Capítulo IX
"Caro leitor, neste capítulo contém cenas de violência sexual, se caso se sentir perturbado(a), agoniado(a), não se sentir confortável diante desse assunto recomendo não ler o parágrafo 31 (parágrafos são contados através de falas também). Logo mais, não poderia faltar com o respeito com você, querido leitor. Saiba que se sentir assim, pode contar comigo também, você nunca estará sozinho(a). Você é especial!" 💛
Enquanto a figura matriarcal já estava na cozinha preparando um suflê (seu carro chefe), Emilly se encontrava no banheiro, sentada no vaso, obviamente sem fazer suas necessidades, a mão na sua cabeça declarara o quanto estava nervosa, como ela poderia ir pro seu plantão a noite na cafeteria? Sua mãe planejara passar todo final de semana e ainda era sexta feira, como escaparia disso?
— EMIII? -A voz da sua mãe lembrava das histórias de terror do seu avô na fazenda. — Querida, venha cá...
— Calma, já tou saindo! — Emilly ouviu no quarto ao lado o som de Mike Pierce rindo, retirara sobre ele tudo que falara na noite passada. — Sim...
— Esses fornos modernos não são iguais aos de antigamente, não sei se o suflê vai ficar legal... — Emilly apenas balançou a cabeça em sinal de confirmação e saiu novamente para o seu quarto, embora sua mãe foi atrás.
— Querida, eu sinto você tão distante de mim, tão diferente, eu sei que sempre foi um pouco reclusa, mas me conta, o que está acontecendo?
— Nada, não está acontecendo absolutamente nada! — Emilly respira fundo e comete algo que ela talvez, não queria. — Na verdade mãe, não se vem na casa de ninguém assim, principalmente em outra cidade, eu não sei o que dá na senhora, a senhora precisa entender que eu cresci, cresci a muito tempo! —Emilly se tocou o quão foi longe nas palavras.
— Emilly! — Ela deparou-se com a figura de Mike na porta mostrando negatividade em sua face.
— Não, ela tem razão, agora mesmo eu irei para casa, deixe mais trinta minutos no forno o suflê, ok?! — Emilly na mesma hora se arrependera, mas o orgulho e sua prepotência falou mais alto, mesmo vendo a face da sua mãe, uma face totalmente amargurada e entristecida. Ela foi longe demais.
— JOE, O QUE VAMOS FAZER? TEM UM CAPETA ATRÁS DA GARÇONETE! SE BEM QUE ELA É BEM ESQUENTADA, EU NÃO DUVIDO NADA ELA ANDAR ARMADA! — Tob falava na mente do Joe, mas era como se ele literalmente não estivesse ali. Ele estava concentrado na estrada, estrada onde levava na casa do seu aluno prodígio.
— LUKE! O PROFESSOR MUDO ESTÁ AQUI! -A matriarca gritava pelo se filho, que certamente estava em um dos seus jogos, ou tentando desvendar enigmas.
— Professor! Iai!
— Luke, não fale gírias com seu professor. Me desculpe professor Stevens, esses jovens de hoje... — Joe fez o sinal em libra de sem problemas e sorriu.
— O que ele falou?
— Sem problemas e que ele também gosta de falar gírias... — O garoto começa a rir, enquanto finge não ver seu professor fazendo sinais de que era mentira.
Joe começou a falar com o mesmo sobre o que acontecera, sobre a ameaça de Blaine diante a Emilly e que ele estava sem dormir por causa da situação.
— Da pra perceber professor! Brincadeira...
Joe continuava falando, destacando sempre seu arrependimento, por um lado foi bom ver ele na cafeteria sem direcionar um olhar para ela, embora, agora a própria corria riscos de morte, por um ex oficial da marinha, sabia que ele tinha fontes que com certeza faria o mal para Emilly.
— Talvez o velhaco marinheiro estava fazendo uma chantagem emocional com você, talvez ele não tenha coragem de matar alguém assim, se bem que as pessoas pelo o amor são malucas, talvez o que o senhor fez pela Emilly foi uma baita demonstração de amor. Venha cá professor, desculpa se eu eu for um tanto entrão, mas... O senhor gosta... tipo... homem e mulher, sabe... O senhor gosta dela? — Joe de imediato faz o gesto negativo, com seus olhos arregalados.
— JOE, EU ESTOU NA SUA CABEÇA, VOCÊ SONHOU DUAS VEZES COM A GARÇONETE ONTEM! — Ainda bem que Luke não estava na mente dele.
— O que o senhor quer de mim professor? -Joe pensa um pouco e faz sinais referentes a um plano.
— Acho que o senhor pode fazer é ir conversar com a esposa do senhor Blaine, contar a verdade sobre tudo, colocar esse caso na justiça, pela vida da Emilly e contar pra ela também! — Joe fez sinais negativos, não podia contar pra Emilly o que fizera, o que ela pensaria dele?
— Ela pensaria que o senhor fosse talvez um herói mascarado! — Joe continuava sério, apesar de adorar o garoto, suas piadas eram sem graça. — O senhor quer que eu vá né? Dá um de tradutor do Google... — Joe assente sorrindo.
