Epílogo
- Estão liberados. Até a próxima aula e não esqueçam da tarefa no portal! - A professora gritou quando eu já saía da sala com meus amigos.
- Vocês já fizeram a tarefa? - Rafael perguntou.
- Eu já fiz. - Sorri, descendo os degraus para a saída do prédio. - Por quê? Quer ajuda?
- Todos nós precisamos. - Camila fez uma careta.
- Tudo bem, eu posso ajudar vocês. - Assenti, parando com eles em frente do prédio como era de costume que fizéssemos antes de irmos para casa. - Vão vir amanhã?
- Não sei. Vai ter uma festa bacana no Desmanche e eu estou extremamente estressada, porque meu contrato de estágio tá acabando e ninguém falou nada. - Amanda reclamou enquanto acendia seu cigarro.
- Por que não vamos todos para a confraternização? - Bruno sugeriu.
- Eu não sei. - Dei de ombros, fazendo uma careta.
- Por favor, Ju! - Camila pediu, fazendo um pequeno bico. - A Amanda vai chamar a Carol e você pode chamar o seu namorado.
Camila sabia porquê eu não gostava de participar daquelas confraternizações. Não que Thomás fosse ciumento, só não era a mesma coisa sem ele.
- Vou ver, OK? - Sorri, vendo minha amiga dar pulos de alegria.
Meu celular vibrou e ali estava uma mensagem de Thomás dizendo que estava chegando.
- O Tom está vindo. - Avisei, abraçando cada um deles para me despedir. - Algum de vocês precisa de carona?
Todos negaram prontamente e eu acenei, saindo dali para me encontrar com Thomás.
Minha vida havia se alterado nos últimos anos, principalmente depois de ser um experimento do Universo. Eu nunca mais fui a mesma e nem sabia como agradecer ao Universo por isso - talvez minha crença em astros fosse o suficiente.
Matheus nos perturbou junto com Lucas até o fim daquele ano e, por mais os evitássemos, não era como se eles se cansassem. Mas nenhuma de suas tentativas de nos separar foi o suficiente e aquilo tudo só me aproximava mais de Thomás.
Por todo o estresse que havia passado, decidi tirar um ano sabático enquanto via meus amigos ingressarem em suas faculdades. Carol decidiu estudar administração na USP, porque sonhava em montar um negócio próprio e hoje tinha uma loja virtual de camisetas que fazia um grande sucesso. Lola iniciou os estudos na Belas Artes para se tornar uma design gráfica e gostava muito do curso. Já Guilherme entrou na FEI para estudar engenharia civil junto com a Tati, que entrou no ano seguinte. Também no ano seguinte Davi entrou na UMESP para fazer direito, um ano depois de Lucas. Thomás entrou na mesma universidade, cursando psicologia. Matheus fora estudar biologia marinha em Santos. Laura, agora namorada de Tuti, resolveu estudar Moda na mesma faculdade que meu irmão mais velho - que agora era empregado com carteira assinada na empresa onde começou como estagiário. Eu me decidi por jornalismo e estudei o suficiente para conseguir passar na Cásper Líbero.
Carol finalmente esquecera Lucas e agora namorava com Amanda, uma das minhas colegas de faculdade. Davi conseguira se acertar com a família de Lola e eles estavam a procura de um emprego para que pudessem ir morar juntos. Gui já morava com a Tati em um apartamento perto do seu novo emprego. Tuti estava para casar com Laura e nós tínhamos uma relação melhor, mas ainda distante. Meu pai conseguira um novo emprego na sua área e não poderia estar mais feliz e estabilizado. Eu já tinha meu próprio emprego em uma rede de televisão, devidamente indicada pelos professores da faculdade, e Thomás trabalhava em uma empresa na área de recursos humanos. Não sabia muito sobre Lucas e Matheus nos últimos anos já que não me preocupei em procurar sobre os dois.
Apesar de parecer fácil, não foi. Nós passamos por brigas como todo casal. Tive a fúria da ariana e o ciúmes da taurina, assim como o desapego da geminiana. Tive o drama da canceriana e a espontaneidade da leonina, mas também a seriedade da virginiana. Tive o idealismo da libriana e o fogo da escorpiana, bem como a insanidade de uma sagitariana. Tive a frieza de uma capricorniana e a teimosia de uma aquariana, porém equilibrei tudo com o amor incondicional do signo que mais me influenciava no dia a dia: Peixes. Por vezes achava que tudo estava acabado, mas sempre tínhamos um jeito de surpreender o outro, seja com um gesto ou palavras. Não era desgastante, porque nós não permitíamos que fosse. Nosso amor sempre superava todas as dificuldades, mas eu não entendia como não havia enlouquecido Thomás durante todos aqueles anos.
Também era difícil ver meus amigos - exceto Lola que estava sempre nas reuniões familiares - e isso gerava conflito com uma pitada de ciúmes. Tentávamos reverter de todas as formas e sempre conseguíamos resolver tudo com vinho e risadas sobre os velhos tempos.
