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Capítulo II

Dividir um apartamento na mente de Mike era completamente difícil, principalmente quando sua colega de quarto era uma tremenda bagunçada e preguiçosa.

Fios de cabelos castanhos no ralo, a famosa toalha em cima da cama, o pior era a divisão do mesmo banheiro e ainda sem bons costumes, como deixar a tampa da privada aberta, não fechar a torneira direito, na parte da cozinheira era o clichê do comer e não lavar. Para Mike, Emilly curtia conviver com a sujeira, mas naquela manhã foi diferente, Mike que costumava acordar cedo para correr, se depara com sua amiga na cozinha preparando o café.

— Hoje declaramos que vai chover! — Disse Mike ainda assustado com a cena que estava na sua frente.

— Cala a boca Mike! Se eu for ser garçonete preciso saber servir direito e ter disciplina...

— Mas, eu nem pedi ainda. O que eu quero senhora?

— Que tal, ovos mexidos e torrada? — Mike faz uma cara enojada. — É o que temos nessa casa queridão, ou come ou vai com fome...

—Nossa, olha só, uma banana na fruteira...

— Idiota...

— Então, mas qual o motivo de acordar cedo? — Mike indaga, ainda descascando a banana.

— Recebi uma ligação ainda ontem à noite, a filha do dono da cafeteria quer me mostrar tudo amanhã e me conhecer óbvio, marcou comigo ás oito.

— Tarde até...

— Tarde?

— Querida Emilly... -Mike se aproxima e pega em seu rosto em um tom debochado. — Às oito geralmente os clientes já estão em seus respectivos trabalhos, você acha mesmo que serão às oito horas da manhã que começará seu trabalho ?

— Vai correr Mike...

Do outro lado da cidade Joe Stevens já se encontra sentado na sua cafeteria preferida: Lemmon's Free, uma das cafeterias mais autênticas da cidade, nem tão requintada, mas o café animado e a torta de maçã eram a referência do local. Como Joe não era nem um pouco clichê, seus pedidos eram os mais variados possíveis e odiava os cafés animados, resumindo, os famosos cafés com desenhos em cima, o cliente pede uma bicicleta o animador de café é obrigado a se virar para anima-lo.

— SEGUNDA FEIRA, MANHÃ NUBLADA, O QUE VAI PEDIR HOJE SENHOR STEVENS? — Tob rugia em sua mente.

— Bom dia Joe, dormiu bem? — Chega Celine, uma das garçonetes mais antigas e mais autêntica. Celine era a cara da Lemmon's. A mesma tinha um alto conhecimento em libras, o que fez ser a única que atendesse o Joe.

Joe assente com seu rosto, sorrir para sua garçonete preferida e faz o sinal de bom dia. Joe era muito direto nas palavras, mesmo antes de ter perdido a voz, então todos já estavam acostumados com isso.

— Então o que vai pedir?

— JOE, PEÇA UMA TORTA  DE CHOCOLATE, UM CAFÉ ADOCICADO E QUE TAL BISCOITINHOS DE AÇÚCAR? — Joe começa a rir, sua vontade era de pedir isso tudo, mas estava tentando controlar seu açúcar. Joe faz o sinal de desculpa e faz seu pedido.

— Então... Ovos mexidos e café sem leite! — Joe e seus pedidos imprevisíveis...

— Adam? Ovos mexidos e café sem leite para o Joe, por favor.

— Como assim? Quem não sabe mexer ovos em casa? -Adam um dos cozinheiros critica o pedido de Joe, embora estivesse acostumado.

Uma dia o Joe era requintado, no outro não, ainda sorria sozinho na pequena mesa, rindo do Tob que ainda continuava falando, Tob era sua versão mais engraçada, o que assustou a todos que estavam acostumados naquela manhã ver o Joe daquela forma.

— Joe, você está bem? -Pergunta Celine colocando o prato sobre a mesa, com uma face assustada. Joe somente assente com a cabeça e sorrir, já mergulhando seu garfo nos ovos.

Diante do espelho, Emilly ficava de perfil e admirava sua barriga um tanto estufada e ria daquilo como se fosse a última coisa do mundo, ela tinha um plano em mente, talvez abrir uma cafeteria com o salário de uma garçonete seria ambicioso demais, mas, se ela mostrasse que ao menos dava pra ser uma ótima administradora? Um pouco de técnica já existia dentro dela, garra e dedicação, somente quando se tratava do que ela queria e ela realmente ela almejava isso.

Seu guarda roupa sempre bagunçado não era de se admirar, o típico ritual diário, mas agora com um toque de preciosidade.

— Mike é você?

— Acabei de chegar! -Emilly enoja quando ver aquele corpo suado em sua frente.

— Preciso de ajuda com o meu traje, quero impressioná-los. — Reflete Emilly ainda olhando sua face no espelho.

— Você me pedindo ajuda de roupa?

— Não necessito mais da sua ajuda, não tou aguentando com esse seu pequeno odor natural, vai contaminar minhas roupas...

Hora da luta, calças sociais significava esforço, admitia-se puxar com toda força que existia em seu ser:

— Ufa! Deu certo! - Uma leve abaixada para pegar seus calçados mocassins e o já esperado por uma calça extremamente apertada acontece. — DROGA!

— Isso que dá achar que tem corpo de mocinha...

— Ora seu... -Emilly joga um par dos seus sapatos em Mike, o qual se esquiva e ainda sai a debochar.

A caminho da cafeteria analisava seu jeans skinny claro, a preocupação logo viera à tona: "Quem vai para uma possível contratação de trabalho com um jeans claro?". Seus pensamentos foram interrompidos com o trio elétrico, mas conhecido com: seu celular, na tela o nome: mamãe e no coração altas palpitações.

— QUERIDA? — A senhora Hall tinha alguns problemas de falar muito alto em ligações e fora delas.

— Mamãe, nossa, que cedo, bom dia !

— Imagino que ainda esteja na cama, não pode se atrasar pra faculdade...

— Não, não, já estou a caminho de lá. — Mentira.

— Nossa! Que milagre, tão cedo assim?

— Mudanças de hábitos é sempre bom. — Emilly atravessa a faixa de pedestres bruscamente correndo.

— Querida, você me parece está ofegante....

— É... É... Hoje eu vou apresentar um seminário importante, então quero chegar o mais cedo possível para me preparar mais com os colegas. — Mais uma mentira.

— Que orgulho, da nossa futura administradora...

— Ah! com certeza!

— Você nunca mais nos falou sobre a faculdade, eu e seu pai estamos preocupados.

— Mamãe, eu tou chegando aqui, depois eu prometo ligar...

— Você sempre promete, nunca liga... -Emilly desliga o telefone, odiava ter que fazer isso, pois sabia que poderia frustar os seus pais, mesmo sabendo que já estava os frustrando com mentiras.

Um dos seus defeitos já veio à tona, nada fazia tirar seus pés do que realmente queria, e lá estava ela, pontualmente de fronte a uma das cafeterias mais frequentadas: Lemmon's Free.

Ela havia estudado um pouco sobre a história dá cafeteria, era passada de gerações, Lemmon's era o sobrenome da grande família fundadora. Gerenciada por Elimael Lemmon's, pai de Milaíne Lemmon's, o braço direito do pai na cafeteria e a própria que ligara para Hall e quem sabe isso seria um tanto difícil pelo fato de ser algo de gerações, quem aceitaria uma estranha para administrar?

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