Capítulo XIII
— As ondas do elétron indo para cada lado dizem que existe 50% de chance de encontrar o elétron na esquerda e 50% de chance de encontrar na direita. Esse "encontrar" é feito com um detector. No caso do som, esse detector é o nosso ouvido. A diferença é que se detectamos o elétron de um lado, nunca a pessoa do outro lado vai detectar também. O elétron continua sendo um só, por mais que sua onda correspondente estivesse "dividida" entre a esquerda e a direita.
— O que está falando Mike? Você tem mania de falar algumas coisas estranhas.
— Relações entre onda e física quântica...
— Nunca nem vi isso, nem no meu ensino médio.
— Não existe física quântica no ensino médio boba! —Como de costume o ressoar da batida da porta faz com que Mike e Emilly se entreolhem, ninguém os visitavam, a não ser que fosse a dona do apartamento para cobranças.
— Não se preocupe, não vim a trabalho... — Bem em sua frente estava sua chefe, Milaíne Lemmon's, desta vez com um poderoso vestido verde esmeralda, relativamente curto, destacando suas pernas finas e longas. — Eu posso entrar? — Com certeza era notório o rosto de desespero de Emilly e o Mike imaginando o motivo daquele salto dourado uma hora daquela.
— Claro que sim Dona Milaíne...
— Dona não querida, Dona somente pro estabelecimento. — Em um tom ousado ela fala e se pôs a sentar e pisca um dos olhos para Mike, o qual pega suas coisas e corre para o quarto, ele preferia a física quântica, do que a física mulher.
Emilly não fazia ideia do motivo para a presença da Milaíne em seu apartamento, à vontade era de pegar o telefone e ligar imediatamente para Celine, perguntar se ela tinha dedo nisso.
— Você tem champanhe?
— Não...
— Eu estou literalmente brincando com você querida, mas só vim pedir desculpas... — Havia uma interrogação no rosto de Emilly. — Agir errado quando o senhor Blaine te fez parecer uma garota qualquer, e quero me redimir e dizer que não existe nenhum ressentimento meu para com você, pois venho percebendo que não estamos nos batendo no nosso ambiente de trabalho, como sua chefe e você minha colaboradora, isso não é muito saudável.
— N-nossa, tá t-tudo bem!
— Que bom que está! — Milaíne dá um salto animado levantando do sofá. — Pode me gratificar com um copo de água? Por favor? — Emilly apenas não responde, enquanto deixa sua chefe de dezoito anos e irritante à espera de apenas água.
Ela caminha até a cozinha com com a mente cheia de questionamentos, parecia que ela queria exatamente algo, Milaíne não a enganava, à vontade que ela tinha era de talvez colocar veneno para ratos dentro daquele copo, mas nem ratos haviam no bairro.
Depois de se deliciar com um copo d'água, Milaíne sai "rebolando", chamando atenção com o barulho estridente do seu salto pelas escadas e Emilly decide ficar parada na porta esperando sua chefe fugir de suas vistas.
— O que acabou de acontecer?
— Eu não sei e gostaria muito de saber...
— Será que sua chefe descobriu que você é dependente química? — Mike rir.
— É sério Mike, a Milaíne não ia se comprometer a vim a este bairro, neste apartamento, só para pedir desculpas, ela tem um escritório lá na cafeteria, por qual motivo ela não podia esperar até a noite?
— As vezes, pessoas se sentem na obrigação de fazer algo de imediato... — Emilly se recusou a parar de pensar na atitude estranha de Milaíne, enquanto Mike ainda pensava em como uma garota de apenas dezoito anos pudesse ser daquela forma.
— COM QUEM SERÁ, COM QUEM SERÁ, COM QUEM SERÁ QUE O JOE VAI CASAR... — Tob estava festejando na mente de Joe, enquanto o mesmo encontrava-se ainda deitado em plena tarde, o que não era de costume, ainda estava de pijama e com os mesmos pensamentos: Emilly Hall. Não conseguia tirar aqueles pensamentos, aquela verdadeira arte que vira na noite passada. — DIZEM QUE QUANDO ESTAMOS APAIXONADOS A TENDÊNCIA É FICARMOS MAIS PREGUIÇOSOS!