— Vai pra onde Luke?
— Bom, An, tenho que fazer alguns trabalhos com o professor mãe, te amo tá? — Frase típica de quando você quer muito sair e tem medo da sua mãe não deixar. — Luke pega sua mochila e entra com tudo no carro de Joe, pronto para a sua próxima aventura. — Professor, dá pra colocar Twenty One Pilots? -Joe ignora o pedido do aluno e depois de quase atropelar uma garota na faixa de pedestre, decide ser maduro e ignorar tudo, até mesmo o Tob.
Limpando algumas mesas, cumprindo seu turno noturno, Emilly só lembrava da imagem da sua mãe. O quanto ela foi rude, tinha horas que a mesma odiava sua personalidade, mas memórias de infância a corroía, o que era difícil de acontecer, se fez, Emilly não conseguiu segurar, correu até o banheiro e somente sentiu as lágrimas quentes percorrem seu rosto.
Celine de imediato entra no banheiro e tenta se mostrar prestativa de alguma forma.
— Ei, ei, Emilly, o que foi? Por quê está chorando? -Parece que quanto mais queria saber, mais ela chorava.
— Posso saber de quem é o enterro? — Milaíne entrara no banheiro com uma cara enojada, que já era do seu feitio, parece que quanto mais ela aparecia mais mostrava sua verdadeira face, literalmente.
— Dona Milaíne, só vim aqui perguntar o que aconteceu, Emilly ficou bastante chorosa...
— Se contendo pra não bater em mais nenhum homem Emilly? -Disse a jovem empreendedora olhando fixamente para ela.
— Olha, obrigada Celi, e dona Milaíne... — O termo "dona" ainda a arrepiava. — Já estou indo pro meu trabalho.
Depois de inúmeras mesas limpas, clientes devidamente satisfeitos, Emilly se encontrava sozinha no passeio sentada do outro lado da cafeteria, a esperar Mike, mesmo sabendo que ele estava chateado com a atitude dela e ela não tirava a sua razão, o que ela fez foi desprezível, sua mãe não tinha culpa de suas próprias mentiras.
Emilly ainda se prendia a coisas passadas, coisas essas que talvez a perseguissem e explicasse alguns comportamentos, coisas essas que a perseguia desde os seus oito anos de idade e por mais que parecesse que ela estava curada, na verdade ela se prendia a tudo aquilo, sempre levando em seus peito eem sua mente o que sofrera, sem ao menos mencionar a ninguém o que realmente aconteceu.
Há dezoito anos atrás...
Emilly Hall, a menina mais doce da província, veio de uma família de fazendeiros não tanto famosos, a menina com a felicidade no olhar que predominava, a menina que fazia bem a todas as pessoas, e todas as pessoas gostavam sim de rodeá-la. Infelizmente o acúmulo de pessoas em sua vida trouxe alguém com uma tremenda maldade no coração.
Sempre ajudava seus pais com os afazeres em questão da lavoura, mas um dia não contou com a ajuda deles, pelo contrário, precisou ir com um ajudante, cujo nome não será possível o destaque.
Era uma tarde ensolarada, assim como as de antes, a caminho ela já percebia o olhar maléfico do ajudante, e não era a primeira vez, ela já realmente sabia o que lhe aguardara, hoje se soubesse que era inocente demais, nunca permitiria o acontecido. Ele sorria, mordendo levemente os lábios, parecia se divertir com aquela prepotência, com aquela farsa de boa pessoa, mas na verdade estava distante de ser algo do tipo.
Faziam o trabalho, mas se cometesse erros ou acertos, sua recompensa não era somente o afago dos seus pais mais tarde, mas sim o envenenamento que ele o causara. A substância era: a violência sexual, doentia, sagaz.
Ninguém a ouvia, ninguém a entenderia, por isso o medo era sempre o mesmo, ela queria gritar ao menos o nome da sua mãe, mas nem ousava fazer isso, pois era pior o castigo, não bastava a palavra estupro no seu vocabulário, a palavra agressão física também estava. Murros, tapas, sangue, palavras, sentia vontade de morrer , mesmo sabendo que tudo começou quando ela tinha apenas oito anos, conhecer a "vida" forçadamente era a coisa mais difícil que lhe acontecera, voltar como se não tivesse acontecido nada era o verdadeiro purgatório.
— Emilly? — Celine e Henrique atravessaram a rua desesperados ao vê-la jogada em prantos na calçada.
— Por favor, me deixem sozinhos!
— Venha, vou te levar pra casa... — Em um impulso Emilly tira as mãos de Henrique dela, pois no mesmo instante lembrou das mãos frias e grossas do seu agressor.
— Não toque em mim, por favor!
— Emilly, eu e o Henrique vamos com você até em casa, só quero que entre no carro dele e deixe ao menos uma vez ajudarmos você, isso não são horas, de verdade... — Emilly não pôde vencer, teve que aceitar o pedido deles, entrou no carro e foi para casa acalentada por Celi.
A poucos metros, o carro do Joseph Stevens estava parado, ele observava tudo, talvez por medo de acontecer algo e levar a culpa para sempre, ou talvez, pela Emilly está em seu constante pensamento.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro