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Capítulo VI

Emilly só queria está no filme Aladdin, exatamente na parte da lâmpada mágica, pediria para o gênio que ela sumisse, sim, o desejo de sumir durante uma semana. Seu pensamento se esvai com o toque do seu celular, embora fosse sua mãe, não era uma boa ideia atende-la depois da meia noite, e sim, a rua estava parada, escura, típica: assalto. 


Ao cruzar a esquina Hall se bate com um homem, de olhos fechados imagina que é o seu dia de sorte: 

—  Mike? — Emilly consegue enxergar seu colega de quarto bem a sua frente.


—  Vim te encontrar... —  Emilly inclina timidamente sua cabeça para o lado direito em sinal de agradecimento, entrelaça seus braços no dele e saem caminhando. 


— Eu vou querer saber de tudo, ouviu? —  Emilly apenas balança a cabeça e se concentra no perfume do seu amigo, um floral adocicado. Apesar do dia totalmente confuso e cansativo era ótimo ter uma figura como a do Mike Pierce para contar, era aquele que estava em todos os momentos do dia para tudo, o famoso clichê de melhor amigo, mesmo diante dos altos desentendimentos. 


—  VOCÊ VIU O ROSTO DELA? SEM SABER QUE VOCÊ ERA MUDO? — Tob ganhava a cena, enquanto Joseph com seu pijama listrado tentava honestamente dormir, mas era quase impossível com algo na sua mente. —  NEM TENTE SENHOR STEVENS ME IGNORAR. —  Ria sozinho a cada fala de Tob.


Estava na hora de retornar ao momento alto do seu dia, seu quadro,que foi o mais  disputado no leilão. Ele ainda podia ouvir o coral das crianças do orfanato, que eliminava todas as vozes negativas da sua mãe. Ele sabia que ela o amava, mas o dinheiro estava em cada veia do seu corpo, em modos artísticos isso se designava como preconceito em nome da prepotência. 


A madrugada continuava, os pensamentos do artista já não estavam concentrados no que lhe aconteceu, mas sim em um passado mais distante, seu pai. 

O que fazia a família Stevens ser conhecida era a riqueza, e o pai de Joe não fugia desta realidade, embora se exaltava mais ainda através da humildade. Essa humildade foi seu referencial até onde chegara, era difícil não tê-lo presente, porque sabia que se ele estivesse ali cortaria sua mãe quando a mesma mencionasse algo como mais cedo. Joe já estava acostumado com esses ataques repentinos, mesmo que ele falasse pouparia palavras, acreditava na falta de palavras diante de tolos, seguia o exemplo de Salomão. 


Aquele momento ele deixou uma lágrima escorrer, o que era extremamente difícil. A saudade de todos os momentos irradiava o seu quarto, através das telas conseguia enxergar os  primeiros desenhos, e seu pai fazendo festa apesar de ser filho único, entendia que as atenções estava voltada para ele pelo seu talento.



—  Sorria, seja simpática e gentil! —  Emilly repetia essa frase no espelho. 


— Vamos, vamos, vamos? — Celine batia palmas, dava pra perceber que era um tanto mandona, mas Hall gostava do jeito dela, talvez fossem um tanto parecidas.


— Bom dia! Em que posso ajudá-lo? —  Emilly se dirigia a um senhor de idade.


—  Então querida... —  Nesse momento ele já a olhava estranha, mordendo os lábios e fitando em seus seios. 


— O que é isso? Você é uma espécie de psicopata?


—  Só se for pra você gatinha... — Ele diz em um tom nojento e indiscreto. 


—  Eu vou pedir para o senhor retirar essas palavras... —  Seu coração já estava acelerado, principalmente quando observava que ele ria diante dela. 


Emilly não pode conter sua raiva,  pegou o jornal que estava na mão dele e começou a rasga-lo, rapidamente pegou pelo colarinho dele,  que por sinal era de um tecido desconhecido, e o levantou. Nessa hora quase todos da cafeteria levantaram e foram de encontro a mesa onde estava acontecendo a euforia. 