Caminhei até a Alameda Campinas, onde ele sempre me esperava com o pisca-alerta ligado, e não demorei a avistar seu carro. Assim que abri a porta, pude vê-lo se assustar e quase derrubar o celular, me fazendo rir.
- Tá fazendo coisa errada? - Perguntei, me esticando para selar nossos lábios enquanto colocava o cinto de segurança.
- O quê? - Thomás franziu o cenho, me entregando seu celular para que pudesse dirigir. - Claro que não.
- Sei. - Murmurei. - Quer ficar em casa hoje? Minha mãe fez o jantar.
- Claro. - Respondeu, apertando o volante e parecendo nervoso.
- Tudo bem? - Franzi o cenho e toquei sua coxa. - Teve um dia difícil?
Thomás abriu um enorme sorriso, o que eu tanto amava.
- Não. - Umedeceu os lábios, parando no farol vermelho e levando minha mão até seus lábios para que pudesse beijá-la. - A Nath vai vir nos visitar com o marido e o Enzo esse fim de semana.
Nathália, a irmã de Thomás, era agora uma das minhas melhores amigas. Até mesmo me dava razão em algumas discussões com seu irmão, sempre me aconselhando quando necessário. Depois que terminou a graduação, a garota resolveu ficar na Paraíba e nós não entendemos até que ela apareceu grávida e de casamento marcado. Seu marido, Fernando, era uma das pessoas mais legais e doces que eu já havia conhecido.
- Isso é ótimo. - Sorri, apontando para o farol verde e vendo-o voltar a dirigir. - Tem certeza que está tudo bem? - Perguntei, desligando o pisca-alerta que ele havia deixado ligado - como sempre fazia.
- Sim. Por que tá insistindo na pergunta? - Riu nervoso.
- Porque você não tá fazendo o caminho pra minha casa. - Ergui as sobrancelhas.
O garoto pressionou os lábios e continuou a dirigir sem dirigir uma palavra sequer.
- Sério. Tá tudo bem, amor? - Tentei mais uma vez, voltando a tocar sua coxa.
- Quer parar de estragar a surpresa? - Ele arregalou os olhos verdes na minha direção.
Ergui as mãos na altura dos ombros e me afastei, sorrindo abertamente.
- OK. Me desculpe.
- Eu só preciso que você vista isso. - Thomás pescou minha máscara para dormir em viagens no porta-luvas e me entregou. Quando eu fiz uma melhor expressão confusa com o objeto nas mãos, ele se explicou: - Eu não vou te matar, é só pra não estragar a surpresa.
Pensei por um momento na sua proposta e dei de ombros, colocando a venda improvisada e ficando daquele modo o resto do trajeto. Se eu não confiasse nele, não estaríamos namorando há quatro anos.
Apesar de saber que o caminho até o destino final não levou mais do que dez minutos, parecia que eu estava vendada há uma eternidade. Thomás me guiou com dificuldade pelas ruas e então entramos por um portão, mas eu não tinha certeza de onde estávamos. Foi só depois de tirar as chaves do bolso e abrir uma porta que ele tirou minha venda.
Estávamos em frente à entrada de um apartamento. A primeira coisa que via era um cômodo que parecia servir para ser sala de estar e jantar, e ao meu lado esquerdo a cozinha e a lavanderia. Não havia uma mobília, mas uma mesa de bar com cadeiras que combinavam estava montada no meio daquela sala. Pratos traziam o que parecia ser o jantar em cima da mesa com taças de vinho e duas velas acesas em castiçais em cima da mesa.
Eu não conhecia aquele lugar e não estava entendendo o que estava acontecendo ali. Quando me virei para Thomás para dar bronca sobre o perigo das velas acesas e perguntar o que era tudo aquilo, pude vê-lo ajoelhado com uma caixinha de veludo azul em mãos aberta na minha direção e dentro dela estava um anel dourado com uma pedra pequena, mas que eu imaginava ter custado boas parcelas de seu salário.
- O qu... Thomás, você tá louco? O que é tudo isso? - Arregalei os olhos, tapando a boca com as mãos enquanto ria.
- Sim, por você. Essa é a casa que compramos para construirmos um futuro juntos e esse é o seu anel de noivado. - O garoto tinha um enorme sorriso nos lábios. - Aceita se casar comigo, Julia Silva?
Eu senti meu coração falhar um batimento e me ajoelhei junto com ele, tocando seu rosto com as mãos enquanto o olhava nos olhos, sentindo lágrimas rolarem por meu rosto.
- Aceito. - Sussurrei. - Aceito mil vezes.
Sem pensar duas vezes, colei meus lábios aos seus de um jeito apaixonado.
Eu tinha muita sorte por ter o melhor futuro marido do mundo.
FIM
xx
N/A: E então? Gostaram?
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