aquela cadela não estava morta. — Rosé passou a língua nos lábios, propositalmente para desestabilizar Jisoo, e a empurrou novamente para a cama.

Amava quando Rosé a guiava, a tocava e fazia seu corpo o dela. Mas algo ali estava diferente, porque, por mais que desconsiderasse os últimos dias que estiveram separadas, tudo que viveu ainda estava gravado. Todas as palavras de Lisa, a situação de Jennie e o possível plano. Não conseguia ser fria o suficiente para agir como se não tivesse sido afetada por essa soma de fatores.

Rosé já trabalhava, fazendo de Jisoo um quadro em branco pronto para pinceladas, toques, experimentações.

— Seria diferente? Se eu tivesse outras companhias e tomado outras escolhas? — sussurrou Jisoo.

Sentiu as palavras saírem por conta própria. Rosé parou, era difícil dizer quando algo vinha naturalmente ou se era ensaiado, mas a expressão que recebeu dela foi a pior de todas: pena.

— Você não toma escolhas, Jisoo. Você deixa que os outros as tome por você. É isso que te amo.

Seus olhos se encheram d'agua. Era tão difícil ouvir aquilo.

— Eu não quero mais que seja assim, estou cansada de receber migalhas... durante toda a minha vida, estou recebendo as sobras...

Rosé suspirou, encarando-a como se Jisoo fosse um dever de matemática difícil demais de fazer.

— Por que está dificultando as coisas? Podemos... recomeçar, então? É isso que quer ouvir?

Ela não dava uma foda para as reclamações e sentimentos de Jisoo, estava excitada — mais por estar certa do que por outra coisa — e queria transar, falaria tudo para acabar com o papo e partir para a ação.

Jisoo fungou, afugentando as lágrimas.

— É, é isso que eu quero ouvir, eu quero recomeçar.

Recomeçar era a palavra correta, seria outra garota, uma mais impositiva e durona. Seria como Rosé e Lisa, e se não soubesse como ser, imitaria até pegar o jeito. Rosé estampou um sorriso genuíno no rosto quando voltou a beijá-la. Se beijar Lisa era receber o vento abrupto de uma janela aberta do carro, beijar Rosé era estar dentro de um furacão, era queimar no inferno, era receber a sensação de minutos antes do mundo acabar, uma bagunça de cabelos e cheiro de cigarros de menta.

Levou as mãos até os ombros dela e a empurrou na cama, invertendo os papéis. Entendeu porque Rosé gostava de ficar por cima, era boa a sensação de vê-la pronta para receber qualquer comando que dissesse.

— Acho que você gostaria de saber sobre uma coisa...

Rosé levantou uma sobrancelha.

— E o que seria?

— Sobre Lisa e Kai, ela dormiu na casa dele de ontem pra hoje, Jennie está desconfiada.

Rosé tapou a boca com as mãos.

— Ai meu Deus... Eles...?

— Lisa me disse que não.

Rosé não parecia convencida, era visível para qualquer um com mais de dois neurônios que a tensão sexual entre Kai e Lisa era forte o bastante para alimentar anos de fofocas. Ela agarrou o rosto de Jisoo, trazendo os lábios para perto dos seus.

— Você vai fazer uma visitinha a Jennie amanhã... e vai dizer a ela exatamente o que eu disser agora.

Elas sorriram, felizes.

Jisoo sabia exatamente o que fazer.

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