Joseph Stevens, um tanto famoso pelas suas aventuras nas artes contemporâneas, vinha dedicado sua vida ao charme de cada rabisco ou de cada pintura. Não era ligado a festas, ao menos que fossem retratados nelas "coisas da arte", muito menos era ligado em bebidas, ao menos que fosse um café. Era o típico homem que gostava de ouvir alguma música diferente e o menos esperado possível, não era ligado ao amor.
Tinha chances de encontrar uma bela garota, embora Joe no quesito apaixonado, sempre foi cauteloso e perspicaz, seu olhar era um mistério para as garotas que o rondava na faculdade, até mesmo suas colegas de trabalho. Recebia algumas cantadas de vez em quando de maneira indireta, ou alguns pedidos um pouco profanos, mas ignorava-as.
Ele queria algo a mais do que a arte, ele queria uma arte, por isso sempre se guardava nessa procura, ele acreditava no que simplesmente poderia acontecer, até encontrar Emilly Hall. Uma garçonete? Ele sabia que sim, embora, seu dom não estava somente para arte, estava também para um verdadeiro stalker, mesmo não sendo ligado a redes sociais.
Na concepção dele, através de buscas, percebeu que ela estava matriculada em uma Universidade no leste londrino: administração, descobriu isso por uma foto que um dos jovens postara a marcando. Em sua mente não cabia entendimentos para descrever o que ela fazia em uma cafeteria, mas isso que o deixava ainda mais interessado.
Uma garota diferente? Talvez. Ele só tinha a certeza que desde que ela surtara na faixa de pedestre, tinha algo a desvendar, a concretização disto foi a surpresa em vê-la na sua cafeteria preferida, ele não queria pensar que era ao menos coincidência.
Em mais buscas, uma foto se destacava em seu feed. Ela de costas, parecia se alimentar do por do sol que estava destacado. Prints podem destruir alguém, no caso para Emilly não. Joe printou algumas fotos e colocou em sua pasta intitulada: Belas artes, pasta esta que servia de inspiração para o pintor, pasta essa que existia renomados nomes de quadros. Guernica, A Persistência da Memória, Os amantes, Composição VII, faziam apenas um deslumbre para a persistência emotiva de Joe. Emilly era o quadro da vez, nunca sentira isso, por isso estava se permitindo, embora "novo", o medo batia na porta, pois apesar dos mistérios que ele sentia, não estava confiante com o final desta história.
Anelise Stevens se encontrava em seu quarto se auto admirando no seu espelho vintage, as marcas da idade incomodava-a. Passava seus dedos em cada ruga do seu rosto, parecia que o amor não habitava ali, mas como cirurgiã aposentada, conhecia alguns processos estéticos. "Por quê não endireitar o rosto?" Os Pensamento constantes de Anelise, mas o reflexo do espelho a assustara, Joe estava na porta, observando-a e isso não era do seu costume.
Na verdade era difícil a presença do filho em atuais situações de diálogo, sinais de bom dia e como vai inundaram o quarto, Anelise permaneceu ríspida e parada olhando-o, mas demorou pouco para a pergunta esperada da noite passada.
— Quem era a garota? —Joe usando o alfabeto com os seus dedos soletra o nome de Emilly com empolgação. — O que ela faz? — Ele sabia que se respondesse garçonete, o preconceito viria a tona e se tornaria um grande empasse para o coração um tanto ambicioso de sua mãe, mas sabia que se mentisse pagaria um preço mais alto lá na frente, então virou-se de costas e escolheu a omissão.
Anelise não satisfeita, andou friamente atrás de Joe, que já estava em seu quarto temendo a presença dela, como fosse um fantasma, pois esse diálogo nunca existia, e quando existia era de maneira totalmente intolerante.