— Emilly, solte ele por favor! Você está maluca? —  Celine tentava tirá-la do pescoço do senhor Blaine, isso mesmo, o nome do assediador.


—  ELE É UM ESCROTO... —  Nesse momento a querida e pequena chefe chega com seu terno do dia: preto e uma decotada com uma blusa vermelha que destacava seu rosto corado.


—  EMILLY, SOLTE O SENHOR BLAINE POR FAVOR! —  Aquela fala aguda soou em seus tímpanos, causando reações de choque em seu corpo.

Já se encontrava no escritório havia alguns minutos e aproveitava para assimilar o cheiro de flor de defunto que irradiava o ambiente , inclusive se sentia em uma diretoria, prestes a levar uma advertência, suspensão ou até mesmo uma expulsão. 


—  Olha Milaíne...


—  Dona Milaíne...


—  Dona Milaíne, eu juro que posso explicar o que aconteceu, aquele senhor lá, deu em cima de mim...

—  Se sentiu ofendida? 


—  Me senti desrespeitada! 


—  Olha, você não pode tratar nossos clientes assim, não pode simplesmente pega-los daquela forma, principalmente o senhor Blaine, você sabe o que sobre ele? Aposentado da marinha e melhor amigo da nossa família, cliente número um desta cafeteria. -Emilly respira fundo, mas não podia deixar aquilo barato, odiava toda forma de desrespeito, principalmente vinda de homens para om mulheres. —  Vamos ter que descontar do seu salário... 


—  Descontar por algo que eu faria novamente? 


— Tente... —  Olhares desafiadores inundavam o pequeno escritório. 


—  Se coloque no meu lugar, somente se coloque! -Emilly se levantou e mostrou um pouco do que era, não admitia esse tipo de comportamento com a sua pessoa. 


Ela corre até o banheiro e a vontade que tinha era de quebrar o espelho com as próprias mãos. 

—  O que aconteceu lá fora? -Celine chega com uma bandeja em mãos, mesmo sabendo que era errado.


— Ele mordeu os lábios, falou umas palavras nojentas lá e achou que eu ia deixar barato, não, mesmo...


—  Vá com calma mulher maravilha, você é garçonete, como eu também, já ouvi muito mais que você, e vai ter que se acostumar com isso. —  Emilly se vira bruscamente para sua colega de trabalho. 


— Com todo respeito Celine, eu não sou uma garçonete de cabaré, e mesmo que eu fosse eu faria a mesma coisa...


—  O senhor Blaine é o melhor...


-MELHOR AMIGO DA FAMÍLIA? NEM SE ELE FOSSE O PAPA!


—  Você pode falar baixo? —  Emilly sai com os punhos cerrados e ofegante, a raiva a dominara, enquanto Celine observava-a voltando ao trabalho.



Era o intervalo do professor na Academia de Artes. Joe se dedicava a que tudo que fazia, mas naquela manhã ele somente se lembrava do ocorrido na cafeteria e como a tal da Emilly ficava nervosa, mas, realmente foi algo que ele sentiu a seriedade na situação, pois conseguiu ver o quanto ela estava certa de se impor a ira, desde o dia na qual quase a atropelara, o que era difícil dele ver em uma mulher a sua volta. 

Quando alguém perde algum sentido do corpo, os outros se tornam ainda mais aguçados, sua audição se tornara aguçada e com certeza o Senhor Blaine que estava a duas mesas a frente estava cantando em um tom bastante promíscuo, com o termo: "Só se for seu." 


QUEM QUER SER PSICOPATA DE ALGUÉM? -Tob deu uma ideia genial a Joseph, que fingia esta corrigindo algumas provas, mas na verdade tinha um plano, um plano que ia de encontro com seus princípios, mas como ninguém ouvira a jovem garçonete, ele sabia dos seus sentidos. Bom, ele já havia pagado o gesto obsceno que ela remeteu a ele e agora só faltava pagar o quase acidente que causara a ela.

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