— Joseph, de onde é essa garota? —Joe olha para Anelise e ver que ela daria uma pintura perfeita de uma criança com sessenta e três anos, com os braços cruzados e pernas batendo.
Joseph talvez fosse um dos melhores filhos da família Stevens, seus primos eram um tanto soberbos, egoístas e mesquinhos. Ele ainda conseguia agir com paciência diante a sua figura maternal.
— ELE ESTÁ APAIXONADO POR UMA GARÇONETE! QUAL O PROBLEMA DE DIZER ISSO JOE? — Tob estava completamente certo, não existia problemas, esta característica só facilitavam as coisas.
A explicação sobre Hall foi de maneira um tanto superficial, ele alegou que estava em processo de conhecimento e que se conheceram na cafeteria, mas não disse quando, nem como. Ele não tinha vergonha, mas medo, ele sabia o que sua mãe era capaz de dizer e fazer diante a qualquer cenário que não restitui-se a honra da família, de uma maneira um tanto quantitativa. Ele sabia o que ouvira dela diante dos quatro anos tentando se formar.
Anelise não ficou satisfeita com as tais características e estava disposta a conhecer melhor: Emilly Hall.
Seis horas da tarde, um dos piores horários para quem trabalhava na cafeteria, Emilly se encontrava corriqueira, mas seus pensamentos se direcionavam a presença de Milaíne, que parecia está aprontando algo.
— Para de paranóias mulher! Dona Milaíne acabou de sair da adolescência, jovens têm momentos ruins e por isso se viu no dever de te pedir desculpas. — Celine advertiu, mas não a convenceu, ela continuava olhando para sua chefe, que estava sentada com alguns amigos riquinhos da sua faculdade, falando sobre compras, festas e administração.
Emilly se encontrava em apuros, em apenas uma bandeja carregava o suficiente para soldados em guerra, quando ela se ver em total estado de choque ao ver Joseph entrar pela porta da cafeteria.
— "O que ele está fazendo aqui?"
Não era de costume Joe ir a cafeteria a noite, seus horários eram os primeiros das manhãs, mas o que ela poderia fazer, não tinha uma placa ali: "anti Joe" . Presa em seu olhar, ela ver que ele acena, obviamente ela retribui, mas se sente tremendamente tonta e corre para os fundos da cafeteria.
Com as mãos no joelho e a cabeça ligeiramente voltada para o chão, Emilly não consegue se concentrar em apenas um pensamento, sua cabeça começa a rodar e dentro de si ela não se imagina o que estava acontecendo, talvez um sentimento de culpa por aceitar sair com ele e agora ele estava a perseguindo.
— EMI... — Henrique se predispõe ao vê-la naquela posição. — Você tá legal?
— Eu estou, eu estou! Fique em paz Henrique, já podemos voltar...
— É o Joe não é? — Emilly apenas para adiante para ter certeza do que ouvira, mas Henrique continua. —Eu não pude deixar de notar Emilly, Joe está caidinho por você...
— Olha Henrique... — Emilly se vira para a figura nas suas costas, mas mais uma vez foi interrompida.
— Eu quero que me escute, o Joe, tem tudo que quer, inclusive todas as mulheres que quer, eu trabalho aqui a um bom tempo para saber o quanto de mulheres ele já trouxe aqui e depois leva a um lugar qualquer barato, e não foi só uma ou duas. Não sei como não percebeu nem te contaram a fama dele, você não é para isso Emilly, não deixe que esse capitalista faça sua cabeça, ele apenas quer ter algo de uma noite com você e acabou. No início mostram ser prestativos, românticos, mas não se engane com um rostinho bonito!
Emilly se sente tonta ao ouvir cada palavra, parecia que quanto mais ela pensava no Joe, mas a fazia ficar mal, e a culminância disto tudo, foi o próprio vômito na calçada nos fundos da Lemmon's Free.
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